10 Congresso Sind-UTE/MG

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1 N.º /04/ (31) Congresso Sind-UTE/MG Educadores mineiros protestam no Dia de Tiradentes e 22 Congresso dos Trabalhadores e das Trabalhadoras em Educação de Minas Gerais Em Ouro Preto, categoria cobra pagamento do Piso - compromisso assumido pelo governador O 21 de abril sempre foi dia de luta para os trabalhadores, em especial para o funcionalismo público estadual. E este ano não foi diferente. Foi um dia estadual de luta! A voz dos educadores mineiros ecoou pelas montanhas da histórica cidade de Ouro Preto, no Dia de Tiradentes. Os trabalhadores estavam vestidos de camiseta preta com os dizeres luto pela educação. Cerca de trabalhadores, que participaram do 10º Congresso do Sind-UTE/MG e 22º Congresso dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação se somaram a outros manifestantes representantes do Movimento dos Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), estiveram presentes para cobrar o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) da educação. A concentração dos educadores foi na rodoviária de Ouro Preto, de onde eles desceram em passeata até a Praça Tiradentes, com palavras de ordem como olé, olé, olá, prometeu tem que pagar! Participação na Praça Depois de 12 anos proibido de participar da cerimônia da entrega da Medalha Tiradentes, este ano, o povo pode chegar até a Praça e participar da solenidade. Cerca de 4 mil manifestantes estiveram presentes. O governador ignorou os manifestantes e perdeu a oportunidade de dialogar com os educadores, que cobravam o pagamento do Piso Salarial compromisso esse firmado com a categoria pelo então candidato ao governo de Minas Gerais, Fernando Pimentel. O sentimento de insatisfação foi unanimidade entre os educadores que se mostraram unidos e mobilizados para fazer valer o direito do Piso, que nada mais é que o cumprimento de lei federal. Estamos certos dos nossos direitos e vamos lutar por eles, afirmaram. O ato terminou com o fim da solenidade e os trabalhadores em educação retornaram para suas cidades, depois de quatro dias reunidos no Congresso, que teve encerramento em Ouro Preto. MST é homenageado Entre os homenageados, o líder do MST, João Pedro Stédile. Membros do MST e lideranças estaduais estiveram presentes. Cristiano Meireles, da coordenação do MST em Minas Gerais, falou da alegria da homenagem, mas ressaltou que a participação deles em Ouro Preto era para engrossar o coro dos educadores. A decisão foi tirada pelos Movimentos e também estamos mobilizados com os educadores. A bandeira dos trabalhadores em educação é e sempre será defendida pelo MST. Nós acreditamos na luta desta categoria tão importante que é a educação, que trabalha na formação dos jovens cidadãos não só mineiros, como os brasileiros. 1 - Boletim do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais 1 - Boletim do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais

2 Educadores em Ouro Preto A coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, destacou a merecida e justa homenagem ao líder nacional. É um homem ligado às causas populares e aos problemas e direitos dos trabalhadores brasileiros. Por outro lado, ela criticou que o governo, dito dos trabalhadores, homenageou parlamentares que votaram contra a classe trabalhadora no PL 4330, ou seja, foram favoráveis às terceirizações, que retira conquistas da classe trabalhadora. Sind-UTE/MG convoca educadores para Greve Nacional 10º Congresso aprova Plano de Lutas Os congressistas aprovaram o Plano de Lutas, em plenária realizada na tarde da segunda-feira (20/04), em que reafirmam a mobilização pelo pagamento do Piso Salarial e a reconstrução da carreira da educação em Minas Gerais. Também aprovaram a continuidade da luta contra as terceirizações e as Medidas Provisórias que retiram direitos da classe trabalhadora; reafirmaram a luta pela democratização dos meios de comunicação e pela Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. Como estratégia de articulação com os movimentos sociais, os