O PENSAMENTO COMPLEXO EM HARMONIA COM O CONSUMO SUSTENTÁVEL

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1 O PENSAMENTO COMPLEXO EM HARMONIA COM O CONSUMO SUSTENTÁVEL Autores: Felipe Rodríguez A., Rogerio Lincoln da Silva, Leni Monteiro, Fernando Santos e Mariann Toth Laboratório da Complexidade, Centro de Desenvolvimento Sustentável Universidade de Brasília, Brasília DF. Resumo: A proposta pretende refletir sobre quatro dos sete saberes de Edgar Morin a partir de atividades de sensibilização, trabalho em grupo e criação artística. Este mini-curso está dirigido a professores, facilitadores, monitores sociais e agentes de mudança que tenham interesse no desenvolvimento de técnicas de trabalho grupal abarcando um olhar complexo e integrando os sete saberes como eixos na compreensão de uma realidade mais rica e ampliada. Os principais pontos a serem destacados serão a compreensão das diversidades sociais, a democracia, o etnocentrismo, a inclusão/exclusão, a sustentabilidade terrena. Contudo se espera que os participantes possam internalizar na experiência alguns dos sete saberes do Morin, e assim estes sejam um veículo de transformação para as vidas deles e o melhor desempenho de seus trabalhos. Palavras-chave: sustentabilidade. criação artística, trabalho grupal, diversidades sociais e Contexto: A área de atuação do mini-curso será dirigida ao trabalho com adultos ou alunos de ensino médio para o aprendizado dos sete saberes, procurando ser um aporte no processo de educação com um enfoque ecológico. O grupo ideal é composto com um mínimo de 25 e um máximo de 35 pessoas, e será dirigido por professores e mestrandos do CDS-UNB da área da Educação Ambiental e integrantes do Laboratório da Complexidade CDS, com experiência em trabalho de educação grupais na área da saúde, educação e ecologia. Sete saberes: A proposta considera o trabalho em torno de quatro dos sete saberes. Os saberes a serem tratados são: a condição humana, fundamentalmente na sua diversidade social e cultural (costumes) em relação à sociedade de consumo; a ética do gênero humano, atingindo temáticas de distribuição de renda, consumo, democracia e sustentabilidade; ensinar a compreensão, considerando principalmente o etnocentrismo; trabalhar a identidade terrena, refletindo a consciência humana na compreensão de seu meio, a diversidade e a igualdade, a inclusão/exclusão, entre outras temáticas.

2 1 O PENSAMENTO COMPLEXO EM HARMONIA COM O CONSUMO SUSTENTÁVEL Autores: Felipe Rodríguez A, Rogerio Lincoln da Silva, Leni Monteiro, Fernando Santos e Mariann Toth Laboratório da Complexidade, Centro de Desenvolvimento Sustentável Universidade de Brasília, Brasília DF. JUSTIFICATIVA No mundo moderno o longo processo histórico conduziu a uma grande fragmentação do conhecimento e a uma separação profunda entre o homem e a natureza. Em nome da objetividade, o método científi co enfatizou a neutralidade do observador perante seus experimentos e teorias. Tais premissas estão sendo concebidas atualmente, por alguns, como uma das causas da degradação ambiental e da crise civilizacional. O conhecimento que possibilitou transformar a natureza em bens e serviços, por meio de uma economia dinâmica, infelizmente pautou-se apenas numa sociedade de consumo, cujos pressupostos teóricos estão fundamentados no pensamento reducionista, que esqueceu de considerar a finitude dos recursos naturais. Em nenhum momento, se observou a necessidade de qualidade de vida para as gerações futuras (LOPES, 2010). O consumo desenfreado, a produção industrial descompromissada com a preservação ambiental, agravada pelo acúmulo de uma grande quantidade de resíduos gera uma agressão ao meio ambiente (ZANETI, 2006). A educação hoje não pode mais ser pensada somente como educação formal ou acadêmica, a educação pode e deve ser entendida como processo de transformação humana. Neste sentido, a educação deve proporcionar sempre a ampliação da liberdade a caminho da transdiciplinaridade. Para Morin (1999), a transdisciplinaridade só pode ser considerada uma solução para os problemas ambientais e educacionais se estiver ligada a uma mudança de paradigma. Sendo necessário substituir o pensamento reducionista por um que estabeleça as devidas ligações, contextualizando, relacionando e buscando as infinitas causas das coisas. Assim os sistemas vão se tornando progressivamente complexos, surgindo uma sociedade complexa que demanda novas formas de compreensão e de intervenção. Abre-se o espaço para o pensamento

