AULA CONTEÚDO DA AULA: Carência. Renda mensal inicial. Renda mensal do benefício. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (cont.)
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1 Turma e Ano: Flex B (2014) Matéria / Aula: Direito Previdenciário / Aula 06 Professora: Marcelo Leonardo Tavares Monitora: Mariana Simas de Oliveira AULA 06 1 CONTEÚDO DA AULA: Carência. Renda mensal inicial. Renda mensal do benefício. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (cont.) Período de Carência (arts. 24 seguintes da Lei 8.213) Carência é o número mínimo de contribuições mensais necessário à fruição de determinados benefícios. Para o segurado especial, a carência não consiste em números de contribuições efetivas, mas sim em número de meses trabalhados, ainda que de forma descontínua. O conceito de carência é mais rigoroso do que tempo de contribuição. Exemplo 1 : uma pessoa com vinte anos de contribuição ficou cinco anos recebendo auxílio-doença e voltou a trabalhar. Os cinco anos contam como tempo de contribuição, mas não contam como tempo de carência. Exemplo 2 : para se aposentar por tempo de contribuição, uma mulher tem que ter 30 anos de tempo de contribuição. Imagine-se que ela tenha trabalhado 05 anos e ficou por 21 anos em gozo de auxílio-doença não acidentário. Voltou a trabalhar por mais 04. Ela tem quanto tempo de contribuição? R.: 30 anos de contribuição e 09 anos de carência. Nesse caso, veremos, ela não poderá se aposentar, pois tem tempo de contribuição, mas não tem cumpriu a carência. Obs.: não há previsão legal de tempo máximo de auxílio-doença. 1 Aula ministrada em 11/08/2014.
2 Segurado especial é o trabalhador rural ou o pescador artesanal que desenvolvem atividade em regime de economia familiar. A hipótese de incidência da sua contribuição é a venda do produto rural e como ele, em geral, exerce atividade de subsistência e quase não vende, é muito difícil ocorrer o fato gerador da hipótese de incidência. Por isso a lei não exige do segurado especial a carência normal, com base em número de contribuição. O segurado especial tem uma proteção assistencialista dentro do RGPS. O art.39 da Lei prevê os benefícios concedidos aos segurados especiais e faz alusão ao fato de que a sua carência será demonstrada pela realização do trabalho (ainda que de forma não contínua), pelo mesmo número de meses que seria exigido para a carência normal. imprescindível: Continuando, existem benefícios que não exigem carência e outros em que ela é Não exigem carência Auxílio-acidente Salário maternidade da empregada, da empregada doméstica e da trabalhadora avulsa. Salário família. Pensão por morte. Auxílio-reclusão. Exigem carência 10 meses: salário maternidade contribuinte individual e segurado especial. 12 meses: auxílio-doença. aposentadoria por invalidez. 180 meses: aposentadoria por idade, por tempo de contribuição e es- pecial. Exceção. Art.26, II, da Lei 8.213: Independe de carência a concessão das seguintes prestações: II. auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado.
3 O parágrafo único do art.24 da Lei dispõe: Art.24. Parágrafo único. Havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores a essa data só serão computadas para efeito de carência depois que o segurado contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo, 1/3 (um terço) do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser requerido. Fazer remissão ao art.3º da Lei /03. Exemplo: uma pessoa tem 50 meses de carência. Ficou desempregado e perdeu a qualidade de segurado. Depois, conseguiu novo emprego. O período de 50 meses só poderá ser computado novamente quando, na nova filiação, ele tiver 1/3 do período de carência exigido para o benefício pretendido. A carência para o auxílio-doença é de 12 meses. O segurado só poderá juntar os 50 meses quando chegar ao 4º mês da nova filiação (1/3 de 12). Se no 2º mês da nova filiação ele adquirir uma doença que não isenta carência, o seu benefício será indeferido por falta de carência. Note-se que o parágrafo único do art.24 possui duas exceções importantes que se encontram na Lei /03: (i) A primeira exceção ocorre na aposentadoria por idade: preenchido o período de carência na aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado é irrelevante. Exemplo: a pessoa tem 15 anos cumpridos (180 meses) e perde a qualidade de segurado, basta que aguarde a idade para aposentadoria (60 anos para mulher e 65 para homem). (ii) A segunda exceção refere-se à aposentadoria por tempo de contribuição e especial: não se aplica o parágrafo único do art.24 da Lei Renda mensal inicial (RMI) e Renda mensal do benefício (RMB) A RMI é o valor do benefício previdenciário no mês da concessão. Exemplo: uma aposentadoria foi concedida em julho de A RMI é o seu valor em julho de A RMB é a RMI ajustada monetariamente. Calculada a RMI, anualmente o benefício é reajustado (art.201, 4º, CF). Os índices que vêm reajustando os benefícios previdenciários são próximos ao INPC (índice nacional de preço do consumidor).