delegados e delegadas aprovaram a participação do 6º Encontro dos Movimentos Sociais e da Greve Nacional dos Trabalhadores/as da Educação Básica, dia 30 de abril, convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). O Sind-UTE/MG já notificou a Secretaria de Estado da Educação sobre a paralisação dos dias 29 de abril (Assembleia Estadual) e 30 de abril (Greve Nacional da Educação) Sind-UTE/MG realiza o maior Congresso de sua história Cerca de delegados e delegadas participam do 10º Congresso Um evento para ficar nos anais da história do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais. O 10º Congresso do Sind-UTE/MG e 22º Congresso dos Trabalhadores e das Trabalhadoras em Educação de Minas Gerais, que fez uma homenagem ao combativo educador Luiz Fernando Carceroni, falecido em novembro de 2014, reuniu em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, cerca de delegadas e delegados, vindos de todas as regiões do Estado. Na pauta dos educadores e educadoras mineiros, entre os dias 18 a 21 de abril, assuntos que envolveram desde questões estatutárias, apresentação das resoluções inscritas, passando Mesa de abertura do Congresso 2 - Boletim do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais

3 pelo debate das conjunturas internacional, nacional e mineira, os desafios da democratização da mídia, da construção dos planos de educação, da educação pública em Minas Gerais, a precarização da profissão docente e do trabalho, terceirização, política educacional e políticas permanentes, estrutura sindical, reforma política, saudação da Internacional da Educação para a América Latina, balanço da gestão e construção do plano de lutas. Abertura As boas-vindas aos congressistas, no sábado (18/04), vieram, num primeiro momento, por meio das Meninas de Sinhá, grupo da terceira idade, que existe há 20 anos e é composto por senhoras com idade entre 70 e 96 anos. Na mesa de abertura do Congresso, a presença de diversas lideranças dos movimentos sindicais e sociais: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Central Única dos Trabalhadores (CUT Nacional e Minas Gerais), Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), CSP/Conlutas, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Levante Popular da Juventude e deputados estaduais. Beatriz Cerqueira Coordenadora-geral do Sind-UTE/MG Ao abrir o encontro, a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, agradeceu a presença de todos e todas. Esse Congresso é o tempo da mobilização pelo pagamento do Piso Salarial e reconstrução da nossa carreira. A presença de vocês lotando esse espaço, nesse que é o maior Congresso da história do Sind-UTE/MG, nos dá a certeza de que estamos sim, dispostos, a empunhar essa bandeira. Também agradeceu a solidariedade por ocasião do julgamento da Ação de Investigação Judicial Eleitoral proposta pela coligação que encabeçou a chapa do PSDB ao governo de Minas, nas eleições de Além de Beatriz Cerqueira, foram processados os diretores Lecioni Pereira, Denise de Paula, Feliciana Saldanha, Marilda Abreu, Paulo Henrique e Geraldo Miguel. É muito difícil, ao todo respondemos a 25 processos movidos pelo PSDB, mas estranho seria se estivéssemos sendo elogiados pela direita. Tudo isso nos mostra que estamos do lado certo, da classe trabalhadora, dos educadores de Minas Gerais, desabafou Beatriz. CNTE presente Roberto Franklin Leão Presidente da CNTE Sempre que os educadores mineiros nos pautam, estamos presentes. A luta de vocês é a nossa luta. É com satisfação que estamos aqui, vendo essa grande mobilização pelo Piso, um Congresso grandioso em todos os aspectos, disse o presidente da CNTE, Roberto Franklin Leão. Reconhecimento Marcelinho Rocha Presidente da CTB O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras, de Minas Gerais (CTB), Marcelino Rocha agradeceu o convite do Sind-UTE/MG, dizendo que essa seria mais uma oportunidade de parabenizar os educadores pela organização dessa categoria em prol da luta pelo desenvolvimento e valorização do trabalho. Ele lembrou os números