A constituição do ethos feminino da personagem Mônica de Maurício de Sousa

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1 A constituição do ethos feminino da personagem Mônica de Maurício de Sousa Andreia Cristina da Silva Mestranda em Lingüística do Programa de Pós-graduação em Lingüística da Universidade de Franca (UNIFRAN) Abstract. Nowadays we believe that none text is free of judgments and intentions and it is in opinion s world that we weave the social, political and economic relations. Under the Rhetoric perspective, this work intends to analyze the feminine ethos constitution of Maurício de Sousa s character Mônica through the study of the rhetoric strategies responsible for the discourse s efficacy and its persuasive potentiality. We can perceive the discursive construction of a feminine cultural ethos that reveals the woman s position nowadays. Keywords. Ethos; Rhetoric; Feminine. Resumo. Acredita-se, hoje, que nenhum texto é livre de julgamentos e intenções e é no mundo da opinião que tecemos as relações sociais, políticas e econômicas. Este trabalho objetiva, na perspectiva da Retórica, analisar a constituição do ethos feminino da personagem Mônica de Maurício de Sousa através do estudo das estratégias retóricas responsáveis pela eficácia do discurso e de sua potencialidade persuasiva. Podemos perceber a construção discursiva de um "ethos cultural" feminino que revela a posição da mulher em nossos dias. Palavras-chave. Ethos; Retórica; Feminino. Introdução A Mônica é uma das personagens mais populares dos quadrinhos brasileiros. Seu criador, Maurício de Sousa, é o mais bem sucedido autor de histórias em quadrinhos no Brasil. A sua Turma da Mônica faz sucesso em revistas editadas em 9 idiomas com tiragem mensal de 3 milhões de exemplares. Seus personagens são associados a mais de 5 mil itens, que abrangem alimentos, brinquedos e materiais escolares. Mônica é uma menina superativa, anda pelos espaços públicos, se relaciona com amigos, participa das mesmas aventuras que os meninos, e tem uma grande força física. Desejamos verificar, neste estudo, como se constitui o ethos feminino da personagem e, conseqüentemente, perceber como se vê a mulher nestas HQs. Nossa história revela como as mulheres sofreram vários tipos de discriminação e foram tratadas de maneira diferenciada e inferior aos homens. Percebemos, atualmente, uma sensível mudança nesse quadro, conquistada por meio de muito empenho e sofrimento por parte de mulheres que desejavam ocupar seu verdadeiro lugar. Mas, se por um lado, elas conseguiram quebrar muitas divisões impostas e conquistar espaços antes predominantemente masculinos, por outro, ainda enfrentam resquícios da sociedade patriarcal, presentes no inconsciente coletivo. Portanto, as imagens do ESTUDOS LINGÜÍSTICOS, São Paulo, 37 (3): , set.-dez

2 feminino que visualizamos atualmente, podem ser investigadas a partir de marcas persuasivas seculares, que não estão necessariamente explícitas na superfície textual, mas se revelam implicitamente nos intrincados processos de construção argumentativa. A constituição do ethos desta personagem, talvez resulte num ethos cultural significativamente representativo para determinar uma maneira de ser considerada adequada para o universo feminino. O ethos Segundo Amossy (2005), sempre que tomamos a palavra, construímos uma imagem de nós mesmos. Não precisamos fazer um auto-retrato ou nos descrevermos explicitamente: nosso estilo, nosso jeito de expressarmos, nossas crenças implícitas são suficientes para construir uma representação de nós. Essa imagem pode facilitar ou dificultar a aceitação do discurso e ocorre constantemente no nosso dia-a-dia em qualquer ato comunicativo. A construção de uma imagem de si constitui-se, então, peça fundamental da retórica e está fortemente ligada à enunciação. Vários autores ocupam-se do ethos e, por isso, temos diversas visões teóricas a respeito dele. Aristóteles, em sua época, já acredita que todo o poder de persuasão está no caráter moral do orador. Amossy (2005) afirma que Barthes (1970, p. 315) conceitua o ethos como: os traços de caráter que o orador deve mostrar ao auditório (pouco importando sua sinceridade) para causar boa impressão [...]. Já a Pragmática, segundo Amossy (2005), conceitua o ethos como o fenômeno discursivo que não deve ser confundido com o sujeito empírico. Modernamente, é Oswald Ducrot (1987) quem introduz o termo ethos às ciências da linguagem pela sua teoria polifônica da enunciação. Ele considera enunciação, a aparição de um enunciado, e não o ato que um sujeito falante produz. Concentra-se, também, em separar as ficções discursivas, instâncias internas do discurso; do ser empírico que está fora da linguagem. Em suma, não se interessa pelo sujeito falante real, mas pela instância discursiva do locutor, e eles não são absolutamente a mesma coisa. A esse respeito destacamos: Ela [a pragmático-semântica] diferencia o locutor (L) do enunciador (E) que é a origem das posições expressas pelo discurso e é responsável por ele; ela divide o locutor em L, ficção discursiva, e em λ, ser do mundo, aquele de quem se fala ( eu como sujeito da enunciação e eu como sujeito do enunciado). Analisar o locutor L no discurso consiste não em ver o que ele diz de si mesmo, mas em conhecer a aparência que lhe conferem as modalidades de sua fala. (AMOSSY, 2005, p. 14) O ethos está ligado a L, o locutor como tal: é como origem da enunciação que ele se vê investido de certos caracteres que, em contrapartida, tornam essa enunciação aceitável ou recusável. O que o orador poderia dele dizer, como objeto da enunciação, concerne em contrapartida, [...] ao ser do mundo, e não é este que está em questão na parte da retórica de que falo. (DUCROT, 1984, p. 201) A análise pragmática examina, portanto, além das instâncias que colaboram para a interação verbal, o locutor e a maneira como se coloca na interlocução 200 ESTUDOS LINGÜÍSTICOS, São Paulo, 37 (3): , set.-dez. 2008

