Desdolarização da Economia Angolana 1

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Desdolarização da Economia Angolana 1"

Transcrição

1 Desdolarização da Economia Angolana 1 Departamento de Estudos Económicos (DEE) Banco Nacional de Angola (BNA) 1 O presente documento é baseado na apresentação do Director do Departamento de Estudos Económicos (DEE/BNA), Dr. Pedro Castro e Silva, no Seminário sobre Os Desafios da Desdolarização, organizada a 13 de Maio de O documento beneficia das contribuições dos seguintes profissionais do Departamento de Estudos Económicos do BNA: Pedro Castro e Silva, Diogo Martinho da Silva, Bruno Damásio, Denise Maciel, Leonardo Massala e Martine Dias dos Santos. Este trabalho não reflecte uma opinião geral do BNA, mas sim do referido grupo de trabalho do DEE/BNA, pelo qual assume a responsabilidade por qualquer erro e/ou comentário encontrados no documento.

2 Sumário As altas taxas de inflação e o elevado nível de depreciação da moeda nacional na economia angolana verificadas no passado levaram os agentes a proteger a sua riqueza e os seus rendimentos, utilizando a moeda estrangeira para efeitos de reserva de valor, meio de pagamento e unidade de conta. O custo associado ao alto nível de dolarização da economia, em particular no que diz respeito à eficácia da política monetária, justificou a intenção do Banco Nacional de Angola em regular a utilização de moeda estrangeira para diversos fins. Neste sentido, nos últimos anos tem sido introduzido um conjunto de directrizes reguladoras que em articulação com a crescente estabilidade macroeconómica, reflectida na desaceleração da taxa de inflação e estabilidade cambial, contribuíram para que o processo de desdolarização financeira da economia fosse bem-sucedido. Numa abordagem empírica, este estudo comprova que estes factores foram determinantes para o processo de desdolarização da economia, e em concomitância, a desdolarização tem contribuído para a estabilidade macroeconómica, do qual conclui-se a existência de uma relação de causalidade bidirecional entre estes. Palavras-chave: Desdolarização, Regulação Prudencial, Estabilidade Macroeconómica Código JEL: E50, G20, G21, G28. Abstract High inflation rates and high level of depreciation on the domestic currency in the Angolan economy experienced in the past led agents to protect their wealth and their income using foreign currency for savings, exchange intermediary and measure of value. The cost associated with the high level of dollarization of the economy, particularly in regard to the effectiveness of monetary policy, explained the intention of Banco Nacional de Angola to regulate the use of foreign currency for various purposes. According this, in recent years there has been introduced a set of regulatory guidelines in conjunction with the increasing macroeconomic stability, reflected in lower inflation rates and exchange rate stability, which contributed to the process of financial de-dollarization of the economy to be successful. This empirical approach shows that these factors were crucial to the process of de-dollarization of the economy, and simultaneously, de-dollarization has contributed to macroeconomic stability, which concludes the existence of a bi-directional causality. Keywords: De-dollarization, Prudential Regulation, Macroeconomic Stability JEL Codes: E50, G20, G21, G28. 2

3 Índice 1. Introdução Enquadramento Conceptual... 5 a. Definição de Dolarização... 5 b. Revisão da Literatura Evolução do Grau de Dolarização da Economia Angolana... 9 a. Factos Estilizados da Desdolarização... 9 b. Condições Macroeconómicas c. Regulação Prudencial Determinantes da Desdolarização em Angola: Uma Abordagem Empírica a. Os dados b. Estimação e Diagnóstico do Modelo c. Resultados Conclusões Anexos Referências

4 1. Introdução A desdolarização, sendo um processo complexo que assume variadas conformações, é caracterizada em termos mais simples, por uma redução progressiva e consistente do stock e dos fluxos de moeda estrangeira, ao longo de um dado momento espácio-temporal. Neste ensaio, discutem-se os principais determinantes da desdolarização da economia angolana. A dolarização pode ter algumas vantagens, tais como a minimização dos riscos cambiais. Pois pode ser garante de uma maior confiança aos investidores, aumentando o investimento e o crescimento económico. Em contrapartida, tem também algumas desvantagens, tais como a limitação da eficácia da política monetária, a diminuição da eficácia dos pagamentos, a diminuição da liquidez do Estado e pode mesmo contribuir para o aumento da probabilidade de ocorrência de uma crise de liquidez, sobretudo se a oferta de moeda nacional aumentar significativamente. Estas têm sido as principais razões apontadas para a implementação de uma panóplia de medidas pelo Banco Nacional de Angola com o objectivo de incentivar a utilização da moeda nacional nas transacções reais e financeiras na economia angolana. Adicionalmente, no caso da economia Angolana, após a adopção do acordo Stand-By com o FMI, a boa gestão de políticas macroeconómicas tem permitido uma crescente estabilidade macroeconómica no País, reflectida sobretudo na desaceleração da taxa de inflação. Nos últimos anos tem-se registado, em termos gerais, uma tendência decrescente nos indicadores de dolarização quer em termos de créditos quer em termos de depósitos (uma evolução da desdolarização), portanto é pertinente também reflectir sobre as nuances dessa mesma evolução, analisando, em particular, a desdolarização desagregada, em cada uma das suas componentes. Em concomitância, este trabalho almeja fornecer uma abordagem empírica, procurando também reflectir, não só sobre as determinantes e sobre as causas, mas também sobre os efeitos da desdolarização na economia angolana. A estabilidade macroeconómica tem sido apontada como um dos principais determinantes da desdolarização das economias. Por outro lado, importa perceber até que ponto a adopção de uma série de medidas regulatórias macroprudencias pode ser eficaz na redução dos índices de dolarização. Este trabalho explora estas relações, reforçando igualmente o papel que a ambiência regulatória (e a própria desdolarização), pode ter na estabilização macroeconómica e, consequentemente, na desdolarização em si mesma, investigando, pois, as eventuais relações de causalidade bidirecional entre estabilidade macroeconómica e desdolarização no contexto da economia angolana. 4

