UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS"

Transcrição

1 UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E APLICAÇÃO DE COMPÓSITOS DE POLIPIRROL / ACETATO DE CELULOSE EM DISPOSITIVOS ELETROQUÍMICOS Autora: Juliana Angélica Pereira da Luz Orientadora: Profª Dra Silmara Neves Itatiba - SP 2006

2 Livros Grátis Milhares de livros grátis para download.

3 I UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E APLICAÇÃO DE COMPÓSITOS DE POLIPIRROL / ACETATO DE CELULOSE EM DISPOSITIVOS ELETROQUÍMICOS Autora: Juliana Angélica Pereira da Luz Orientadora: Profª Dra Silmara Neves Dissertação de mestrado apresentada à Banca Examinadora, do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Engenharia e Ciência dos Materiais, da Universidade São Francisco, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia e Ciência dos Materiais Itatiba - SP 2006

4 II FICHA CATALOGRÁFICA Luz, Juliana Angélica Pereira da. L994s Síntese caracterização e aplicação de compósitos de polipirro/acetato de celulose em dispositivos eletroquímicos / Juliana Angélica Pereira da Luz. -- Itatiba, p. Dissertação (mestrado) Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Engenharia e Ciência dos Materiais da Universidade São Francisco. Orientação de: Silmara Neves. 1. Dispositivos eletroquímicos. 2. Compósitos. 3. Polímero condutor. 4. Polipirrol. 5. Síntese template. I. Neves, Silmara. II. Título. Ficha catalográfica elaborada pelas Bibliotecárias do Setor de Processamento Técnico da Universidade São Francisco.

5 III

6 IV PUBLICAÇÕES GERADAS DURANTE O DESENVOLVIMENTO DA DISSERTAÇÃO Durante o desenvolvimento do projeto de pesquisa desta dissertação foram geradas as seguintes publicações: 1. Trabalhos publicados em eventos científicos 1.1 LUZ, J.A., FONSECA, C.P., NEVES, S., Síntese, Caracterização e Aplicação de Compósitos de Polipirrol/Acetato de Celulose, II Encontro de Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade São Francisco, Campus Itatiba, maio, LUZ, J.A., FONSECA, C.P.; NEVES, Silmara, Síntese e Caracterização de Compósitos de Polipirrol/Acetato de Celulose Obtidos Via Template. Simpósio Brasileiro de Eletroquímica e Eletroanalítica; Londrina, Paraná, ACE 06, p BROCENSCHI, R.F, LUZ, J.A., FONSECA, C.P., NEVES, S., Síntese e Caracterização de Compósitos de Polipirrol/Acetato de Celulose, 29ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, Águas de Lindóia, São Paulo, maio, LUZ, J.A.P.; BROCENSCHI, R.F.; FONSECA, C.P.; NEVES, S., Desenvolvimento de Eletrodos Baseados em Compósitos de Polipirrol/Acetato de Celulose, 17 o. Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, Foz do Iguaçu, Paraná, novembro, 2006.

7 V Aos meus pais Francisco e Nilva que me ensinaram a superar todas as dificuldades da vida e me ensinaram o dom do amor e da dedicação e as minhas queridinhas Renata e Flavia por compartilharem todos os momentos comigo.

8 VI AGRADECIMENTOS À Deus, que sempre me deu forças para lutar e sabedoria para absorver os ensinamentos de meus mestres; À Profª Dra Silmara, por sua amizade e paciência durante a orientação deste trabalho; À Profª Dra Carla por seu incentivo desde a graduação e que muito colaborou durante este trabalho; Ao meu amigo João Eduardo pelo apoio, amizade e por nossas valiosas discussões no laboratório; Ao aluno de iniciação científica Ricardo Brocenschi que muito colaborou durante o desenvolvimento deste trabalho; À doce e alegre Sheila C. Canobre, pela grande amizade, por sua companhia nas noites em que precisei realizar meus experimentos, por nossas discussões de laboratório e pelas microscopias eletrônicas de varredura; Ao Fabio pela amizade; Aos companheiros e amigos de laboratório, Mariane, Juliana, Cauê, Pamela, Nathalia e Diego; À FAPESP, ao CNPq e ao LNLS; À todos aqueles que de maneira direta ou indireta contribuíram para a conclusão deste trabalho.

9 VII LUZ, J. A. P., Síntese, Caracterização e Aplicação de Compósitos de Polipirrol/ Acetato de Celulose em Dispositivos Eletroquímicos. Itatiba, 2006, 60 p., Dissertação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais, Universidade São Francisco. RESUMO A característica mais importante dos polímeros eletricamente condutores não é somente a sua condutividade intrínseca, mas a possibilidade de variar rápido e reversivelmente o seu estado de oxidação e, conseqüentemente, a sua condutividade, desde níveis muito baixos (estados reduzidos) a níveis moderadamente altos (estado oxidado). Neste trabalho propõe-se a obtenção de filmes compósitos de polipirrol/acetato de celulose visando aplicação em dispositivos eletroquímicos de armazenamento e conversão de energia. Os compósitos de polipirrol/acetato de celulose foram obtidos via síntese template por meio da eletropolimerização do pirrol no interior dos espaços vazios da matriz hospedeira de acetato de celulose, os quais serviram como molde para o crescimento do polímero condutor. Testou-se os métodos cronoamperométrico e o potenciodinâmico e constatou-se que o método mais adequado para síntese template do polipirrol é o potenciodinâmico. Após a caracterização eletroquímica dos compósitos por voltametria cíclica, testes de carga/descarga e espectroscopia de impedância eletroquímica foi possível determinar que a membrana mais adequada à função template na síntese do polipirrol, é a de 4,31 0,09 m de espessura. Através da microscopia eletrônica de varredura observou-se a variação da porosidade das membranas de acetato de celulose em função da espessura, e constatouse que membranas com espessura acima de 1,55 m, apresentaram morfologia mais compacta. Embora o compósito polipirrol/acetato de celulose tenha apresentado reversibilidade eletroquímica em meio aquoso, o meio orgânico à base de carbonato de propileno foi considerado o mais adequado à montagem de um dispositivo eletroquímico. O comportamento predominantemente capacitivo, evidenciado em todas as caracterizações eletroquímicas, definiu a aplicação do compósito como eletrodos em supercapacitores, como sendo a mais adequada. Dessa forma, um supercapacitor do tipo I foi montado e caracterizado por meio de testes de carga/descarga com diferentes densidades de corrente. Capacidades específicas da ordem de 240 F.g -1 foram obtidas aplicando-se 10 A.cm -2, com eficiência coulômbica de, aproximadamente, 100%. Palavras-Chave: Dispositivos eletroquímicos; Compósito; Polímero condutor; Polipirrol; Síntese template.

