PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES E FORMAÇÃO DOCENTE: APROXIMAÇÕES ENTRE TEORIA E PRÁTICA

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1 PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES E FORMAÇÃO DOCENTE: APROXIMAÇÕES ENTRE TEORIA E PRÁTICA Natalia Ap. Morato Fernandes 1 - UFTM Agência Financiadora: CAPES Resumo O presente trabalho tem como tema a formação inicial de professores e o desenvolvimento de atividades de ensino interdisciplinares. Tem como objetivo apresentar duas atividades de ensino, desenvolvidas no âmbito do subprojeto interdisciplinar do PIBID UFTM, realizadas com alunos do ensino fundamental de duas escolas públicas de Uberaba-MG. O referido subprojeto tem como foco o trabalho com os Temas Transversais, dos Parâmetros Curriculares Nacionais, em especial os temas Pluralidade Cultural, Ética e Trabalho e Consumo. Desse modo, tais documentos subsidiam as reflexões apresentadas neste trabalho, bem como referenciais sobre a formação inicial de professores e interdisciplinaridade. Do ponto de vista metodológico são apresentadas duas atividades de ensino que tiveram como propósito motivar o trabalho interdisciplinar desde a sua concepção e planejamento até a sua realização no ambiente escolar, visando fomentar a aproximação entre teoria e prática na formação de professores e na sala de aula, tanto na universidade quanto na escola. As atividades buscaram articular o estudo de conteúdos das disciplinas escolares com o uso de estratégias lúdicas, como o uso de filmes e confecção de jornal escolar, para incentivar o envolvimento dos educandos e promover a aprendizagem dos conteúdos abordados bem como dos temas transversais. O estudo dos temas transversais e o desafio de construir atividades de ensino em diálogo com outras áreas de conhecimento para além de sua área de formação, revelou mudanças significativas na visão dos licenciandos e na sua abertura para o trabalho interdisciplinar em equipe, além de promover a reflexão sobre a profissão docente. Palavras-chave: Formação de Professores. Práticas de Ensino. Interdisciplinaridade. PIBID. Introdução Este trabalho apresenta algumas das atividades desenvolvidas no âmbito do subprojeto Interdisciplinar do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) da 1 Graduada em Ciências Sociais, Mestre e Doutora em Sociologia, Professora do Departamento de Filosofia e Ciências Sociais - IELACHS/UFTM. Atua nos cursos de Licenciatura da UFTM e em programas de formação de professores como o PIBID e Novos Talentos, ambos financiados pela CAPES. natmorato@gmail.com

2 UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro) durante o ano de 2014 em duas escolas estaduais de Uberaba-MG. As atividades apresentadas buscaram articular o estudo de conteúdos das disciplinas escolares com o uso de estratégias lúdicas, como o uso de filmes e confecção de jornal escolar, para incentivar o envolvimento dos educandos e promover a aprendizagem dos conteúdos abordados bem como dos temas transversais. Num primeiro momento, faremos uma breve apresentação do subprojeto Interdisciplinar do PIBID UFTM para que se possa compreender melhor o contexto em que tais atividades foram propostas, elaboradas e desenvolvidas. Na sequência passaremos a apresentar cada uma das atividades desenvolvidas: uma relacionada à contrução um jornal escolar e a outra relativa ao projeto cinema na escola. Apresentaremos também algumas reflexões sobre o processo de planejamento, preparação e desenvolvimento dessas atividades tendo em vista a formação dos licenciandos em uma perspectiva interdisicplinar. O subprojeto Interdisciplinar do PIBID UFTM O subprojeto Interdisciplinar do PIBID UFTM tem como foco o trabalho com os temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e está sendo desenvolvido em escolas de ensino Fundamental e Médio no município de Uberaba-MG. Para alcançar maior abrangência, o subprojeto está estruturado em três linhas: 1- Meio Ambiente; 2 - Pluralidade Cultural, Ética e Trabalho e Consumo; 3 - Saúde e Pluralidade Cultural. A equipe é composta por 3 coordenadores de área, 8 professores supervisores e 42 licenciandos de todos os cursos de Licenciatura da UFTM Letras, Geografia, História, Ciências Biológicas, Física, Química e Matemática. O objetivo do subprojeto é preparar os licenciandos para a prática do trabalho interdisciplinar. Ou seja, para que, a partir dos conteúdos de disciplinas específicas, sejam capazes de identificar e construir pontos de interlocução com outras disciplinas e implementálas através de atividades de ensino nas escolas. Utilizar a interdisciplinaridade na formação de professores implica destacar que a fragmentação dos saberes derivou de uma epistemologia redutora e resultou em uma estratégia didática que não leva em consideração os processos interativos de construção do conhecimento. Nesse sentido, os temas transversais representam o duplo desafio de se trabalhar a complexidade dos fenômenos, contornando a fragmentação, e de pensar os