5 O presente estudo encontra-se organizado do seguinte modo: na próxima secção, a secção 2, explana-se o conceito de desdolarização, apresentando uma sucinta revisão da literatura sobre o assunto; na secção 3 aborda-se o problema da dolarização no contexto da economia angolana, bem como as principais razões para a sua crescente e paulatina desdolarização, analisando-se a evolução do grau de dolarização real de crédito e depósitos desagregada (em termos between e within; por estrutura de vencimento e por sector de actividade); na secção 4, apresenta-se o modelo empírico, bem como os resultados econométricos obtidos; e, por fim, a secção 5 conclui. 2. Enquadramento Conceptual a. Definição de Dolarização Uma economia diz-se dolarizada nas circunstâncias em que as populações residentes detêm uma parte significativa dos seus activos em moeda estrangeira, em particular, tal como o nome sugere, em dólares norte-americanos. Podemos grosso modo distinguir dois tipos de dolarização, a saber, dolarização oficial (ou completa) e dolarização não oficial (ou incompleta). Com efeito, a primeira remete para a circunstância em que a moeda estrangeira detém o estatuto de moeda oficial, na medida em que a dita moeda estrangeira pode ser utilizada, em paralelo com a moeda local ou mesmo em exclusividade, tanto como meio de troca oficial, para fins de transacções, como para fins de poupança, Bogetić (2000). Quanto à dolarização não oficial, de acordo com Baliño, Bennett, and Borensztein (1999), remonta às circunstâncias nas quais a moeda estrangeira carece dos privilégios legais da moeda nacional, Alvarez-Plata e Garcia- Herrer (2008). De uma outra perspectiva, podemos também balizar o conceito de dolarização em termos de dolarização financeira, dolarização das transacções e dolarização real. A dolarização financeira, implica a substituição de activos (e de passivos) em moeda nacional por activos (e passivos) em moeda estrangeira; a dolarização das transacções, tal como o nome sugere, aplica-se, usualmente, à intensificação de fluxos de transacções em moeda estrangeira; e, por último, a dolarização real acarreta a denominação de preços e de salários em moeda estrangeira, Erasmus et al. (2009). No entanto, vários estudos sustentam também a tese de que a dolarização é não mais do que uma consequência inata, e não necessariamente negativa, do advento do capitalismo financeiro, na medida em que esta decorre da natural abertura das economias dos países emergentes. Ou seja, a dolarização foi a melhor estratégia para fazer face a três grandes circunstancialismos que decorreram da progressiva abertura dessas economias, em particular, as economias latino- 5

6 americanas e africanas. Mais concretamente, grandes desequilíbrios macroeconómicos, tais como a hiperinflação (Galindo and Leiderman, 2005; Herrera and Valdés, 2005; Kokenyne et al, 2010); repressões financeiras, em particular, forte controlo dos mercados de capitais (Reinhart, Rogoff, and Savastano, 2003); e a possibilidade do dólar norte-americano funcionar enquanto uma âncora para o equilíbrio macroeconómico (Berg and Borensztein, 2000). Desta feita, a dolarização pode ser entendida enquanto um resultado natural da progressiva abertura das economias dos países emergentes, sobretudo a partir da década de 80 do século passado, dada a maior exposição dessas economias à economia-mundo e consequente exposição a vários tipos de choques endógenos e exógenos. Estes fenómenos dolarizantes minimizaram, em certa medida, os riscos cambiais, tendo também, garantido, uma maior confiança aos investidores, aumentando o investimento e o crescimento económico, tendo, por isso, contribuindo para um rápido desenvolvimento dos mercados financeiros desses países. Em suma, como sugere (Chavez, 2012), os empréstimos em moeda estrangeira podem ter tido um impacto significativamente positivo na procura doméstica, i.e., no consumo e no investimento interno, consequentemente no crescimento económico, contrariando, pois, a instabilidade e a volatilidade de certos indicadores macroeconómicos fundamentais. Deste modo, a dolarização resulta não só em maior capacidade de financiamento, quer em temos de custos de financiamento, quer ao nível do próprio volume desse financiamento, mas também em melhorias na credibilidade externa dos governos dos países dolarizados. Por seu turno, vários autores enfatizam os efeitos deletérios da dolarização dos países ditos menos desenvolvidos. Nomeadamente, Chang (2000) assevera que a dolarização acarreta custos tanto para os bancos centrais, como para os governos. Se, por um lado os seus bancos centrais perdem o controlo total ou parcial da política monetária e, ainda, perdem o estatuto de prestamista de último recurso da banca comercial, por outro lado, os governos nacionais, em certa medida, abdicam das receitas inerentes à criação de moeda própria a questão da senhoriagem. Tal como Ize e Yeyati (2005) sustenta, a dolarização limita a eficácia da política monetária dos países dolarizados e, de acordo com Kokenyne et.al. (2010), como os bancos estrangeiros não estão completamente adaptados às lógicas e mecanismos de pagamentos e transacções domésticas, a dolarização pode diminuir a eficácia dos pagamentos dado que as autoridades dos países dolarizados perdem o controlo da qualidade das notas em circulação. Chavez (2010) sugere ainda que a dolarização, ainda que mesmo parcial, pode diminuir substancialmente a liquidez dos Estados, na medida em que a desvalorização pode contrapor o benefício da taxa de juros de empréstimos em moeda estrangeira limitando, assim, a capacidade dos devedores para pagar dívidas em dólar, agravando a liquidez dos Estados e precipitando a ocorrência de uma 6