10 VIII LUZ, J. A. P., Synthesis, Characterization and Usefulness of the Polypyrrole/ Cellulose Acetate in the Electrochemical Devices. Itatiba, 2006, 60 p., Dissertação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais, Universidade São Francisco. ABSTRACT The most important characteristic of the conducting electroactive polymers (CEP) is not only its intrinsic conducting, but also the redox transformations that take place during reversible oxidation and reduction of CEP. In this work it was proposed the obtention of polypyrrole / cellulose acetate composites taking aim the application in energy storage electrochemical devices. The polypyrrole / cellulose acetate composites were obtained by template synthesis. This template method was used to obtain a more ordered network-conducting polymer. It was verified that the electrochemical method more appropriate for polypyrrole template synthesis is the potenciodinamic. After the electrochemical characterization by cyclic voltammetry, charge/discharge tests and electrochemical impedance spectroscopy, it was possible to determine that the membrane thickness more adequate to the polypyrrole template synthesis is that of m. The difference of cellulose acetate membranes porosity and morphology was studied by scanning electronic microscopy. It was verified that cellulose acetate membranes with thickness higher than 1.55 m show a morphology more compact. The polypyrrole redox transformations were reversible independent of the medium used: organic or aqueous. The charge and discharge tests were realized in organic medium because it is the electrolyte more used in electrochemical devices. The capacitive behavior, evidenced in all electrochemical characterization, defined the application of this polypyrrole/cellulose acetate (4.31 m) composite as electrodes in supercapacitors. Then, a type I supercapacitor was mounted and characterized by charge/discharge tests with different current densities. High specific capacitance values were obtained (240 F g -1 ) at 10 A cm -2, with coulombic efficiency of 100%. Keywords: Electrochemical Devices, Composite, Conducting polymer, Polypyrrole, Template Synthesis.

11 IX SUMÁRIO RESUMO...VII ABSTRACT...VIII 1. INTRODUÇÃO REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Polímeros Condutores Síntese Template Utilização de Polímeros Condutores em Dispositivos Eletroquímicos Supercapacitores Baterias de Lítio Técnicas de Caracterização Eletroquímica Voltametria Cíclica Espectroscopia de Impedância Eletroquímica Método Cronoamperométrico e Potenciométrico OBJETIVO PARTE EXPERIMENTAL Preparação das Membranas Porosas de Acetato de Celulose Determinação da Espessura das Membranas Porosas de Acetato de Celulose Síntese Template do Compósito Polipirrol/ Acetato de Celulose Método de Síntese Cronoamperométrico Método de Síntese Potenciodinâmico Caracterização Eletroquímica do Compósito de Polipirrol/Acetato de Celulose e do Polipirrol Voltametria Cíclica Teste de Carga/Descarga Espectroscopia de Impedância Eletroquímica Microscopia Eletrônica de Varredura Montagem e Caracterização do Dispositivo Eletroquímico Teste de Carga/Descarga do Supercapacitor RESULTADOS E DISCUSSÃO Preparação das Membranas Porosas de Acetato de Celulose Síntese Template do Compósito Polipirrol/ Acetato de Celulose...34

12 X Método de Síntese Cronoamperométrico Método de Síntese Potenciodinâmico Caracterização Eletroquímica do Compósito de Polipirrol/Acetato de Celulose e do Polipirrol Voltametria Cíclica Testes de Carga/Descarga Espectroscopia de Impedância Eletroquímica Microscopia Eletrônica de Varredura Investigação da Reversibilidade Eletroquímica Montagem e Caracterização do Dispositivo Eletroquímico Testes de Carga/Descarga do Supercapacitor CONCLUSÕES PERSPECTIVAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 56

13 XI LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 Estrutura dos polímeros condutores intrínsecos mais estudados, nas formas reduzidas e não dopadas...4 Figura 2.2 Mecanismo de eletropolimerização para heterocíclicos de cinco membros, no caso, polipirrol...6 Figura 2.3 Estrutura de bandas para a forma trans-poliacetileno, contendo as formas solitônicas: (a) carregada positivamente, (b) neutra e (c) carregada negativamente...7 Figura 2.4 Modelo de bandas para um polímero condutor: (a) pôlarons e (b) bipôlarons...8 Figura 2.5 Evolução da estrutura de bandas dos polímeros condutores de acordo com o grau de dopagem (a) não dopado, (b) baixo grau de dopagem formação de pôlarons, (c) grau moderado de dopagem, formação de bipôlarons (d) e alto grau de dopagem, formação de bandas bipolarônicas...9 Figura 2.6 Comparação da condutividade dos polímeros condutores com diferentes materiais...10 Figura 2.7 Possíveis defeitos estruturais apresentados pelo polipirro...1l Figura 2.8 Esquema da síntese template da polianilina...12 Figura 2.9 Exemplo de matriz hospedeira que podem ser utilizadas na síntese template: (a) matrizes unidimensionais, (b) matrizes bidimensionais e (c) tridimensionais...13 Figura 2.10 Características genéricas esperadas para um supercapacitor do tipo I; sistema simétrico usando um polímero condutor dopado do tipo-p em cada um dos eletrodos do supercapacitor: (a) voltamograma genérico para o material ativo e (b) a linha sólida descreve o decaimento do potencial sob descarga, a corrente constante...16 Figura 2.11 Características genéricas esperadas para um supercapacitor do tipo II; um sistema assimétrico baseado em dois polímeros condutores diferentes dopados do tipo-p: (a) voltamograma e (b) curva de descarga do capacitor...17 Figura 2.12 Características esperadas para um supercapacitor do tipo III; um sistema simétrico baseado em um polímero condutor dopado tanto n como p: (a) voltamograma cíclico para um único eletrodo e (b) curva de descarga...17

14 XII Figura 2.13 Descarregamento e compensação de cargas em baterias recarregáveis com cátodo polimérico. (a) compensação de cargas feita majoritariamente por ânions e (b) compensação feita majoritariamente por cátions...21 Figura 2.14 Gráfico de Nyquist ideal para filmes de polímeros condutores...23 Figura 4.1 Rampas de velocidades utilizadas durante o espalhamento das soluções de acetato de celulose sobre substratos de ITO...27 Figura Rampas de velocidades reprovadas durante o espalhamento das soluções de acetato de celulose sobre substratos de ITO...27 Figura 4.3 Esquema ilustrativo do processo de obtenção das membranas porosas de acetato de celulose...28 Figura 4.4 Ilustração do procedimento de determinação das espessuras das membranas porosas de acetato de celulose. (a) Vista Superior e (b) vista lateral...28 Figura 5.1 Síntese cronoamperométrica do polipirrol e do compósito PPi/AC em solução aquosa contendo 20 mmol L -1 de pirrol e 0,1 mol L -1 de HCl/KCl/LiClO4; E = 0,65 V vs. Ag/AgCl...35 Figura 5.2 Voltametria cíclica estabilizada dos filmes de PPi e do compósito PPi/AC sintetizados pelo método cronoamperométrico. Eletrólito: solução aquosa 0,1 mol L -1 de HCl/KCl/LiClO 4 ; = 50 mv.s Figura 5.3 Síntese potenciodinâmica do compósito PPi/AC em solução aquosa contendo 20 mmol L -1 de pirrol e 0,1 mol L -1 de HCl/KCl/LiClO Figura Voltametria cíclica estabilizada dos filmes de PPi e do compósito PPi/AC sintetizados pelo método potenciodinâmico. Eletrólito: solução aquosa 0,1 mol L -1 de HCl/KCl/LiClO 4 ; = 50 mv.s Figura 5.5 Voltametria cíclica estabilizada dos filmes compósitos PPi/AC sintetizados pelos métodos cronoamperométrico e potenciodinâmico. Eletrólito: solução aquosa 0,1 mol L -1 de HCl/KCl/LiClO4; = 50 mv.s Figura 5.6 Voltamogramas estabilizados dos compósitos PPi/AC e do PPi depositado sobre ITO. Eletrólito : solução aquosa 0,1 mol L -1 de HCl / KCl / LiClO4; = 50 mv.s Figura 5.7 Curvas do 2 ciclo de carga/descarga dos eletrodos de PPi e compósitos PPi/AC obtidos variando-se as espessuras das membranas de acetato de celulose.