3 conteúdos de forma integrada, como manifestados nos saberes compartilhados pela sociedade. Propõe-se entrelaçar os saberes socialmente constituídos em um enfoque abrangente, a fim de que os licenciandos saibam abordar um eixo temático e, com base nesse eixo, desdobrar as diferentes perspectivas que cada ciência traz para o enriquecimento dos sentidos múltiplos da prática pedagógica. Assim, os objetivos do subprojeto são: Preparar os licenciandos para a prática do trabalho interdisciplinar; Conhecer o cotidiano do ambiente escolar e estabelecer formas de interlocução entre a universidade e as escolas envolvidas no projeto. Identificar, junto aos professores das escolas, práticas de atividades interdisciplinares, bem como as dificuldades enfrentadas para a realização desses trabalhos. Refletir sobre a transposição didática de conteúdos, particularmente sob a perspectiva da interdisciplinaridade; Construir recursos e instrumentos didático-pedagógicos para o estudo dos temas abordados pelo subprojeto Interdisciplinar tais como: roteiros de estudos, sequências didáticas, dinâmicas em grupo, seminários, jogos didáticos entre outros; Desenvolver reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem e avaliação formativa, tendo por base o estudo de referenciais teóricos e as atividades práticas realizadas nass escolas. Para tanto, faz-se necessário promover o registro sistemático de dados dos sujeitos envolvidos no processo educativo (alunos, professores, direção de escola, licenciandos e supervisores). A obtenção de dados é realizada por meio de diferentes instrumentos, tais como: aplicação de questionário, realização de entrevistas; observação de campo; anotações feitas em caderno de campo, consulta a documentos da escola (projeto político pedagógico, plano de intervenção pedagógica, projetos e planos de ensino etc.), além de registros textuais, sonoros, e iconográficos (ilustrações, fotos, vídeos etc.) produzidos durante as atividades do projeto nas escolas. Tais dados são utilizados como subsídio para as produções acadêmico-científicas de licenciandos, supervisores e coordenadores de área configuradas na forma de artigos, capítulos de livros, comunicações científicas, relatórios; bem como na forma de produções didáticas e objetos educacionais (material didático, sequência didática, roteiro de filme, roteiro de estudos, jogos didáticos entre outros).

4 As atividades apresentadas neste trabalho tiveram como referência as ações desenvolvidas no subprojeto a partir de março de 2014, particularmente pela equipe que compôs a linha 2 do subprojeto, a qual era composta por uma coordenadora de área, duas supervisorea e quatorze licenciandos dos cursos de Geografia, História, Letras e Ciências Biológicas. Estão fundamentadas no estudo dos Parâmetros Curriculares Nacionais, particularmente em seus temas transversais Ética, Pluralidade Cultural, Trabalho e Consumo; estudos sobre interdisciplinaridade na educação e de experiências didático-pedagógicas com os temas transversais em sala de aula. Práticas de ensino interdisciplinares A construção de jornal escolar O momento inicial do subprojeto foi dedicado à preparação da equipe que se deu por meio de reuniões voltadas ao estudo detalhado do projeto, de sua metodologia de trabalho, dos temas transversais e da realização de revisão bibliográfica. A equipe dedicou-se, também, à reflexão sobre a forma de organização do trabalho nas escolas e sobre os desafios da profissão docente na atualidade, por meio do estudo de trabalhos acadêmicos e dos relatos dos professores supervisores do suprojeto. Percebeu-se que esse momento inicial possibilitou uma maior integração da equipe, pois fomentou um momento de formação específica sobre a temática a ser desenvolvida e sua metodologia de trabalho. Além disso, observou-se que, num primeiro momento, os integrantes da equipe afirmavam conhecer os temas a serem trabalhados, mas demonstravam insegurança tanto em relação a abordagem conceitual quanto em relação a sua transposição didático/pedagógica em atividades de ensino. Após as atividades de estudo e capacitação, todos mostraram-se mais familiarizados com o assunto e passaram a levantar possibilidades de trabalhos a serem desenvolvidos nas escolas. Uma segunda frente de trabalho desse momento inicial teve como foco o reconhecimento e análise do ambiente escolar. Nesse sentido, foram planejadas atividades com os seguintes objetivos: Iniciar a inserção dos licenciandos nas escolas; conhecer a realidade escolar e o público com o qual a equipe trabalharia durante o projeto. O reconhecimento do ambiente escolar foi feito por meio de visitas às escolas, nas quais foram feitas a apresentação da equipe e dos objetivos do subprojeto Interdisciplinar às equipes de cada escola. A primeira visita em cada escola foi realizada pelos coordenadores de área.