da fome no mundo para dizer que esse cenário precisa mudar. Existe mais de 1 bilhão de pessoas famintas no planeta, e no Brasil ainda temos 800 milhões que não têm o que comer. Precisamos avançar mais. Não ao PL 4330 Pela executiva da CSP Conlutas, José Maria de Almeida, destacou o momento especial de mobilização que tem explodido em todo o país contra o PL Precisamos enfrentar com garra e determinação esses ataques aos direitos da classe trabalhadora. O momento agora exige uma polarização dos partidos de esquerda, uma ação mais contundente nos campos político e econômico. É preciso rechaçar o imperialismo imposto, o modelo econômico de ajuste fiscal e de cortes de direitos e benefícios dos trabalhadores, as tentativas de privatizações, o PL Contra tudo isso, precisamos parar o pais na greve geral. A permanente luta dos trabalhadores e trabalhadoras foi referenciada pelo Secretário Nacional de José Maria de Almeida Executiva da CSP Conlutas José Celestino, o Tino Secretário Nacional de Formação da CUT Formação da CUT, José Celestino (Tino). Precisamos manter o foco em torno de nossas reivindicações, fazer com que o plano estadual de educação seja implementado na prática, articular cada vez mais nossas lutas, enfrentar com força esse Congresso Nacional conservador, nos posicionar contra a homofobia e outros ataques aos direitos humanos. Pela CUT Paraná, a presidenta Regina Cruz, trouxe uma mensagem muito es- 3 - Boletim do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais

4 Regina Cruz Presidenta CUT Paraná pecial aos congressistas. Segundo ela, foi a mobilização e a ocupação que fizeram na Assembleia Legislativa forçar aquele parlamento a retirar da pauta o projeto do Executivo, com medidas de austeridade, o chamado pacotaço. 36 deputados entraram no plenário em um camburão para votar o projeto. Com a ajuda da CUT e da Associação dos Professores (APP), impedimos que eles votassem. O projeto previa a retirada de benefícos A ida da Beatriz Cerqueira foi muito importante e fortaleceu ainda mais o nosso movimento. O apoio da Conlutas e de outras Centrais na luta contra o PL 4330 também são fundamentais nesse momento de tentativa de nos escravizar. Mais Paulo Freire A força da juventude também se mostrou presente. O professor Renan Santos, do Levante Popular Renan Santos Professor /Levante Popular da Juventude, lembrou que a gente vive um tempo de desafios de enormes angústias, mas também de grandes possibilidades. Temos de juntar nosso time para dizer que o Piso Salarial é direito e que não vamos deixar de lutar por isso. Também vivemos tempos de retrocesso, em que vimos nas ruas gente atrasada dizendo Fora Paulo Freire. Mas, estamos aqui para dizer o contário: Vai ter sim mais Paulo Freire, mais Dandara, mais Zumbi. O pensador cubano da liberdade dos povos latinoamericanos, José Martí, foi a referência evocada pelo militante Joceli Andrioli / MAB Movimento dos Atingidos por Barragens do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Joceli Andrioli para dizer aos congressistas que só o conhecimento liberta. No momento em que a classe trabalhadora sofre uma grande ofensiva imperialista em seus direitos fundamentais, Andrioli alertou para as ameaças do capital internacional e para as estratégias neoliberais que tudo fazem para destruir a maior empresa brasileira, a Petrobras, e assim entregá-la a baixo custo para os especuladores. Os deputados estaduais Rogério Correia, professor Neivaldo Gildásio e Paulo Lamac (que preside a Comissão de Educação na ALMG) também marcaram presença e reforçaram a abertura de diálogo com o governo Pimentel. União e discurso crítico A importância de juntar forças foi o destaque da Vice-presidenta da CUT Carmem Helena Ferreira Foro vice-presidenta da CUT Nacional Nacional, Carmem Helena Ferreira Foro. Temos que fazer essa luta juntos, valorizar aqueles que estão mais no campo da esquerda, buscar a autonomia dos movimentos sindical e social, ou seja, da classe trabalhadora. Pressão neles! O Projeto de Lei (PL 4330) amplia a terceirização, atingindo