MÓDULO IV. Estudo das Principais Verbas Trabalhistas AULA 11. Violação Intervalar Art. 71 da CLT
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- Samuel Otávio Carneiro
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1 MÓDULO IV Estudo das Principais Verbas Trabalhistas AULA 11 Violação Intervalar Art. 71 da CLT Rua Barão do Serro Azul, 199 Centro Curitiba-Paraná Fone:
2 Sumário I INTRODUÇÃO PRINCIPAIS VERBAS TRABALHISTAS Violação Intervalar Art. 71 da CLT - Fundamentação PERÍODO PROPORCIONAL VIOLADO PERÍODO INTEGRAL VIOLADO VIOLAÇÃO DO ART. 71 DA CLT INTERVALO MÁXIMO Violação do Art. 71 da CLT - Base de Cálculo Violação Intervalar do Art. 71 da CLT - Classificação da Verba Violação Intervalar do Art. 71 da CLT - Reflexos Violação Intervalar do Art. 71 da CLT (base de cálculo fixa) - Reflexos Violação Intervalar do Art. 71 da CLT (base de cálculo variável) - Reflexos Considerações Finais Cálculo de Liquidação da Verba Reclamatória Trabalhista
3 I INTRODUÇÃO PRINCIPAIS VERBAS TRABALHISTAS Neste módulo estaremos centralizando nossos estudos nas principais verbas trabalhistas, ou seja, aquelas verbas ou procedimentos que estão presentes em mais de 90% das reclamatórias trabalhistas. O presente estudo visa aprofundar o conhecimento de cada uma dessas verbas, com destaque dado à base de cálculo, demonstração das diversas formas de cálculo da parcela, exemplos de condenação, apresentação de planilhas eletrônicas para efeito de cálculo das parcelas. Mostraremos algumas variações na elaboração dos cálculos de liquidação trabalhista, lembrando que algumas decisões, em face da forma como são postos os termos sentenciais, possibilitam que sejam efetuados cálculos distintos para uma mesma verba, com adoção de critérios diferentes e com resultados diferentes, sem que isto implique num procedimento ilegal ou indique má fé do perito. Cabe lembrar, que todas as informações para a elaboração dos cálculos devem estar contidas no comando sentencial, entretanto, quando isso não ocorre de maneira clara, surge a possibilidade de se elaborar o cálculo buscando o melhor critério que o caso permita, de modo a trazer vantagens à parte que está contratando os serviços do perito. Daí a necessidade de um conhecimento em sentido amplo da matéria. As vantagens podem ser extraídas através de uma visão ampla do caso. Cada ponto, cada detalhe pode fazer uma diferença enorme na quantificação econômica, no final da execução trabalhista. No módulo atual as verbas serão detalhadas uma a uma, e, quando possível, com as referências legais. Não vamos entrar no mérito se o reclamante tem direito ou não à percepção da verba, ou se esta deve ser calculada com base nesse ou naquele valor. Todavia, vamos procurar, sempre que possível, mostrar mais de uma maneira de calcular a mesma verba, desde que a sentença permita tal procedimento. 3
4 1. Violação Intervalar Art. 71 da CLT - Fundamentação O artigo 71 da CLT disciplina a concessão de intervalo para repouso ou alimentação, para todo o trabalho contínuo cuja duração seja superior a quatro horas. Portanto, até quatro horas trabalhadas não há que se falar em intervalo intrajornada. Através de uma leitura mais detalhada do artigo, pode-se extrair uma série de parâmetros que definem as diversas questões que envolvem os intervalos intrajornadas, senão vejamos: Art. 71 da CLT - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de seis horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de uma hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de duas horas. 1º - Não excedendo de seis horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 minutos quando a duração ultrapassar quatro horas. 