VALOR ECONÔMICO - POLÍTICA - SÃO PAULO - SP - 09/07/ Pág A8
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- Luiz Felipe Figueira Leveck
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1 Código pode levar à venda pequenas mineradoras VALOR ECONÔMICO - POLÍTICA - SÃO PAULO - SP - 09/07/ Pág A8 A mudança no marco regulatório da mineração, cujo projeto de lei está tramitando no Congresso Nacional, abre uma janela de oportunidade para mineradoras de pequeno porte que detêm licenças de pesquisa em áreas promissoras. A avaliação é do advogado Francisco Rohan, sócio do escritório Tauil & Chequer Advogados. Ele afirma que essas empresas, com alvarás de pesquisa concedidos, podem se tornar alvo de compra de mineradoras maiores antes de o projeto do governo ser transformado em lei. Isso porque, segundo Rohan, pelo projeto de lei enviado pelo Executivo ao Congresso, em junho, a venda do controle de uma empresa do setor para outra ficará sujeita à aprovação do governo. De acordo com Rohan, a interferência do governo na mudança do controle acionário de empresas de mineração está determinado pelo parágrafo 2º do artigo 8º do projeto de lei, que diz: "A cessão de direitos minerários e a cisão, fusão, incorporação ou transferência do controle societário, direto ou indireto, do titular dos referidos direitos, sem a prévia anuência do poder concedente, implicará a caducidade dos direitos minerários." Já há emendas a favor e contra essa parte do texto. Até a semana passada haviam sido apresentadas 340 ao projeto de lei, como noticiou o Valor na sexta-feira. Na visão de Rohan e de Guilherme Vieira, também sócio do Tauil & Chequer, os leilões para adquirir direitos minerários, uma das inovações previstas pelo novo Código de Mineração, podem causar uma corrida para compra e venda de empresas de pequeno porte, antes que a lei entre em vigor. Rohan afirma que o modelo atual é baseado no direito de prioridade da área requerida. Leva a área a ser explorada a primeira empresa a requer a licença desde que cumpra as exigências do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). O DNPM será extinto a partir da entrada em vigor da nova lei de mineração e será substituído pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Pelo projeto de lei, esse sistema de prioridade também acaba, sendo substituído pelo sistema de licitações, disse o advogado. Para ele, o governo encontrou uma forma de regular a fase de transição entre o velho e o novo modelo. "Quem tiver protocolado o pedido [de pesquisa], mas ainda não tem a autorização [do DNPM] nem iniciou a pesquisa terá a área levada à licitação." Já a empresa que requereu a licença de pesquisa e teve essa autorização concedida tem prazo para iniciar a pesquisa. Há ainda o caso das que já produziram o relatório final de pesquisa. Nestas duas hipóteses, as áreas não seriam levadas à licitação. Rohan disse que esses seriam os principais alvos de aquisição por mineradoras de maior porte. O advogado afirmou que o interesse por essas áreas de mineração promissoras, com pesquisas em andamento ou concluídas, tende a crescer porque depois que o projeto de lei for aprovado a pesquisa tende a se tornar mais cara. Segundo os advogados, dependendo da atratividade das áreas e da disponibilidade de recursos, pode se criar uma situação em que, já durante o processo legislativo, os pequenos detentores de autorizações de pesquisas não concluídas sejam levados a se desfazer dessas autorizações com urgência e outros grandes mineradores corram para adquirir essas autorizações para escapar dos leilões. Rohan e Vieira entendem ainda que o projeto de lei fecha a porta para o primeiro passo da pesquisa dado por pequenas empresas. São empreendedores independentes que criaram um segmento de mercado ao começar investigações por conta própria e que, em fases posteriores, conseguiram vender recursos minerários descobertos para empresas ou investidores nacionais e estrangeiros. Autor: Francisco Góes Categoria: Legislação / Mineração