inclusive a atividade principal em que a empresa atua, isto é, a sua atividade-fim. O texto base foi aprovado na Câmara dos Deputados no dia 8 de abril deste ano. Dos 324 parlamentares que disseram sim, 189 são empresários. A proposição legislativa teve somente 137 votos contrários. Esse projeto retira direitos fundamentais dos trabalhadores, desregulamenta o trabalho e ameaça a liberdade de organização sindical. Beatriz Cerqueira e Luíza Carceroni Homenagem a Carceroni O 10º Congresso do Sind-UTE/MG e 22º dos Trabalhadores e das Trabalhadoras em Educação de Minas Gerais homenageou um grande líder sindical, educador e ex-dirigente do Sindicato, Luiz Fernando Carceroni, que faleceu em 22 de novembro de Suas filhas, Luíza e Luciana Carceroni, a neta Alice Carceroni, acompanhadas da ex-esposa, Lucinha Lima, e do genro, Caio Brandão, receberam da direção do Sindicato uma placa contendo dizeres de agradecimento a esse saudoso guerreiro, que estará sempre presente na memória daqueles que lutam por uma educação pública de qualidade. Meu pai era um homem muito solidário e tinha sempre um olhar voltado para as pessoas. Ele acreditava que nós melhoramos a nossa vida quando contribuímos para melhorar a do outro, disse Luiza, cheia de emoção, ao agradecer a todos pela homenagem. Conjuntura política e Resoluções Três resoluções foram inscritas no Congresso. Uma intitulada Em mobilização pelo pa- José Maria, Beatriz Cerqueira, Frederico Santana, Feliciana Saldanha, gamento do Mirtes de Paula, Mônica Souza e Rômulo Piso Salarial e Reconstrução da Carreira assinada pela Articulação Sindical, Consulta Popular, Corrente Socialista e Democrática (CSD), Direção Estadual do Sind-UTE/MG, Simpatizantes e Independentes; outra apresentada pela Liga Operária/Moclate Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação e uma terceira de autoria do Movimento Educação em Luta (CSP Conlutas Minas). 4 - Boletim do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais

5 Os trabalhos do sábado (18/04) no 10º Congresso do Sind-UTE/MG se iniciaram no período da tarde com a Conferência proferida pelo professor Lecioni Pereira, prof. Emir da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ), Emir Sader, numa mesa Sader e Maria Helena coordenada pelas diretoras, Maria Helena Gabriel (Subsede Uberaba) e Lecioni Pereira, coordenadora do departamento Jurídico do Sindicato. O professor falou da importância de se consolidar um Brasil que coloque o povo no poder. Segundo ele, é preciso um Congresso com a cara da sociedade, que defenda os interesses da classe trabalhadora, dos mais diversos segmentos: CONFERÊNCIA - Conjunturas internacional e nacional saúde, educação, entre outros. Este jogo começou a ser virado com as mobilizações contra o PL 4330, mas é preciso mais. É necessário derrotar a direita, o monopólio da Globo, o monstruoso presidente da Câmara dos Deputados. Impor o financiamento público de campanha, avançar na democratização dos meios de comunicação e derrubar, de vez, o PL da tercerização, alertou. Por fim, uma mensagem especial aos congressistas. O estado nao é simplesmente uma máquina, precisa se comportar como ente político, que tem que construir a consciencia da cidadania e ajudar o povo a se organizar. E se o neoliberalismo aliena as pessoas, cabe aos setores educacionais o papel fundamental de contrapor essa alienação. Esse é um dos ensinamentos de Paulo Freire, se apropriem dele, recomendou. Moções aprovadas O 10º Congresso do Sind-UTE/MG também aprovou duas moções Uma em repúdio ao prefeito de Esmeraldas, Glacialdo de Souza, pela conduta antisindical e arbitrária da sua gestão à frente da Prefeitura Municipal de Esmeraldas, que descumpre o Termo de Acordo da greve de 2013, persegue e criminaliza a direção sindical e os trabalhadores da rede municipal. Os delegados e delegadas também, de público, repudiaram as atitudes do prefeito de Betim, Carlaile de Jesus Pedrosa, o reajuste zero ao funcionalismo público em 2015 e pelo descumprimento dos termos de acordos de 2013 e Delegação estrangeira Um