15 XIII Eletrólito: solução aquosa 0,1 mol L -1 de HCl/KCl/LiClO4; j = + 10 μa. cm -2. Potenciais de corte: 0,0 e 0,45 V v.s Ag/AgCl...41 Figura 5.8 Variação da capacidade específica do 2 ciclo de carga/descarga do PPi/AC em função da espessura da matriz template. O primeiro ponto (o de espessura) refere-se ao PPi sintetizado diretamente sobre ITO...42 Figura 5.9 Diagrama de Nyquist do PPi e compósito PPi/AC com membranas hospedeiras de várias espessuras. (a) Todo intervalo de freqüência investigado, 10 5 a 10-2 Hz; (b) ampliação da região de altas freqüências. Eletrólito: solução aquosa 0,1 mol L -1 de HCl/KCl/LiClO Figura 5.10 Microscopia eletrônica de varredura da superfície das membranas de acetato de celulose com diferentes espessuras (a) e (b) 1,55µm, (c) e (d) 4,31µm. Ampliações; (a) e (c) 850x; (b) e (d) 2.500x...44 Figura 5.11 Microscopia eletrônica de varredura de fratura da membrana de AC de 4,31 µm de espessura, aumento: 5.000x...45 Figura 5.12 Microscopia eletrônica de varredura da superfície do compósito PPi/AC em diferentes aumentos: (a) 2.000x; (b) 3.000x; (c) 5.000x e (d) x...46 Figura 5.13 (a) Voltametria cíclica do sistema PPi/AC 0,1 mol L -1 de HCl/ KCl/ LiClO4 Pt com várias velocidades de varredura de potencial. (b) gráfico da dependência da densidade da corrente de pico em função da raiz quadrada da velocidade de varredura...47 Figura 5.14 (a) Voltametria cíclica do sistema PPi/AC 0,1 mol L -1 de LiClO 4 /PC Pt com várias velocidades de varredura de potencial. (b) gráfico da dependência da densidade da corrente de pico em função da raiz quadrada da velocidade de varredura...48 Figura 5.15 Variação da capacitância específica em função da densidade de corrente aplicada e número de ciclos de carga/descarga em 0,1 mol L -1 LiClO 4 /PC...51 Figura 5.16 Curvas de descarga do supercapacitor tipo I em 0,1 mol L -1 LiClO4/ PC; j = μa. cm Figura 5.17 Teste de estabilidade do supercapacitor em 0,1 mol L -1 LiClO 4 /PC; j = + 10 μa. cm

16 XIV LISTA DE TABELAS Tabela 1 Espessuras das membranas de acetato de celulose utilizadas como template na síntese eletroquímica do polipirrol...33 Tabela 2 Parâmetros utilizados na determinação do coeficiente de difusão do LiClO4 em meio aquoso e em carbonato de propileno...49

17 XV ABREVIATURAS AC - Acetato de celulose A - Ampére BC - Banda de condução BV - Banda de valência Cesp - Capacitância específica C l - Capacitância limite EC - Carbonato de etileno PC - Carbonato de propileno Q - Carga Ď - Coeficiente de difusão Ď - Coeficiente de difusão aparente i - Corrente i p - Corrente de pico i pa - Corrente de pico anódico ipc - Corrente de pico catódico j - Densidade de corrente DMC - Dimetil carbonato η - Eficiência coulômbica ε - Energia F - Farad - Freqüência Z ( ) - Impedância complexa Z ( ) - Impedância do sistema, vetor caracterizando a parte imaginária. Z ( ) - Impedância do sistema, vetor caracterizando a parte real. m - Massa ma - Miliampère n - Número de elétrons ITO - Óxido de estanho dopado com índio ppm - Partículas por milhão

18 XVI Pi - Pirrol Pani - Polianilina PPi - Polipirrol PPi/AC - Polipirrol/Acetato de celulose E - Potencial R - Resistência Rct - Resistência de transferência de carga R e - Resistência do eletrólito R l - Resistência limite t - Tempo tc - Tempo de carga t d - Tempo de descarga V - Variação de potencial t - Variação de tempo v - Velocidade de varredura V - Voltagem - Mícron

19 1 1 INTRODUÇÃO Com o grande avanço tecnológico observado a partir do século XX, a elaboração e desenvolvimento de novos materiais tornaram-se imprescindíveis, proporcionando aos mais variados setores da indústria e da pesquisa a busca por substâncias que apresentem novas propriedades físico-químicas, menor impacto ambiental e menor custo de produção. Entre estes materiais encontram-se os polímeros condutores, que têm sido objeto de estudo há mais de 20 anos. Descobertos na década de 70, os polímeros condutores apresentam em sua estrutura molecular ligações duplas conjugadas resultando, portanto, em uma deslocalização eletrônica ao longo da cadeia polimérica [1]. Suas propriedades intrínsecas e potenciais aplicações comerciais ampliaram consideravelmente o campo de pesquisa destes materiais [2]. Nos últimos anos estes materiais vêm sendo estudados como aditivos com excelente desempenho nas áreas de interferência eletromagnética e de absorção de microondas em substituição aos materiais absorvedores convencionais [3], como sensores em função do grande número de vantagens em comparação a outros materiais [4] e em vários dispositivos eletroquímicos e eletrocrômicos [5]. A característica mais importante dos polímeros eletricamente condutores não é somente a sua condutividade intrínseca mas, a possibilidade de variar rápido e reversívelmente o seu estado de oxidação e, conseqüentemente, a sua condutividade, desde níveis muito baixos (estados reduzidos) a níveis moderadamente altos (estados oxidados). Dentre os polímeros condutores mais estudados, o polipirrol tem recebido muita atenção em função das várias possibilidades de aplicações que estão baseadas em sua mudança reversível entre os estados isolante/condutor através de processos de dopagem/desdopagem eletroquímica [6], por apresentar boas propriedades condutoras [4] e ser facilmente sintetizado via química ou eletroquímica [7]. Em particular, o polipirrol dopado exibe alta condutividade e estabilidade ambiental [8] apresentando também a possibilidade de formar homopolímero ou compósitos com ótimas propriedades mecânicas [9]. Outra propriedade interessante deste polímero é o eletrocromismo, [10] fenômeno de alteração de coloração induzido por processos

20 2 eletroquímicos reversíveis, que possibilita aplicações em dispositivos ópticos e fotoeletrocrômicos [11]. Aplicações que não dependem do eletrocromismo são propostas em sensores químicos e biológicos [1] e também no campo da medicina para distribuição contínua de medicamentos [12]. A obtenção de polímeros condutores pode ser realizada via síntese química ou eletroquímica, entretanto as propriedades condutoras destes materiais são altamente dependentes de sua micro estrutura e morfologia, sendo estes fatores determinados pelo método de síntese, contra-íon e outras variáveis que são dificilmente controladas simultaneamente [11,13]. Visando este controle de propriedades, vários autores [14-18], vêm propondo na literatura, maneiras de se obter polímeros condutores com menos defeitos estruturais, melhorando de maneira significativa as propriedades elétricas destes materiais. Dentre os métodos destaca-se a síntese template, que permite obter polímeros condutores com alto grau de orientação das cadeias, baixa presença de defeitos, resultando na intensificação de suas propriedades [11]. Neste trabalho, propõe-se a obtenção de compósitos de polipirrol por meio da síntese template, utilizando-se como matriz hospedeira membranas de acetato de celulose. O objetivo principal é diminuir, significativamente, a presença de defeitos tais como as reticulações da cadeia polimérica, intensificando, portanto, as propriedades eletroquímicas visando à aplicação destes compósitos em dispositivos eletroquímicos.

