EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE CUIABÁ MT.

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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE CUIABÁ MT. FRANCISCO ANIS FAIAD, brasileiro, casado, advogado, OAB/MT 3.520, CPF n , com escritório na rua Joaquim Murtinho, 992, centro, Cuiabá, MT, por seu advogado, infra assinado, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência, vem propor a presente AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS em desfavor de IZONILDES PIO DA SILVA, brasileiro, casado, advogado, OAB/MT 6486-B, com escritório na Av. Carmindo de Campos, 1700, Jardim Paulista, CEP n , Cuiabá, MT, pelos fatos e fundamentos a seguir articulados: 1

2 1.- O autor foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil nos anos de 2004 a 2009, tendo ocupado a função de Conselheiro Federal nos anos de 2010 a Desde aquela época não ocupa mais cargos na Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, em Mato Grosso. 2.- No ano de 2013, repita-se, sem ocupar qualquer cargo na OAB/MT, e sendo militante do PMDB desde 1982, quando ainda residia e estudava em Londrina, PR, o requerente fora convidado pelo Governador Silval Barbosa, do mesmo partido, a assumir a Secretaria de Estado de Administração, o que ocorrera entre 12 de janeiro a 31 de dezembro de No ano de 2014 o autor, além de exercer a advocacia, postulou uma cadeira na Assembléia Legislativa de Mato Grosso, tendo ficado na suplência. 3.- Inexplicavelmente, no dia 14 de abril de 2015, o requerido concede entrevista ao sitio de noticias Olhar Direto, dizendo que a OAB/MT fora omissa quanto as investigações de desvios nas obras da Copa Mundo por atrelamento e influência do autor junto a Seccional. Absurdo tal assertiva. De onde tirou o réu fundamento para tal discurso publico? 2

3 4.- Excelência, o autor não faz mais parte da direção ou do conselho seccional da OAB/MT, apesar de ser membro honorário vitalício da instituição por ser ex-presidente, como todos os demais advogados que exerceram tal mister o são. Daí o requerido imaginar, criar uma situação, de que o requerente teria influenciado a diretoria atual da OAB/MT a omitirse, há uma distância enorme. Vejamos a matéria: Notícias / Geral 14/04/ :00 Enviar para amigo Imprimir A A A Pio da Silva aponta omissão da OAB-MT sobre investigações da Copa por atrelamento político a Faiad Da Redação - Arthur Santos da Silva Foto: Olhar Jurídico 3

4 Pio da Silva, pré-candidato às eleições da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso (OAB-MT), firmou, na última segunda-feira (13), posicionamento contrário à atual gestão do órgão representativo. Para o advogado, prova do desmando na Ordem seria a omissão frente aos possíveis esquemas de corrupção nas obras da Copa do Mundo de A nebulosidade sobre o assunto poderia ser justificada graças à ligação do atual presidente da OAB-MT, Maurício Aude, com o ex-secretário de Administração, Francisco Faiad. Em entrevista exclusiva ao Olhar Jurídico, Pio traçou críticas carregadas à suposta mansidão da Ordem. Só agora [em 2015] a OAB-MT veio criar uma comissão para investigar as Obras da Copa em Cuiabá. Isso é devido ao atrelamento político. Mesmo o Faiad não tendo nenhum cargo legal na OAB, ele tem muita influência, afirmou. Francisco Faiad (PMDB) foi secretário de administração do Governo Silval Barbosa (PMDB). Durante sua atuação, em 2013, várias medidas de garantia para conclusão das obras foram tomadas. O peemedebista geriu, também, a Ordem dos Advogados entre os anos de 2003 e Faiad trabalhou, ainda, como articulador na campanha vitoriosa de Maurício Aude, presidente da OAB-MT desde Segundo Pio da Silva, a falta de investigações contra gastos, como os realizados no Veículo Leve Sobre Trilho, contrariam o caráter democrático da Ordem. O levantamento sobre os gastos é questão vigorosa em Mato Grosso: no dia 7 de abril, durante audiência de conciliação entre o Consórcio VLT Cuiabá - Várzea Grande e o Governo do Estado, um acordo de suspensão da obra pelo período de mais 75 dias foi assinado. O cronograma foi criado visando uma reavaliação da empreitada. 4

5 O Outro lado Conforme o presidente da OAB-MT, Maurício Aude, desde 2013 várias ações para investigação sobre as obras da Copa foram iniciadas. Segundo ele, três mandados de segurança foram interpostos em face do Governo do Estado, buscando a transparência das ações do Executivo. Para o comandante da Seccional, independente dos antigos laços de Francisco Faiad com a Ordem, todas as medidas legais tiveram empenho. A comissão que investiga o caso tem o nome Comissão de Fiscalização dos Gastos Públicos e Combate a Corrupção. Faiad afirmou que não falará sobre o assunto. Ora, Excelência, o requerido ao fazer tais elucubrações, de caráter eleitoreiro, busca apenas e tão somente atacar a honra do autor, alegando que o mesmo, ocupando um cargo no Executivo Estadual que nada tem a ver com obras da copa, explica-se teria usado de seu poder para influenciar a OAB/MT a omitir-se em caso de alta gravidade e complexidade. E mais: fala que o autor cometera tal deslize sem qualquer fundamento, ou qualquer comprovação. 5.- A Ordem dos Advogados do Brasil é uma autarquia pública suis generis, como já decidira o Supremo Tribunal Federal. Portanto, a OAB, embora tenha sido criada por lei específica, possuindo personalidade jurídica própria, sendo capaz de se auto administrar, não é uma autarquia como os demais conselhos de classe e sim uma entidade autônoma, um serviço público independente de categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. 5