registro especial durante o 10º Congresso do Sind-UTE/MG. Uma delegação de 10 lideranças sindicais, vindas de vários países (Índia, Turquia, Trinidad e Tobago, Alemanha, Canadá, Tanzânia, África, Delegação estrangeira é recebida durante o Congresso México, Moçambique e Grécia) fez uma visita aos congressistas para compartilhar um pouco de suas lutas com os trabalhadores em educação de Minas Gerais. Vieram também conhecer o processo organizativo dos educadores mineiros. Eles estavam acompanhados do diretor estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Vagner Vieira. A educação tem um grande valor, porque é ela que nos dá conteúdo crítico. Estamos juntos com os educadores para avançarmos mais, para não ficarmos no meio do caminho. A voz dos educadoras e educadores É preciso um olhar mais atentos aos nossos jovens, especialmente da EJA. Temos problemas de toda ordem, inclusive a questão do aliciamento dos nossos jovens pelo tráfico de drogas. Nancy Ramos de Menezes (Ribeirão das Neves) Nessa disputa toda temos uma saída: a sala de aula. Vamos educar para uma sociedade justa. A mídia está aliada aos grandes empresários, ao agronegócio. Ela não está a serviço da educação, da saúde e da desigualdade social. Felipe Fonseca (Juiz de Fora) Defendo a criação de um plano de educação padronizado, com formação em tempo integral. Precisamos ampliar o percentual de recursos para a educação pública, investir na formação de nossos jovens e termos mais controle social. Luiz Carlos Silva da Cunha (Pouso Alegre) A educação que vale é a social, a cidadã e não as narrativas dos meios de comunicação de massa, que reforçam preconceitos e esteriótipos. Maria Catarina Laboré (Divinópolis) Não podemos aceitar um PNE que venha de cima para baixo, imposto simplesmente. Queremos os 10% do PIB investidos na educação. Gilberto Melo (Patrocínio) Somos profissionais da educação, somos fortes e vamos seguir juntos, pautando as nossas reivindicações. Carmem Luiza Bitarães (Unaí) 5 - Boletim do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais

6 Mesas de Debate Conjuntura e os desafios da democratização da mídia O papel que cada um de nós pode desempenhar como formadores de opinião éticos e comprometidos com a veracidade dos fatos foi um dos assuntos tratados na mesa que discutiu a conjuntura e os desafios da democratização da mídia durante o 10º Congresso do Sind-UTE/ MG, no dia 18 de abril, no período da tarde. Essa mesa teve a coordenação dos diretores Denise Romano e Paulo Henrique da Fonseca, que também coordena o Departamento de Comunicação do Sindicato. Para falar sobre esses assuntos, dois dos mais atuantes ativistas sociais marcaram presença: a feminista e blogueira, Conceição Oliveira (do blog Maria Frô) e o jornalista, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges (do blog do Miro), que lembraram diversos perigos que a sociedade se submete quando está diante de uma mídia concentrada nas mãos de poucos. Mentiras repetidas 6 - Boletim do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais Somos bombardeados por um monte de mentiras, repetidas diversas vezes, em manchetes e textos manipulados de acordo com o interesse daqueles que se utilizam dos meios de comunicação para adulterar dados e, com isso, mostrar as suas verdades, custe o que custar, disse a ativista social, Conceição Oliveira. Ela citou vários casos da nossa imprensa em recentes fatos que mesmo inverídicos, foram repetidos de maneira insistente. É estarrecedor vermos que mesmo quando a verdade vem à tona, eles continuam divulgando informações errôneas. Inventam mentiras para servir como ração para os midiotas. Informação e ética Conjuntura e reforma política A reforma política, assunto da ordem do dia, também movimentou os debates durante o Congresso do Sind-UTE/ MG, no dia 18/04, período da tarde. Na mesa coordenada pelos diretores estaduais José Antônio de Paiva Marcos e Elaine Cristina Ribeiro, o militante do Movimento Consulta Popular e membro da organização nacional pelo plebiscito popular, Ricardo Gebrim, fez uma