3 2 complexo, uma forma renovada ou totalmente nova de ver o mundo. O texto de Os sete saberes necessários para a educação do futuro, pretende ser uma referência que aspira atingir-nos profundamente, para que possamos reagir e fixemos nossa atenção sobre esses detalhes que por sua simplicidade passam despercebidos ante os olhos dos investigadores. Com esse olhar, a nossa proposta pretende fortalecer a capacidade das pessoas de atuarem, individual ou coletivamente, na construção de um novo padrão de consumo, ambiental e socialmente responsável, onde o consumo excessivo de uns não usurpe o direito ou prejudique as justas necessidades de consumir o mínimo indispensável à qualidade de vida de outros menos privilegiados (CONSUMO SUSTENTÁVEL, 2005). OS SABERES A SEREM TRABALHADOS A partir do explicitado anteriormente, o mini curso pretende ser um espaço de trabalho que inclua a reflexão e a experiência em torno de quatro dos sete saberes de Edgar Morin, quais sejam, condição humana, identidade terrena, ensinar a compreensão e ética do gênero humano. Estes saberes foram escolhidos pela sua relação na compreensão de algumas das principais dificuldades das sociedades modernas: a desigualdade, a democracia, o consumismo e os problemas ambientais. A condição humana requer que o indivíduo aprenda a situar-se em seu meio ambiente, deve também reconhecer a sua natureza universal. O desenvolvimento das ciências naturais tem proporcionado uma visão mais consciente sobre a origem do Universo e sobre a gênese humana, no entanto, ainda permanece forte a divisão dos saberes, dificultando a compreensão do ser integral. Nós temos que compreender que somos ao mesmo tempo seres cósmicos e terrestres resultado do cosmo, mas devido à nossa própria humanidade, à nossa cultura, tornamo-nos estranhos ao cosmo do qual fazemos parte. Assim, para implementar a proposta da educação do futuro, será imprescindível a compreensão de unidade da espécie humana (MORIN, 2000). Ensinar a identidade terrena ajuda à visão que temos do século XX, onde o desenvolvimento tecnológico dispersado ao redor do planeta comportou uma aparência de mundialização, no entanto, a diferenciação econômica entre os povos do norte e do sul mostrou-se evidente. Entretanto, é possível vislumbrar um caminho de esperança, amplificado pelas várias contribuições das contracorrentes que vão aparecendo por

4 3 reação às correntes dominantes; a contracorrente ecológica, a contracorrente à vida utilitária, a contracorrente ao consumo desenfreado e a contracorrente pacifista, entre outros. Assim, entender que é necessário aprender a estar aqui no planeta, faculta ao homem a condição de viver, a comunicar, sentir-se terreno, a compreender. Hoje, sem dúvida, existem grandes e múltiplos progressos da compreensão, mas os progressos da incompreensão parecem ser maiores. O problema da compreensão e essencial para os humanos, e por esta razão deve ser uma das finalidades da educação. A compreensão entre sociedades supõe estruturas democráticas abertas, o que quer dizer que o caminho da compressão entre culturas e nações passa pela generalização das sociedades democráticas abertas. A grande inimiga da compreensão é a falta de preocupação em ensiná-la. Na realidade, isto está se agravando, já que o individualismo ganha um espaço cada vez maior. Estamos vivendo numa sociedade individualista, que desenvolve o egocentrismo, e, seguidamente, a autojustificação e a rejeição ao outro. É preciso compreender não só os outros como a si mesmo, a necessidade de se auto-examinar, de analisar a autojustificação, pois o mundo está cada vez mais devastado pela incompreensão. (MORIN, 2000) Ao fim, a ética do gênero humano, descreve a importância da cultura do ponto de vista acadêmico e no plano da pesquisa ação, do paradoxo da ascensão da mundialização das economias de um lado e a volta das identidades e de territórios de outro. Sugere uma nova abordagem de uma nova epistemologia, sob a ótica de novos saberes diante das incertezas da modernidade. Aponta assim, para a necessidade de abertura de mercado, uma nova economia com suas múltiplas entidades qualitativas, tendo o imaterial como característico que põe em dúvida os conceitos e indicadores econômicos tradicionais. O Paradoxo entre a inércia formal e a vitalidade do informal é central na pesquisa sobre as relações entre culturas e desenvolvimento e o economicismo característico das práticas atuais de um desenvolvimento que tenda a produzir endividamento e pobreza (MORIN, 2000). Frente a isto, sugere-se a busca de uma perspectiva transdisciplinar, a necessidade de uma civilização apoiada na diversidade. Afirma-se que o modelo único encontra-se no seu final, portanto há um cenário futuro para a realização de novas práticas de uma nova economia não violenta um planeta