2 Aposta no vento O ESTADO DE S. PAULO - ECONOMIA - SÃO PAULO - SP - 09/07/ Pág B4 José Paulo Kupfer O estouro da imensa bolha produzida, nos últimos anos, pelo empresário Eike Batista, ainda não provocou todos os efeitos deletérios que tem potencial para produzir. Mas já está claro que as regulamentações e os controles, capazes de assegurar a indispensável transparência ao funcionamento do mercado financeiro, voltaram a falhar. Governo federal, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Agência Nacional de Petróleo (ANP), bancos públicos e privados estão devendo explicações melhores do que as apresentadas até agora para o acontecido. Não há ainda um cálculo suficientemente abrangente das perdas impostas pelo desmonte do grupo EBX. Elas somam algumas dezenas de bilhões de reais e ainda devem disseminar mais prejuízos quando, ao fim do processo de reestruturação dos mirabolantes projetos do bilionário midiático, investidores ou credores de Eike Batista declararem suas perdas. Governo federal melhor seria dizer contribuintes, no caso de bancos públicos, e investidores, no caso das instituições financeiras privadas, ainda deverão ser apresentados a novos prejuízos. Muito difícil entender por que reguladores e investidores não conseguiram detectar a formação da bolha antes do desastre completo. Infladas por uma quantidade anormal de comunicados de descobertas de óleo e gás, conforme deixa claro levantamento publicado pelo Estado, as ações da petroleira OGX, carro-chefe do grupo de empresas de mineração, infraestrutura e entretenimento montado em poucos anos por Eike Batista, protagonizaram trajetória completamente fora dos padrões. Lançados em 2008 a R$ 11,31, os papéis da OGX chegaram ao pico de R$ 23, em Hoje, com a constatação de que os poços da OGX continham vento ou não ofereciam valor comercial, as ações valem em torno de R$ 0,50. Tão ou até mais do que a oscilação no valor do papel, impressiona a atração sem sustentação em resultados concretos exercida pela ação da OGX. Com rapidez também fora dos padrões, o papel da OGX alcançou índices de negociação inéditos para empresas novas. Depois de responder por 5% do Ibovespa, o principal índice da BM&FBovespa, no início deste mês de julho, já em pleno processo de queima do papel, a ação da OGX ainda representava sozinha por 1,5% do Ibovespa. Chamaram a atenção, nos últimos dias, as enormes oscilações registradas nas cotações da OGX. Sempre entre os mais negociados, o papel chegou a marcar perdas de 20% num único pregão, seguido de altas de igual intensidade, nas sessões posteriores. Numa tradução desses acontecimentos, pode-se dizer que a ação ingressou em terreno claramente especulativo e a consequência do fato será um aumento do potencial de perdas com o papel da OGX. Parece ser este o caso, por exemplo, dos muitos fundos de investimento que operam com carteiras que replicam a composição do Ibovespa. Por peculiaridades do índice, que leva em conta, a cada mês, apenas o volume negociado dos papéis, nos 12 meses anteriores, quanto mais especulativa for uma ação, maior tende a ser seu peso no Ibovespa. Assim, é possível que, em agosto, quando o índice for ajustado, o peso das ações da OGX aumente, obrigando esses fundos a aumentarem a participação do papel em seus portfolios. Informações obtidas pelas repórteres Irany Tereza e Mariana Durão, do Estado, dão conta de que a CVM vai agora analisar com lupa todos os comunicados ( fatos relevantes ) publicados por Eike Batista, com especial atenção para os que divulgavam projeções e estimativas de achados de petróleo ou gás, bem como de viabilidade de exploração comercial dos poços inventariados. É uma providência bem-vinda, que deveria ser acompanhada pela ANP. Ainda que, mais uma vez, a fiscalização prometa apertar depois que a porta foi arrombada, apostas no vento não podem prosperar como prosperaram as das empresas de Eike Batista. Autor: José Paulo Kupfer Categoria: Legislação / Mineração
3 Novo marco: retrocesso para a mineração A TARDE - WEB - WEB - 09/07/2013 Dificilmente um instrumento de política pode ser tão contraditório com os seus próprios objetivos como o novo marco regulatório da mineração, cujo projeto de lei foi remetido pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso Nacional no dia 18 de junho último, sob regime de urgência constitucional. Segundo o governo, este novo marco busca aumentar a participação dos agentes privados, tornar mais atrativos os investimentos e incentivar a concorrência no setor. Ocorre que esses propósitos chocam-se frontalmente com as principais características do projeto, como a criação de novas taxas; o aumento da