2º - Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho.... 4º - Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. No caput, o artigo 71 da CLT determina a concessão de um intervalo mínimo de 01 (uma) hora para repouso ou alimentação, para todo o trabalho contínuo cuja duração seja superior a 06 (seis) horas. O artigo faz uma ressalva em caso de acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, neste caso, prevalecerá o que for acordado entre empregado e empregador, sempre com a homologação do sindicato ou Ministério do Trabalho. O artigo define, ainda, o intervalo máximo para repouso ou refeição, ou seja, o intervalo não poderá ser superior a 02 (duas) horas. No parágrafo primeiro do artigo, a norma determina um intervalo de 15 (quinze) minutos para todo trabalho contínuo compreendido entre 04 (quatro) e 06 (horas). Neste caso, para que o trabalhador tenha direito a um intervalo mínimo de 15 (quinze) minutos, deverá prestar uma jornada superior a 04 (quatro) horas e inferior a 06 (seis) horas. O parágrafo quarto do artigo diz que, se o intervalo mínimo não for concedido ao trabalhador, o empregador deverá remunerar o período como extra, com adicional de 50% sobre o valor da hora normal pago ao empregado no período contratual. 4
5 Hoje na Justiça do Trabalho, temos dois critérios distintos quanto a aplicação efetiva da violação. São dois entendimentos correntes no meio trabalhista, os quais passaremos a analisar em seguida: 1.1. PERÍODO PROPORCIONAL VIOLADO Uma corrente doutrinária entende que, apenas a diferença entre o intervalo usufruído e o mínimo determinado (15 minutos ou uma hora), deve ser remunerada com o adicional de no mínimo 50% de adicional. Neste caso, sempre que o trabalhador usufruir de um intervalo inferior ao mínimo estabelecido (quinze minutos ou uma hora), a diferença entre o intervalo usufruído e o mínimo estabelecido deverá ser paga como violação intervalar. Violação = Intervalo Mínimo (-) Intervalo Usufruído Vejamos alguns exemplos do exposto: Exemplo I Jornada de 08 (oito) horas: Jornada Praticada: das 08:00 às 12:00 das 12:30 às 18:00 horas. Intervalo Usufruído = 30 minutos (das 12:00 às 12:30 horas). Violação Intervalar = 01:00 hora (intervalo mínimo) 30 minutos (intervalo gozado). Violação Intervalar = 30 minutos o cálculo deve ser realizado dia a dia. Exemplo II Jornada de 06 (seis) horas: Jornada Praticada: das 08:00 às 11:00 das 11:08 às 14:00 horas. Intervalo Usufruído = 08 minutos (das 11:00 até 11:08 horas). Violação Intervalar = 15 minutos (intervalo mínimo) 08 minutos (intervalo gozado) Violação Intervalar = 07 minutos 5
6 1.2. PERÍODO INTEGRAL VIOLADO Uma segunda corrente doutrinária entende que não importa a diferença, pois qualquer minuto violado ensejará o pagamento integral da violação (uma hora ou quinze minutos). A violação deverá ser remunerada com um adicional de no mínimo 50%. Neste caso, sempre que o trabalhador usufruir de um intervalo intrajornada inferior ao mínimo (uma hora ou quinze minutos), terá direito de receber o intervalo de forma integral com um adicional de no mínimo 50%. Violação = 01 hora ou 15 minutos. Vejamos alguns exemplos do exposto: Exemplo I Jornada de 08 (oito) horas: Jornada Praticada: das 08:00 às 12:00 das 12:30 às 18:00 horas. Intervalo Usufruído = 30 minutos (das 12:00 até 12:30 horas). Violação Intervalar = 01:00 hora. Exemplo II Jornada de 06 (seis) horas: Jornada Praticada: das 08:00 às 11:00 das 11:08 às 14:00 horas. Intervalo Usufruído: 08 minutos (das 11:00 até 11:08 horas). Violação Intervalar = 15 minutos. 6