7 crise macroeconómica. Mais grave ainda, segundo o autor, a dolarização pode mesmo contribuir para aumentar a probabilidade de ocorrência de uma crise de liquidez, sobretudo se a procura de moeda aumentar significativamente, porque o pânico nos detentores de moeda estrangeira determina fortemente as suas expectativas, na medida em que os bancos centrais locais podem emitir moeda doméstica mas não podem emitir dólares. b. Revisão da Literatura Desde o início do século XXI várias economias dolarizadas assistiram a uma redução gradual dos níveis de moeda estrangeira nas suas economias. Com efeito, várias economias que outrora se atestavam enquanto dolarizadas se têm vindo a deparar com processos de desdolarização, fundamentalmente nas regiões latino-americanas e africanas. No entanto, se a literatura em torno da dolarização é abundante (Broda e Yeyati 2001; Yeyati e Sturzeneggerm, 2001; Calvo, 1999; Ize e Yeyati, 2003; Alesina e Barro 2001 entre muitos outros), menos atenção tem sido dedicada ao tema da desdolarização. Não obstante, de alguns anos a esta parte, alguns estudos têm discutido os moldes em que esses processos de desdolarização se desenrolaram e quais os seus principais determinantes. Assim, García-Escribano e Sosa (2010), constatando uma redução gradual dos níveis de dolarização nas economias latino-americanas desde o início do século XXI, procuraram perceber as principais forças motrizes da desdolarização das economias da Bolívia, Perú, Paraguai e Uruguai. Assim, os autores adoptaram quatro modelos vectoriais autorregressivos (VAR), um para cada uma das economias, e concluíram que, em geral, os principais determinantes da desdolarização das ditas economias foram a estabilidade macroeconómica, alcançada fundamentalmente, à custa da manutenção de taxas de inflação baixas e taxas de câmbio estáveis; da adopção de determinadas medidas macroprudenciais, tais como uma gestão activa da taxas de reservas obrigatórias, que objectivaram uma apropriada internalização do risco cambial por parte dos agentes económicos e, finalmente, do progressivo desenvolvimento dos mercados de capitais em moeda nacional. Mais recentemente, García-Escribano (2011) constituiu um modelo VAR para analisar os determinantes da desdolarização no Perú concluindo os mesmos resultados de García-Escribano e Sosa (2010). Por outro lado, Pacajes (2012), analisando os processos de desdolarização da economia peruana, através da implementação de modelos vectoriais autorregressivos estruturais (SVAR) e de correcção do erro (VECM), concluíram que a desdolarização no Perú decorreu, essencialmente, de medidas fiscais e prudenciais que contribuíram para a credibilização das autoridades 7

8 monetárias cuja política se veio a traduzir em controlo das tensões inflacionistas e em estabilidade cambial. Kuscevic e Rivera (2011), através da utilização de um modelo de optimização de portfólio, concluíram a bolivianização o processo de desdolarização da Bolívia, se alicerçou fundamentalmente em medidas fiscais, com a criação de um imposto sobre transacções financeiras, no aumento do spread cambial, através da amplificação do diferencial da taxa de reservas obrigatórias entre moeda estrangeira e doméstica e no processo de reavaliação do tipo de regime cambial, adoptando um regime de flutuação administrativa. Chavez (2012), trabalhando também sobre a temática da bolivianização, atráves da estimação de um modelo VAR, concluiu, ao contrário dos estudos anteriores, que a estabilidade macroeconómica foi uma consequência, e não uma causa, da desdolarização. Desta feita, as causas da bolivianização foram, por um lado, a implementação de um conjunto de medidas de índole cambial, tal como a desvalorização cambial e diminuição da variabilidade da taxa de câmbio, e, por outro lado, de medidas monetárias de controlo de liquidez, como emissões obrigacionistas de maturidades elevadas. Ponomarenko, Solovyeva e Vasilieva (2011) analisaram a questão da desdolarização na Rússia, através da estimação via método dos momentos generalizado (GMM), concluindo que o principal factor impulsionador da desdolarização na Rússia foi a política cambial, designadamente, a sucessiva apreciação do rublo face ao dólar e face ao euro. Uma visão comum entre os ditos economistas é que a dolarização torna a política monetária mais complicada e menos eficaz, uma vez que os custos reduzidos de troca de moeda doméstica para participações em moeda estrangeira, a fim de evitar os efeitos inflacionistas, demonstram que a dolarização pode aumentar a volatilidade da procura por moeda e, por sua vez, a volatilidade da taxa de câmbio 2. Assim sendo, a desdolarização surge enquanto uma consequência da adopção de um conjunto de políticas e de medidas macro e microeconómicas com o objectivo de promover a utilização da moeda nacional nas transacções económicas de forma voluntária (Kokenyne et al., 2010). Como tal, torna-se pertinente abordar o problema da dolarização no contexto da economia angolana, bem como as principais razões para a sua crescente e paulatina desdolarização. 2 Segundo Calvo e Vegh (1992, 1996), por exemplo, há uma forte correlação positiva entre a troca de moeda e a volatilidade da taxa de câmbio. 8

9 3. Evolução do Grau de Dolarização da Economia Angolana a. Factos Estilizados da Desdolarização Ao definirmos o grau de dolarização da economia angolana foram utilizadas duas dimensões, a dolarização dos depósitos efectuados nos bancos angolanos e a dolarização do crédito concedido por estes. À semelhança de Mercedes García Escribano (2011), as séries são expressas em um valor constante da taxa de câmbio nominal. A série de dolarização real do crédito à Economia,, e dolarização real dos depósitos,, utilizados na análise foi construída com a taxa de câmbio de Dezembro de 2010,,, como base para evitar mudanças na composição entre os tipos de empréstimos e depósitos. De um modo formal, para um período, seja e os depósitos em moeda estrangeira expressos em moeda nacional à taxa de câmbio do período,, e seja e os depósitos e créditos concedidos em moeda nacional, a dolarização de crédito e depósitos são dados, respectivamente, por 1 e 2: ( ) ( ) ( ) ( ) (1) (2) Tal como se pode visualizar no gráfico 1, a dolarização tem seguido uma tendência decrescente ao longo dos últimos anos. Se em 2006, a média da dolarização dos créditos e depósitos era, respectivamente, de 71,42% e 69,42%, já em 2013 aqueles indicadores situavam-se em 38,57% e 46,70%. Gráfico 1: Evolução do Grau de Dolarização do Crédito e Depósitos ( ) 80% 70% 60% 50% 40% Dolarização dos Depósitos Dolarização do Crédito 30% Fonte: DES/BNA; Cálculos efectuados por DEE/BNA. Nota: Séries de dolarização estão expressas em termos reais à taxa de câmbio média de Janeiro de