4 O benefício concedido, por exemplo, em 2004 é pago hoje a partir de uma RMI reajustada nesses dez anos. O Supremo jamais declarou a inconstitucionalidade de um índice de ajuste praticado pelo INSS desde a edição da Lei 8213/91. A RMI é calculada entre um piso (salário mínimo) e o teto ( R$ 4.390,00). Existem duas exceções de benefícios que podem ser pagos abaixo do salário mínimo, pois possuem natureza indenizatória: o salário família e o auxílio-acidente. Por outro lado, também existem dois casos em que a RMI pode ultrapassar o teto: salário maternidade para empregada e trabalhadora avulsa. Isso porque, ambas têm direito a receber o valor do seu salário a título do benefício. O Supremo, em ADI, julgou, aplicando interpretação conforme a Constituição, para excluir da aplicação do teto o salário maternidade da empregada e da trabalhadora avulsa. Dispõe o art.14 da EC 20 (alvo da ADI): Art O limite máximo para o valor dos benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 da Constituição Federal é fixado em R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais), devendo, a partir da data da publicação desta Emenda, ser reajustado de forma a preservar, em caráter permanente, seu valor real, atualizado pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de previdência social. Na ADI foi pleiteada a inconstitucionalidade do art.14 da EC 20, por ela não ter apresentado qualquer exceção para o recebimento do benefício. Se o Supremo declarasse a inconstitucionalidade com redução de texto, não haveria teto para benefício algum. Assim, o STF declarou a inconstitucionalidade com pronúncia parcial de nulidade sem redução de texto para destacar que o teto não se aplica ao salário maternidade da empregada e da trabalhadora avulsa, uma vez que o art.7º da CF garante a elas a percepção do seu salário no período da licença maternidade. A segunda exceção pode ocorrer no caso de aposentadoria por invalidez quando há adicional de 25%. Referido adicional é concedido quando o segurado não está incapacitado apenas para o trabalho, mas para a sua vida em geral (não pode se vestir ou se alimentar sozinho, por exemplo). Nesse caso, ao valor da aposentadoria é adicionado 25%, podendo ultrapassar o teto. Se esse aposentado que recebe acima do teto falece, o pensionista receberá a pensão com adicional de 25%? Não, pois o pensionista não está incapacitado para a vida independente, mas sim o segurado.
5 Prosseguindo, a RMI, em geral, é calcula aplicando-se uma alíquota sobre a base de cálculo, chamada de salário de benefício (SB) RMI = %SB. A alíquota é prevista em lei para cada benefício. Exceto dois benefícios não são calculados dessa forma: os salários maternidade e família. Deve haver relação entre o RMI e a contribuição. No plano de custeio (Lei 8.212/91), a contribuição é calculada aplicando-se uma alíquota sobre a base de cálculo, que se chama salário de contribuição (SC). contribuição. O salário benefício é calculado fazendo-se média aritmética do salário de Salário benefício Da mesma forma como a RMI, o SB é limitado ao salário mínimo e deve observar o teto. Note-se que o SB não tem exceção, ficando sempre entre o salário mínimo e o teto. Existem duas fórmulas de cálculo do SB: (i) Essa fórmula aplica-se para o cálculo do SB da aposentadoria por tempo de contribuição e pode ser aplicada facultativamente à aposentadoria por idade. SB = média aritmética simples dos 80% maiores salários de contribuição, reajustados monetariamente (hoje o índice de reajuste é o INPC), multiplicado pelo fator previdenciário. O fato previdenciário só se aplica compulsoriamente à aposentadoria por tempo de contribuição. Ele pode ser aplicado à aposentadoria por idade se o resultado for melhor para o segurado. (ii) Essa fórmula aplica-se facultativamente para a aposentadoria por idade, especial, por invalidez, para o auxílio doença e acidente, pensão por morte, auxílio reclusão. SB = média aritmética simples dos 80% maiores salários de contribuição, reajustados monetariamente (hoje o índice de reajuste é o INPC).
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