5 Após esse primeiro contato foram realizadas outras visitas nas quais os licenciandos puderam conhecer a estrutura organizacional e física das escolas e identificaram elementos importantes para que a equipe pudesse estruturar as atividades a serem desenvolvidas, levando em consideração o público ao qual se destinam e a estrutura disponível. A primeira definição da equipe foi sobre a temática a ser trabalhada: Pluralidade cultural, aproveitando o ensejo da Copa do Mundo de Futebol no Brasil em A diversidade de conteúdos levantados para se trabalhar com essas temáticas foi tão grande que acabou surgindo a ideia de se produzir um jornal escolar. A partir disso, os licenciandos começaram a definir as sessões que comporiam o jornal e a planejar as atividades de ensino a partir das quais seriam trabalhados os conteúdos que, por sua vez, resultariam nas produções dos alunos para a publicação. Foram construídas e executadas duas propostas de jornal escolar, uma para cada escola parceira, considerando as turmas de alunos com as quais se trabalharia, a organização do trabalho dos licenciandos na escola e o cronograma de desenvolvimento das atividades. A realização dessa atividade mobilizou várias habilidades dos licenciandos devido aos diversos elementos a serem considerados nesse processo: nível de ensino dos alunos e conteúdos a serem trabalhados; articulação dos conteúdos às temáticas Pluralidade cultural e Copa do Mundo; estratégias de ensino a serem utilizadas; resultados a serem alcançados com as atividades de ensino; entre outros. Sobre a construção de jornal escolar cabem algumas reflexões. Ijuim (2000, p. 01), nos afirma o seguinte: A maioria dos projetos pedagógicos que envolvem o uso ou produção de jornal no ensino fundamental e no médio tem seguido uma razão instrumental-utilitária. O jornal é meio para consecução de objetivos definidos, sejam eles a alfabetização, o estímulo à escrita e à leitura ou o acesso a informações e a fontes variadas. Recursos didáticos valiosos que têm sido úteis para ampliar a visão de mundo ou para incentivar a busca, a curiosidade ou a melhor aplicação de conteúdos. Como produto, em geral os jornais produzidos nas escolas são informativos que retratam a vida da escola e dos membros da comunidade: alunos, pais, funcionários e todos os que estejam direta ou indiretamente envolvidos. Um desafio que se coloca no momento é superar esse jornal informativo, enquanto elaborado por uma razão exclusivamente instrumental-utilitária, para alcançar um jornal escolar, que conquiste o caráter de um instrumento complexo. Tendo em vista as ponderações de Ijuim e de outro autores estudados pela equipe no processo de preparação e planejamento do projeto educacional envolvendo a construção de um jornal escolar, a equipe do subprojeto considerou que adotando-se a perspectiva interdisciplinar poderíamos alcançar o que o autor designa de jornal escolar como instrumento complexo. Nesse sentido, buscamos alinhar objetivos como o aprimoramento das habilidades