10 Não obstante a tendência decrescente dos indicadores de dolarização, é importante reflectir sobre como tem evoluído o nível de desdolarização na economia. Tal como argumentado em Garcia Escribano (2010), os fluxos de depósitos e de créditos são decompostos em duas componentes, a saber, as componentes within e between. Esta decomposição permite averiguar não só o processo de dolarização por sector de actividade económica como também nas alterações da composição do crédito em moeda externa por todos esses sectores. Da mesma forma, o nível de dolarização de depósitos totais reflecte as alterações na composição dos depósitos com diferentes estruturas de vencimento. Garcia Escribano (2010) definem a decomposição da evolução do grau de dolarização de crédito com base na equação (3): ( ) ( ) (3) onde é a dolarização do crédito no sector i no ano t, e é o crédito total concedido ao sector i no ano t. O primeiro termo, within, capta a alteração, ao longo de um período analisado, nos níveis de dolarização nos sectores e o segundo termo, between, reflecte o efeito da alteração da composição de crédito. Na tabela I, pode ser observado a decomposição das componentes between e within para a dolarização de depósitos em termos de maturidade e do crédito à economia, em termos de sector público e sector privado. Na decomposição da desdolarização dos depósitos nas componentes between e within, pode ser constatado que os depósitos com maior grau de liquidez foram os que contribuíram mais para a desdolarização, tanto na composição nos depósitos em moeda estrangeira, between, como na redução real dos depósitos à ordem efectuados nessa moeda. No caso dos depósitos de liquidez menor, que pode ser vista como as poupanças aplicadas no sistema financeiro, os efeitos totais do between e within contribuem positivamente, apesar de ligeiro, para o grau de dolarização da economia, pois apesar de a dolarização dos depósitos a prazo per si ter descido, de 65,3% em 2006 para 43,1% em 2013, a sua participação nos depósitos totais aumentou quase na mesma proporção, de uma média de 24% em 2006 para 44% em

11 pontos percentuais Tabela I: Decomposição Between e Within da desdolarização ( ) Participação (%) Dolarização (%) Within Between Contribuição Depósitos à Ordem 76,0 56,0 82,1 51,3-23,4-10,3-28,8 Depósitos a Prazo 24,0 44,0 65,3 43,1-5,3 8,6 1,3 Depósitos 100,0 100,0 69,4 46,7-28,7-1,6-30,4 Nota: Séries de dolarização estão expressas em termos reais à taxa de câmbio média de Janeiro de 2010 Assim, pode inferir-se que a desdolarização tem ocorrido mais no sentido da utilização da moeda nacional como meio de pagamento para despesas de consumo do que propriamente para efectuar poupança. Pode ser visualizado nos gráficos abaixo que nos últimos anos o diferencial das taxas passivas entre moeda nacional e moeda estrangeira tem diminuído, podendo indicar menor atracção na recolha de depósitos em moeda nacional pelas instituições. Ao nível dos agentes, a maior rigidez da utilização de moeda nacional nos depósitos a prazo pode ser justificado pelas taxas de juros reais negativas para instrumentos de poupança em moeda nacional. Gráfico 2: Taxas de Juros Passivas Anualizadas Diferencial Dep. Prazo a mais de 1 ano Diferencial Dep. Prazo inferior a 1 ano 16% 14% 12% Inflação Dep. prazo a mais de 1 ano MN Dep. Prazo inferior a 1 ano MN 4 10% 3 8% 2 1 6% 0 4% % Fonte: DES/BNA; Cálculos efectuados por DEE/BNA. Nota: A linha a tracejado refere-se ao período a partir do qual é introduzido o conjunto de medidas mais relevantes para desdolarizar o sector financeiro. Estas taxas de juros reais negativas para instrumentos de poupança em moeda nacional implicam que, não obstante a redução da inflação, os agentes que desejam efectuar poupança em Kwanzas, o juro recebido desses depósitos não compensa o juro de adiar consumo para o futuro, ou seja, a taxa de inflação. Adicionalmente sendo de esperar que o Kwanza tenha uma depreciação ligeira face ao dólar, isto traz um custo ainda maior de se efectuar depósitos denominados em moeda nacional pelos agentes. Este custo de oportunidade dos agentes em deter poupanças em moeda nacional justifica a maior resistência em se efectuar poupança denominada em Kwanzas. 11