21 3 2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Polímeros Condutores Inicialmente, os materiais poliméricos eram conhecidos apenas por serem excelentes isolantes térmicos e elétricos, no entanto, estudos iniciados na década de 70 por Shirakawa e cols. [19] comprovaram um comportamento diferente para estes materiais. O poliacetileno foi o primeiro polímero a apresentar um comportamento metálico, ou seja, condutor no ano de 1977 [19]. Os pesquisadores observaram que, ao submeter o poliacetileno a vapores de iodo, sua condutividade poderia ser aumentada significativamente em até 10 ordens de grandeza. A partir desta descoberta, um grande avanço tecnológico marcou definitivamente esta área de pesquisa dos polímeros intrinsecamente condutores [20]. Os polímeros condutores apresentam uma seqüência de ligações duplas conjugadas na cadeia polimérica [21] e passam de isolantes a condutores através de processos de óxido-redução também chamados de dopagem desdopagem, os quais induzem à transição de estado isolante/condutor, através do transporte de íons para o interior e para o exterior da matriz polimérica [22]. O termo dopagem é utilizado em analogia aos semicondutores inorgânicos cristalinos, sugerindo semelhanças com os polímeros intrinsecamente condutores porém, o que difere o processo de dopagem nos polímeros é o fato de que as impurezas não são introduzidas diretamente na cadeia polimérica, mas sim nas vizinhanças, fazendo com que haja o surgimento de deformações e defeitos carregados localizados que são responsáveis pelo aumento da condutividade do polímero. A concentração de dopante pode alcançar até 50% em massa do polímero, ao contrário dos semicondutores, onde são da ordem de ppm [23]. Dentre as famílias mais estudas dos polímeros intrinsecamente condutores, encontram-se o poliacetileno, a polianilina, o polipirrol e o politiofeno, cujas estruturas, nas formas reduzidas e não dopados são apresentadas na Figura 2.1.

22 4 CH CH CH CH CH CH C H Poliacetileno N N N N H H H H Polipirrol CH 3 CH 3 CH 3 CH 3 S S S S Poli(3-metil-tiofeno) N N N N Polianilina Figura 2.1 Estrutura dos polímeros condutores intrínsecos mais estudados, nas formas reduzidas e não dopadas [23]. Os polímeros condutores podem ser originados através do processo de oxidação anódica do monômero, onde o método de síntese pode ser o químico ou o eletroquímico. Na síntese química um agente oxidante apropriado é adicionado ao sistema reacional originando a formação de um cátion radical. É importante que o agente utilizado como oxidante apresente um potencial de redução suficiente para ocasionar a oxidação do monômero. O método eletroquímico, é o método mais relatado na literatura, por ser um método simples [24], facilmente controlado e resultar em um produto mais limpo. Os métodos eletroquímicos mais relatados são: - Potenciostático: o potencial do eletrodo de trabalho é mantido constante; - Galvanostático: a corrente é mantida constante; - Potenciodinâmico: o potencial do eletrodo de trabalho é variado em um intervalo de potencial pré-definido. Todos os métodos possibilitam a obtenção de filmes finos ou espessos. As condições de síntese eletroquímica também influenciam as características estruturais e morfológicas do filme formado, bem como as suas propriedades. A

23 5 polimerização eletroquímica ocorre pela oxidação anódica do monômero sobre um eletrodo de metal inerte como platina ou ouro, vidro condutor, carbono vítreo, etc. O método eletroquímico é preferível, uma vez que o polímero torna-se mais aderente à superfície do eletrodo e o potencial a carga do polímero resultante podem ser controlados com precisão. Como mencionado anteriormente, os métodos de eletropolimerização mais utilizados são os de correntes e potencial controlados. Para a formação de um filme de polímero condutor (PPi ou Pani) o potencial pode permanecer fixo (cronoamperometria) ou pode variar dentro de um intervalo pré-determinado (voltametria cíclica) com uma velocidade de varredura de potencial de 10 a 100 mv.s -1. O eletrólito é uma solução ácida que influi decisivamente nas propriedades do polímero (massa molar, morfologia, condutividade, solubilidade, etc.). A concentração do eletrólito por exemplo influencia a taxa de eletropolimerização e a massa molar do polímero, e o tipo de ânion afeta a morfologia e a solubilidade do polímero condutor sintetizado. As propriedades físicas e a cinética de crescimento do filme polimérico dependem de parâmetros como temperatura, natureza do eletrólito utilizado e velocidade de varredura de potenciais, bem como do perfil E/t usado como perturbação. A eletropolimerização do monômero mediante varredura contínua de potencial permite estudar, durante todo processo polimérico, as características do filme eletrogerado, além de possibilitar a obtenção de filmes com maior reprodutividade [25]. A eletropolimerização tem estequiometria eletroquímica entre 2,2 e 2,6 F.mol -1, que irá depender do polímero condutor e das condições de síntese. Durante o processo são consumidos 2,0 F.mol -1, sendo a carga excedente utilizada no processo de dopagem do polímero, que ocorre simultaneamente à síntese [23]. Para heterocíclicos, leva-se em consideração a formação do cátion radical do monômero, seguida do acoplamento de dois cátions radicais com saída de dois prótons e reconstituição do sistema aromático. A reação continua com o acoplamento de cátions radicais do monômero e cátions radicais dos oligômeros formados [26]. O principal fator para obtenção de polímeros com elevado grau de conjugação é a estabilidade do cátion radical, que possibilitará sua difusão do eletrodo dando origem a oligômeros solúveis, enquanto que um cátion radical altamente reativo poderá sofrer reações colaterais. Na Figura 2.2 o

24 6 mecanismo de eletropolimerização para heterocíclicos de cinco membros, neste caso o polipirrol, é apresentado [26]. N.. - e N N. + 2 N. + N H H N H + N N -e + N -2H + -e N N... N N N n Figura 2.2 Mecanismo de eletropolimerização para heterocíclicos de cinco membros, no caso, polipirrol [26]. A condutividade elétrica dos polímeros condutores foi inicialmente explicada baseando-se no modelo de bandas semelhantes aos semicondutores inorgânicos. Em um polímero, como em um cristal, a interação da cela unitária com toda a vizinhança acarreta na formação de bandas eletrônicas [27]. Os níveis eletrônicos de maior energia ocupados constituem a banda de valência (BV) e os níveis eletrônicos de menor energia desocupados constituem a banda de condução (BC), sendo estes separados por uma faixa de energia proibida denominada de band-gap, cuja largura é o fator determinante nas propriedades intrínsecas do material [28]. Para o poliacetileno, a condutividade foi explicada assumindo-se que em uma oxidação ocorreria a remoção dos elétrons do topo da banda de valência e em uma redução a adição de elétrons na banda de condução, levando à formação de bandas semipreenchidas, como nos materiais metálicos. Porém, este modelo de bandas unidimensionais não explicava o fato da condutividade do

25 7 poliacetileno, poli(p-fenileno) e do polipirrol não estar associada aos elétrons desemparelhados, mas sim à portadores de cargas de spin zero [27]. Assim, um novo modelo foi proposto, baseando-se na existência de defeitos estruturais na cadeia, originados durante a polimerização, com a formação de radicais não dopados. O defeito deslocalizado no trans-poliacetileno, denominado sóliton neutro leva ao aparecimento de um nível eletrônico semipreenchido com um elétron no meio do band-gap. Através de processos de oxidação ou redução apresentados na Figura 2.3, é possível adicionar ou remover elétrons originando sólitons carregados com spin zero, constatando-se que a condução de elétrons envolve apenas bandas totalmente preenchidas no estado fundamental [26]. BC (a) + BV (b). oxidação BC (c) - redução BC BV BV Figura 2.3 Estrutura de bandas para a forma trans-poliacetileno, contendo as formas solitônicas: (a) carregada positivamente, (b) neutra e (c) carregada negativamente. [26, 29] No entanto, o modelo baseado em sólitons não explica o mecanismo de condução em outros polímeros, os heterocíclicos, pois estes não possuem estados fundamentais degenerados. O modelo atualmente aceito, utiliza-se de alguns conceitos físicos, que envolvem a formação de pôlarons e bipôlarons, ou seja, a formação de níveis de energia