explanação sobre esse assunto. Ele evidenciou um importante momento do protagonismo dos trabalhadores citando a greve dos educadores de Minas Gerais, com 112 dias de paralisação, que foi o marco desse novo ciclo de reacenso da classe trabalhadora. Ricardo Gebrim e na mesa Elaine Cristina e José Antônio de Paiva Plebiscito da Reforma Política Os movimentos populares, organizações sindicais, entidades estudantis viram uma porta entreaberta para ocupar a arena política e passaram a empunhar a bandeira de uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Política. Portanto, o plebiscito popular com quase 8 milhões de votos, já é um claro sinal de que os brasileiros querem outro caminho. É o sistema político que alimenta a corrupção e o povo nas ruas será capaz de dar as respostas que o Brasil precisa. Conceição Oliveira, Denise Romano, Paulo Henrique e Altamiro Borges O blogueiro Altamiro Borges parabenizou os educadores mineiros pela luta emblemática travada contra o poder político no Estado e lembrou a greve de 2011, quando os educadores deram exemplo de união e resistência. Ao contextualizar a importância e a necessidade de termos uma mídia mais democratizada, lembrou que cada um, em seu universo, pode ser um agente transformador e um formador de opinião a serviço de uma informação ética. Para ele, a democratização da mídia é a saída que temos para combater o monopólio da comunicação no Brasil, onde as concessões dos veículos (rádio, TVs e Jornais) estão nas mãos de uma meia dúzia de famílias, que comandam os veículos de comunicação mais importantes hoje no Brasil. Podemos contar nos dedos os barões da imprensa, disse, citando: os Abravanel (na figura de Silvio Santos, à frente do SBT), Macedo (Record), os Civita (Editora Abril, que edita a Veja), os Frias (Folha de S. Paulo), Levy (Gazeta Mercantil), os Marinho (Organizações Globo), os Mesquita (O Estado de S. Paulo), os Nascimento Brito (Jornal do Brasil) e os Saad (Rede Bandeirantes). A voz dos educadoras e educadores Esse é o momento de fazermos a diferença, dizer o queremos. Trabalhamos com amor, mas também queremos valorização e salário. Neuza Pinto (Lagoa da Prata) Não somos professores somente de matéria, somos formadores de opinião, de pensadores e podemos mudar essa nação. Somos a formiguinha, todos os dias, na sala de aula, fazendo transformação. Luiz Varlos Ribeiro (Sete Lagoas) Importante discutirmos sobre a democratização dos meios de comunicação. Na sala de aula, podemos fazer as transformações que queremos. Patrícia Ferreira Duarte (Juiz de Fora)

7 O segundo dia do 10º Congresso do Sind-UTE/MG se pautou no período da manhã pelas discussões pedagógicas, numa mesa coordenada pelos diretores José Luiz Rodrigues e Mônica Souza, do departamento de Formação Pedagógica e Sindical. A professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FAE/UFMG) Analise da Silva, doutora em Pedagogia, coordenadora do Fórum Mineiro de EJA e do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos da UFMG fez uma exposição das 20 metas do novo Plano Nacional da Educação (PNE), que traça as metas para o setor nos próximos dez anos. Segundo ela, alguns avanços esbarraram na falta de ousadia e de recursos. Em relação ao que já se encontra em vigor, o Plano apresentou melhorias, Manoel Rosauro, Sandra Bittencourt, Gílber Martins, professoras Savana Melo e Jussara Bueno Os desafios na construção dos Planos de Educação mas havia uma expectativa de que os 10% do Produto Interno Bruto (PIB) fossem mantidos. Educação de Jovens e Adultos No que diz respeito à formação de jovens e adultos, Analise Silva disse que o Brasil tem uma dívida imensa com as pessoas com idade acima de 15 anos e que não puderam frequentar a escola no momento oportuno. Há pelo menos 515 anos - desde a chegada dos europeus por aqui - que essa dívida social se amplia em outros setores como saúde e moradia. Falam-se hoje, segundo dados do Censo Escolar/INEP 2010, em pelo menos 13,9 milhões de pessoas analfabetas no país, 22 milhões que ainda não concluíram o Ensino Médio