12 Gráfico 3: Taxas de Juros Reais dos Depósitos 8% 8% 4% 6% 4% 0% 2% -4% 0% -2% -8% -4% -12% -6% -8% -16% % Taxas de Juros Passivas Moeda Estrangeira a mais de 1 ano Taxas de Juros Passivas Moeda Nacional a mais de 1 ano Taxas de Juros Passivas Moeda Estrangeira inferior a 1 ano Taxas de Juros Passivas Moeda Nacional a mais de 1 ano Fonte: DES/BNA e Bloomberg; Cálculos efectuados por DEE/BNA. Nota: Às taxas de juros reais em moeda estrangeira é deduzido a inflação homóloga norte-americana. Na tabela II pode ser visualizada a evolução dos termos between e within do crédito à economia em termos de estrutura de vencimento do crédito fornecido por sector da economia para o período A tabela sugere que na dolarização do crédito à economia tanto o Crédito ao Sector Público como o Crédito ao Sector Privado contribuíram positivamente para a desdolarização, sendo que no Crédito ao Sector Privado o efeito foi mais relevante. Pode também inferir-se que tanto o crédito de curto prazo como o crédito de médio prazo têm contribuído para a desdolarização do crédito. O crédito a médio prazo tem sido o que teve maior descida no nível de dolarização, em particular, o crédito ao sector privado a médio prazo. Por exemplo, dos 32,4% de desdolarização real ocorrida no crédito à economia, podemos atribuir 20,7 % de contribuição ao crédito a médio prazo, onde 18,3% pertenciam à contribuição do Crédito ao Sector Privado a Médio Prazo. Tabela II: Decomposição Between e Within da desdolarização ( ) Participação (%) Dolarização (%) Within Between Contribuição Sector Privado Curto Prazo 32,4 31,8 53,4 24,1-9,5-1,1-9,6 Sector Público Curto Prazo 3,1 1,5 63,8 13,3-1,6-0,2-1,8 Crédito Curto Prazo 35,5 33,4 54,8 23,3-11,0-0,3-11,7 Sector Privado Médio Prazo 61,4 64,7 78,7 46,4-19,9 1,5-18,3 Sector Público Médio Prazo 3,1 1,9 82,5 8,2-2,3-0,1-2,4 Crédito Médio Prazo 64,5 66,6 70,4 46,4-22,2 1,4-20,7 Crédito à Economia 100,0 100,0 70,5 38,0-33,2 1,1-32,4 Nota: Séries de dolarização estão expressas em termos reais à taxa de câmbio média de Janeiro de A utilização de períodos diferentes teve a finalidade de poder ser utilizado a máxima informação de acordo com a disponibilidade estatística. 12

13 Utilizando um horizonte temporal diferente, , podemos visualizar, a partir da Tabela III, como tem sido impulsionado o processo de desdolarização pelas mudanças que ocorreram na concessão de crédito por sector de actividade económica. Assim, podemos inferir que, entre os anos de 2011 e 2013, os créditos concedidos ao Comércio para Grosso e a Retalho, a Construção e Transportes, aos Organismos Internacionais e Instituições Territoriais e às Indústrias Extractivas são os sectores de actividade económica com maior poder explicativo na desdolarização do crédito naquele período. A soma destes 3 sectores corresponde a cerca de 13,3% da desdolarização do crédito à economia naqueles 3 anos Já o sector da Agricultura, Produção de Animal, Caça e Silvicultura e o sector de Outras Actividades de Serviços Colectivos, Sociais e Pessoais foram os sectores que têm colocado maior oposição à tendência de desdolarização da economia angolana. No primeiro sector referido pode ser constatado que tanto a mudança dos níveis de dolarização como o peso do crédito nesse sector no crédito total fornecido foram no sentido de aumentar a dolarização do crédito à economia. Já nas Outras Actividades de Serviços Colectivos, Sociais e Pessoais, não obstante o termo within ter diminuído, o aumento da dolarização do crédito a este sector está relacionado com a sua maior participação comparativamente aos restantes sectores. Tabela III: Decomposição Between e Within da desdolarização ( ) Crédito por Sector de Actividade Económica Participação Dolarização Within Between Contribuição Outras Act. de Serv. Colectivos, Sociais e Pessoais 11,8 20,9 69,3 50,1-2,3 4,6 2,3 Indústria Transformadora 8,1 7,1 67,6 58,8-0,7-0,6-1,3 Actividades Financeiras 3,6 2,1 39,0 21,8-0,6-0,3-0,9 Comércio p/ Grosso e a Retalho e Reparaç de Bens 16,9 16,3 58,7 30,2-4,8-0,2-5,0 Construção 7,8 10,0 59,7 27,5-2,5 0,6-1,9 Particulares 18,1 18,4 41,6 28,8-2,3 0,1-2,2 Acividades Imob, Alug. e Serv. Prestados às Emp. 13,0 10,1 53,1 49,5-0,5-1,4-1,9 Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura 1,5 4,3 51,9 54,3 0,0 1,5 1,5 Alojamento e Restauração 0,6 1,5 64,9 39,2-0,2 0,3 0,2 Transportes, Armazenagem e Comunicações 3,9 2,9 74,7 35,5-1,5-0,4-1,9 Educação 0,3 0,3 69,3 46,9-0,1 0,0 0,0 Pesca 0,1 0,2 40,4 28,6 0,0 0,0 0,0 Saúde e Acção Social 0,3 0,3 92,7 51,5-0,1 0,0-0,1 Prod. e Dist. de Electricidade, de Gás e de Água 0,1 0,1 48,9 15,0 0,0 0,0 0,0 Indústrias Extractivas 8,1 7,1 82,6 40,6-3,4-0,4-3,8 Org. Internacionais. e Inst. Extra Territoriais 5,3 0,1 87,6 37,7-2,6-2,0-4,6 Famílias com Empregados Domésticos 0,0 0,2 50,6 18,6 0,0 0,0 0,0 Total ,0 38,6-16,5 0-19,7 Nota: Séries de dolarização estão expressas em termos reais à taxa de câmbio média de Janeiro de O diferencial das taxas de juros activas em moeda nacional e em moeda estrangeira têm vindo a reduzir-se, sobretudo a partir de meados de 2010, período em que, tal como veremos adiante, o Banco Nacional de Angola planeou a inserção de medidas de carácter regulatório e prudencial 13