26 8 entre a banda de condução e a banda de valência. Neste modelo, os pôlarons e bipôlarons estão livres para se movimentarem ao longo da cadeia polimérica, resultando na condutividade eletrônica [29]. Quando um elétron é removido do topo da banda de valência do polímero condutor e uma vacância é originada, ocorre a formação de um cátion radical também chamado de pôlaron. Assim, em termos químicos, um pôlaron é definido como um íon radical com carga unitária e spin igual a ½ [27] que está associado a uma distorção do retículo e à presença de estados localizados no band-gap, conforme apresentado na Figura 2.4. Na formação do pôlaron, a banda de valência permanece cheia e a de condução vazia não ocorrendo o aparecimento do caráter metálico, uma vez que, o nível parcialmente ocupado encontra-se no band-gap [28]. (a) Banda (b) Banda de condução de condução Banda de valência (a) Banda de valência (b) Figura 2.4 Modelo de bandas para um polímero condutor: (a) pôlarons e (b) bipôlarons. [30] Se um segundo elétron é retirado da cadeia, poderá ocorrer duas situações: ou o elétron é retirado da cadeia polimérica ocasionando a criação de mais um estado pôlaron ou é removido do estado pôlaron já existente. Se o elétron é removido do estado pôlaron existente, ocorrerá a formação de um bipôlaron, que é definido como um par de cargas iguais, dicátion com spin igual a zero, associado a uma forte distorção do

27 9 retículo [27, 28]. A formação de um bipôlaron é favorecida comparada à formação de dois pôlarons uma vez que o ganho de energia decorrente de duas cargas com o retículo é maior do que a repulsão coulômbica entre as cargas de mesmo sinal. Com a evolução do processo de retirada de elétrons, pode-se ter todos os estados possíveis de dopagem conforme apresentado na Figura 2.5. (a) Banda de condução (b) Banda de condução (c) Banda de condução (d) Banda de condução 3,2 ev 0,57 ev 0,53 ev 2,1 ev 0,79 ev 0,75 ev 2,7 ev 0,39 ev 0,45 ev 3,6 ev Banda Banda Banda Banda de valência de valência de valência de valência (a) (b) (c) (d) Figura 2.5 Evolução da estrutura de bandas dos polímeros condutores de acordo com o grau de dopagem (a) não dopado, (b) baixo grau de dopagem formação de pôlarons, (c) grau moderado de dopagem, formação de bipôlarons (d) e alto grau de dopagem, formação de bandas bipolarônicas [30]. Muitas possibilidades de aplicações envolvendo os polímeros condutores tem sido desenvolvidas. No início, as propriedades do poliacetileno, eram apenas uma visão exótica deste material, porém, passado este período de descoberta, este comportamento de mudança de estados isolante/condutor dopagem/desdopagem, variação das características em função da condutividade, absorção e flexibilidade abriram um campo para aplicações diversas, ou seja, os polímeros condutores representam uma alternativa interessante aos materiais tradicionais utilizados [31]. Dentre as

28 10 possibilidades de aplicações tecnológicas dos polímeros condutores encontram-se: dispositivos eletrocrômicos [32], catodos para baterias [33], supercapacitores [34], sensores eletroquímicos [35], diodos, celulas solares [36], capacitores [37, 38], anticorrosivos, membranas biomédicas [39, 40], janelas inteligentes [41], condensadores [42], etc. Uma vez discutida a condutividade em polímeros condutores, é importante citar que, a condutividade em um sólido é causada por dois fatores, sendo estes o número de portadores de cargas (elétrons/buracos) e a mobilidade destes portadores. Comparando-se a condutividade de muitos polímeros condutores com os materiais semicondutores inorgânicos, conforme Figura 2.6, podemos observar que os polímeros condutores estão na mesma faixa de grandeza destes materiais. Figura 2.6 Comparação da condutividade dos polímeros condutores com diferentes materiais [43]. O que difere os polímeros condutores dos semicondutores inorgânicos é o número de portadores de carga e a sua mobilidade. Enquanto nos semicondutores é observado um número de portadores de carga da ordem de a portadores/cm -3 os polímeros condutores podem apresentar de a portadores/cm -3. No entanto, a mobilidade dos portadores de carga nos materiais semicondutores inorgânicos é muito maior do que a encontrada nos polímeros condutores, principalmente devido ao grande número de defeitos estruturais encontrados na cadeia polimérica, tais como reticulações e desordenamento [23], comprometendo sua condutividade eletrônica. Estes possíveis defeitos podem ser exemplificados com o polímero condutor polipirrol na Figura 2.7. O crescimento ideal das cadeias poliméricas seria através do acoplamento nas posições 2 e 5 dos átomos de carbono do anel pirrólico para que as

29 11 ligações simples e duplas fossem maximizadas, porém o que é observado são acoplamentos em átomos de carbonos do anel ramificado, diminuindo assim a mobilidade dos portadores de carga, e, conseqüentemente, comprometendo a condutividade eletrônica. O H N carbonyl Grupo carbonila group N H H N N H hydrogenation Hidrogenação N H H H N N N N N N N OH N N N Grupamento OHinseriion OH Figura 2.7 Possíveis defeitos estruturais apresentados pelo polipirrol [23]. Visando esta minimização de defeitos estruturais, diversos grupos de pesquisa vêm propondo ao longo dos últimos anos a obtenção de polímeros condutores encapsulados dentro de uma matriz hospedeira com dimensões nanométricas através de uma polimerização in situ [23], conhecida como síntese template [44-46]. 2.2 Síntese Template A síntese template, relatada pela primeira vez no ano de 1949 por Dickey [23], consiste no encapsulamento do material a ser sintetizado no interior dos espaços vazios de uma matriz hospedeira que irá determinar a forma, o tamanho e, em alguns casos, a orientação espacial do material sintetizado [23, 44, 47]. Na Figura 2.8, o esquema

30 12 ilustrando a síntese template da polianilina em uma matriz unidimensional é apresentado. Figura 2.8 Esquema da síntese template da polianilina [23]. Esta metodologia tem sido muito explorada para se obter materiais em escalas nanométricas [48, 49, 50]. Quando a matriz hospedeira utilizada durante a síntese não se dissolve, isto é, quando as dimensões da fase polimérica sintetizada permanecem delimitadas pelas dimensões dos espaços vazios da matriz hospedeira, normalmente da ordem de nanômetros, o resultado é a formação de nanocompósitos ou compósitos. Estes novos materiais, avançados e inovadores, apresentam aplicações tecnológicas promissoras em diversas áreas, em função de suas propriedades que se diferem daquelas exibidas em seus componentes individuais [44, 51, 52]. A síntese template assemelha-se, portanto, a reações do tipo hospedeiro/convidado onde o convidado é sintetizado em um hospedeiro com tamanho e forma determinados, tornando possível a organização e a estabilização de materiais em micro/nanoescalas sem provocar mudanças substanciais na estrutura do hospedeiro. Conseqüentemente, a utilização deste método envolve a seleção criteriosa da matriz hospedeira, bem como, a escolha do material a ser sintetizado em seu interior. Na literatura são reportados vários tipos de materiais que podem ser utilizados como matrizes hospedeiras, podendo ser materiais orgânicos, inorgânicos e organometalicos, de estruturas unidimensionais filamento: grafite, zeólitas, etc; bidimensionais

31 13 lamelas: grafite, camadas de óxidos, calcogenetos, etc ou tridimensionais: vidros porosos, membranas porosas, zeólitas, etc [47]. As dimensões destas matrizes podem variar de 5 a 10 4 Å, os espaços interlamelares com variação de 3 a 50 Å e os diâmetros com cavidades de 6 a 10 4 Å [23]. Na Figura 2.9, apresenta-se alguns exemplos de materiais que podem ser utilizados como matrizes hospedeiras para a síntese template. (a) (b) (c) Tubos de grafite Fosfato de metais tetravalentes Galerias de argilas pilarizadas Membranas Nuclepore Filmes LB orgânico e inorgânico Peneiras de carbono Canais de uréia Óxidos lamelares Vidros porosos Túneis de fosfazenio Haletos lamelares Zeólitas, peneira molecular Zeólitas Calcogenetos lamelares Micelas Peneiras moleculares Argilas Cavidades poliméricas Canais poliméricos alinhados Grafite Gaiolas de proteínas Membranas poliméricas (a) (b) (c) Figura 2.9 Exemplo de matrizes hospedeiras que podem ser utilizadas na síntese template: (a) matrizes unidimensionais, (b) matrizes bidimensionais e (c) tridimensionais [23]. Como exemplo de matriz hospedeira polimérica, pode-se citar o acetato de celulose. O acetato de celulose é um polímero amorfo, não tóxico e inodoro, resistente a ácidos fracos, estável em óleos minerais e permeável a vapor d água e a álcool, além disto é um material que permite a fácil obtenção de filmes com estrutura porosa [53]. De Paoli e cols. [23] em 1991, prepararam um compósito de polianilina/acetato de celulose, e constataram que o acetato de celulose não alterou os processos redox e eletrocrômicos da polianilina. Isso se dá ao fato da membrana de acetato de celulose ser constituída por uma rede de poros que diminuem de tamanho à medida que se aproxima da interface membrana/substrato [23]. Desde 1999 o acetato de celulose tem sido utilizado no Laboratório de Caracterização e Aplicação de Materiais LCAM,

32 14 Universidade São Francisco, como matriz hospedeira na síntese template de polímeros condutores, comprovando sua viabilidade de aplicação [54-56]. 2.3 Utilização de Polímeros Condutores em Dispositivos Eletroquímicos As perspectivas de aplicações de polímeros condutores têm crescido consideravelmente nos últimos anos [26]. Sua utilização em dispositivos eletroquímicos é extensivamente investigada devido à alta capacidade de armazenamento de carga destes materiais. Aplicações como catodos para baterias e em supercapacitores são relatadas a seguir Supercapacitores Supercapacitores são dispositivos de armazenamento e conversão de energia, que satisfazem, um caminho complementar à necessidade de alta carga e energia específica, respectivamente [57]. São dispositivos similares a baterias [58] e que a muitos anos são estudados. As primeiras patentes datam de 1957 onde trata-se de um dispositivo baseado em carbono ativo de elevada área superficial descrito por Becker [30]. Polianilina e polipirrol são reportados na literatura como materiais utilizados em eletrodos para supercapacitores, sendo o polipirrol amplamente conhecido por ser anodicamente eletroativo [40]. Estes materiais são conhecidos comercialmente e cientificamente como capacitor de dupla camada, capacitor eletroquímico, supercapacitores, ultracapacitor, etc. No entanto o nome está relacionado com o princípio de armazenamento de energia que é dividido em dois tipos distintos, os de dupla camada e o redox [30, 59]. Supercapacitores, ou capacitores redox, baseiam-se na pseudocapacitância, onde uma rápida transferência de carga faradaica ocorre no material do eletrodo [60, 61]. Nos supercapacitores de dupla camada, por exemplo nos baseados em carbono ativo, a capacitância tem origem na separação dos elétrons e das cargas iônicas na interface entre o eletrodo com a alta área específica e o eletrólito, a reação faradaica não contribui nos processos de carga e descarga.

33 15 Rudge e cols. [62] descreveram a existência de três tipos diferentes de supercapacitores que podem ser constituídos de polímeros condutores. As características eletroquímicas destes três tipos de supercapacitores são apresentadas nas Figuras 2.10, 2.11 e Para cada tipo considerado é apresentado também o respectivo voltamograma generalizado de um único eletrodo, formado por um polímero condutor que atua como material ativo, Figuras 2.10(a), 2.11(a) e 2.12(a), com o correspondente decaimento de potencial esperado na curva de descarga a corrente constante de um supercapacitor, Figuras 2.10(b), 2.11(b) e 2.12(b). As formas esquemáticas dos voltamogramas apresentadas em todas as figuras são características de polímeros condutores, os quais podem sofrer conversões de um estado desdopado para um estado dopado. Tipicamente, tais conversões eletroquímicas estão associadas com os picos apresentados nos voltamogramas. As quedas de potenciais à corrente constante, mostradas na parte (b) das Figuras 2.10 e 2.11, foram construídas para cada caso através dos voltamogramas genéricos. A energia, ε, liberada durante a descarga do dispositivo, pode ser calculada através da área sob a curva atual de descarga, conforme a equação (2.1). ε= i V dt (2.1) capacitor (V). Onde i é a corrente de descarga constante (A) e V a voltagem medida através do Para um supercapacitor do tipo I, conforme Figura 2.10, o material ativo que constitui os eletrodos são iguais, ou seja, filme de polímero condutor dopado tipo-p. Se o supercapacitor é inteiramente carregado, um dos filmes estará na forma desdopada, e o outro na forma totalmente dopada, e o potencial de cela é V 1. Durante a descarga do supercapacitor o filme desdopado se oxida (torna-se dopado: linha cheia) enquanto que, o dopado se reduz (torna-se desdopado: linha tracejada), Figura 2.10(a), até que ambos atinjam uma diferença de potencial igual a zero. Assim, a carga liberada na descarga, Q 1, é metade da carga do estado completamente dopado.

34 16 Figura 2.10 Características genéricas esperadas para um supercapacitor do tipo I; sistema simétrico usando um polímero condutor dopado do tipo-p em cada um dos eletrodos do supercapacitor: (a) voltamograma genérico para o material ativo e (b) a linha sólida descreve o decaimento do potencial sob descarga, a corrente constante [62]. Na Figura 2.11 é apresentado um esquema para o supercapacitor do tipo II, onde dois polímeros condutores diferentes, dopados do tipo -p, são usados como material ativo nos dois eletrodos. A seleção destes polímeros ocorre em função da diferença de potencial sob o qual eles se tornam dopados, conforme apresentado na voltametria cíclica, Figura 2.11(a). Esta configuração proporciona um aumento na faixa de potencial do supercapacitor no estado totalmente carregado, V 2, e conseqüentemente uma maior quantidade de carga liberada durante a descarga do supercapacitor, Q2. A densidade de energia é maior que a observada para o supercapacitor do tipo I, fato este observado pelo aumento na área da curva de decaimento de potencial, Figura 2.11(b).

35 17 Figura 2.11 Características genéricas esperada para um supercapacitor do tipo II; um sistema assimétrico baseado em dois polímeros condutores diferentes dopados do tipo p: a) voltamograma e b) curva de descarga do capacitor [62]. Em um supercapacitor do tipo-iii, conforme a Figura 2.12, o potencial de cela é muito maior. Neste caso os polímeros condutores utilizados são dopados do tipo p e n. Quando o supercapacitor é carregado, um eletrodo está completamente dopado-p e o outro está totalmente dopado -n. Como resultado o potencial de cela inicial é aumentado a V3, Figura 2.12, e a carga Q3 é liberada durante a descarga do supercapacitor. Quando a cela está completamente descarregada, ambos eletrodos estão em seu estado desdopado. Figura 2.12 Características esperadas para um supercapacitor do tipo III; um sistema simétrico baseado em um polímero condutor dopado tanto n como p: a) voltamograma cíclico para um único eletrodo e b) curva de descarga [62].

36 18 O supercapacitor do tipo III possui duas vantagens em relação aos supercapacitores do tipo I e II. Primeiramente, a densidade de potência na descarga deste dispositivo é muito maior, em função de ambos os eletrodos quando carregados estarem no estado dopado, ou seja, no estado condutor. Em contra partida nos supercapacitores do tipo I e II, onde um dos filmes poliméricos está no estado desdopado (estado de baixa condutividade) há uma alta resistência interna no dispositivo. Em segundo, nos supercapacitores do tipo III toda a carga é liberada em alto potencial de cela, aumentando a energia liberada [30]. Apresentados os possíveis tipos de supercapacitores, discutiremos a seguir as características de uma bateria Baterias de Lítio A primeira descrição de uma bateria eletroquímica foi feita pelo italiano Alessandro Volta em Tal "descoberta" representa o marco na história da eletroquímica e, particularmente, na história dos dispositivos denominados genericamente baterias. Desde então, um notável progresso tem sido feito na área de armazenamento eletroquímico de energia. Uma bateria pode ser definida como um dispositivo capaz de converter a energia liberada em uma reação química em energia elétrica. Apresentam duas funções principais, a primeira é agir como uma fonte portátil de potencia elétrica e a segunda, que tem crescido em importância nos últimos trinta anos, baseia-se na habilidade de determinados sistemas eletroquímicos de armazenar a energia suprida por uma fonte externa. Tais baterias são usadas, em veículos elétricos, fontes de emergência, como parte de um sistema de fornecimento de curta duração para demandas em pico e em conjunção com fontes renováveis de energia, por exemplo, solar ou eólica. Atualmente, é possível enumerar uma grande variedade de dispositivos englobados na categoria de baterias: células metal-ar, metal-hidreto metálico (Ni-HM), níquel-cádmio (Ni-Cd), células térmicas, íons lítio, e outras [63].

37 19 As baterias podem ser do tipo primárias, não recarregáveis, ou secundárias, recarregáveis. Particularmente as baterias secundárias representam um maior interesse devido à grande demanda atual de aparelhos celulares e microcomputadores portáteis. Para o desenvolvimento efetivo de uma bateria de alta densidade de energia é necessária a utilização de materiais eletródicos de alta capacidade de carga. Assim os metais alcalinos são escolhas óbvias neste sentido e a maioria das baterias produzidas atualmente é baseada nesses metais como eletrodos negativos. O lítio é um dos mais atrativos candidatos a materiais anódicos, por combinar um potencial termodinâmico do eletrodo favorável, com uma capacidade específica muito alta 3,86 A h g -1 ou 7,23 A h cm -3, além do baixo custo e disponibilidade. Como resultado da sua natureza eletropositiva, o lítio reduz rapidamente a água, e células com ânodo de lítio geralmente utilizam eletrólitos não aquosos, como carbonato de propileno e metil-propil carbonato, entre outros [63]. Nos anos 70 descobriu-se que compostos de intercalação poderiam ser utilizados como eletrodos em dispositivos secundários de lítio, estes compostos são sólidos capazes de incorporar reversivelmente átomos ou moléculas dentro de sua estrutura sem sofrer grandes variações estruturais [63, 64], no entanto alguns problemas relacionados ao ânodo de lítio metálico surgiram, e o interesse por esta configuração diminuiu. Quando o lítio é eletroquimicamente depositado no ânodo de lítio durante o recarregamento do dispositivo, esse depósito é mais poroso que o metal original, o que acarreta em problemas como corrosão e formação de dendritos, diminuindo a vida útil do dispositivo [63]. O principal problema dos dispositivos secundários contendo lítio metálico como ânodo pode ser discutido através do aumento da área da interface eletrodo/eletrólito no decorrer dos ciclos de carga/descarga. Como esta interface não é termodinamicamente estável, a célula vai se tornando mais sensível as variáveis térmicas, mecânicas e elétricas. Este problema é facilmente contornado com a utilização de dispositivos denominados íons lítio. O sistema consiste em dois eletrodos de intercalação, altamente reversíveis, onde a área superficial do ânodo em dispositivos práticos é de aproximadamente 1m 2 g -1 e aparentemente não aumenta com os ciclos. Este sistema íons-li, produzindo pela Sony na década de 90, também denominado sistema

38 20 secundário rocking chair ou swing, teve um grande crescimento uma vez que as reações de célula essencialmente transportam íons lítio de um eletrodo para outro de forma reversível [63]. O desempenho de um dispositivo de íons-li é limitado principalmente pelos materiais catódico e eletrólito, tendo em vista as propriedades do lítio como eletrodo negativo. Diversos materiais catódicos vem sendo investigados entres eles encontram-se os materiais inorgânicos, óxidos de metais de transição (OMT) e os materiais orgânicos (polímeros intrinsecamente condutores e eletrodos sólidos de polimerização redox ou organo tióis). A utilização de polímeros condutores como materiais eletroativos em baterias secundarias têm se desenvolvido amplamente [64]. Para ser utilizado como eletrodo, o polímero condutor precisa apresentar alta quantidade de dopante por unidade de massa e unidade de volume; boa reversibilidade nos processos direto e inverso de dopagem; difusão rápida de dopante na matriz polimérica; alto potencial para dopante do tipo-p e baixo para dopante do tipo-n; estabilidade química, eletroquímica, térmica, facilidade de manuseio e alta condutividade [63]. Das seis configurações possíveis para baterias utilizando polímeros condutores, três utilizam o cátion produzido pela descarga do ânodo para a compensação de cargas no cátodo. Tais configurações apresentam a vantagem de não necessitar de grandes quantidades de eletrólito, utilizando freqüentemente membranas finas com polímeros condutores iônicos, o que diminui a massa e o volume da bateria, aumentando sua capacidade especifica. Na Figura 2.13 são apresentadas duas configurações para baterias utilizando o polímero condutor polianilina [63].

