AULA 03. SISNAMA art.6º da Lei 6938/81. Órgão Central Ministério do Meio Ambiente. Órgão Consultivo e Deliberativo CONAMA

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1 Turma e Ano: Flex A (2014) Matéria / Aula: Direito Ambiental / Aula 03 Professora: Luiz Oliveira Castro Jungstedt Monitora: Mariana Simas de Oliveira AULA 03 CONTEÚDO DA AULA: SISNAMA Estado do Rio de Janeiro. Processo de Licenciamento Ambiental. Fases. Prazos. EIA/RIMA. Audiência Pública. SISNAMA SISNAMA art.6º da Lei 6938/81 União (baseado no art.6º da SNUC) Estado do Rio de Janeiro Órgão Central Ministério do Meio Ambiente Órgão Central -Secretaria Estadual do Ambientel (SEA) Órgão Consultivo e Deliberativo CONAMA Órgão Consultivo e Deliberativo - CECA (Comissão Estadual de Controle Ambiental) e CONEMA. Órgão Executor (na verdade é uma autarquia) IBAMA e Instituto Chico Mendes da Biodiversidade Órgão Executor -(na verdade é uma autarquia) INEA (Instituto Estadual do Ambiente) Em 2007, o INEA veio para congregar os três órgãos existentes no Estado do Rio de Janeiro: FEEMA (Fundação Estadual de Engenharia e Meio Ambiente), SERLA (Superintendência de Rios e Lagoas) e IEF (Instituto Estadual de Florestas). Além do referidos órgãos (hoje unidos INEA), o Rio de Janeiro tem o DRM (Departamento de

2 Recursos Minerais), que foi descolado para o Ministério de Desenvolvimento e continua existente. O Município do Rio de Janeiro tem a chamada SMAC Secretaria de Meio Ambiente da Cidade. No entanto, não há órgão executor no referido Município. LICENCIAMENTO AMBIENTAL A Resolução 237/97 do CONAMA em seu art.1º, I, conceitua o licenciamento ambiental, nos seguintes termos: Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. Não há, atualmente, diferença entre processo e procedimento administrativo (Celso Antônio). Fases do processo administrativo de licença ambiental Processo de licença ambiental (Res. 237 CONAMA - art.8o) TR -Termo de Referência (IN 184/08 do IBAMA) LP -Licença Prévia LI -Licença Instalação LO -Licença Operação

3 Lembre-se das leis que trabalham com processo administrativo: União - Lei 9784/99; Estado RJ: Lei 5427/09. O art.69 da lei federal dispõe que a lei geral aplica-se subsidiariamente aos processos administrativos que já tenham regulamentação em Lei a Lei 6938/81, em seu art.10, dispõe sobre o licenciamento ambiental, regulamentado pela Resolução 237 do CONAM. ambiental: O art.8º da Resolução 237 traz a sequência tradicional do procedimento de licença Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças: I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade. A essas três etapas que tradicionalmente são encontrados no licenciamento ambiental soma-se uma quarta, preliminar, cuja origem encontra-se na IN 184/2008 do IBAMA: a TR (Termo de Referência) No âmbito do Rio de Janeiro, o Termo de Referência denomina-se Instrução Técnica (INEA). IN 184. Art. 8º. Instaurado o processo, o empreendedor deverá providenciar o envio pelo Serviços on line - Serviços Licenciamento Ambiental de proposta de Termo de Referência - TR para elaboração do Estudo Ambiental, com base no Termo de Referência Padrão da tipologia específica do empreendimento, disponibilizado no site do Ibama/Licenciamento.