7 1.3. VIOLAÇÃO DO ART. 71 DA CLT INTERVALO MÁXIMO O artigo 71 da CLT estabelece um intervalo máximo para repouso ou refeição, e, em caso de violação, ou seja, se o intervalo concedido for superior a duas horas, o excedente também deverá ser pago com um adicional de no mínimo 50%. Art. 71 da CLT - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de seis horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de uma hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de duas horas. Cabe destacar, todavia, que nos termos do art. 71 da CLT, poderá haver disposição convencional ou acordo disciplinando a matéria de modo diverso, permitindo a dilatação ou a diminuição do aludido intervalo. O quadro demonstrativo, abaixo, deixa claro que o reclamante extrapolou o intervalo máximo de duas horas diárias, violando o dispositivo da CLT. Tais horas devem ser quitadas com um adicional de no mínimo 50%, nos termos do 4º do art. 71 da CLT. Exemplo: Mês : 02/1999 +================================================+ TOTAL ART.71 ENT. SAIDA ENT. SAIDA HORAS MAX. DIA TRAB. 2.00H ====== ====== ====== ====== ====== ====== ====== 01-SEG 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 02-TER 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 03-QUA 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 04-QUI 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 05-SEX 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 06-SAB 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 07-DOM ====== ====== ====== ====== ====== ====== ====== 08-SEG 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 09-TER 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 10-QUA 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 11-QUI 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 12-SEX 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 13-SAB 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 14-DOM ====== ====== ====== ====== ====== ====== ====== 15-SEG 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 16-FER 17-QUA 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 18-QUI 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 19-SEX 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 20-SAB 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 21-DOM ====== ====== ====== ====== ====== ====== ====== 22-SEG 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 23-TER 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 24-QUA 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 25-QUI 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 26-SEX 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 27-SAB 08:00 12:00 16:00 20:00 8:00 2:00 28-DOM ================================================ T O T A I S ----> 184:00 46:00 REPOUSO SEMANAL REMUNERADO ----> 40:00 10:00 TOTAIS COM R.S.R(DU =23/RS = 5)--> 224:00 56:00 + Decimal +======================================+ T O T A I S ----> REPOUSO SEMANAL REMUNERADO ----> TOTAIS COM R.S.R(DU =23/RS = 5)--> ================================================+ 7
8 2. Violação do Art. 71 da CLT - Base de Cálculo A base de cálculo da violação intervalar deve ser constituída por todas as parcelas de caráter salarial, entre elas temos: salário base, adicional por tempo de serviço, anuênio, comissões, prêmios, comissão de cargo, gratificação de caixa, adicional de periculosidade, adicional de insalubridade, entre outras parcelas. Cabe ressaltar, que a base de cálculo da parcela deverá seguir os parâmetros delineados nos autos pelo Juiz, entretanto, quando isso não ocorrer, a base de cálculo deverá ser a mesma considerada pela empresa no período contratual para as horas extras, isto quando não houver discussão nos autos com relação à base de cálculo considerada pela empresa no referido período. O adicional de lei é 50% aplicado sobre o valor da hora normal, entretanto, o adicional poderá ser maior quando fixado através de norma coletiva (CCT). Exemplo: Valor hora normal = R$ 10,00 Valor da hora da violação intervalar = R$ 10, % = R$ 15,00 Se no mês são devidas 10 horas em razão da violação intervalar, multiplica-se 10 horas x R$ 15,00 = R$ 150,00. 8