14 para incentivar a intermediação financeira na moeda local. Assim, as taxas de juros activas em moeda nacional apresentaram uma tendência decrescente, enquanto nas taxas de juros activas em moeda estrangeira se verificou o oposto uma tendência crescente. Considerando a inflação angolana e da economia norte-americana podemos observar que as taxas de juros activas exigidas para o crédito em cada moeda se têm aproximado. Gráfico 4: Evolução das Taxas de Juros Reais Activas 25% 20% CSE 180 DIAS ME CSE 180 DIAS MN 50% 40% CRP 180 ME CRP 180 MN 15% 30% 10% 20% 5% 10% 0% 0% -5% -10% % 50% CSE 181 a 1 Ano ME CSE 181 a 1 Ano MN 25% 20% CRP 181 a 1 ME CRP 181 a 1 MN 40% 15% 30% 10% 20% 10% 5% 0% 0% -10% 40% 30% 20% 10% 0% CSE 1 Ano ME CSE 1 Ano MN -5% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% CRP 1 Ano ME CRP 1 Ano MN -10% % Fonte: DES/BNA e Bloomberg; Cálculos efectuados por DEE/BNA; Nota: A linha a tracejado refere-se ao período a partir do qual é introduzido o conjunto de medidas mais relevantes para desdolarizar o sector financeiro. Às taxas de juros reais em moeda estrangeira é deduzido a inflação homóloga norte-americana. b. Condições Macroeconómicas A dolarização surge quando as altas taxas de inflação de um país implicam que os agentes económicos procurem moedas mais seguras e estáveis como forma de criar uma reserva segura da sua riqueza. De facto, no passado as altas taxas de inflação e o elevado nível de depreciação da moeda nacional, levaram os agentes a proteger a sua riqueza e os seus rendimentos, utilizando a moeda estrangeira para efeitos de reserva de valor meio de pagamento e unidade de conta. Contudo, nos anos após a crise de 2009 tem sido evidenciado uma crescente estabilidade macroeconómica. 14

15 Em primeiro lugar, a política macroeconómica prudente do Governo foi importante na ajuda a repor e a fortalecer as contas públicas. Aproveitando-se da excelente situação económica nos últimos anos, ficou registado nas contas do Governo superavits fiscais significativos de 3,4%, 8,7% e 5,1% do PIB em 2010, 2011 e 2012 respectivamente, conduzindo a uma redução da dívida pública para níveis inferiores a 30 por cento do PIB. Adicionalmente, a acumulação de reservas de divisas pelo BNA permitiu fortalecer os níveis de solvabilidade externa do País. As Reservas Internacionais Líquidas que, em Janeiro de 2006, se posicionavam em Kz ,16 Milhões, aumentaram para Kz ,57 milhões em Dezembro de Esta acumulação de divisas tem sido justificada essencialmente pelo desempenho das contas externas do país, em particular das receitas de exportação de petróleo e permitiu que desde 2010 até ao presente o BNA disponibilizasse divisas no mercado cambial de modo a satisfazer a procura de moeda estrangeira pelas instituições financeiras e permitir uma evolução estável da taxa de câmbio. As perspectivas quanto ao crescimento real de longo prazo também foram positivas com base na esperada gradual expansão da produção de petróleo e gás natural e, sobretudo, pelas políticas de incentivo de diversificação da economia e reformas estruturais implementadas. A crescente estabilidade macroeconómica está sobretudo evidenciada na evolução da taxa de Inflação. De ressalva que o Banco Central, através da introdução do Novo Quadro Operacional de Política Monetária em 2011, implementou instrumentos com a finalidade de absorver o excesso de liquidez na economia e, por esta via, obter um maior controlo inflacionista. Assim, começou a estipular metas de inflação que nos últimos anos têm sido alcançadas com sucesso. De referir que, em 2012, ficou registada uma inflação de 9,02%, abaixo da meta dos 10%, e que, em 2013, a inflação atingiu os 7,69%, abaixo dos 9% de meta estipulada pelo Executivo. Tal como pode ser verificado no mapa de gráficos ilustrados em baixo, após uma desvalorização da taxa de câmbio ocorrida após os efeitos da crise, a maior acumulação de reservas permitiu a venda de divisas, o que permitiu uma estabilização da taxa câmbio, verificado por variações ligeiras destas como também menores níveis de volatilidade. Estudos do BNA têm provado que a estabilidade da taxa de câmbio foi um factor importante no sucesso da redução da inflação, que acompanha bem a evolução dos níveis de dolarização. 15

16 Gráfico 5: Estabilidade Macroeconómica e Desdolarização da Economia Fonte: DES/BNA; MINFIN, INE-Angola; DEE/BNA. Estes factores importantes na desaceleração da taxa de inflação ocorrida e na estabilização da taxa de câmbio no mercado cambial, vão ao encontro do objectivo principal do BNA que passa por preservar o valor da moeda nacional, incentivando o uso da mesma. Todo este contexto económico e financeiro fez com que, em 2012, a agências de notação de risco Fitch e MOODY S revissem em alta o Outlook para a dívida soberana de Angola de estável para positivo. Assim, pode ser inferido que no período após a crise ficaram reunidas as condições para o processo de desdolarização através da estabilidade a nível macroeconómico e da credibilidade das políticas conduzidas pelo Executivo (Tabela IV). Uma vez que a dolarização requer que os agentes económicos sintam confiança e segurança ao deterem moeda nacional e utilizaram-na para as suas transacções, esta estabilidade e a percepção desta estabilidade por outras organizações internacionais têm eliminado factores que conduziram à dolarização da economia. 16

Análise do Sector Bancário Angolano 1

Análise do Sector Bancário Angolano 1 Análise do Sector Bancário Angolano 1 Análise do Sector Bancário Angolano 2 Prefácio e agradecimentos A importância do Sector Financeiro no contexto macroeconómico do País, continua a justificar que seja

Leia mais

RELATÓRIO DE FUNDAMENTAÇÃO DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO

RELATÓRIO DE FUNDAMENTAÇÃO DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO RELATÓRIO DE FUNDAMENTAÇÃO DO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO 2 0 1 5 O OGE é o principal instrumento de gestão, contendo a previsão das receitas e despesas públicas. O Relatório de Fundamentação constitui a

Leia mais

Conhecer a dívida para sair da armadilha

Conhecer a dívida para sair da armadilha Conhecer a dívida para sair da armadilha RELATÓRIO PRELIMINAR DO GRUPO TÉCNICO Esta é a primeira versão do Relatório Preliminar do Grupo Técnico da Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida Pública