e de 33 milhões sem o Ensino Fundamental completo. Outro alerta importante. O problema da desigualdade social no Brasil tem vitimado principalmente a população negra e, de maneira especial, os jovens. Para enfrentar esse problema que tem como consequência o extermínio de uma parcela da população (a de negras/os) é preciso assumir que somos uma sociedade racista e, ainda, que o racismo é praticado pelo próprio Estado, já que ele não é capaz de oferecer acesso igualitário, entre negras/os e brancas/os. Os desafios da educação pública em Minas Gerais Nessa mesa de trabalhos coordenados pelos diretores estaduais Manoel Rosauro e Sandra Bittencourt (Subsede Muriaé), um debate sobre os desafios da educação pública de Minas Gerais. A professora da rede pública, Jussara Bueno de Queiroz Paschoalino, doutora e pesquisadora do Centro de Apoio da Educação à Distância da UFMG, falou sobre as condições precárias de trabalho e diversas situações que provocam o adoecimento da categoria. Há crescimento contínuo de adoecimento dos professores. Isso se dá por causa do estresse e da cobrança a que esses profissionais são submetidos. Esse quadro é um dos sintomas de que a escola não vai bem, avaliou. Na luta contra a precarização do trabalho disse acreditar na educação que transforma e valoriza o humano na construção de uma sociedade justa. Além de formação contínua para que cada um possa dar o melhor de si, Jussara citou outras dificuldades enfrentadas como cobranças e pressões. Vivemos a escola do desencanto, das notas baixas do IDEB, de sobrecarga de trabalho, professor correndo de uma escola para outra, sem tempo para se preparar melhor, sem direito à saúde e ao lazer. Essa escola, com certeza, precisa melhorar. Precarização da profissão docente O professor Gílber Martins Duarte, da E.E. Teotônio Vilela, pesquisador e doutor em Análise do Discurso pela Universidade Federal de Uberlândia, falou sobre a precarização da profissão docente. A escola pública não é um presente da classe dominante. Ela é uma conquista da luta dos trabalhadores e por isso talvez não valorizam tanto essa escola. Não querem investir numa educação crítica, libertadora. Duarte disse ainda que uma educação que se pretende crítica, em um mundo atravessado pela luta de classes, deve indagar sempre: ou se educa para reproduzir as relações de produção ou se educa para transformar as relações de produção. José Luiz Rodrigues, Mônica Souza e a professora Analise Silva Perda de autonomia A professora e doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais, Savana Diniz Gomes Melo, pesquisadora do Grupo de Estudos Sobre Política Educacional e Trabalho Docente (Gestrado/FaE/UFMG), também fez uma abordagem sobre os desafios da escola pública. Ela contextualizou as atuais políticas educacionais no Brasil e, a partir de dados sobre a reestruturação do capitalismo no país e da reestruturação educativa, citou como marcos educacionais: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, aprovado em novembro de Entre os problemas citou a perda de autonomia dos docentes como um dos maiores desafios a ser enfrentado. A desqualificação do trabalho intelectual é outra chaga aberta, pois não há um processo contínuo de formação, que permita a esse profissional ter acesso a estudos constantes na busca de sua própria valorização, afirmou. 7 - Boletim do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais

8 Essa mesa teve a coordenação dos diretores estaduais Cássio Diniz e Marilda Abreu e como palestrantes o coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Minas Gerais (Sinttel), Fernando Antônio Pereira Cançado, o técnico do Dieese na subseção da CUT Minas, Frederico Melo e a Secretária de Relações do Trabalhado da CUT, Maria das Graças Costa. Os males do PL 4330, que amplia a terceirização sem limites, foram apontados pelo técnico do Dieese, Frederico Melo, como uma perversidade praticada contra o trabalhador. Além das empresas, profissionais liberais, produtores rurais e até o serviço público poderão ser atingidos por esse projeto. A