9 3. Violação Intervalar do Art. 71 da CLT - Classificação da Verba A violação Intervalar é uma verba de caráter salarial e gera reflexos sobre: repousos semanais remunerados, aviso prévio, 13º salário, férias, terço de férias, gratificação semestral e fgts. Por ser uma parcela de caráter salarial sofre as incidências fiscais e previdenciárias. 9
10 4. Violação Intervalar do Art. 71 da CLT - Reflexos O cálculo dos reflexos da violação intervalar pode ser realizado de duas formas: Primeiro: Se a base de cálculo da parcela for fixa, ou seja, composta de verbas salariais não variáveis, como, por exemplo: salário mensal, ats, gratificação de cargo, etc., o cálculo dos reflexos será realizado com base nas médias de horas noturnas. Segundo: Se a base de cálculo da parcela for variável, ou seja, composta de verbas salariais variáveis, como, por exemplo: comissões e prêmios, o cálculo dos reflexos deverá ser realizado com base nas médias dos valores devidos, contidos na planilha principal Violação Intervalar do Art. 71 da CLT (base de cálculo fixa) - Reflexos Quando a base de cálculo da violação intervalar for composta por parcelas salariais fixas (salário, ATS, gratificação de função, entre outras), os reflexos devem ser calculados com base nas médias de horas dos meses anteriores ao mês de pagamento da verba reflexa. A média deve ser multiplicada pelo valor da hora extra do referido mês. O quadro abaixo demonstra como devem ser calculados os reflexos: 10
11 Vejamos, por exemplo, o cálculo dos reflexos sobre o aviso prévio. A média de horas do período de julho de 2013 a junho de 2014 resulta em: 305,78 horas / 12 meses = 25,48 média horas x R$ 9,89 = R$ 251,92 (valor dos reflexos sobre o aviso prévio). Vejamos sobre o 13º salário de A média de horas do período de junho a dezembro de 2013 = 180,38 horas / 7 meses = 25,77 média horas. 13º salário 2013 proporcional = 25,77 / 12 x 7 = 15,03 média proporcional a 07/12 avos x R$ 9,89 = R$ 148,61 (valor dos reflexos sobre o 13º salário de O mesmo ocorre com as demais parcelas reflexas, como demonstra a planilha de cálculo acima Violação Intervalar do Art. 71 da CLT (base de cálculo variável) - Reflexos Quando a base de cálculo da violação intervalar for composta por parcelas salariais variáveis (comissões, prêmios entre outras), os reflexos devem ser calculados com base nas médias dos valores corrigidos, inerentes aos meses anteriores ao mês de pagamento da verba reflexa. O quadro abaixo demonstra como devem ser calculados os reflexos: Vejamos, por exemplo, o cálculo dos reflexos sobre o aviso prévio. A média dos valores corrigidos do período de julho de 2013 a junho de 2014 resulta em: R$ 5.085,86 / 12 meses = R$ 423,82 valor médio devido (reflexos sobre o aviso prévio). 11
12 Vejamos sobre o 13º salário de A média dos valores corrigidos do período de junho a dezembro de 2013 = R$ 3.410,63 / 7 meses = R$ 487,23 valor médio corrigido. 13º salário 2013 proporcional = R$ 487,23 / 12 x 7 = R$ 284,22 valor médio proporcional a 07/12 avos (valor dos reflexos sobre o 13º salário de O mesmo ocorre com as demais parcelas reflexas, como demonstra a planilha de cálculo acima. 12
13 5. Considerações Finais Como visto no presente estudo, os cálculos trabalhistas têm determinadas particularidades que devem ser estudadas de forma mais incisiva e detalhada. A violação Intervalar do Art. 71 da CLT apresenta detalhes técnicos que influenciam no cálculo da parcela, podendo gerar diferenças substanciais no resultado final dos valores efetivamente devidos nos autos. O histórico acima deve fazer parte do conhecimento do Perito, até mesmo para elaborar uma possível fundamentação dos cálculos realizados, se necessário. As horas extras decorrentes da