Leia mais

República de Angola Ministério do Planeamento e do Desenvolvimento Territorial. Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017

República de Angola Ministério do Planeamento e do Desenvolvimento Territorial. Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 República de Angola Ministério do Planeamento e do Desenvolvimento Territorial Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 Dezembro 2012 Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 2 ÍNDICE ABREVIATURAS

Leia mais

Carlos Benoni Resende Costa. DETERMINANTES DA MARGEM FINANCEIRA NOS BANCOS EM CABO VERDE - Aplicação de um modelo econométrico -

Carlos Benoni Resende Costa. DETERMINANTES DA MARGEM FINANCEIRA NOS BANCOS EM CABO VERDE - Aplicação de um modelo econométrico - Carlos Benoni Resende Costa DETERMINANTES DA MARGEM FINANCEIRA NOS BANCOS EM CABO VERDE - Aplicação de um modelo econométrico - Banco de Cabo Verde Praia - 2012 Ficha Técnica Título: CADERNOS DO BANCO

Leia mais

ANÁLISE DAS EMPRESAS DO SETOR EXPORTADOR EM PORTUGAL

ANÁLISE DAS EMPRESAS DO SETOR EXPORTADOR EM PORTUGAL ANÁLISE DAS EMPRESAS DO SETOR EXPORTADOR EM PORTUGAL Estudos da Central de Balanços Junho 2015 22 22 ANÁLISE DAS EMPRESAS DO SETOR EXPORTADOR EM PORTUGAL Estudos da Central de Balanços Junho 2015 Lisboa,

Leia mais

Banco Banif Mais, S.A. 1

Banco Banif Mais, S.A. 1 Banco Banif Mais, S.A. 1 Órgãos Sociais ASSEMBLEIA GERAL José da Silva Andrade (Presidente) João Maria Sá Marta Pedro Andrade Dias CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Joaquim Marques dos Santos (Presidente) Mário

Leia mais

Uma década para Portugal. Relatório

Uma década para Portugal. Relatório Uma década para Portugal Relatório Abril, 2015 GRUPO DE TRABALHO Uma década para Portugal Relatório Abril, 2015 O aumento do potencial de crescimento da economia requer que as instituições públicas promovam

Leia mais

Rui P. Pereira Chefe de Divisão da Direcção Geral das Actividades Económicas do Ministério da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento

Rui P. Pereira Chefe de Divisão da Direcção Geral das Actividades Económicas do Ministério da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento A N o v a R e a l i d a d e d a P r e s e n ç a C h i n e s a e m A n g o l a e s u a s I m p l i c a ç õ e s p a r a P o r t u g a l : O S e c t o r d a C o n s t r u ç ã o C i v i l e O b r a s P ú b

Leia mais

Ministério das Finanças Relatório Outubro 2014

Ministério das Finanças Relatório Outubro 2014 Ministério das Finanças Orçamento do Estado para 2015 Relatório Outubro 2014 (Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico) MINISTÉRIO DAS FINANÇAS Av. Infante D. Henrique, 1 1149 009 LISBOA Telefone:

Leia mais

Taxa de Juro sem Risco e a Atribuição dos Níveis de Rating: Uma Análise para a Moody s e a Fitch na Zona Euro

Taxa de Juro sem Risco e a Atribuição dos Níveis de Rating: Uma Análise para a Moody s e a Fitch na Zona Euro Dissertação Mestrado em Finanças Empresariais Taxa de Juro sem Risco e a Atribuição dos Níveis de Rating: Uma Análise para a Moody s e a Fitch na Zona Euro Filipa Margarida Costa Santos Leiria, Setembro

Leia mais

Sistema Financeiro e Desenvolvimento Regional: Um Estudo sobre o Financiamento Bancário da Atividade Industrial no Brasil

Sistema Financeiro e Desenvolvimento Regional: Um Estudo sobre o Financiamento Bancário da Atividade Industrial no Brasil Sistema Financeiro e Desenvolvimento Regional: Um Estudo sobre o Financiamento Bancário da Atividade Industrial no Brasil João Prates Romero Economista formado na Universidade Federal de Minas Gerais,

Leia mais

O Brasil pode mais. José Luis Oreiro *

O Brasil pode mais. José Luis Oreiro * O Brasil pode mais José Luis Oreiro * Mas, se avançamos, também devemos admitir que ainda falta muito por fazer. E se considerarmos os avanços em outros países e o potencial do Brasil, uma conclusão é

Leia mais

A conclusão deste trabalho foi devida aos mais variados contributos, alguns deles, decisivos no momento em que foram prestados.

A conclusão deste trabalho foi devida aos mais variados contributos, alguns deles, decisivos no momento em que foram prestados. AGRADECIMENTOS A conclusão deste trabalho foi devida aos mais variados contributos, alguns deles, decisivos no momento em que foram prestados. Gostaríamos de agradecer ao Dr. Jorge Cortez por nos ter recebido

Leia mais

aos serviços bancários Bruno Dias Elisa Silva Rahul Kumar Tiago Ralha

aos serviços bancários Bruno Dias Elisa Silva Rahul Kumar Tiago Ralha ACEsso Dos imigrantes aos serviços bancários EM PorTugal Bruno Dias Elisa Silva Rahul Kumar Tiago Ralha Biblioteca Nacional Catalogação na Publicação Dias, Bruno e outros Acesso dos imigrantes aos serviços

Leia mais

Anexos: Estratégia Europa 2020 Ponto de Situação das Metas em Portugal. Abril de 2014

Anexos: Estratégia Europa 2020 Ponto de Situação das Metas em Portugal. Abril de 2014 Anexos: Estratégia Europa 2020 Ponto de Situação das Metas em Portugal Abril de 2014 Abril de 2014 ÍNDICE ÍNDICE... 1 O MEMORANDO DE ENTENDIMENTO... 2 METAS DA ESTRATÉGIA EUROPA 2020: PONTO DE SITUAÇÃO...