6 Mas não deixa de ser uma autarquia publica. Logo, seus dirigentes quando na posse dos cargos, não podem se omitir sobre fatos graves que devam se manifestar, sob pena de prevaricação. É exatamente isso que quis dizer o requerido: que o autor, usando de seu cargo de Secretário de Estado, influenciou a diretoria da OAB/MT a não tomar providencias para apurar possíveis desmandos ocorridos durante a execução de obras da Copa do Mundo. vezes. 6.- O requerido equivoca-se maldosamente por duas Primeiro que a OAB/MT exigiu sim, durante as obras, a apuração de denuncias de possíveis desvios, pedindo providencias ao MPE, ao CREA e outras instituições de respeito. Neste ato, junta-se aos autos noticias variadas desde 2011, passando por 2012, 2013, 2014 e 2014, de ações e medidas tomadas pela OAB/MT no tocante às obras da Copa do Mundo. Inclusive do ano de 2013, quando o requerente ocupou o cargo de Secretário de Estado. OAB/MT. Portanto, não houve omissão por parte da A duas, porque jamais, em momento algum, o autor buscou a direção da OAB/MT para que essa se silenciasse ou não tomasse as providencias que deveria tomar. 6

7 Ao mentir deliberadamente em entrevista em sitio público de noticias, o requerido busca manchar a dignidade e o respeito do autor. A noticia publicada na primeira página do sitio jornalístico atinge milhares de pessoas, que são induzidas ao erro, de acharem que o autor usou de seu cargo e prestigio para fazer a OAB/MT omitir-se. Há visível dano à moral do autor. 7.- Havendo dano moral, havendo o autor do dano, havendo a vitima do dano e a deliberada vontade do autor em causar tal dano, presentes os requisitos para a declaração da violação á moral, á honra do autor, que merece ser reparada. Vejamos a jurisprudência pátria: TJ-SE - APELAÇÃO CÍVEL AC SE (TJ-SE) Data de publicação: 13/08/2007 Ementa: Recurso de Apelação. Dano Moral. Entrevista concedida a empresa de radiodifusão Dano moral configurado. A responsabilidade civil decorrente de abusos perpetrados por meio da imprensa requer, para sua configuração, a ocorrência de calúnia, injúria ou difamação, tipos penais que exigem a presença do dolo específico para serem reconhecidos. As palavras contundentes, proferidas pelo apelado escaparam ao embate meramente político, razão pela qual a entrevista concedida não se encontra sob o pálio das excludentes de ilicitude, segundo a orientação 7

8 pretoriana chancelada pelo STJ. Recurso conhecido e provido. Decisão unânime. TJ-RN - Apelacao Civel AC RN (TJ-RN) Data de publicação: 02/10/2008 Ementa: EMENTA: CONSTITUCIONAL CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. DIVULGAÇÃO DE CASO DE SUPOSTO ERRO MÉDICO VEICULADO EM ENTREVISTA EM REDE TELEVISIVA. DANO MORAL À HONRA E À IMAGEM. INTENÇÃO DE DENEGRIR A IMAGEM DO APELANTE. DEVER DE INDENIZAR. DANO MORAL CARACTERIZADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO EM OBEDIÊNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. CONHECIMENTO E PROVIMENTO DO APELO. REFORMA DA SENTENÇA. 8.- Caracterizado o dano moral causado ao autor, deverá Vossa Excelência deliberar sobre o quantum a ser indenizado. Nesse sentido, deverá ser observado que o dano causado revestiu-se de publicidade, já que utilizou-se o requerido de um sitio de notícias de ampla repercussão na internet, com abrangência mundial. O requerente é advogado há trinta anos em Mato Grosso. O advogado como se sabe, não pode se utilizar de mecanismos de publicidade para alavancar sua atividade, dependendo apenas e tão somente de seu nome, de sua conduta, de seu trabalho, para amealhar clientes e causas. 8

9 Ofensas como as praticadas pelo réu tem o condão de difundir imagem negativa do advogado, causando prejuízos na sua vida profissional. O ofensor, ora réu, que também é advogado, tem plena consciência dos danos causados à imagem do autor. Assim, requer seja o demandado condenado em danos morais no valor de R$ ,00, servindo tal condenação como efeito pedagógico para que não mais volte a danificar a imagem de terceiros, bem como tendo efeito punitivo, para reprimir a ação ilícita praticada pelo réu. Requer, ainda, seja determinado ao réu que, nos mesmos espaços utilizados, manifeste-se retificando as inverdades alegadas. 9.- DIANTE DO EXPOSTO, espera que: a) seja o requerido citado da presente demanda, para comparecer em audiência e no prazo legal apresentar defesa, sob pena de revelia e confissão; b) seja julgada PROCEDENTE a presente ação, condenando-se o réu ao pagamento dos danos morais, no valor de R$ ,00; c) seja o réu condenado ainda a, no mesmo espaço utilizado para as ofensas, retificar as inverdades afirmadas; d) nos casos da lei, seja o réu condenado em honorários advocatícios e custas processuais. 9

10 e) dá à causa o valor de R$ ,00. Termos em que, Espera deferimento. Cuiabá, 15 de abril de Francisco Anis Faiad OAB/MT Hamilton Ferreira da Silva Junior OAB/MT