4 O EIA e o seu consequente RIMA, estudos ambientais exigidos pelo termo de referência, são exigidos entre o TR e a LP. A sequência trazida no quadro é a mais rígida que se tem. Tanto a sequência de licenciamentos quanto os estudos ambientais não são exigidas em todos os casos. Existem licenças ambientais que não admitem todo o rigor do processo como, por exemplo, o EIA e RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) são exigidos dependendo da potencialidade do dano da atividade. Em relação à flexibilização do procedimento e dos estudos ambientais, devem ser observados os arts. 12, 1º e 3º da Resolução 237/97, respectivamente: Art O órgão ambiental competente definirá, se necessário, procedimentos específicos para as licenças ambientais, observadas a natureza, características e peculiaridades da atividade ou empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação. 1º - Poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente. Exemplo: a Lei de Concessão de Florestas (Lei /06 art.18, 6º) abre mão da LI, pois ninguém irá se instalar no meio da Floresta e não haverá obra dentro dela: Lei /06. Art.18. 6º. O processo de licenciamento ambiental para uso sustentável da unidade de manejo compreende a licença prévia e a licença de operação, não se lhe aplicando a exigência de licença de instalação. *** Art. 3º- A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação. Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento. Quais outros estudos ambientais seriam esses? O art.1º, III, da Resolução conceitua estudos ambientais da seguinte maneira:

5 Art.3º. III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. Trata-se de rol exemplificativo. Exemplo: hoje existe o chamado relatório ambiental simplificado que não está no rol do art.3º, III. Os Municípios irão trabalhar muito pouco com o EIA e o RIMA, pois o sua competência limita-se praticamente a atividades de menor potencialidade ofensiva. A Instrução Normativa 184/08 do IBAMA veio para diminuir as críticas ao licenciamento ambiental e agilizar o seu processo. No entanto, ela também tem outro objetivo: o art.10 da Lei /04 (PPP) traz exigências para início da licitação da PPP, sendo uma delas ter o interessado o licenciamento ambiental em andamento, com a proposta de termo de referência (O IBAMA tem sessenta dias para concluir a análise art.11 da IN 184/08). Com a entrega do TR o processo de licenciamento encontra-se instaurado. Para que se consiga a licença instauração é necessário que o interessado apresente o projeto básico ambiental. Note-se que o art.27 da IN 184 não exige apenas o projeto básico: Art. 27. A concessão da Licença de Instalação - LI é subsidiada pelo Projeto Básico Ambiental - PBA, Plano de Compensação Ambiental e quando couber o PRAD e Inventário Florestal para emissão de autorização de supressão de vegetação. Se for o caso, podem ser solicitados: o PBA, o PCA, o PRAD (Plano de Recuperação de Área Degradada (muito comum em atividade de mineração) e o Inventário Florestal. Importante atenção deve-se dar ao PCA (Plano de Compensação Ambiental) ele é criado pela Lei de Unidade de Conservação (Lei 9985/00): Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de

6 conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei. 1º. O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento. (Vide ADIN nº , de 2008) O 1º foi objeto da ADIN , o STF afastou o limite imposto pelo dispositivo, até porque 0,5%, dependendo do valor, pode ser considerado confisco. Tanto o IBAMA quanto o INEA têm a chamada Câmara de Compensação: local em que se discute o valor da compensação. 184 dispõe: Prosseguindo, para que o interessado consiga a licença operação, o art.32 da IN Art. 32 Para subsidiar a concessão da Licença de Operação - LO, o empreendedor deverá elaborar os seguintes documentos técnicos: I. Relatório Final de Implantação dos Programas Ambientais; II. Relatório Final das Atividades de Supressão de Vegetação, quando couber; e III. No caso de licenciamento de Usinas Hidrelétricas e Pequenas Centrais Hidrelétricas o Plano de Uso do Entorno do reservatório - PACUERA. Cada uma das etapas do processo de licença ambiental têm um lapso temporal previsto na Resolução 237: (i) (Termo de Referência art.12, IN 184/08 do IBAMA: validade de até dois anos). (ii) Art.18 da Res. 237: Art. 18. O órgão ambiental competente estabelecerá os prazos de validade de cada tipo de licença, especificando-os no respectivo documento, levando em consideração os seguintes aspectos: I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos

7 relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos. II - O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) anos. III - O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos. A licença ambiental, portanto, tem prazo de validade. Paulo Affonso questiona a natureza jurídica da licença ambiental, pois ela tem prazo de validade enquanto a licença é algo permanente na sua essência. No Direito Público em geral, o alvará de licença é ato vinculado, declaratório e permanente. O alvará de autorização, por seu turno, é ato discricionário, constitutivo e precário. Assim, para Paulo Affonso, a licença ambiental tem natureza jurídica de autorização administrativa. Todavia, essa posição é minoritária. A posição majoritária diz que a licença ambiental realmente é uma licença, mas com as peculiaridades próprias do Direito Ambiental que, como ramo de Direito que é, tem seus princípios próprios e pode oferecer uma licença diferenciada. Exemplo: com base no princípio da prevenção, a administração não pode licenciar a instalação de uma fábrica para funcionar eternamente com a tecnologia de hoje. Ainda sobre a natureza jurídica da licença, em uma prova da AGU (CESPE) foi questionado o seguinte: a licença ambiental é um ato discricionário. Certo ou errado? Para o gabarito a resposta era que a alternativa era correta. Segundo o professor, até hoje não há autor afirmando que a licença ambiental é ato discricionário, apesar de Édis Milaré chegar perto dessa conclusão. Imagine-se que em um estudo ambiental fique demonstrado que o projeto irá gerar desenvolvimento econômico, mas em contrapartida o desastre ambiental será muito grande. A administração pode negar o pedido de licenciamento e, por isso, pode-se concluir que a licença ambiental é um ato discricionário. De acordo com professor, no entanto, trata-se de discricionariedade técnica, devendo a negativa ser fundamentada. (Em prova de concurso, não é aconselhável que se diga ser a licença ambiental ato discricionário, apenas se o examinador perguntar). Muitos autores trabalham com a ideia de que a licença ambiental está licença pelo seguinte motivo: a administração concede uma licença de 07 anos e durante esse período ela não pode ser alterada. Mas, imagine-se que no 05º ano

8 o poder público perceba que atividade do particular está causando graves danos à saúde, a licença não vai continuar. Portanto, essa ideia de está licença não se sustenta. O art.19 da Resolução 237 dispõe: Art. 19 O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer: I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais. II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença. III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde. O inciso III é o mais polêmico, pois o empreendedor não deu causa à suspensão ou ao cancelamento. Quanto à indenização no caso do inciso III, a questão é muito discutida. Num primeiro momento, parece ser adequado falar em indenização. regulamenta. Com relação ao EIA e ao RIMA, a Resolução 01/86 do CONAMA os Qual é a diferença entre EIA e RIMA? R.: No caput do art.225 da Constituição há previsão expressa de que é dever do Poder Público e da coletividade preservar o meio ambiente. Então, se no licenciamento ambiental de uma atividade potencialmente causadora de significativa degradação ambiental, deve ser informado ao poder público (em âmbito federal ao IBAMA e estadual ao INEA) e à coletividade sobre o impacto da obra. O estudo detalhado, de técnico para técnico, é o EIA, direcionado ao poder público que, por sua vez, deve repassar a informação à coletividade, mas o EIA não se presta para isso, pois é um documento extremamente técnico, devendo a informação ser passada para a coletiva através do RIMA. O art.9º, parágrafo único, da Resolução 01/86, dispõe: Art.9º. Parágrafo único. O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências ambientais de sua implementação.

9 Assim, o RIMA nada mais é do que a tradução do EIA. Sobre o RIMA, ele é discutido em audiência pública (11, 2º, Res. 01/86): Art º. Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental e apresentação do RIMA, o órgão estadual competente ou a SEMA ou, quando couber o Município, determinará o prazo para recebimento dos comentários a serem feitos pelos órgãos públicos e demais interessados e, sempre que julgar necessário, promoverá a realização de audiência pública para informação sobre o projeto e seus impactos ambientais e discussão do RIMA.

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