Leia mais

Evolução económica e orçamental até ao final do 3.º trimestre e perspetivas para 2014. Relatório do Conselho das Finanças Públicas. n.

Evolução económica e orçamental até ao final do 3.º trimestre e perspetivas para 2014. Relatório do Conselho das Finanças Públicas. n. Evolução económica e orçamental até ao final do 3.º trimestre e perspetivas para 2014 Relatório do Conselho das Finanças Públicas n.º 1/2015 janeiro de 2015 O Conselho das Finanças Públicas é um órgão

Leia mais

LOCAÇÕES: UMA NOVA ABORDAGEM ALGUMAS DIVERGÊNCIAS DE OPINIÃO

LOCAÇÕES: UMA NOVA ABORDAGEM ALGUMAS DIVERGÊNCIAS DE OPINIÃO LOCAÇÕES: UMA NOVA ABORDAGEM ALGUMAS DIVERGÊNCIAS DE OPINIÃO 22 José Miguel Martins Pinho Pinhal MEMBRO ESTAGIÁRIO Introdução Para um elevado número de entidades, a locação é uma forma de adquirir o direito

Leia mais

Parte 1 Capítulo 2. História da dívida pública no Brasil: de 1964 até os dias atuais

Parte 1 Capítulo 2. História da dívida pública no Brasil: de 1964 até os dias atuais Parte 1 Capítulo 2 História da dívida pública no Brasil: de 1964 até os dias atuais Guilherme Binato Villela Pedras 1 Introdução O período que se inicia em 1964 até os dias atuais tem sido marcado por

Leia mais

J.P. Sá Couto, SA Relatório e Contas

J.P. Sá Couto, SA Relatório e Contas 0 ÍNDICE Relatório de Gestão... 1 Demonstrações financeiras para o período findo em 31 de Dezembro de 2013 - Balanço em 31 de Dezembro de 2013 e 2012....... 13 - Demonstração dos Resultados para os períodos

Leia mais

A E S TA B I L I D A D E D E P R E Ç O S É I M P O R TA N T E P O R Q U Ê?

A E S TA B I L I D A D E D E P R E Ç O S É I M P O R TA N T E P O R Q U Ê? A E S TA B I L I D A D E D E P R E Ç O S É I M P O R TA N T E P O R Q U Ê? ÍNDICE 1 2 3 4 5 Prefácio 5 A estabilidade de preços é importante porquê? 6 Sumário 6 2 Capítulo 2 Breve história da moeda 15

Leia mais

O Impacto da Imigração nas Sociedades da Europa

O Impacto da Imigração nas Sociedades da Europa O Impacto da Imigração nas Sociedades da Europa Um Estudo para a Rede Europeia das Migrações - o caso Português - Ponto de Contacto Nacional em Portugal Serviço de Estrangeiros e Fronteiras do Ministério

Leia mais

OS INSTRUMENTOS DERIVADOS

OS INSTRUMENTOS DERIVADOS UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA INSTITUTO SUPERIOR DE ECONOMIA E GESTÃO Mestrado em Economia Monetária e Financeira Economia dos Intermediários Finaceiros OS INSTRUMENTOS DERIVADOS SIMULAÇÃO DE UM MERCADO

Leia mais

PORTUGAL CONSOLIDAÇÃO DA REFORMA ESTRUTURAL PARA O APOIO AO CRESCIMENTO E À COMPETITIVIDADE

PORTUGAL CONSOLIDAÇÃO DA REFORMA ESTRUTURAL PARA O APOIO AO CRESCIMENTO E À COMPETITIVIDADE Série Melhores Políticas PORTUGAL CONSOLIDAÇÃO DA REFORMA ESTRUTURAL PARA O APOIO AO CRESCIMENTO E À COMPETITIVIDADE JULHO 2014 O presente documento é publicado sob responsabilidade do Secretário-Geral

Leia mais

Segurança Social: Um novo consenso

Segurança Social: Um novo consenso Segurança Social: Um novo consenso DEPARTAMENTO DE COOPERAÇÃO MINISTÉRIO DA SEGURANÇA SOCIAL E DO TRABALHO DE PORTUGAL 1 2 A edição original desta obra foi publicada pelo Bureau Internacional do Trabalho

Leia mais

Afinal, por onde vamos?

Afinal, por onde vamos? Esta é uma iniciativa única em Portugal, na qual a SIC Notícias e o Expresso, em parceria com a PwC e o Banco Popular, pretenderam reposicionar Portugal no mapa da competitividade, tendo identificado 6

Leia mais

O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS: UMA ANÁLISE MICROECONÓMICA COM BASE NOS RESULTADOS DO INQUÉRITO À SITUAÇÃO FINANCEIRA DAS FAMÍLIAS*

O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS: UMA ANÁLISE MICROECONÓMICA COM BASE NOS RESULTADOS DO INQUÉRITO À SITUAÇÃO FINANCEIRA DAS FAMÍLIAS* O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS: UMA ANÁLISE MICROECONÓMICA COM BASE NOS RESULTADOS DO INQUÉRITO À SITUAÇÃO FINANCEIRA DAS FAMÍLIAS* Sónia Costa** Luísa Farinha** 137 Artigos Resumo A análise do endividamento

Leia mais

BRISA Concessão Rodoviária, S.A. Quinta da Torre da Aguilha, Edifício Brisa, São Domingos de Rana Capital social de 75 000 000 euros CRC sob o número

BRISA Concessão Rodoviária, S.A. Quinta da Torre da Aguilha, Edifício Brisa, São Domingos de Rana Capital social de 75 000 000 euros CRC sob o número BRISA Concessão Rodoviária, S.A. Quinta da Torre da Aguilha, Edifício Brisa, São Domingos de Rana Capital social de 75 000 000 euros CRC sob o número único e de pessoa colectiva º 502790024 Contents 1

Leia mais