violação intervalar, assim como todas as verbas a serem calculadas nos autos, sempre devem estar deferidas e definidas no título executivo. ATENÇÃO PARA ESTE PONTO: Toda e qualquer definição para a elaboração dos cálculos deve estar contida no comando sentencial. Entretanto, quando isto não ocorre, ou seja, a verba é deferida, mas, os parâmetros são falhos ou inexistem, surge a possibilidade de elaborar-se o cálculo buscando o melhor critério, fundamentado em uma tese que venha a trazer vantagens à parte que está contratando os serviços do perito assistente. Daí a necessidade de um conhecimento mais aprofundado da verba e suas particularidades. Um profissional qualificado não pode deixar de observar os pequenos detalhes técnicos que possam impactar no resultado final dos trabalhos desenvolvidos nos autos, sob pena de responder sobre eventuais prejuízos causados ao seu cliente. 13
14 6. Cálculo de Liquidação da Verba Reclamatória Trabalhista A seguir vamos reproduzir um exemplo prático de reclamatória trabalhista, com o objetivo de fixar a matéria e a forma de como elaborar o cálculo. É um treinamento realizado com base em um caso real, contendo as partes necessárias do processo para a extração de todos os elementos, dados e parâmetros da condenação. CAPA DO PROCESSO PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO PROCESSO No.: 1.000/ a Vara do Trabalho de XXXXXXXXX Autor...: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Advogado.: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Réu...: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Advogado.: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX A U T U A Ç Ã O Em 01 de agosto de 2014, na secretaria da 1ª Vara do Trabalho de XXXXX, autuo a petição inicial que segue, com --- folhas de documentos. Eu, diretor de secretaria assino este termo. 14
15 PETIÇÃO INICIAL EXMO. SR. DR. JUÍZ TITULAR DA VARA DO TRABALHO DE XXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, brasileiro, casado, RG x.xxx.xxx-x, CPF xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliado à rua barão do cerro azul 199, Curitiba/Pr., por seu advogado qualificado no presente caso, vem à presença de V. Exa., para propor: RECLAMAÇÃO TRABALHISTA contra XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, pessoa jurídica de direito privado, estabelecido à Rua Marechal Deodoro, No. XXX, Centro, Curitiba Paraná, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. 1. CONTRATO DE TRABALHO: O autor iniciou suas atividades na empresa em 01 de junho de 2013, para exercer a função operador de máquina no setor de controle de produção, sendo demitido na data de 30 de junho de 2014, recebendo como maior remuneração a importância na ordem de R$ 1.450,00 (mil quatrocentos e cinquenta reais). 2. VIOLAÇÃO INTERVALAR DO ART. 71 DA CLT: O reclamante sempre trabalhou no período noturno, no período das 08:00 horas às 15:00 horas, de segunda a sábado, com intervalo de 15 minutos diários. 15
16 Com base na jornada praticada pelo reclamante no período contratual, houve evidente violação do intervalo mínimo intrajornada, visto que usufruía de um intervalo diário de 15 minutos apenas. Em razão da violação do intervalo mínimo previsto no art. 71 da CLT, requer-se o pagamento de uma hora diária, nos termos do entendimento do TST com relação à matéria. Divisor = 220. Base de cálculo = salário mensal. Adicional =50%. Reflexos sobre: dsr s, e com estes sobre: aviso prévio, 13º salários, férias, terço de férias e FGTS 11,2%. 3. DIANTE DO EXPOSTO REQUER-SE: a. uma hora diária, decorrente da violação do intervalo mínimo intrajornada, nos termos do art. 71 da CLT, com adicional de 50% e divisor 220. b. reflexos sobre: dsr s, e com estes sobre: aviso prévio, 13º salários, férias, terço de férias e FGTS 11,2%. 4. REQUERIMENTOS FINAIS: Requer seja a reclamada notificada, para que, querendo, conteste a presente reclamatória, sob pena de confissão e revelia. em direito, sem exceção. Protesta pela produção de todas as provas admitidas Requer, finalmente, seja a presente reclamatória julgada procedente, condenando-se a reclamada no pagamento dos pedidos, acrescidos de juros e correção monetária, custas processuais e honorários profissionais. Dá-se à presente causa, para efeitos fiscais e de alçada, o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais). Nestes termos Pede deferimento. Curitiba, 20 de Julho de XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX 16
17 CONTESTAÇÃO EXMO. SR. DR. JUÍZ TITULAR DA _ VARA DO TRABALHO DE XXXXXX Autos RT 1000/2010 XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX (reclamado), pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF xx.xxx.xxx/xxxx-xx, com sede na rua xxxxxxxxxxx, cidade xxxxx, estado xxxxx, neste ato representado por seu procurador, vem respeitosamente perante Vossa Excelência para apresentar CONTESTAÇÃO em resposta a reclamatória que lhe move XXXXXXXXXXXXXXX (Reclamante), anteriormente qualificado nos autos em epígrafe, pelas razões a seguir aduzidas: MÉRITO 1. CONTRATO DE TRABALHO O autor prestou serviços na empresa no período de 01 de junho de 2013 até 30 de junho de 2014, na função de operador de máquina, com salário final na ordem de R$ 1.450,00 (mil quatrocentos e cinquenta reais). 2. VIOLAÇÃO INTERVALAR DO ART. 71 DA CLT O reclamante foi contratado para exercer a função de operador de máquina. No período contratual laborou das 08 horas às 17 horas de segunda a sábado, com intervalo 15 minutos. 17
18 O reclamante firmou acordo diretamente com a empresa, para usufruir de intervalo reduzido de 15 minutos diários, conforme documento juntado aos autos, nos termos do art. 71 da CLT, restando indevidas as horas decorrentes da violação, requeridas pelo reclamante na exordial. Em face do exposto, não procede o pedido autoral. Pela rejeição da matéria. REQUERIMENTO Nessas condições, requer seja julgada improcedente a reclamatória proposta pelo reclamante. Requer, por derradeiro, provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente oitiva de testemunhas, juntadas de novos documentos, depoimento pessoal do reclamante sob pena de confissão quanto à matéria de fato. Nestes termos Pede deferimento. XXXXXXXX, 05 de outubro de XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX 18
19 Recibos de Pagamentos Recibo de Pagamento Recibo de Pagamento Funcionário: XXXXXXX Mês..: jun-2013 Funcionário: XXXXXXX Mês..: jul-2013 Descontos Descontos Salário : 1.450,00 INSS...: 159,50 Salário : 1.450,00 INSS....: 159,50 IRRF..: IRRF...: Soma: 159,50 Soma: 159,50 Soma : 1.450,00 Líquido...: 1.290,50 Soma... : 1.450,00 Líquido : 1.290,50 FGTS 8%...: 116,00 FGTS 8%...: 116,00 Recibo de Pagamento Recibo de Pagamento Funcionário: XXXXXXX Mês..: ago-2013 Funcionário: XXXXXXX Mês..: set-2013 Descontos Descontos Salário: 1.450,00 INSS...: 159,50 Salário: 1.450,00 INSS....: 159,50 IRRF..: IRRF...: Soma: 159,50 Soma: 159,50 Soma : 1.450,00 Líquido...: 1.290,50 Soma... : 1.450,00 Líquido : 1.290,50 FGTS 8%...: 116,00 FGTS 8%...: 116,00 Recibo de Pagamento Recibo de Pagamento Funcionário: XXXXXXX Mês..: out-2013 Funcionário: XXXXXXX Mês..: nov-2013 Descontos Descontos Salário: 1.450,00 INSS...: 159,50 Salário: 1.450,00 INSS....: 159,50 IRRF..: IRRF...: Soma: 159,50 Soma: 159,50 Soma : 1.450,00 Líquido...: 1.290,50 Soma... : 1.450,00 Líquido : 1.290,50 FGTS 8%...: 116,00 FGTS 8%...: 116,00 19
20 Recibo de Pagamento Recibo de Pagamento Funcionário: XXXXXXX Mês..: dez-2013 Funcionário: XXXXXXX Mês..: jan-2014 Descontos Descontos Salário: 1.450,00 INSS...: 159,50 Salário: 1.450,00 INSS....: 159,50 IRRF..: IRRF...: Soma: 159,50 Soma: 159,50 Soma : 1.450,00 Líquido...: 1.290,50 Soma... : 1.450,00 Líquido : 1.290,50 FGTS 8%...: 116,00 FGTS 8%...: 116,00 Recibo de Pagamento Recibo de Pagamento Funcionário: XXXXXXX Mês..: fev-2014 Funcionário: XXXXXXX Mês..: mar-2014 Descontos Descontos Salário: 1.450,00 INSS...: 159,50 Salário: 1.450,00 INSS....: 159,50 IRRF..: IRRF...: Soma: 159,50 Soma: 159,50 Soma : 1.450,00 Líquido...: 1.290,50 Soma... : 1.450,00 Líquido : 1.290,50 FGTS 8%...: 116,00 FGTS 8%...: 116,00 Recibo de Pagamento Recibo de Pagamento Funcionário: XXXXXXX Mês..: abr-2014 Funcionário: XXXXXXX Mês..: mai-2014 Descontos Descontos Salário: 1.450,00 INSS...: 159,50 Salário: 1.450,00 INSS....: 159,50 IRRF..: IRRF...: Soma: 159,50 Soma: 159,50 Soma : 1.450,00 Líquido...: 1.290,50 Soma... : 1.450,00 Líquido : 1.290,50 FGTS 8%...: 116,00 FGTS 8%...: 116,00 20
21 SENTENÇA DE 1 O GRAU P O D E R J U D I C I Á R I O JUSTIÇA DO TRABALHO 1 a VARA DO TRABALHO DE XXXXXX/XX. PROCESSO No. RT 1.000/2014 Termo de Audiência Aos 10 dias do mês de fevereiro de 2015, às 14h40min, na sala de audiência desta vara do trabalho, sob a presidência do Exmo. Sr. Juiz do Trabalho Dr. XXXXXXXXX, foram apregoados os litigantes: XXXXXXXXXXXXXX, reclamante e XXXXXXXXXXXXXX, reclamada. S E N T E N Ç A Vistos e examinados os autos, decide-se: 1. VIOLAÇÃO INTERVALAR E REFLEXOS: De acordo com as informações colhidas da exordial e contestação, a jornada praticada pelo reclamante no período contratual sempre foi das 08:00 às 15:00 horas, de segunda a sábado, com 15 minutos de intervalor para descanso e refeição. O réu alega que firmou acordo de redução de intervalo intrajornada com o reclamante, juntando aos autos o referido documento. Ocorre, entretanto, que qualquer acordo de redução de horário deve ser homologado por órgão do Ministério do Trabalho, para que o documento homologado surta os efeitos desejados pelas partes. Não houve qualquer homologação no documento juntado aos autos pelo réu, tornando o referido documento nulo quanto aos seus efeitos. 21
22 De acordo com a jornada praticada, houve violação diária na ordem de 30 minutos, ensejando o pagamento de 01 (uma) hora diária, de segunda a sexta-feira, com adicional de 50%, conforme requerido pelo reclamante na exordial. A violação deve ser quitada integralmente, seguindo o entendimento esposado pelo TST. Adicional de 50%. Divisor = 220. Base de cálculo = salário mensal pago ao reclamante no período contratual. Deste modo, defiro conforme requerido pelo autor na exordial. Reflexos sobre: dsr s, e com estes sobre: aviso prévio, 13º salário, férias, terço de férias e FGTS 11,2%. 2. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA: Juros de mora na forma da Lei. Correção monetária pelos fatores de atualização dos meses subsequentes da tabela fornecida pela Assessoria Econômica do TRT XX região. CONCLUSÃO Ante o exposto, decidiu a XX Vara do Trabalho de XXXXX, ACOLHER TOTALMENTE os pedidos formulados por XXXXXXXXXXXX, reclamante, e, desta forma, condenar, XXXXXXXXXXXXXXXX, reclamada, a pagar, no prazo legal, conforme fundamentação que passa a fazer parte integrante deste dispositivo, bem como todas as diretrizes nela traçadas, para todos os efeitos legais, as verbas e determinações deferidas: 1. Violação intervalar e reflexos; 2. FGTS 11,2%, exceto sobre férias indenizadas. 3. Juros de mora e correção monetária; Liquidação por cálculos. Custas pela reclamada no importe de R$ 50,00, calculadas sobre o valor provisoriamente arbitrado à condenação de R$ 2.500,00, sujeitas à complementação. INTIMEM-SE AS PARTES. Cumpra-se no prazo legal. Nada mais. XXXXXXXXXXXXXXXXXXX Juiz Presidente 22
23 CÁLCULO DE LIQUIDAÇÃO 23
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