compensação financeira (CFEM) tanto nos índices quanto na base de incidência; o pagamento de bônus e participação nos lucros; e a imposição do governo como "o único protagonista" do setor, dando-lhe tal poder de discricionariedade que o novo marco mais parece uma lei delegada. A par da impossibilidade de conciliar aumento de custos com atração de investimentos ou melhoria da competitividade dos negócios, destacam-se como ainda mais danosos para a mineração brasileira a desmedida discricionariedade e o exacerbado protagonismo estatal, verdadeiros irmãos siameses que, em harmonia, conferem ao governo o papel de condutor exclusivo do setor no País. Ilustra esta situação o fato de o acesso à pesquisa e lavra dos bens minerais, à exceção de um pequeno grupo de substâncias, passar a depender da iniciativa exclusiva do governo, através de chamadas públicas ou licitações, deixando um setor reconhecido pelo seu grande dinamismo na dependência das iniciativas do governo. O acesso a áreas consideradas estratégicas, um conceito de resto não explicitado no projeto, dependerá exclusivamente de licitação e apenas à CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) caberá realizar trabalhos exploratórios prévios. Trata-se de modelo inexistente nos grandes centros mundiais de mineração, que transfere das empresas para o poder público o alto risco inicial dos investimentos. Para as áreas não incluídas entre aquelas de licitação obrigatória, o governo permitirá que agentes privados declarem o seu interesse em pesquisá-las. Só que, mesmo assim, o governo, a seu critério, decidirá se e quando faz uma chamada pública, quais outros interessados poderão participar de acordo com critérios ainda indefinidos. Além de praticamente eliminar a iniciativa dos agentes privados, esta medida lhes retira qualquer estímulo para realizar investimentos na localização de áreas potenciais, pois isso não lhes dará qualquer vantagem na obtenção dos títulos minerários. Tudo conflui para a drástica redução do universo de agentes envolvidos no setor. A exclusão das pequenas e médias empresas, incluindo as chamadas "junior companies", que levantam recursos em bolsas de valores para fazer investimentos de risco e respondem pelas principais descobertas das últimas décadas no mundo, parece inexorável, como também o é o desemprego de geólogos e profissionais afins pela queda na demanda do setor. Outros exemplos dessa discricionariedade estão no uso de expressões como "poderá permitir ou autorizar" para a concretização de negociações envolvendo os contratos de concessão e na exigência de autorização prévia para essas mesmas negociações, expondo relações comerciais em que o sigilo pode ser essencial ou mesmo obrigatório, como para as empresas de capital aberto. Chega a ser afrontosa a norma pela qual o edital de licitação poderá estabelecer outros critérios de julgamento diferentes daqueles previstos na lei, o que, supostamente, conferiria ao governo poderes legais até para influenciar o resultado, assim como a prerrogativa concedida ao governo de incluir nas prorrogações dos contratos de concessão outras condições e obrigações para além das estabelecidas na lei. Por fim, como cereja do bolo, o projeto invoca o nebuloso conceito do "relevante interesse nacional" para permitir a suspensão ou revogação das concessões, o que implica evidente insegurança jurídica, agravada pela limitação da eventual indenização apenas ao valor do investimento realizado. Categoria: Legislação / Mineração
4 Autor: Redação Estado: WEB Cidade: WEB Tipo Veículo: SITE
5 Argentina propõe à Vale projeto menor VALOR ECONÔMICO - AGRONEGÓCIOS - SÃO PAULO - SP - 10/07/ Pág B11 Pela primeira vez uma autoridade argentina detalhou qual a proposta feita pelo governo da presidente Cristina Kirchner à mineradora brasileira Vale, para a retomada do projeto de extração de potássio Rio Colorado, abandonado em março deste ano. O projeto era o maior investimento estrangeiro direto na Argentina, com orçamento de cerca de US$ 6 bilhões. Em um ato na cidade de Malargue, que era a sede do projeto, o governador da Província de Mendoza, Francisco Pérez, afirmou à imprensa local que Cristina propôs a redução do projeto a um investimento de US$ 3 bilhões. De acordo com Pérez, a nova versão eliminaria a construção de uma ferrovia atravessando três províncias (Mendoza, Neuquén e Buenos Aires) e a instalação de um terminal marítimo em Bahia Blanca. Haveria também uma redução de 70% na produção de potássio prevista para o empreendimento, que cairia de 4,5 milhões para 1,5 milhão de toneladas anuais. Segundo Pérez afirmou nas entrevistas transcritas pelos jornais "Nueva Provincia", de Bahia Blanca, e "Ambito Financiero", de Buenos Aires, o próprio Estado argentino entraria como sócio da mineradora brasileira. Pérez afirmou que estaria planejando viajar ao Brasil para uma reunião com a diretoria do BNDES, outro financiador possível para a nova versão do projeto. Procurado pelo Valor, o governador de Mendoza não quis comentar o assunto. A assessoria do governador disse que Pérez mencionou a proposta feita à Vale em "circunstâncias não oficiais" e que não há data ainda para a viagem ao Brasil. A proposta do governo argentino à Vale foi formalizada em abril e discutida na reunião de cúpula entre as presidentes Cristina Kirchner e Dilma Rousseff. No mesmo dia, em uma conferência com investidores, a direção da empresa confirmou a disposição da Vale em se desfazer do projeto. No início de maio, em uma viagem a Buenos Aires, o assessor internacional da presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirmou que a Argentina havia feito "uma proposta bastante razoável" para a mineradora, que ainda não havia sido respondida. Em meados do mês passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Mendoza, para uma conferência paga pela Telefónica, e encontrou-se com Francisco Pérez, com quem discutiu o tema. O Valor apurou que não está nos planos da Vale retomar o projeto de potássio de Rio Colorado nas bases atuais. A empresa não comenta o assunto, mas uma fonte disse que a companhia recebeu carta da YPF na qual a petroleira argentina, estatizada em 2012, teria apresentado uma "ideia" de retomada do projeto em bases menores sem explicar como isso seria possível. Mesmo assim, para a Vale, não houve nenhuma mudança nas condições que levaram o conselho de administração da companhia a suspender o projeto, em março deste ano. A carta enviada à Vale pela YPF causou estranheza. Primeiro por ser remetida pela petroleira e não diretamente pelo Executivo argentino. Mas sobretudo porque a mensagem tenta fazer a Vale retomar o projeto enquanto a companhia continua a receber sinais "hostis" do governo da presidente Cristina Kirchner como o bloqueio de equipamentos da mineradora em território argentino. Autor: Cesar Felício e Francisco Góes Categoria: Legislação / Mineração
6 Pedidos de 7 estados para obras de mobilidade já somam R$ 47 bi VALOR ECONÔMICO - BRASIL - SÃO PAULO - SP - 10/07/ Pág A4 Somente as demandas de sete Estados brasileiros ao governo federal para investimentos em obras de mobilidade urbana já somam R$ 47,3 bilhões, comprometendo quase todo os R$ 50 bilhões anunciados pela presidente Dilma Rousseff para atender às demandas das ruas. Ontem, os Estados do Paraná, Minas Gerais, Ceará e Rio Grande do Sul pleitearam R$ 21,5 bilhões para retirarem do papel obras de melhoria do transporte coletivo. Na segunda-feira, os ministros do Planejamento, Miriam Belchior, e das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, realizaram a primeira rodada de negociação com os representantes de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, que pediram R$ 25,8 bilhões. O Executivo ainda vai negociar a distribuição dos R$ 50 bilhões com outros Estados. A expectativa é que o anúncio dos projetos selecionados ocorra ainda este mês. Hoje pela manhã será a vez de receber os representantes de Pernambuco. Ontem, o governo de Minas Gerais pediu R$ 7,3 bilhões para investimentos em mobilidade urbana, sendo R$ 4,4 bilhões para atender ao governo do Estado e R$ 2,9 bilhões para a prefeitura. O Ceará solicitou mais R$ 2,9 bilhões (R$ 1,8 bilhão para o Estado e R$ 1,1 bilhão para a prefeitura de Fortaleza). O Paraná apresentou uma demanda de R$ 6,6 bilhões, sendo R$ 1,25 bilhão para o Estado e R$ 5,35 bilhões para a prefeitura de Curitiba. O Rio Grande do Sul pediu R$ 4,7 bilhões -R$ 2,4 bilhões para o Estado e R$ 2,3 bilhões para a prefeitura de Porto Alegre. A maioria das propostas se refere à ampliação de metrô e de BRTs. Sobre a distribuição de recursos para mobilidade urbana em um momento de corte no Orçamento, Miriam afirmou que governo tem batido recorde de execução dos investimentos. "Não vai no ritmo que muitos gostariam, mas vão melhorando", disse a ministra. Autor: Edna Simão Categoria: Infra-estrutura e Habitação
