Mesa: Vítor Leal, Ricardo Parreira, José Nolasco
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- Levi Castro Mota
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1 08:30 CL159- OUTCOMES VISUAIS DE CIRURGIA DE CATARATA INDUZIDA POR RADIAÇÃO EM CRIANÇAS COM RETINOBLASTOMA Nadine Marques 1, Ana Paula Silveira Rodrigues 2, Luíz Fernando Teixeira 2, Carolina Hammes 2 ( 1 Hospital Garcia de Orta, EPE, 2 UNIFESP São Paulo) Introdução: O retinoblastoma é um dos tumores intraoculares mais frequentes em idade infantil estando associado ao aparecimento de 9000 casos por ano a nível mundial. No Brasil, a forma mais comum de apresentação do retinoblastoma é sob a forma de leucocória (79% dos casos), variando a taxa de mortalidade entre os 5-22%. Atualmente existem novas técnicas terapêuticas locais como a quimiorredução e braquiterapia com ruténio ou iodo, associados a menos efeitos adversos secundários relacionados com a radiação. No entanto, o cristalino continua a ser sensível à radiação com o desenvolvimento de cataratas em 9,7 a 31% dos olhos sujeitos a braquiterapia num período de 1 a 3 anos após tratamento. Este estudo tem como objetivo avaliar os resultados visuais e complicações no contexto de catarata induzida por radiação em olhos com retinoblastoma tratados no núcleo de catarata congénita da UNIFESP, São Paulo, Brasil. Material e Métodos: Estudo transversal incluindo 19 olhos tratados no núcleo de catarata congénita da UNIFESP. Os dados dos doentes foram obtidos através da consulta de processos clínicos, avaliando: idade, sexo, história familiar, envolvimento uni- ou bilateral, estadio do retinoblastoma, idade do diagnóstico, tipo de tratamento para o retinoblastoma realizado, tipo de cirurgia de catarata realizada, tipo de lente intraocular implementada e complicações pos-cirúrgicas. Foi avaliada a melhor acuidade visual corrigida no período pre- e pos-operatório, utilizando: cartões de acuidade de Teller, figuras de Allen ou letras na tabela de Snellen. Foram excluídos deste estudo: olhos com retinoblastoma em tratamento, com invasão local extensa, olhos com retinoblastoma e com envolvimento macular, com patologia ocular prévia ao diagnóstico do retinoblastoma, cataratas congénitas ou secundárias que não associadas a radiação no contexto do tratamento do retinoblastoma. Resultados: 36,2% dos olhos pertencem a doentes do sexo feminino e 63,8% a doentes do sexo maculino. 31,6% dos doentes apresentavaao exame objetivo catarata branca e 68,4% catarata subcapsular do tipo subcapsular. Verificou-se uma melhoria da melhor acuidade visual corrigida (MAVC) com diminuição da AV logmar estatisticamente significativa (z=- 3,012 p=0,003) e com valores no período pre- e pos-operatório de 1,3 logmar e 0,6 logmar, respetivamente. Neste estudo, 5,3% dos doentes desenvolveram desepitelização recurrente, tal como queraite ponteada, opacidades da córnea e queratite filamentosa, 10,5% sinéquias posterior, 21,1% queratopatia em faixa, 21,1% edema de córnea. Conclusões: Podemos concluir que as crianças sujeitas a radioterapia no contexto de retinoblastoma desenvolvem cataratas, que afetam de forma significativa a MAVC. Com a cirurgia, há uma recuperação significativa da acuidade visual (AV), com desenvolvimento em pequena percentagem de algumas complicações no período pos-operatório associadas por si à própria cirurgia, tal como ao tratamento com radiação.
2 08:37 CL160- PIMPOLHO, PROJECTO DE PREVENÇÃO DA AMBLIOPIA DO MUNICÍPIO DE BRAGA, RESULTADOS DO PRIMEIRO ANO Sandra Guimarães, Cristina Freitas, Pedro Barros, Renato Silva, Ricardo Leite, Rui Freitas, Tatiana Queirós, Fernando Vaz (Hospital de Braga) Introdução: A ambliopia, a sua detecção precoce e os factores desencadeantes são um tema premente da Oftalmologia Pediátrica a nível mundial. O projecto PIMPOLHO, projecto de prevenção da ambliopia do Município de Braga é uma parceria entre o Hospital de Braga e a Câmara Municipal de Braga e prevê a observação de todas as crianças do Município de Braga que completem 4 anos de idade e que frequentem o ensino público ou privado. Material e Métodos: O projecto PIMPOLHO, teve início em Maio de Ao longo do primeiro ano, foram observadas as crianças do Município de Braga que completaram 4 anos de idade no ano civil em questão referentes a cerca de 70 escolas do ensino público ou privado. A deslocação das crianças ao Hospital de Braga foi efectuada pela Câmara Municipal de Braga em colaboração com as escolas envolvidas. A observação foi efectuada apenas com técnicas não invasivas por um médico oftalmologista pediátrico e um técnico ortoptista. No caso de haver necessidade de posterior avaliação, a criança teve acesso a marcação directa de consulta de Oftalmologia Pediátrica no Hospital de Braga. Resultados: No âmbito do projecto PIMPOLHO, foram observadas no Serviço de Oftalmologia do Hospital de Braga 881 crianças entre maio de 2014 e maio de As principais causas de referenciação para a consulta foram: alteração da acuidade visual, erro refractivo, estrabismo e alterações da superfície ocular externa. Foram reavaliadas 171 crianças. Encontramos 4,8% de ambliopias, das quais 3,3% moderadas a graves. Num inquérito elaborado aos pais, concluímos que apenas 21% sabia da existência de olho preguiçoso ou ambliopia, passando este valor para 74% após a implementação do projecto PIMPOLHO. 78,8% das ambliopias encontradas pertencem ao grupo de pais que nunca tinham desconfiado que houvesse alguma alteração na visão dos filhos. Conclusão: O projecto PIMPOLHO proporciona às crianças do Município de Braga a possibilidade de serem observadas e tratadas em tempo útil. O trabalho efectuado ao longo do último ano, a adesão da população ao projecto, o cariz socioeconómico relevante e os resultados apresentados demonstram que a prevenção da ambliopia é actualmente uma realidade no Município de Braga.
3 08:44 CL161- VALORES DE REFERÊNCIA DA TOMOGRAFIA DE COERÊNCIA ÓTICA NA IDADE PEDIÁTRICA Tatiana Queirós, Sandra Guimarães, Cristina Freitas, Pedro Barros, Renato Santos-Silva (Hospital de Braga) Introdução: A tomografia de coerência ótica (OCT) é um exame que permite obter imagens de alta resolução dos tecidos in vivo, possibilitando a medição das estruturas oculares, nomeadamente a camada de fibras nervosas da retina (CFNR) e a espessura macular. Como método não invasivo, rápido, inócuo e sem contacto directo ocular revela-se particularmente útil em crianças. Contudo a sua aplicabilidade está limitada pela existência de valores normativos apenas para adultos. O objectivo deste trabalho foi então estabelecer na idade pediátrica valores normativos para a espessura da CFNR e espessura macular, averiguando a sua influência com o sexo, idade, refração, lateralidade e dominância ocular. Material e Métodos: Este foi um estudo transversal e analítico realizado durante 6 meses consecutivos no departamento de Oftalmologia do Hospital de Braga. A população em estudo abrangeu crianças caucasianas saudáveis entre os 4 e os 17 anos de idade, submetidas a exame oftalmológico completo, por especialista em oftalmologia pediátrica. Recorremos ao Cirrus HD-OCT, sem dilatação pupilar, efetuando-se 3 medições de cada protocolo em cada olho e registando-se para análise o valor médio. Resultados: Um total de 306 olhos de 153 crianças (com idade média de 9,54 ± 3,35 anos) foram incluídas neste estudo. Foram obtidas 140 imagens de qualidade com o protocolo Optic Disc Cube 200x200, com uma espessura média global da CFNR de 97,90 ± 9,32µm. A espessura no quadrante inferior (129,58±15,05µm) e superior (126,91±16,51µm) foram superiores à espessura no quadrante nasal (69,72±10,47µm) e temporal (65,17±8,91µm). Não se detetaram diferenças significativas entre sexos, mas sim consoante a lateralidade e dominância ocular. A regressão linear múltipla identificou o equivalente esférico como único preditor significativo, verificando-se um aumento da espessura com refrações positivas. Com o protocolo Macular Cube 512x128 foram obtidas 152 imagens de qualidade. Por regiões, verificou-se que o campo central apresentou a menor espessura (250,35±19,28µm), seguido do anel externo (279,91±12,16µm) e, finalmente, do anel interno (316,03±14,05µm). Além de diferenças consoante a lateralidade e dominância ocular, verificou-se que, na globalidade, os rapazes apresentaram maior espessura macular. Constatou-se, pela regressão linear múltipla, um aumento da espessura macular no campo central com refrações negativas e com a idade. Conclusão: O presente trabalho pretende estabelecer as normativas da espessura da CFNR e espessura macular em crianças portuguesas saudáveis, dados estes que reestruturam a avaliação e interpretação dos parâmetros obtidos pela OCT no diagnóstico de patologias pediátricas na prática clínica.
4 08:51 CL162- RELAÇÃO ENTRE A PROGRESSÃO PONDERAL DOS PREMATUROS NAS PRIMEIRAS SEMANAS DE VIDA E O DESENVOLVIMENTO DE RETINOPATIA DA PREMATURIDADE GRAVE Mafalda Mota, Inês Coutinho, Catarina Pedrosa, Mário Ramalho, Graça Pires, Susana Teixeira (Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca) Introdução: A Retinopatia da prematuridade (ROP) é uma doença vasoproliferativa que afecta a retina de crianças prematuras. Têm sido desenvolvidos vários algoritmos para tentar identificar o risco dos prematuros desenvolverem ROP com necessidade de tratamento (ROP grave), como o algoritmo WINROP (weight, insulin-like growth factor I IGF-1, neonatal ROP). A construção deste último baseou-se na relação entre a má progressão ponderal e os baixos níveis de IGF-1, nas primeiras semanas de vida, nos prematuros com ROP grave. O objectivo deste trabalho é avaliar se o ganho de peso nas primeiras 6 semanas após o nascimento, em crianças prematuras com ROP, influencia o desenvolvimento de ROP grave. Material e Métodos: Estudo retrospectivo, com revisão dos processos de todos os prematuros com idade gestacional < 32 semanas e com muito baixo peso ao nascer (<1500 gramas), nascidos no Hospital Professor Dr. Fernando Fonseca (HFF) nos últimos 10 anos e com o diagnóstico de ROP. Foram excluídos todos os prematuros com processos incompletos. Foi registado o peso dos prematuros semanalmente e analisado depois o ganho de peso às 2, 4 e 6 semanas. A análise estatística dos dados foi realizada utilizando o programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS ) versão 22, os testes foram considerados significativos para um nível de significância de α=0,05. Resultados: Foram incluídos 150 olhos de prematuros com ROP, dos quais 38 tiveram ROP grave com necessidade de tratamento e 112 com regressão espontânea do quadro de ROP, sem necessidade de intervenção terapêutica. O peso ao nascer foi significativamente mais baixo nos prematuros que desenvolveram ROP grave (p=0,008). O ganho de peso às 2º, 4º e 6º semanas não foi significativamente diferente entre os dois grupos analisados (p=0,057, p=0,201 e p=0,169, respectivamente), sendo inclusivamente maior o ganho de peso nos prematuros com ROP grave na 2º e 4º semanas. Conclusão: Contrariamente a outros estudos, não se observaram diferenças significativamente estatísticas no ganho de peso nas primeiras semanas de vida entre os prematuros com ROP que regrediu espontaneamente e os que necessitaram de tratamento. Assim, o algoritmo WINROP para previsão de ROP grave, já validado para a população sueca e americana, poderá não se adequar perfeitamente à nossa população, tendo se verificado o mesmo na população brasileira e mexicana.
5 08:58 CL163- RETINOPATIA DA PREMATURIDADE: RESULTADO DOS ÚLTIMOS 10 ANOS Inês Coutinho 1, Catarina Pedrosa 1, Mário Ramalho 1, Mafalda Mota 1, Diana Silva 1, Sofia Azeredo-Lopes 2, Graça Pires 1, Susana Teixeira 1, Manuel Cunha 1 ( 1 Hospital Prof Doutor Fernando Fonseca, EPE, 2 Faculdade Ciências Médicas de Lisboa) Introdução: A retinopatia da prematuridade (ROP) consiste numa alteração vasoproliferativa da retina em recémnascidos pré-termo, sendo uma importante e evitável causa de baixa visão na infância. Com este trabalho pretendeu-se avaliar a incidência e os principais factores de risco associados ao desenvolvimento da ROP, no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, nos últimos 10 anos. Métodos: Estudo observacional e retrospectivo realizado entre 2009 e 2014, no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, que incluiu os recém-nascidos com idade gestacional <32 semanas. Foram analisados factores maternos, pré-natais e neonatais, associados ao desenvolvimento da ROP. Para a análise estatística recorreu-se ao programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Foi realizada uma análise uni e multivariável e utilizados modelos de regressão logística múltipla, com um nível de significância α=0,05. Resultados: Foram estudados 527 prematuros com idade <32 semanas, dos quais 165 desenvolveram ROP, com necessidade de tratamento em 45 doentes. Na análise univariável foram factores de risco para o desenvolvimento da ROP o baixo peso ao nascer, baixa idade gestacional, baixo APGAR ao 5º minuto, necessidade de oxigenoterapia nos primeiros 28 dias, alto valor de CRIB e SNAPPE2, uso de surfactante, síndrome de dificuldade respiratória, persistência do canal arterial. Na análise da regressão logística múltipla obteve-se como factores de risco independente para a ROP a presença de infecção neonatal, síndrome de dificuldade respiratória, persistência do canal arterial e alto valor na escala neonatal SNAPPE2. Conclusões: Observou-se uma taxa de incidência de 31,02% e factores de risco associados ao desenvolvimento da ROP semelhantes a outros estudos.
6 09:05 CL164- COLOBOMA: CHAVE OCULAR PARA PATOLOGIA SISTÉMICA Rita Pinto Proença, Ana Luísa Basílio, Sara Crisóstomo, Mariza Martins, Margarida Marques, Ana Paixão, Alcina Toscano (Centro Hospitalar de Lisboa Central) Introdução: O coloboma é uma anomalia do desenvolvimento que se caracteriza por um deficiente encerramento da fissura embrionária na 6ª semana da gestação. Trata-se de um defeito que pode afectar diferentes estruturas do globo ocular, nomeadamente a íris, corpo ciliar, coróide, retina ou nervo óptico. A eventual associação com patologia sistémica e alterações genéticas faz com que o diagnóstico oftalmológico seja fundamental para a orientação e seguimento dos doentes. Material e Métodos: Estudo retrospectivo de 26 doentes da Consulta de Oftalmologia Pediátrica do Hospital de S. José, do Centro Hospitalar de Lisboa Central através da consulta do processo, exames complementares de diagnóstico e registo fotográfico. Foram caracterizados os doentes de acordo com o sexo, idade, antecedentes familiares de anomalias oculares, antecedentes gestacionais, tipo de coloboma, localização, lateralidade, melhor acuidade visual corrigida, presença de outras anomalias oculares concomitantes e associação com doenças sistémicas. Com este estudo pretendemos avaliar o perfil dos doentes portadores de colobomas, comparando-o com o descrito na literatura, bem como salientar a importância para o seu seguimento, despiste de doenças sistémicas associadas e tratamento das complicações. Resultados: Dos 26 doentes avaliados, 14 (54%) eram do sexo feminino, e 12 (46%) do sexo masculino. A idade variou entre 1 e 25 anos, com média de 11,23 anos. A média da idade do diagnóstico foi de 2,6 anos, variando entre 1 mês até aos 8 anos de idade. Nenhum doente apresentava história familiar de coloboma, existindo história de prematuridade em 2 casos (8%). Quanto à localização, 16 casos (62%) apresentavam coloboma do disco óptico, 14 (54%) da íris e 13 (50%) colobomas coriorretinianos. Em 13 casos (50%) o coloboma atingia mais do que uma estrutura anatómica e era bilateral em 11 casos (42%). As acuidades visuais variaram entre ausência de percepção luminosa e 20/20. Apenas 3 casos (12%) apresentavam um coloboma isolado, estando os restantes associados a outras alterações oftalmológicas, nomeadamente estrabismo em 13 casos (50%), microftalmia em 8 casos (31%), catarata em 3 casos (12%), descolamento de retina em 3 casos (12%) e nistagmus em 4 casos (15%). Da série de 26 doentes, 19 (73%) não apresentavam doenças sistémicas associadas ao coloboma. 3 doentes (12%) foram classificados como tendo síndrome de CHARGE, 1 síndrome de CHARGE aguardando confirmação molecular (4%), 1 Síndrome de Joubert, 1 Síndrome de Kabuki e 1 Síndrome de DiGeorge. Foram detectadas anomalias do desenvolvimento psicomotor em 8 casos (31%). Conclusões: O exame oftalmológico completo é importante no diagnóstico, prognóstico e vigilância de doentes com coloboma. O coloboma é frequentemente o primeiro achado diagnóstico nestas crianças, sendo que a referenciação pela Oftalmologia a outras especialidades é fundamental, devendo incluir o despiste das várias anomalias sistémicas que podem estar associadas.
7 09:12 CL165- AVALIAÇÃO DO ESTADO REFRATIVO E DOS COMPONENTES ÓTICOS DOS OLHOS DAS CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR QUE NASCERAM PREMATURAMENTE Rita Gonçalves, Ágata Mota, Isabel Ribeiro, Carlos Menezes, José Alberto Lemos, Pedro Coelho, Tiago Maio, Alexandrina Portela (Hospital Pedro Hispano) Introdução: Vários estudos realizados até ao momento mostraram que as crianças que nasceram prematuramente ou com baixo peso ao nascimento têm um risco aumentado de desenvolvimento de problemas oftalmológicos que se podem manter ao longo da vida. A patologia oftalmológica que mais frequentemente tem sido associada à prematuridade é a retinopatia da prematuridade (ROP). Contudo, a incidência aumentada nestas crianças de erros refrativos e de estrabismo também pode ter um impacto significativo na função visual. Até ao momento, permanecem limitados os estudos que avaliem o estado refrativo destas crianças em idade escolar. Este estudo tem como objetivo avaliar a função visual das crianças atualmente em idade escolar que nasceram prematuramente, bem como, determinar os fatores associados ao desenvolvimento de erros refrativos nessas crianças. Material e Métodos: Todas as crianças com idade gestacional <37 semanas internadas no Serviço de Neonatologia do Hospital Pedro Hispano no período compreendido entre 1 de Janeiro de 2006 e 31 de Dezembro de 2007 foram convocadas para o estudo, que decorreu entre Março e Agosto de No total participaram no estudo 117 crianças, as quais foram divididas em grupos de comparação de acordo com a idade gestacional e o peso ao nascimento (PN). Todas as crianças realizaram um exame oftalmológico completo e a medição dos componentes óticos. Resultados: Não foi observado aumento estatisticamente significativo de erros refrativos, necessidade de lentes de correção, ou casos de ambliopia, nas crianças que nasceram mais prematuramente, embora se tenha constatado que o valor do equivalente esférico era maior para as crianças com PN <1500 gr (1.17 vs 0.49, p=0.042). Verificou-se um aumento do número de casos de estrabismo nas crianças com PN <2000 gr (p=0.036). Quanto aos componentes óticos, observou-se que as crianças mais prematuras tinham olhos com comprimento axial e espessura corneana menores, câmara anterior mais estreita e curvatura corneana maior. Relativamente ao tipo de erro refrativo, foi possível perceber que a miopia nas crianças com PN <2000 gr era causada por um aumento da curvatura corneana, enquanto naquelas com PN >2000 gr se devia a um comprimento axial maior, verificando-se o oposto para a hipermetropia. As crianças com antecedentes de ROP tinham maior número de erros refrativos (p=0.004) com necessidade de lentes de correção (p=0.029), quando comparadas com aquelas que não tiveram ROP, mas não se observou aumento significativo dos casos de estrabismo neste subgrupo. Conclusões: Este estudo mostrou que as crianças que nasceram mais prematuramente parecem apresentar um risco aumentado de patologias oftalmológicas, que incluem erros refrativos e estrabismo, que se podem perpetuar ao longo da vida. Nestas crianças, o erro refrativo parece ser mais influenciado pela curvatura corneana do que pelo comprimento axial, ao contrário das crianças menos prematuras.
8 09:19 CL166- IMPORTÂNCIA DA ESTEREOPSIA COMO MÉTODO DE RASTREIO DE AMBLIOPIA Tatiana Queirós 1, Sandra Guimaraes 1, Cristina Freitas 1, Pedro Barros 1, Renato Santos-Silva 1, J.Firmino-Machado 2 ( 1 Hospital de Braga, 2 Unidade de Saúde Pública do Aces Porto Ocidental) Introdução: A estereopsia é a forma mais elevada de cooperação binocular que é possível graças à disparidade das imagens retinianas formadas nos dois olhos, encontrando-se alterada em perturbações visuais como o estrabismo, a ambliopia ou erros refrativos significativos. Consequentemente, faz sentido avaliar a estereopsia como forma de rastreio de patologia do desenvolvimento visual. Material e Métodos: No âmbito do Projecto PIMPOLHO e até Julho de 2015, 1046 crianças com idades compreendidas entre os 3 e os 4 anos foram submetidas a exame oftalmológico no serviço de Oftalmologia do Hospital de Braga. A acuidade visual monocular foi determinada pela tabela de Tumbling e com crowding e a estereoacuidade foi avaliada através do teste de Randot graded circles. Para análise dos dados foram excluídas todas aquelas que apresentassem suspeita ou evidência de estrabismo, qualquer alteração observada no segmento anterior ou posterior, má colaboração ou perda de follow-up. Resultados: Obteve-se uma amostra final de 705 crianças (com uma idade média de 48,97 meses), das quais 33 apresentavam ambliopia. A média da acuidade visual foi de 0,820 (± 0,107) no grupo de crianças saudáveis e de 0,498 (± 0,129) no grupo de crianças com ambliopia, verificando-se diferença estatisticamente significativa entre os grupos. De igual modo, constatou-se uma diferença estatisticamente significativa da estereopsia entre os grupos analisados, reportando-se a presença de um valor numérico em segundos de arco superior no grupo de crianças com ambliopia. Pelo método de Pearson, verificou-se a existência de uma correlação significativa entre a acuidade visual e a estereopsia, sendo esta correlação negativa, ou seja, a um valor de maior acuidade visual corresponde um menor valor numérico em segundos de arco de estereopsia e vice-versa. Finalmente, foi utilizada uma curva ROC e a respectiva área sob a curva na definição de um ponto de corte para estereopsia como forma de método de rastreio/avaliação da presença de ambliopia. Contudo, não foi possível definir nenhum valor que apresentasse valores adequados de sensibilidade e especificidade. Conclusão: Vários estudos reafirmam a importância de avaliar a estereopsia em idades pré-escolares e escolares, já que esta se pode encontrar deteriorada na presença de perturbações visuais. Neste estudo, a estereopsia revelou-se preditora da presença de ambliopia, mas não foi possível definir nenhum valor de corte, o que levanta a discussão sobre o valor deste teste como método de rastreio.
9 09:26 CL167- APLICAÇÃO DE MEMBRANAS AMNIÓTICAS NA RECONSTRUÇÃO DA SUPERFÍCIE OCULAR EXTERNA EM IDADE PEDIÁTRICA Sara Crisóstomo, Rita Proença, Joana Cardigos, Ana Luísa Basílio, Vitor Maduro, Alcina Toscano (Centro Hospitalar Lisboa Central) Introdução: Vários estudos comprovam os benefícios da aplicação de membranas amnióticas na reconstrução da superfície ocular em idade adulta, pelos seus efeitos anti-inflamatorios, anti-adesivos e anti-apoptóticos. Em idade pediátrica, a reconstrução da superfície ocular carece de especial atenção e este procedimento encontra-se ainda pouco estudado. Não foi encontrado nenhum estudo específicamente dirigido à aplicação de membranas amnióticas na reconstrução da superfície ocular externa desta faixa etária, pelo que procurámos elucidá-lo. Materiais e métodos: Estudo retrospetivo englobando todos os doentes em idade pediátrica ( = 7,1 anos +/- DP 4,17) submetidos a transplante de membrana amniótica no CHLC entre 2008 e 2015, para reconstrução da superfície ocular externa. Entre os doentes (n=6 olhos de 6 crianças), quatro apresentavam patologia do foro neoformativo ou inflamatório e dois apresentavam queimaduras extensas da superfície ocular. Foi realizada divisão em dois grupos, com base na presença ou não de insuficiência de células limbares. Foram avaliadas características clínicas e demográficas, MAVC antes e após a cirurgia, tempo de reepitelização, amplitude de movimentos oculares antes e após a cirurgia, presença de recidiva ou complicações e resultado estético. O tempo de follow up foi de 4 a 39 meses. Resultados: Verificaram-se sucessos completos em todos os doentes sem insuficiência limbar (50% do total de doentes), sucessos parciais em dois dos doentes com insuficiência limbar (33,3% do total de doentes) e um caso de falha terapêutica (16.7%). Nos doentes em que se observou recidiva, o tempo médio para esta ocorrência foi de 8,3 +/- 6,8 meses. Não se verificaram complicações em nenhum dos casos. Observou-se melhoria pós-operatória num dos dois casos que tinham diminuição da acuidade visual pré-operatória (aumento da MAVC em 6 linhas). Verificouse ainda uma melhoria da motilidade ocular e aspeto estético em todos os doentes com alterações prévias destes parâmetros. Conclusão: O transplante de membrana amniótica mostrou ser muito benéfico também em idade pediátrica. Pode ser realizado como tratamento isolado ou coadjuvante, sendo os resultados superiores nos casos de células limbares funcionantes. Não foi detetada maior incidência de complicações ou rejeições comparativamente ao descrito na literatura para a idade adulta.
10 09:33 CL168- DOENÇAS GENÉTICAS OCULARES ORIENTAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO ETIOLÓGICA Ana Luísa Carvalho 1, Maria Margarida Venâncio 1, Maria Catarina Paiva 2, Ana Madalena Monteiro 2, Jorge Saraiva 3 ( 1 Medical Genetics Unit, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal and University Clinic of Genetics, Faculty of Medicine, University of Coimbra, Portugal, 2 Department of Ophthalmology, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal, 3 Medical Genetics Unit, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra and University Clinic of Pediatrics, Faculty of Medicine, University of Coimbra, Portugal) Introdução: As anomalias oftalmológicas, primárias ou secundárias, estão frequentemente presentes nas doenças genéticas. Das mais de 8000 doenças e síndromes genéticas conhecidas, cerca de um terço têm envolvimento ocular, assim como cerca de 25 a 30% das doenças referenciadas na base de dados OMIM (Online Mendelian Inheritance in Man). Com a evolução no conhecimento da base genética das doenças oculares e com o aparecimento de novas técnicas no diagnóstico molecular, como por exemplo a sequenciação de nova geração, torna-se, cada vez mais, relevante a cooperação entre as especialidades de Oftalmologia e Genética Médica. Materiais e Métodos: Os autores apresentam uma proposta de orientação da investigação etiológica das doenças/síndromes genéticas oculares mais frequentes, nomeadamente, malformações oculares (por exemplo, espectro microftalmia-anoftalmia-coloboma e anomalias do desenvolvimento do segmento anterior), cataratas congénitas/infantis/pré-senis, ectopia lentis, distrofias corneanas, glaucoma pediátrico e juvenil, distrofias hereditárias da retina, anomalias do nervo óptico, doenças oncológicas oculares, erros refrativos, nistagmus e estrabismo. Resultados e Conclusões: Nas propostas apresentadas de orientação da investigação etiológica das doenças genéticas oculares é reforçada a importância da caracterização clínica e a observação oftalmológica dos familiares em primeiro grau assim como aqueles com patologia ocular. Deverá também ser realizada avaliação sistémica orientada para cada grupo de patologias. Assim haverá possibilidade de melhor caracterização fenotípica e possível determinação do tipo de hereditariedade presente. Após estas abordagens iniciais poderá ser iniciada a investigação laboratorial que deverá ser o mais direcionada possível. Nas doenças monogénicas, como por exemplo a retinosquisis ligada ao X, está recomendado o estudo molecular direcionado de um único gene. Nas doenças com heterogeneidade genética, como por exemplo a amaurose congénita de Leber, é recomendada a análise simultânea de vários genes, nomeadamente através de painéis de genes desenhados para uma determinada patologia ou grupo de patologias ou, eventualmente, a sequenciação exómica total. A referenciação à especialidade de Genética Médica tem lugar na avaliação sistémica inicial de uma doença ou suspeita de doença genética ocular e na escolha do estudo genético a ser solicitado. Após a confirmação do diagnóstico de uma doença genética ocular, com ou sem confirmação molecular, a família deve ser referenciada à especialidade de Genética Médica.
11 09:40 CL169- PATOLOGIA OCULAR NA DIABETES TIPO I EM IDADE PEDIÁTRICA Ana Luísa Basílio, Rita Proença, Sara Crisóstomo, Ana Paixão, Cristina Ferreira, Ana Xavier, Cristina Brito, Alcina Toscano (Centro Hospitalar de Lisboa Central) Introdução: A prestação de cuidados especializados nos países desenvolvidos aos doentes diabéticos tem contribuído para o reduzido número de complicações a nível ocular na idade pediátrica. A eficiência dos exames anuais oftalmológicos nesta faixa etária é atualmente assunto de debate. Os autores pretendem analisar as alterações a nível ocular nesta população e adequar os resultados à dinâmica de um centro terciário. Material e Métodos: Revisão retrospetiva dos processos clínicos dos doentes com diabetes tipo I inscritos e seguidos na consulta de Endocrinologia Pediátrica do Centro Hospitalar Lisboa Central desde Janeiro de 2008 até Julho de Foram avaliadas as características demográficas, a patologia de base e ocular e a referenciação e seguimento destes doentes na consulta de Oftalmologia Pediátrica. Resultados: Após análise dos processos clínicos de 304 doentes com diabetes tipo I, foram incluídos no estudo os 110 doentes em que havia referência a consulta de Oftalmologia no sistema informático. Apresentavam idade média de 13,2 anos (4-20 anos), 57 eram do sexo masculino e 53 do sexo feminino. A diabetes tipo I foi diagnosticada em média aos 7,5 anos (0,75-13 anos), com tempo de evolução médio de 6 anos (1-14 anos). A média do último valor de Hba1c era 8,6% (4,9-14,4%). A primeira referenciação à consulta de Oftalmologia foi em média aos 9,4 anos (2-19 anos), sendo que em 55 casos os doentes tinham menos de 10 anos e, desses, 29 foram referenciados no primeiro ano após o diagnóstico (duração média da diabetes 2,0 anos; 0-7 anos). Relativamente aos 55 doentes referenciados com idade igual ou superior a 10 anos, 27 foram referenciados no primeiro ano após o diagnóstico (duração média da diabetes 2,3 anos; 0-9 anos). Quanto à frequência do rastreio, 54 doentes foram reavaliados após 1 ano, 15 após 2 anos, 1 após 3 anos e 1 após 5 anos. Não foi detetado nenhum caso de retinopatia diabética, 28 doentes apresentavam astigmatismo, 12 hipermetropia, 16 miopia, 5 estrabismo, 2 blefaroptose e 1 catarata polar. Conclusões: A retinopatia diabética é rara em idade pediátrica. A Sociedade Internacional para a Diabetes Pediátrica e Adolescente (ISPAD) recomenda o rastreio oftalmológico 2 anos após o diagnóstico de diabetes tipo I em doentes acima dos 10 anos e 5 anos se em idades inferiores. As diretrizes de 2014 da Academia Americana de Oftalmologia recomendam que o primeiro exame oftalmológico seja realizado cinco anos após o início da doença e repetido anualmente. Um estudo prévio efetuado no Hospital D. Estefânia, entre 1999 e 2000, por Rodrigues P. et al. constatou uma baixa incidência de lesões oculares (6.4%) na população estudada, o que vai de encontro aos nossos resultados. Estudos mais recentes, publicados na literatura, são também concordantes e demonstram que a rara incidência de complicações da diabetes até à puberdade poderá justificar novas orientações nos próximos anos.
12 09:47 CL170- DIFERENTES APRESENTAÇÕES OFTALMOLÓGICAS DA SINUSITE Madalena Coimbra Monteiro, Cristina Fonseca, Catarina Paiva, Guilherme Castela, Rui Castela (Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra) Introdução: A sinusite, apesar de não ser uma patologia oftalmológica, apresenta-se frequentemente com envolvimento ocular e orbitário. Deste modo o oftalmologista é muitas vezes chamado a actuar. Material e métodos: Os autores apresentam 4 casos de crianças que recorreram ao serviço de urgência com quadros de expressão variadas tendo por base um processo de sinusite. Os doentes apresentaram-se com exoftalmia, nevrite óptica, abcesso subperiósteo e parésia do IV par. Discussão e conclusões: Estes doentes, pelo seu quadro de apresentação, são frequentemente avaliados em primeiro lugar por um oftalmologista que deve estar atento e alerta para estas situações. O pronto diagnóstico e tratamento agressivo é fundamental para uma evolução favorável da situação. O tratamento pode ser médico unicamente ou obrigar a cirurgias diversas. Por vezes nem com uma actuação atempada obtemos o resultado desejado.
13 09:54 CL171- PREVALÊNCIA DA AMBLIOPIA NUMA POPULAÇÃO RASTREADA ENTRE OS 3 E 6 ANOS DE IDADE Madalena Coimbra Monteiro 1, Raquel Almeida 2, Manuela Amorim 2, Cláudia Costa Ferreira 2, Jose Coimbra de Matos 2, Jose Salgado Borges 2 ( 1 Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, 2 Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga) Objectivo: Os autores pretenderam avaliar a prevalência da ambliopia numa população de adolescentes entre os 10 e 13 anos, que foram submetidos a rastreio de factores de risco de ambliopia entre os 3 e os 6 anos de idade. Material e métodos: Avaliou-se a acuidade visual dos alunos inscritos no 5º e 6º anos da escola secundária de Santa Maria da Feira. Estavam inscritos 489 alunos e foram avaliados 444; 24 faltaram no dia da avaliação e 21 não tiveram autorização dos encarregados de educação para participarem no estudo. Das crianças avaliadas 389 (87,61%) tinham sido submetidos ao rastreio de factores de risco de ambliopia realizado nas pré-escolas do Concelho de Santa Maria da Feira. Foram chamadas a consulta de oftalmologia as crianças com acuidade visual inferior ou igual a 20/30 em pelo menos um olho. Resultados: Nas crianças avaliadas em consulta encontramos um caso de ambliopia orgânica devido a nistagmos congénito e nenhum caso de ambliopia refractiva ou estrábica. Conclusões: Este trabalho permite verificar que um rastreio de factores de risco de ambliopia realizado em idades precoces permite na realidade diminuir a prevalência da ambliopia.
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