3 construindo uma imagem de si. A análise do ethos junta-se, assim, ao estudo da interlocução que se preocupa com os interactantes, o cenário e o objetivo da troca verbal. Para a sociologia, segundo Amossy (2005), a força do discurso não está associada à língua propriamente dita, mas sim aos quadros institucionais e rituais sociais. A autoridade do orador, nesta perspectiva, não depende da imagem de si que constrói no discurso, mas da posição social que ele ocupa. Para Bordieu (1996), o discurso só terá autoridade se for proferido por quem é legitimado a fazê-lo, em situações legítimas diante de um auditório legítimo. Nesta concepção o ethos não tem nada de construção discursiva, pois suas palavras concentram apenas o universo simbólico do grupo de que faz parte e que ele deve obedecer. O discurso só será eficaz se os receptores reconhecerem a legitimidade do orador. Nessa teoria, portanto, a importância não está no que se diz, mas, sobretudo em quem diz e no poder que ele tem aos olhos do público. Em resumo, para a Pragmática, o ethos constrói-se com base na interação verbal e é interno ao discurso, ao passo que para a Sociologia, ele é criado com base em mecanismos sociais e posições institucionais exteriores. Diante destas posições, poderíamos nos perguntar: afinal, o ethos feminino da Mônica deve ser considerado resultado de uma atividade puramente linguageira (ethos discursivo) ou uma posição puramente institucional (ethos institucional)? Segundo Amossy (2005), na perspectiva retórica, ethos discursivo e ethos institucional podem ser complementares. A eficácia do discurso, portanto, não é nem absolutamente interna, nem absolutamente externa à língua: acontece em diferentes níveis. Assim, nesse estudo, não podemos separar ethos discursivo do ethos institucional. A personagem é analisada tanto pelo discurso que reproduz, quanto pela posição institucional que ocupa. A esse respeito citamos Amossy (2005, p. 137): [...] a análise retórica que examina o ethos como construção discursiva em um quadro interacional se articula, ao mesmo tempo, com a pragmática e a reflexão sociológica. A primeira permite-lhe trabalhar a materialidade do discurso e analisar a construção do ethos em termos de enunciação e de gênero de discurso. A segunda permite-lhe não somente destacar a dimensão social do ethos discursivo, mas também sua relação com posições institucionais exteriores. Neste trabalho, assumimos o conceito de ethos difundido por Aristóteles: o ethos que liga-se ao caráter que o orador parece ter diante do auditório. Mas, tais reflexões contemporâneas sobre ethos nos ajudam a constituir os princípios de análise. De onde vem a autoridade da personagem de Maurício de Sousa? Como explicar o enorme sucesso que faz e, conseqüentemente, sua imensa popularidade junto ao público infantojuvenil? ESTUDOS LINGÜÍSTICOS, São Paulo, 37 (3): , set.-dez

4 SOUSA, Maurício de. Mônica Natal nº 6. São Paulo: Editora Globo, p. 164 Segundo Perelman (2005), o orador consegue adesão apoiando-se nos topoi (lugares comuns). As personagens da Turma da Mônica exercem grande fascínio sobre as crianças exatamente por ocuparem lugares que permitem uma identificação. A menina Mônica é dona da rua, independente, reconhecida em seu poder. Lugares que legitimam e autorizam essa personagem junto ao público leitor, que, uma vez encantado adere ao discurso. Perelman (2005) afirma que toda argumentação deve ser construída com base no auditório para o qual ela é dirigida. O orador necessariamente precisa se adaptar a ele através da partilha de valores, evidências, crenças, ou seja, da doxa comum. É por esse motivo que as HQs de Maurício de Sousa são tão populares. Elas tratam de temas que crianças e adolescentes conhecem bem: amizade, preconceito, amor... O discurso é eficaz na medida em que o locutor goza de autoridade diante dos que o ouvem. Ele apóia seus argumentos na doxa partilhada com os interlocutores e constrói seu ethos com base em representações coletivas que sejam positivas aos membros do auditório, pois, assim como o orador faz uma imagem do seu auditório, o auditório faz uma imagem do orador. A doxa compreende, também, segundo Maingueneau (2005), o saber prévio que o auditório tem do orador, que se destaca ainda mais se é muito conhecido. É o que ele chama de ethos pré-discursivo. Quando fala, o orador faz uma idéia de seu auditório e da maneira pelo qual este o percebe; avalia como seu discurso é recebido e esforça-se para confirmar ou reelaborar sua imagem. A personagem Mônica, por ser tão popular, possui um ethos pré-discursivo, pois seus leitores conhecem suas características e esperam determinadas ações. Nessas HQs não é necessário explicar as características e atitudes da menina porque os leitores já têm expectativas em relação a seus comportamentos. SOUSA, Maurício de. Mônica nº 114. São Paulo: Editora Globo, p ESTUDOS LINGÜÍSTICOS, São Paulo, 37 (3): , set.-dez. 2008

5 SOUSA, Maurício de. Almanaque da Mônica nº 107. São Paulo: Editora Globo, p. 16. SOUSA, Maurício de. Mônica Festas nº 47. São Paulo: Globo, p. 15 As HQs de Maurício de Sousa apresentam um ethos pré-discursivo da mulher independente, valente, que não leva desaforos para casa, é desinibida, comanda a relação amorosa e muitas vezes transgride regras de bom comportamento. Portanto, a posição que o orador ocupa dá-lhe uma legitimidade para falar e contribui para criar uma imagem prévia. Como o ethos pré-discursivo faz parte da doxa do auditório, qualquer símbolo evoca uma representação que é considerada na interação. Esse ethos pode ser confirmado ou modificado, uma vez que o locutor propõe uma imagem de acordo com os papéis preexistentes, fundada nos lugares comuns do auditório. O estudo da constituição do ethos feminino da Mônica engloba o conceito de ethos cultural: produto do discurso dominante que Amossy (2005) chama de estereótipo. Ela introduz a noção de estereótipo como fundamental ao estabelecimento do ethos. Para que a idéia prévia em relação ao locutor e a imagem de si que ele constrói sejam reconhecidas e, portanto, legítimas, é necessário que sejam representações partilhadas culturalmente. A estereotipagem, lembremos, é a operação que consiste em pensar o real por meio de uma representação preexistente, um esquema coletivo cristalizado. Assim, a comunidade avalia e percebe o indivíduo segundo um modelo préconstruído da categoria por ela difundida e no interior da qual ela o classifica (AMOSSY, 2005, p ). Assim, na argumentação, tanto a construção de um auditório, quanto a construção de uma imagem de si, passam pela estereotipagem. O estereótipo permite conhecer as formas de pensar de um grupo, e o orador, por sua vez adapta sua apresentação de si aos esquemas coletivos que ele crê interiorizados e valorizados por ESTUDOS LINGÜÍSTICOS, São Paulo, 37 (3): , set.-dez

6 seu público alvo (Ibid, p. 126). A partir desse momento é o receptor quem tem a responsabilidade de construir a imagem do locutor que se apresenta no discurso de forma implícita, indireta, lacunar. Segundo Dowling (1986), nosso passado revela uma história de discriminação cruel e permitida contra as mulheres que, durante muito tempo, são consideradas inferiores aos homens. São séculos de submissão e do conceito do que é ser feminino sob a perspectiva masculina. Resquícios dessa história ainda estão presentes no inconsciente da sociedade moderna: são imagens que se instauram no passado e perpetuam-se no tempo e no espaço. Segundo as convenções sociais, as mulheres devem ser discretas, meigas, delicadas e cuidadosas, ao passo que dos homens espera-se a impetuosidade. A memória feminina que vem de tempos muito antigos considera que a mulher deve passar a maior parte do seu tempo em casa, cuidando das tarefas domésticas. SOUSA, Maurício de. Mônica nº 237. São Paulo: Globo, p. 3 Percebemos pela linguagem da menina um ethos que revela a doçura e meiguice que uma mulher, tradicionalmente, deve manifestar. O uso de diminutivos e determinados adjetivos revela uma linguagem melosa tida culturalmente como feminina: paizinho, fofinhos, dengosos, mimo, beijinho. Os brinquedos desejados por Mônica são tradicionalmente tidos como brinquedos de menina: estojinho de maquiagem, conjunto de cozinha, ursinho que remetem e preparam a menina para os papeis tradicionais da mulher: deve cuidar da beleza, da casa e dos filhos. 204 ESTUDOS LINGÜÍSTICOS, São Paulo, 37 (3): , set.-dez. 2008

7 SOUSA, Maurício de. Almanaque do Chico Bento nº 81. São Paulo: Globo, p. 27 O discurso dominante diz que as mulheres devem cultuar seu corpo, o padrão ocidental de beleza dita que devem ser altas, magras, bonitas e elegantes. Mônica não se encaixa neste padrão: ela é baixinha, dentuça e gorducha. Ao contrário do que parece, ela sente profundamente não estar no modelo considerado adequado, não gosta de ser gorda, aliás, a maioria de suas brigas se inicia quando é chamada de gorducha. SOUSA, Maurício de. Almanaque da Mônica nº 107. São Paulo: Globo, p. 7 Dowling (1986) diz que há uma menina dentro de cada mulher, e, que mesmo as mulheres mais independentes manifestam uma dependência da figura masculina, irmão, pai, namorado, marido. Segundo ela, as mulheres não foram treinadas para a liberdade, ao contrário, foram sempre preparadas para o oposto: a dependência. Tudo na maneira como eram educadas trazia a mensagem de que seriam parte de outra pessoa que seriam protegidas e alimentadas pela felicidade do casamento até o dia de suas mortes. Não são poucas as tentativas de Mônica em conquistar um namorado e, por ter suas expectativas frustradas por causa do ethos pré-discursivo de menina valente e independente, temos reforçado o discurso de que para conquistar um amor é necessário ser doce, meiga, graciosa. Nos quadrinhos da Mônica percebemos a reprodução do mito de que a fragilidade é uma qualidade feminina, assim como ser carinhosa, exageradamente curiosa, brincar de boneca, preocupar-se com os problemas de seus filhos e cuidar de seu corpo, uma vez que ser uma mulher gorda é muito mais grave do que ser homem obeso. Portanto, o ethos pré-discursivo da personagem não é confirmado, pois encontramos nela representações do feminino que reforçam os estereótipos tradicionais. Assim, a constituição da menina revela um ethos criado e repetido há séculos e que se materializa lingüisticamente nessas HQs. Elas acabam por desempenhar um ESTUDOS LINGÜÍSTICOS, São Paulo, 37 (3): , set.-dez

8 papel importante na perpetuação e manutenção de papéis sociais. O desejo de ser feminina, dócil, atraente, de ter um amor eterno vem da educação milenar que sempre condicionou a mulher a ser passiva e inferior.é fato que, atualmente, existe uma mudança em relação ao quadro de discriminação livre a que as mulheres foram submetidas durante tanto tempo. Hoje, elas trabalham, estudam, escolhem seus maridos, deixam seus maridos, decidem se querem ter filhos ou não, entre tantas outras conquistas. Porém, a mulher não se libertou totalmente dos valores tradicionais. O discurso é determinado por fatores sociais, e o que está na memória da personagem Mônica é causa de algo exterior e independente dela. Ela possui um modelo préestabelecido com representações sobre comportamentos, desejos, atitudes e crenças. São representações pertencentes ao grupo social ao qual pertencemos, e que estão, inconscientemente, presos a resquícios da sociedade patriarcal. Na realidade, podemos perceber que a chamada mulher moderna não é realmente uma nova mulher. Ela vive em meio a um novo conjunto de valores que lhes exige novas funções, porém sem isentá-las das antigas atribuídas por valores ultrapassados. Referências AMOSSY, R. (Org.). Imagens de si no discurso. São Paulo: Contexto, ARISTÓTELES. Arte Retórica e Arte Poética. Rio de Janeiro: Tecnoprint S.A., s/d. BORDIEU, P. Economia das trocas lingüísticas: o que falar quer dizer. São Paulo: Edusp, DOWLING, C. Complexo de Cinderela. Tradução de Amarylis Eugênia F. Miazzi. São Paulo: Melhoramentos, DUCROT, O. O dizer e o dito. Campinas: Pontes, MAINGUENEAU, D. Análise de textos de comunicação. Tradução de C. P. de Souza e- Silva e D. Rocha. São Paulo: Cortez, SOUSA, M. de. Mônica nº 114. São Paulo: Globo, Mônica Natal nº 6. São Paulo: Globo, Almanaque do Chico Bento nº 81. São Paulo: Globo, Almanaque da Mônica nº 107. São Paulo: Globo, 2005a.. Mônica Festas nº 47. São Paulo: Globo, 2005b.. Mônica nº 237. São Paulo: Globo, TRINGALI, D. Introdução à Retórica: A Retórica como crítica literária. São Paulo: Duas Cidades, ESTUDOS LINGÜÍSTICOS, São Paulo, 37 (3): , set.-dez. 2008