7 Presidente apela a Renan e Alves contra a derrubada de vetos VALOR ECONÔMICO - POLÍTICA - SÃO PAULO - SP - 10/07/ Pág A8 Num momento de fragilidade da base de sustentação política do governo, a presidente Dilma Rousseff articula um entendimento com o Congresso para evitar a derrubada de vetos à Medida Provisória (MP) dos Portos, ao fim do fator previdenciário e artigos do Código Florestal que se encontram na pauta do Poder Legislativo. Acompanhada do vice-presidente Michel Temer, Dilma conversou ontem de manhã com os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Também participou do encontro a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, responsável pela articulação política do governo federal. A presidente quer que a discussão desses vetos não seja colocada em pauta neste momento. Como reação positiva, Dilma pediu que o Congresso vote o marco civil regulatório da internet. A votação serviria para demonstrar unidade, tendo em vista as denúncias de espionagem eletrônica no país patrocinada por órgãos de inteligência norte-americanos. O surgimento de um vilão externo, e que implica ameaças à soberania do país e à privacidade dos cidadãos, veio a calhar neste momento como razão extra para o governo reagir com propostas concretas e cobrar apoio. A fragilização da base aliada, por outro lado, é uma oportunidade para setores do PMDB, do PT e da bancada ruralista tentarem derrubar vetos presidenciais a medidas que defenderam durante a tramitação das referidas propostas no Congresso. Os vetos mais recentes são aqueles que a presidente Dilma fez à MP dos Portos, sobretudo artigos apoiados pelo líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), no que se refere a distinções feitas a terminais públicos e privados. Os ruralistas há muito esperam uma oportunidade para o veto de artigos do Código Florestal, como a parte referente à extensão das áreas de proteção ambiental. O PT quer o fim do fator previdenciário. Semana passada, o Congresso arquivou dos mais de vetos em pauta. Isso fez soar o sinal de alerta no Palácio do Planalto, que detectou a movimentação dos congressistas para votar essas matérias antes do recesso. Com a base desorganizada, o governo corria risco real de derrota nessas questões, todas polêmicas. Os pemedebistas prometeram atuar para assentar a poeira no Congresso, mas pediram que o governo também faça algo para acalmar a base aliada, em especial o PT, que insiste em recolocar na pauta o fim do fator previdenciário e o plebiscito, morto e enterrado em reunião de líderes, ontem. A intenção do governo era votar o marco civil da internet no plenário da Câmara dos Deputados já nesta semana, mas o prazo é curto. Apesar do apelo de Dilma, a reunião de líderes ontem também terminou sem acordo para já colocar o projeto na pauta. Novas tentativas serão feitas hoje. A maior resistência ao marco vem do PMDB e das operadoras de telecomunicação. O marco civil seria a primeira legislação a definir direitos e deveres dos usuários e atores envolvidos na internet. As provedoras de acesso, porém, se opõem principalmente ao artigo 9, que trata da neutralidade na rede, regra pela qual todas as informações que trafegam pela internet devem ser tratadas da mesma forma - significando que os dados devem navegar na mesma velocidade, segundo o que for contratado. Os provedores ficariam assim impedidos de fazer distinções de tráfego em pacotes específicos, como limitar o download de filmes em contratos mais baratos com o usuário, por exemplo. A polêmica já fez com que o marco entrasse e saísse de pauta seis vezes. A esta altura, governo e a cúpula do Congresso torcem pela chegada do recesso parlamentar na segunda quinzena de julho. O clima atual é favorável à votação de projetos demandados nas manifestações de junho, o que pode resultar em irresponsabilidade fiscal. Para sair de recesso no próximo fim de semana, no entanto, o Congresso terá de votar antes a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Autor: Raymundo Costa e Maíra Magro Categoria: Infra-estrutura e Habitação
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