terceirização provoca perdas irreparáveis com prejuízos à aposentadoria, piora das condições de trabalho e da remuneração. Esse processo, acelerado a partir dos anos 90, é controlado especialmente pelas grandes empresas e também afeta as conquistas sindicais, a partir do momento em que quebra a solidariedade de classe, disse Melo. Precarização nas telecomunicações O coordenador-geral do Sindicato Terceirização e precarização do trabalho dos Trabalhadores em Telecomunicações de Minas Gerais (Sinttel), Fernando Antônio Pereira Cançado, fez uma abordagem do quanto a terceirização tem precarizado o setor em que atua. Esse processo, iniciado em 1974, na construção civil, avança em várias áreas e atinge fortemente o segmento das telecomunicações, especialmente a partir de Para se ter idéia dessa situação, o sistema Telebrás empregava 98 mil trabalhadores e hoje conta com apenas 35 mil profissionais próprios contra 150 mil terceirizados. Com a terceirização, o trabalhador não tem identidade, não sabe a que empresa pertence, a quem recorrer. Já se fala em quarteirização e quinteirização, precarização total das condições de trabalho e de saúde, baixos salários, assédio moral e sexual, ressaltou. Desafios Mobilizar a classe trabalhadora é o grande desafio, já que a terceirização é um instrumento do capitalismo para escravizar os trabalhadores. O alerta veio da Secretária de Relações do Trabalho da CUT, Maria das Graças Costa. Frederico Melo, Cássio Diniz, Marilda Abreu, Fernando Cançado e Maria das Graças Costa No Brasil são mais de 12 milhões de trabalhadores terceirizados. Tentam nos enganar com o discurso de que o PL vai regularizar a situação desse pessoal. Na verdade, corremos é o risco dos 34 milhões de trabalhadores com emprego fixo serem desregulamentados, transferidos para a precarização. Um levantamento apresentado mostrou que o trabalhador terceirizado trabalha três horas a mais, em média, e recebe 25% a menos pelo mesmo serviço realizado. Ele fica 3,1 anos a menos no emprego do que trabalhadores contratados diretamente; estão mais expostos a acidentes de trabalho. Hoje no Brasil para cada 10 pessoas empregadas, oito são terceirizadas e de 5 mortes, 4 são de pessoas terceirizadas. Elas trabalham mais, adoecem mais, se acidentam mais e morrem mais. Saudação da Internacional da Educação A vice-presidente da Internacional da Vice-presidenta da Ieal, Educação para a América Latina, Fátima Fátima Silva Silva, ao fazer uma saudação aos participantes do Congresso, no dia 20/04, à tarde, reforçou: A luta faz a lei, com isso convocou a todos a participarem da luta contra o PL 4330 e a ajudarem na construção dos planos estaduais de educação. Em seguida, fez uma homenagem à memória do escritor uruguaio, Eduardo Galeano, falecido em 13 de abril último, autor de As Veias Abertas da América Latina. Como ninguém, ele nos ensinou o valor da utopia, sempre necessária na consolidação da igualdade e do bem-estar social. Encerramento Sozinhos não damos conta de fazer a luta, construímos coletivamente, sempre tendo a prática como o critério da verdade. Com essas considerações, a coordenadora-geral do Coordenadora-geral do SInd-UTE/MG, Beatriz Cerqueira Sind-UTE/MG, fechou o 10º Congresso, agradecendo a todos pela presença ativa e lembrando que por falar a verdade, essa gestão responde atualmente a 25 processos movidos na justiça pelo PSDB. Quiseram nos calar, mas não conseguiram, afirmou. O Sind-UTE/MG, um dos mais expressivos sindicatos do Brasil e da América Latina, está convicto de que nesses 35 anos de existência nunca esteve só nessa luta. Sua trajetória tem como âncoras duas das mais importantes entidades sindicais da América Latina: a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Expediente: Sind-UTE/MG Rua Ipiranga, nº 80 - Floresta - BH - MG Fone: (31) Fax: (31) Produção de conteúdo e diagramação: Eficaz Comunicação - Fotos: Lidyane Ponciano FILIADO À Boletim do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais 8 - Boletim do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais