informações iconográficas OURO PRETO FICHA DE INVENTÁRIO 04

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1 OURO PRETO FICHA DE INVENTÁRIO 04 categoria Patrimônio Imaterial sub-categoria Celebrações município Ouro Preto distrito Rodrigo Silva - Povoado de Boa Vista designação FESTA DE SANTA QUITÉRIA históricas iconográficas A vida de Santa Quitéria é marcada por extraordinários eventos e fabulosas histórias, imortalizados na memória popular desde o século II. Conta-se que sua mãe, Cálsia, infértil por muitos anos, engravidou-se por providência Divina. Exatos nove meses depois, deu a luz a nove meninas perfeitas. Assustada com o fato, Cálsia manda a empregada Cita afogar todas e espalhar a notícia de que tivera um parto infeliz que culminou na morte da criança. Embora não fosse permitido àquele tempo venerar Cristo, Cita, enquanto cristã, encaminhou em segredo as meninas para o batismo de Santo Ovídio, pondo-lhes os seguintes nomes: Genebra, Vitória, Eufemia, Marinha, Marejana, Germana, Basília, Quitéria e Liberata. Depois, procurou por famílias cristãs para que crescessem próximas e bem educadas. Passados dez anos, Santo Ovídio ordena que juntem todas em uma mesma morada, em regime de clausura, segundo a vontade delas mesmas. Pouco tempo depois, levantou-se uma nefasta perseguição do exército romano, renovando o decreto de Nero para que se extinguisse o nome de Jesus Cristo das terras sujeitas ao seu império. Encontrando a santa casa onde residiam as noves irmãs cristãs, levaram-nas presas até a presença do governador de Braga Lúcio Caio, esposo de Cálsia. Surpreso com a humildade e beleza das irmãs, o regente as indagou sobre suas origens, pátria e ascendência. Genebra tomou a palavra e contou a verdadeira história para aquele que na verdade era o próprio pai, sob os olhares aprovativos da empregada Cita. Após reconhecer como filhas legítimas, Lúcio Caio faz uso de todos os meios para convencê-las a abandonar a fé católica e os votos de castidade. Ofereceu-lhes promessas de casamentos abastados com figuras importantes da região e muitas riquezas. Todo esforço em vão, pois se negavam a recusar suas crenças e a adorar os ídolos romanos. Indignado com a prole, Lúcio ordena aos seus soldados que torturem e aprisionem todas em um dos salões do palácio. Nas incertezas da noite, aparece a Virgem Maria ordenando que o Anjo Custódio as libertassem. Por algum tempo caminham juntas, até que Liberata apela pela intervenção divina: "Senhor Jesus Cristo, que permitistes nascêssemos todas num mesmo dia e, livrando-nos da morte, nos deste nova vida da graça, pedimo-vos, Senhor, pela vossa Divina Misericórdia, e pelo eterno e incomparável amor com que nos tem amado, deixe meu Deus, que sejamos todas levadas ao descanso eterno, e não permita, meu bom Jesus, que se afastem do caminho da glória celeste aquelas que tão unidas foram enquanto viveram na terra". A partir de então, cada uma seguiu o próprio rumo. Quitéria fugiu em direção a uma montanha, onde viveu no ermo em penitência por curto período, até que foi encontrada por soldados munidos de armas e cães. Presa outra vez, foi conduzida até o governador. Perante sua fidelidade cristã intransigente, o pai a decapitou com as próprias mãos. Diz-se que Quitéria teria recolhido a sua cabeça em um avental e se dirigido até à igreja mais próxima guiada por um anjo, onde veio de fato a cair. Apesar dessas estupendas lendas a cerca de sua vida, vivas por tanto tempo graças às crenças de seus devotos, Santa Quitéria se mantém prodigiosa como a virgem e mártir da Galícia, que no século II derramava benevolências a todos cometidos por doenças. Convicções populares também a invocam como padroeira da mineração, particularmente dos garimpeiros, motivo pelo qual é adorada na região de Ouro Preto. O povoado de Boa Vista tem a sua história entrelaçada à de Vila Rica. No início do século XVIII, quando o interior da capitania de Minas Gerais foi tomado por aventureiros em busca das jazidas de ouro encontradas na região, Vila Rica era o foco desse processo. Os bandeirantes, que se embrenharam pelo cerrado mineiro, se guiavam por referências naturais que lhes indicavam os caminhos. Um desses pontos de referência da região era o famoso Pico do Itacolomi, assegurando aos que avistavam-no que Vila Rica estava próxima. O povoado de Boa Vista era um dos pontos privilegiados para avistarem as costas do pico, tal como se confirma atualmente. Daí o nome do local, que na origem reunia o nome da padroeira do lugar com a referência natural: Santa Quitéria da Boa Vista. A capelinha de invocação a Santa Quitéria, foi levantada no início do século XVIII e o processo de fixação humana no local iniciou-se desde então, visto que os vestígios mais antigos do distrito de Rodrigo Silva se apóiam sobre a antiga fazenda da Boa Vista. No decorrer dos séculos XVIII e XIX, os trabalhadores das minas promoveram uma fixação dispersada no lugar. Isso é visível atualmente, já que o povoado não tem um núcleo urbano consolidado e as suas residências são distantes entre si, conformando uma localidade rural. A mineração foi sempre a principal atividade do povoado, e ainda hoje pode ser encontrada nas terras da ermida de Santa Quitéria, uma empresa de exploração do topázio imperial empregando vários moradores locais, além das investidas individuais na procura de minerais. No que diz respeito à festa de Santa Quitéria, não podemos deixar de lembrar que o pequeno templo dedicado a ela é o único da região e a sua proteção à atividade mineradora, deve ter lhe rendido grande devoção. Principalmente se tomamos como referência os séculos XVIII e XIX, onde temos uma sociedade altamente sacralizada. A capela de Santa Quitéria foi das primeiras da região e para ali se dirigiam os moradores das redondezas na realização das suas práticas religiosas. Entre elas, os importantes festejos dedicados à padroeira da Boa Vista. Quando se instalou a ferrovia e a estação de Rodrigo Silva, a facilidade proporcionada a visitantes de lugares distantes virem para a festa fez aumentar o número de participantes da mesma. Mas o movimento de devotos no dia da celebração sempre existiu, principalmente para o pagamento de promessas relacionadas ao universo da mineração, quando da concretização de graças solicitadas. A fé e a devoção em Santa Quitéria, que ainda se sustentam pelos pedidos alcançados e pelas promessas a serem pagas, promovem a grande adesão à celebração. A própria característica de perpetuidade das figuras dos festeiros e dos mordomos pode ser um indício da realização desses pedidos e do compromisso com a continuidade da festividade como promessa assumida por esses fiéis. Santa Quitéria é representada como uma jovem que traja vestimentas nobres, geralmente nas cores verde e vermelha, da bandeira de Portugal. Tem como atributos a palma do martírio, um livro (confirmando sua fidelidade aos princípios cristãos), um cão aos seus pés (referência à sua caçada) ou um demônio acorrentado (remetendo às investidas do pai na tentativa de convertê-la ao paganismo). Também pode se ver a santa segurando uma cabeça ou uma espada, alusão aos infortúnios de sua morte. página 39 I 148

2 caracterização proteção legal Nenhuma descritivas bens relacionados A imagem do povoado de Boa Vista, em Ouro Preto, tem como atributos o livro e a espada. O culto local, sobretudo pela iniciativa de garimpeiros, concedeu à santa novos emblemas: a coroa de prata, os brincos e o colar de topázio, pedra explorada na região. Suas vestimentas são das cores azul, branca e vermelha, com arremates dourados. O pequeno povoado de Boa Vista se transforma no dia da festa de Santa Quitéria. Apesar do número reduzido de residentes, a localidade recebe muitos visitantes durante as comemorações em torno da sua padroeira. Na última edição, a capela teve sua pintura refeita para os festejos, com patrocínio da empresa mineradora instalada no povoado. Mas algumas práticas são corriqueiras para a o sucesso do evento, no seu aspecto simbólico e visual. O adro da ermida é enfeitado com flores artificiais, nos tons vermelho e branco, cores de Santa Quitéria. O interior da capela é também ornado para a realização da missa festiva do domingo. Elementos importantes da festa, as bandeiras de Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia, Sagrado Coração de Jesus e São Sebastião são decoradas com brio. Há mais de 60 anos, as flâmulas saem da casa do Sr. Deusdete Gonzaga, mordomo perpétuo da festa da padroeira. Ele herdou de seu pai essa nobre função. A tradição reza que as mulheres da família enfeitem as bandeiras antes da procissão, que sai da comunidade do Quilombo até a capela no alto da Boa Vista. A hereditariedade na guarda destes importantes símbolos da festa colabora para a continuidade da mesma. Decoradas, elas são levantadas em dois mastros encravados no adro na noite de sábado. Nesse dia é montada em frente à capela uma enorme fogueira para espantar o frio da época, e em torno da qual as pessoas se reúnem, após a reza do terço. Barracas de alimentos e bebidas são erguidas para a venda de seus produtos aos participantes da festa, tanto no sábado quanto no domingo. Mas a caracterização da imagem histórica de Santa Quitéria é singular. A escultura fica guardada nos cofres da Paróquia do Pilar durante todo o ano, sendo trazida para Rodrigo Silva apenas no dia da festa, driblando assim a ação de possíveis ladrões. Antes de seguir em carreata do distrito até o povoado de Boa Vista, a imagem é ornada com brincos, um cordão de topázio e outras jóias. Isso confirma a proteção de Santa Quitéria à atividade mineradora e o reflexo da devoção dispensada a ela na região, que ainda tem no garimpo e na exploração mineral, sua principal referência econômica. As doações arrecadas pelos procuradores auxiliam também no pagamento das despesas do evento. A festa de Santa Quitéria da Boa Vista traz atividades bastante simples, mas reúne fiéis de diversos lugares de Ouro Preto nas celebrações em torno da protetora dos mineradores. Os festejos acontecem invariavelmente no último fim de semana de agosto, por decisão da Paróquia do Pilar em acordo com a comunidade (a data oficial de comemoração à santa é 31 de agosto). Na quinta-feira tem início o tríduo em homenagem à padroeira de Boa Vista, onde um pequeno grupo de moradoras de Rodrigo Silva reza o terço, o que acontece também nas noites de sexta e sábado. As mulheres se dirigem a pé da sede do distrito até Boa Vista, pelos antigos trilhos da linha férrea que ligava os dois lugarejos. Além da Ladainha de Nossa Senhora, é proclamara a Oração à Santa Quitéria. ORAÇÃO A SANTA QUITÉRIA Altíssimo e Soberano Senhor, que to admirável vos mostrais em vossos santos, e com especialidade naqueles a quem destes o ânimo e valor de sofrer o martírio por vós, que tal exemplo lhe deste no calvário, para animar a nossa frouxidão e exercitar e afervorizar nossa frieza: com um modo particular vos damos graças, por dardes esta constância até ao sexo frágil, e a idade tenra de uma donzela, qual foi nossa gloriosa SANTA QUITÈRIA, cuja vida e martírio pretendemos meditar e honrar neste tríduo. Sirva-nos de vergonha o seu ânimo e constância até a morte, sirva-se de incitamento tanto valor; ao menos se não achamos nas ocasiões de viver em um deserto, se no país em que habitamos não há tiranos que nos obriguem a morrer pela fé, soframos ao menos os trabalhos e aflições desta vida, carreguemos com paciência a cruz, talvez bem suave que vós nos impondes; e desta maneira por breve sofrimento, e com este martírio pequeno ainda prolongado, imitemos a SANTA QUITÉRIA, quando em nós está, e consigamos pela proteção a vossa graça e primeiro que tudo, e como preparo para este exercício o benigno perdão de nossos pecados. AMÉM! No sábado, as atividades são incrementadas. Além da reza, há o levantamento dos dois mastros com as bandeiras de Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia, Sagrado Coração de Jesus e São Sebastião. Há mais de 60 anos, a procissão com as bandeiras sai da casa do mordomo perpétuo da festa, o Sr. Deusdete Gonzaga, residente do local denominado Quilombo. A procissão segue pelo caminho escuro da serra até o alto da Boa Vista e as poucas pessoas que a acompanham portam velas e lanternas. A festa de Santa Quitéria segue pela noite, e os participantes se reúnem em volta da fogueira montada em frente ao templo, servidos pela barraca de comidas e bebidas. No domingo, a carreata tem início no distrito de Rodrigo Silva, com a chegada e preparação da imagem histórica de Santa Quitéria. A escultura, especialmente ornada para a festa, segue para o povoado de Boa Vista, em cima de um caminhão, escoltada por dezenas de carros e motocicletas. A imagem entra na capela sob os aplausos e lágrimas dos devotos que já a aguardam para a celebração da missa festiva, em que está presente o Hino Nacional. É nesse dia que o número de participantes surpreende. As pessoas chegam das diversas comunidades próximas, como Cachoeira do Campo, Bocaina, Rodrigo Silva, Quilombo, Dom Bosco. Após a missa, é realizada a procissão com a escultura histórica e outras imagens da ermida: Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia, Sagrado Coração de Jesus e São Sebastião. Os escolhidos para o transporte do andor vestem ocas vermelhas. O cortejo, que tem o acompanhamento da banda de música Santa Cecília de Rodrigo Silva, segue da capela até o cruzeiro na entrada do povoado e retorna para o ponto de origem. No adro, os participantes recebem amêndoas, uma prática tradicional das festas religiosas. Acontece o leilão de prendas arrecadadas na fase de preparação do evento. Depois, o almoço comunitário é servido, oferta dos festeiros. Paralelamente, a banda Santa Cecília promove uma retreta musical no adro da igreja, e o movimento nas barracas segue até o cair da tarde de domingo, acenando para o fim dos festejos, quando os devotos voltam para suas casas. O principal bem relacionado à festa de Santa Quitéria é a imagem histórica da padroeira, a qual se atribui a confecção por volta do ano de Antigamente, a imagem ficava no nicho central da pequena ermida no alto do morro da Boa Vista. Hoje ela está guardada nos cofres da Paróquia do Pilar em Ouro Preto. Essa estratégia foi adotada para driblar a ação de possíveis ladrões, visto o isolamento da capela e a vulnerabilidade que a escultura histórica, de grande valor simbólico e material, sofria estando ali. A capela é outro elemento importante na realização da festa de Santa Quitéria. A sua construção remete ao início do século XVIII, mas a construção sofreu várias intervenções que lhe deram a configuração atual. É para o templo que se convergem todas as atividades da festa. As bandeiras de Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia, Sagrado Coração de Jesus e São Sebastião são página 40 I 148

3 intervenções outros bens sobre o qual gira a simbologia que permeia as comemorações à Santa Quitéria. Elas saem todos os anos da residência do senhor Deusdete Gonzaga, fato que ser repete há mais de 60 anos, sendo uma tradição e responsabilidade de família. Segundo um dos moradores de Boa Vista, o Sr. Armando Calixto, as flâmulas foram pintadas em 1958 por religiosos do Colégio da Providência, em Mariana e, desde então, fazem parte das comemorações à Santa Quitéria. O povoado de Boa Vista sempre teve poucos habitantes e a realização da festa de Santa Quitéria ficava a cargo das famílias da localidade. Atualmente, a tarefa de promover os festejos é dividida com pessoas e moradores de outros lugares, principalmente de Rodrigo Silva. Não há rodízio na escolha dos mordomos, como antes ocorria, quando o povoado contava com maior número de moradores. O mordomo hoje é perpétuo e os festeiros são escolhidos dentre os candidatos, geralmente moradores de Rodrigo Silva. O apoio do distrito, habitado por muitos ex-residentes de Boa Vista, garante a continuidade do evento e demonstra a gratidão dos garimpeiros à padroeira. O fato mais recente relacionado a modificações da festa refere-se à inserção da procissão motorizada com a imagem histórica de Santa Quitéria, o que acontece há duas edições, ou seja, desde referências Bibliográficas CHAVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alan. Dicionário de símbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. Rio de Janeiro: José Olympio, CUNHA, Maria José de Assunção. Iconografia Cristã. Ouro Preto: UFOP/IAC, FORTES, Solange Sabino Palazzi. Ouro Preto conta Ouro Preto: tradições da Terra do Ouro. Ouro Preto/MG: HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, LEITE, José. Santos de Cada Dia. Volume II. TAVARES, Jorge Campos. Dicionário de Santos: hagiológico, iconográfico, de atributos, de padroados, de compositores, de música religiosa. Porto: Lello e Irmão Editores, Documentais DOCUMENTOS. (vários). Microfilmes rolo 005 Acervo da Paróquia do Pilar: Casa dos Contos, Ouro Preto/MG. Encarte da Arquidiocese de Mariana, Paróquia de Nossa Senhora do Pilar, impresso para a festa de Santa Quitéria. Texto do Cônego José Feliciano da Costa Simões Orais CALIXTO, Armando. Entrevista: Boa Vista, 28/08/2005. GONZAGA, Deusdete. Entrevista: Boa Vista, 04/08/2003. LEANDRO, Carlos Roberto. Entrevista: Boa Vista, 27/08/2005. LEANDRO, Luzia Rosário. Entrevista: Boa Vista, 27/08/2005. SIMÕES, José Feliciano. (Padre). Entrevista: Boa Vista, 27/08/2005. Eletrônicas < < < imagens Patrícia Pereira, 27 e 28 de agosto de Programação página 41 I 148

4 Bandeiras: Sagrado Coração de Jesus, Santa Efigênia, Nossa Senhora do Rosário e São Sebastião Mastro Imagem de Santa Quitéria: sem e com as jóias Carreata e chegada da imagem na capelinha página 42 I 148

5 Missa festiva Procissão com as imagens Apresentação da Banda Santa Cecília de Rodrigo Silva A comunidade se reúne no adro da capela para saborear as amêndoas distribuídas pelos organizadores dos festejos ficha técnica levantamento Guga Barros (Comunicação) Guilherme Rodrigues (Sociologia) João Paulo Lopes (História) Patrícia Pereira (Arquitetura e Urbanismo) Sandra Fosque Sanches (Diretora de Promoção Cultural da Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto) data ago/2005 elaboração Guilherme Rodrigues (Sociologia) João Paulo Lopes (História) data set/2005 revisão Memória Arquitetura Ltda data jan/2006 página 43 I 148