5 4 diferente onde a intenção é que cada dificuldade se transforme em um novo desafio a ser vencido por toda a sociedade, para no tornar pessoas melhores, que respeitem a vida em seu amplo contexto, que respeitem o ambiente que sempre nos acolheu. OBJETIVOS GERAIS Refletir sobre quatro dos sete saberes de Edgar Morin a partir de atividades de criação artística, sensibilização e reflexão. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Refletir a condição humana, fundamentalmente na sua diversidade sóciocultural e costumes em relação à sociedade de consumo. Favorecer a compreensão da ética do gênero humano, atingindo temáticas de distribuição de renda, consumo, democracia e sustentabilidade. Ensinar a compreensão apontando principalmente ao etnocentrismo. Promover o diálogo sobre a identidade terrena, refletindo em torno da consciência humana na compreensão de seu meio, a diversidade e a igualdade, a inclusão/exclusão. DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS E DA INTENCIONALIDADE DO MINI-CURSO A presente proposta pretende refletir a partir de atividades de sensibilização, trabalho em grupo e criação artística. Está dirigido a professores, facilitadores, monitores sociais e agentes de mudança que tenham interesse no desenvolvimento de técnicas de trabalho grupal a partir de uma visão complexa, integrando os sete saberes como eixo central. Os principais pontos a serem destacados são: a compreensão das diversidades sociais, a democracia, o etnocentrismo, a inclusão/exclusão, a sustentabilidade terrena. Nesse sentido, se espera que os participantes possam internalizar na vivência alguns dos sete saberes e assim estes sejam um veículo de transformação para as suas vidas e o melhor desempenho de seus trabalhos.

6 5 Sessões Atividade Duração Materiais Descrição Sessão 1 Sessão 2 Acolhimento 10 min. Recebimento dos participantes. Apresentações participantes e facilitadores. Sensibilização e introdução do trabalho. 20 min. Lã Exercício de autoapresentação passando-se um fio de lã até formar uma rede. Uma vez formada a rede se realiza um processo de reflexão em torno à interconexão humana e suas características. 20 min. Power point, fotos sobre alimentação semanal. Música Gilberto Gil Mundo tão desigual Data Show Telão Apresentação de slides com fotos do consumo alimentício familiar de todo o mundo, destacando as desigualdades. E introdução dos 4 saberes a serem trabalhados. Encerramento 10 min. Fechamento da sessão e convite para a sessão seguinte. Os participantes levam consigo copia da introdução dos 4 saberes trabalhados. Acolhimento 15 min. Recebimento dos participantes e reflexão sobre as discussões do dia anterior. Divisão da turma em 4 grupos. 5 min. Transmissão de som. Os participantes ocupam o espaço, dispersando-se ao som da música e formando os grupos de acordo com as instruções dos facilitadores.

7 6 Sessão 2 Criação obra de Arte. Explicação da atividade (5 min) Realização da atividade (45 min) Reflexão Cooperação entre grupos (05 min) Relacionar obra de arte com os saberes de Morin (10 min cada 40 min total) Encerramento Final (05 min) 50 min Cartolinas, cola, papeis coloridos, imagens de revistas, fita adesiva, tesouras, argila, massinha, sementes, garrafas pets vazias. Uma vez divididos os grupos, os facilitadores explicam aos participantes que vão realizar uma obra plástica utilizando os materiais que têm a disposição, tendo como temática um dos 4 saberes trabalhados. Será um saber por grupo. Cada grupo terá no inicio materiais desiguais. Serão motivados a trocar os materiais si assim quiserem. Durante o exercício se observam tanto as interações grupais como intergrupais, assim como capacidade do grupo de resolver seus problemas a partir da tarefa dada. 50 min Discussões finais que procuram fazer a reflexão em torno das obras construídas e como elas representam o saber trabalhado por cada grupo. Assim também se refletira acerca das interações grupais e intergrupais, cooperação, colaboração e desenvolvimento grupal. A partir das observações dos facilitadores e dos participantes. AVALIAÇÃO A avaliação do mini-curso será feita no momento do encerramento da atividade. Na roda final de fechamento, cada um dos participantes falará das coisas que foram aprendidas no mini-curso e quais delas vão ser levadas para aplicação em seus espaços de atuação.

8 7 REFERÊNCIAS CONSUMO SUSTENTÁVEL: Manual de educação. Brasília: Consumers International/ MMA/ MEC/IDEC, LOPES, Claudemira Vieira Gusmão Ecopedagogia e cidadania planetária / Claudemira Vieira Gusmão Lopes. Curitiba: Editora Fael, MORIN, E. Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro; tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. São Paulo: Editorial Cortez; Brasília, DF: UNESCO, MORIN, E. Complexidade e transdisciplinaridade: a reforma da universidade e do Ensino Fundamental. Natal: EDUFRN, ZANETI, Izabel Cristina Bruno Bacellar. As sobras da modernidade. O sistema de gestão de resíduos em Porto Alegre, RS. FAMURS: Porto Alegre, 2006.