6 de leitura e escrita dos alunos; a promoção da leitura crítica da mídia; a utilização do jornal como fonte de informação e de conhecimento; a produção do jornal escolar como espaço de veiculação de ideias, interesses e posicionamento dos membros da comunidade escolar. Ou seja, buscamos estratégias que possibilitassem que a construção do jornal escolar se tornasse algo mais do que um instrumento para a aplicação de conteúdos, que este se tornasse também um motivador de reflexões e debates sobre os diversos assuntos presentes no cotidiano juvenil. Ainda que se considere os limites do jornal escolar seguindo uma razão instrumentalutilitária (IJUIM, 2000), não podemos deixar de destacar os pontos positivos que podem ser alcançado com a utilização desse instrumento. Um dos aspectos mais relevantes é romper a monotonia e passividade da posição do aluno receptor de informações e conhecimentos. Nessa nova situação ele se torna agente do conhecimento, deve buscá-lo em variadas fontes, refletir sobre ele, apurar fatos e versões, construir sínteses e buscar a melhor forma de comunicar o assunto investigado/estudado. Nessa perspectiva o professor torna-se mediador do processo de aprendizagem e não mais o detentor do conehcimento e responsável pela sua transmissão. São muitos os relatos de estudantes e de professores sobre a percepção dos alunos da escola com um local chato. Tal situação coloca grandes desafios aos educadores, no sentido de buscar estratégias mais dinâmicas e em sintonia com a cultura juvenil para promover a aprendizagem de conteúdos pelos estudantes. Aqui também a produção do jornal escolar se apresenta como um instrumento favorável, seja pelo fato de proporcionar maior autonomia aos alunos em seus estudos, sempre acompanhados e orientados pelo(s) professor(es) e pelos licenciandos, seja pela própria dinâmica da produção do jornal com as suas várias etapas. Um momento privilegiado no processo de ensino-aprendizagem, durante a produção de conteúdos para o jornal escolar, destacado pelos licenciandos, foi o processo da reescrita. Nesse momento, os licenciandos acompanhados dos supervisores faziam a correção das produções dos alunos e apontavam para estes o que precisava ser corrigido ou que poderia ser melhorado nas produções visando sua publicação no jornal. Outro aspecto a ser destacado é o envolvimento dos estudantes com a informação, a qual se dá de diversas maneiras. Para além de mero consumidor de notícias, quando os alunos se envolvem na construção de um jornal, passam a conhecer melhor seu processo de criação, os aspectos ideológicos e as relações de poder que o envolvem, possibilitando que desenvolvam habilidades de leitura crítica da mídia. Sabemos que o jornal já foi um dos principais veículos de informação do capitalismo. Ainda na atualidade, em meio a tantas

7 tecnologias como a internet, a televisão e o rádio, o jornal continua fortemente transmitindo informação, conhecimento, entretenimento e cultura, portanto, um objeto de conhecimento com grande potencial pedagógico. Além de acompanhar todo o processo de produção de conteúdos para o jornal escolar, os licenciandos se encarregaram de sua diagramação; a revisão foi feita pelas supervisoras e pela coordenadora e finalmente encaminhado para gráfica para a impressão. Cinema na escola No segundo semestre de 2014 foi desenvolvido o projeto educacional Cinema na Escola. A proposta surgiu como extensão do Ciclo de Cinema, uma atividade de integração das três linhas do subprojeto Interdisciplinar e alunos das escolas parceiras. Para o Ciclo de Cinema foram selecionados documentários e filmes com temáticas interdisciplinares que permitissem discussões fundamentadas sobre os temas transversais que estavam sendo trabalhados nas atividades de cada linha nas escolas. Foram constituídas equipes responsáveis pela preparação de cada sessão, compreendendo desde a escolha do material a ser exibido até a organização da sessão de debate e reflexão. Nesse sentido, a equipe da linha dois do subprojeto optou por desenvolver ao longo do semestre, nas duas escolas parceiras, um projeto educacional que envolvesse o trabalho com filmes. O referido projeto ao utilizar a linguagem cinematográfica na sala de aula, além do desenvolvimento da leitura crítica da mídia, tinha por objetivo promover o estudo de conteúdos variados, a partir de temáticas suscitadas pelo filme exibido, agunçando o olhar do educando para as várias abordagens possíveis a partir de uma mesma obra. Num primeiro momento foi feito o estudo do livro Como usar o cinema na sala de aula, de Marcos Napolitano (2004). A partir do estudo e das discussões da equipe foram construídas cinco propostas de atividades de ensino, no formato de oficinas, articuladas à exibição de dois filmes: Narradores de Javé e O auto da compadecida e às temáticas presentes nas obras. As oficinas buscavam trabalhar os conteúdos propostos a partir de estratégias lúdicas, como jogos, dinâmicas, vídeos educativos, construção de murais e de maquetes. A abertura dos trabalhos dessa atividade se deu com a exibição nas duas escolas do filme Narradores de Javé. Nos encontros seguintes os licenciandos passaram a desenvolver as seguintes oficinas:

8 - Regionalismo: com foco no estudo da região Nordeste, abordou-se questões como ocupação, migração, economia, cultura, turismo e problemas sociais. - Linguagens: a partir de jogos e brincadeiras foram trabalhadas questões como linguagem culta e coloquial, senso comum e conhecimento científico. - Fontes de energia: por meio de vídeos educativos e representações visuais conhecer o funcionamento de uma hidrelétrica e outras fontes de energia renováveis e não renováveis. - Impactos socioeconômicos e ambientais: destacou os efeitos da ação humana no espaço e seus impactos ambientais, socioeconômicos e culturais, por meio da construção de maquetes. - História Oral e Memória: a partir da temática do filme foram trabalhadas questões como cultura popular, identidade cultural e memória. Utilizando fontes como fotografias e relatos colhidos pelos próprios alunos com suas famílias, trabalhou-se elementos como fontes históricas, história oral e memória. A atividade foi finalizada com a exibição do filme O auto da compadecida, no cinema da UFTM, com a participação de alunos das duas escolas. No contexto de preparação e realização dessas oficinas, os licenciandos foram desenvolvendo recursos de ensino para cada uma delas, resultando na construção de maquetes sobre ocupação territorial e impactos sócio-ambientais; jogo de perguntas e respostas sobre Regionalismo; jogo sobre linguagem culta e coloquial; mural sobre História e memória; e cartazes sobre fontes de energia. Considerações Finais Este trabalho buscou apresentar reflexões sobre a construção de práticas de ensino interdisciplinares e suas contribuições para a formação inicial de professores e também para o processo ensino-aprendizagem dos alunos da educação básica. Especificamente sobre a atuação dos licenciandos nas atividades apresentadas, podemos afirmar que os objetivos propostos foram cumpridos satisfatoriamente. Construíram atividades de ensino envolvendo conhecimentos das áreas abordadas no subprojeto (História, Geografia, Língua Portuguesa e Ciências) de forma interdisciplinar e relacionando-as com os temas transversais Pluralidade Cultural, Ética e Trabalho. Buscaram atrelar um trabalho conceitual, fundamentado academicamente, com atividades lúdicas que possibilitassem a reflexão dos alunos sobre as temáticas estudadas e sua apreensão de forma significativa.

9 Procuraram evidenciar a relação do conteúdo trabalhado nas atividades com outros conteúdos estudados em sala de aula e com questões do cotidiano. As atividades mostraram-se de grande relevância na formação dos licenciandos na medida em que estes puderam se aproximar e conhecer melhor a realidade escolar, não mais como alunos, mas agora como futuros profissionais da educação. O conhecimento dos temas transversais e o desafio de construir uma atividade de ensino que abrangesse outras áreas de conhecimento além da sua área de formação, também revelou mudanças significativas na visão dos licenciandos e na sua abertura para o trabalho interdisciplinar e em equipe. Cada vez mais observamos entre os estudantes, sejam da educação básica ou da universidade, e mesmo entre professores, a crítica aos métodos tradicionais de ensino e a busca de novos métodos ou estratégias de ensino mais dinâmicos e que envolvam aspectos lúdicos. Nesse sentido, consideramos que o trabalho interdisicplinar torna-se um grande motivador de tais práticas, pois ao demostrar as conexões entre os conhecimentos das diferentes disciplinas, possibilitam mobilizar métodos e estratégias de ensino consagradas em determinadas áreas/disciplinas para o estudo mais amplo da temática em tela. Ou seja, a perspectiva interdisciplinar deve ser pensada não apenas em relação aos conteúdos (e suas conexões), mas também em relação aos métodos e estratégias de ensino, de modo que possam promover a integração do conhecimento e, como objetivo mais amplo, a formação humana integral. Referências BRANCO, Sandra. Atividades com temas transversais. São Paulo: Cortez editora, BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, BUSQUETS, M. D. et. al. Temas transversais em educação: bases para uma formação integral. São Paulo: Ática, FERNANDES, Natalia Ap. Morato. Os temas transversais na sala de aula. In: BARBOSA, Marinalva V.; DANTAS, Fernanda B. A. (org.). Reflexões sobre a formação inicial de professores no PIBID. Campinas-SP: Mercado de Letras, IJUIM, Jorge Kanehide. Jornal escolar. Do instrumento didático ao instrumento complexo. Eccos Revista Científica. Universidade Nove de Julho, São Paulo: vol. 2, número 2, dezembro 2000, p JACOMELI, Mara R. Martins. PCNs e temas transversais: análise histórica da política educacional brasileira. Campinas: Alínea, 2007.

10 JANTSCH, Ari P.; BIANCHETTI, Luncídio. (org.). Interdisciplinaridade: para além da filosofia do sujeito. 9. ed. atualizada e ampliada. Petrópolis: Vozes, MACHADO, Nílson José. Educação: projetos e valores. 5. ed. São Paulo: Escrituras, NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2004.