39 21 (a) (b) ( ) Carga e ( ) Descarga Figura 2.13 Descarregamento e compensação de cargas em baterias recarregáveis com cátodo polimérico. a) Compensação de cargas feita majoritariamente por ânions e b) compensação feita majoritariamente por cátions. [63] No caso (a) o polímero empregado no cátodo utiliza predominantemente ânions no processo de compensação de cargas necessita de um reservatório para armazenar os cátions liberados pelo ânodo e os ânions expelidos pelo cátodo, no caso (b) a compensação de cargas é feita por cátions liberados pelo ânodo e o eletrólito pode ser uma membrana fina. 2.4 Técnicas de Caracterização Eletroquímica A seguir são relatados os princípios de algumas técnicas eletroquímicas utilizadas para a caracterização de materiais e dispositivos de armazenamento e conversão de energia Voltametria Cíclica A voltametria cíclica é uma ferramenta fundamental nos estudos e diagnósticos de processos eletroquímicos em condições variáveis. Mesmo quando não é utilizada em

40 22 análises quantitativas rotineiras, é importante para o estudo de mecanismos e velocidades de processos redox e freqüentemente evidencia a presença de intermediários nestas reações. Em geral é a primeira técnica a ser utilizada na investigação de um sistema eletroquímico, é muito utilizada na caracterização de polímeros condutores por fornecer informações a respeito dos seguintes parâmetros, relacionados à eletroatividade do material: corrente e potencial dos picos anódicos e catódicos; a quantidade de carga Q trocada reversivelmente nos processos de oxidação e redução e a dependência das correntes de pico (faradaícas) e capacitivas com a velocidade de varredura [65] Espectroscopia de Impedância Eletroquímica A técnica de espectroscopia de impedância eletroquímica oferece informações a respeito das diferentes constantes de tempo associadas aos processos eletroquímicos do eletrodo, sendo possível relacioná-las a componentes de um circuito elétrico, como resistores, capacitores ou indutores [66]. O princípio da técnica consiste em introduzir no sistema uma perturbação senoidal de tensão, de pequena amplitude e de freqüência, de modo a estudar a reação do sistema no estado estacionário. Da aplicação de uma pequena perturbação num ponto de equilíbrio, teoricamente, é possível explorar a resposta por meio de equações linearizadas. A impedância do sistema é representada por um vetor caracterizado por uma parte real [R ( )] e por uma parte imaginária [R Im( )] onde j = (-1) 1/2. Essa grandeza vetorial representa o defasamento entre o sinal senoidal do potencial imposto ao sistema (E) e o sinal senoidal da corrente medida (I). O módulo da impedância é representado pela razão E/ I ( ). Desta forma, a impedância complexa é representada pela equação 2.2. Z ( ) = R ( ) + R Im ( ) (2.2)

41 23 Figura 2.14 Gráfico de Nyquist ideal para filmes de polímeros condutores. A representação de um espectro de impedância eletroquímica é geralmente feita através de um diagrama de Nyquist [R ( ), R Im ( )], representado na Figura No gráfico de Nyquist ideal para filmes de polímeros condutores, representado na Figura 2.14 encontramos três regiões distintas conforme a freqüência decai: Em limites de altas-médias freqüências (KHz) a resposta está associada a processos que ocorrem na interface eletrodo/eletrólito. O efeito de relaxação de transferência de carga é mostrado no diagrama, como um semicírculo centrado sobre o eixo Z. A primeira interseção com o eixo Z, em mais altas freqüências, representa a resistência do eletrólito (Re), a segunda é a chamada resistência de transferência de carga (Rct). Esta faixa do espectro corresponde à região de controle cinético da reação, isto é, a corrente é limitada pela cinética de transferência de elétrons. Em limites de médias freqüência (Hz), o diagrama de Nyquist apresenta uma linha reta com inclinação igual a 45 o em relação ao eixo real, sendo denominada de impedância de Warburg. Nesta região a impedância é controlada por uma difusão linear semi-infinita. A resistência que representa a parte da energia dissipada no processo de difusão dos íons no polímero, é a chamada resistência limite, R l.

42 24 Em limites de baixas freqüências (mhz), o transporte de matéria (difusão) é progressivamente limitado em favor de um acúmulo de carga. A impedância do sistema se aproxima de uma resposta puramente capacitiva, chamada de capacitância limite (C l ). Esta mudança é devido à saturação de carga do filme e depende da sua espessura. A capacitância em baixa freqüência é a medida da capacidade de armazenamento de carga do filme polimérico [67, 68] Método Cronoamperométrico e Cronopotenciométrico A cronoamperometria é uma técnica eletroquímica que consiste no registro da corrente gerada (i) pela oxidação ou redução de espécies, devido a um potencial externo aplicado, em função do tempo t, onde a carga Q, envolvida no processo pode ser calculada através da área sob a curva [69]. Na cronopotenciometria procede-se de maneira inversa, ou seja, registra-se o potencial gerado em função da aplicação de uma corrente externa por unidade de área, em função do tempo t. Esta técnica é utilizada nos testes de carga e descarga e a partir do valor de massa do material ativo, da corrente aplicada e do intervalo de tempo de carga e descarga é possível calcular a capacidade específica de armazenamento e liberação de carga, respectivamente.

43 25 3 OBJETIVOS O objetivo principal desta dissertação foi a investigação da influência dos parâmetros da síntese template, tais como espessura das matrizes hospedeiras e método eletroquímico empregado para obtenção dos filmes compósitos, na eletroatividade do polipirrol, visando a aplicação em dispositivos de armazenamento e conversão de energia, mais especificamente, em capacitores eletroquímicos.

44 PARTE EXPERIMENTAL Preparação das Membranas Porosas de Acetato de Celulose Para a preparação das membranas porosas de AC (Aldrich) dissolveu-se 8% (% em massa) do polímero em ácido acético (Aldrich). As membranas porosas de AC foram produzidas pela técnica de spin-coating (Spinner Headway Research modelo PWM32). A Figura 4.1 ilustra as rampas de velocidades utilizadas durante o espalhamento das soluções de acetato de celulose. Para minimizar as perdas, gotejou-se 150 μl desta solução numa área de 1 cm 2 do substrato condutor de ITO - (vidro recoberto com uma camada condutora de óxido de estanho dopado com índio) que teve como finalidade promover o crescimento do polipirrol por meio de processos redox. Diversas membranas foram preparadas, no entanto, apenas quatro 4.1 (a), 4.1 (b), 4.1 (c) e 4.1 (d) com diferentes espessuras apresentaram características satisfatórias, ou seja, boa homogeneidade e aderência ao substrato ITO. Membrana A Membrana B 1000 (A) 2000 (B) rotação / rpm rotação / rpm tempo / s (a) tempo / s (b)

45 27 Membrana C Membrana D 3000 (C) (D) 3200 rotação / rpm rotação / rpm tempo / s tempo / s (c) (d) Figura 4.1 Rampas de velocidades utilizadas durante o espalhamento das soluções de acetato de celulose sobre substratos de ITO. Dentre as condições estudadas que não apresentaram boa homogeneidade e aderência ao substrato, e conseqüentemente não utilizadas para a síntese do compósito, duas são apresentadas na figura 4.2 (a) e (b) (E) 5000 (F) rotação / rpm rotação / rpm tempo / s tempo / s (a) (b) Figura 4.2 Rampas de velocidades reprovadas durante o espalhamento das soluções de acetato de celulose sobre substratos de ITO.

46 28 Após a etapa de espalhamento das soluções em diferentes velocidades os filmes foram imersos imediatamente em água deionizada que atuou como não-solvente, promovendo a inversão de fase, conforme esquema ilustrado na Figura 4.2. Não-solvente Spin-coating Inversão de Fase Spinner Membrana Porosa Figura 4.3 Esquema ilustrativo do processo de obtenção das membranas porosas de acetato de celulose. 4.2 Determinação da Espessura das Membranas Porosas de Acetato de Celulose A espessura das membranas A, B, C e D foram determinadas através de um rugosímetro (Alpha-Step). A medida tem como princípio a varredura linear do substrato e da membrana por uma fina agulha. O sistema é acoplado a um registrador x-y que permite a determinação do degrau entre a varredura do substrato e o filme que corresponde à sua espessura, conforme ilustra a Figura 4.3. Figura 4.4 Ilustração do procedimento de determinação da espessura das membranas porosas de acetato de celulose. (a) Vista superior e (b) vista lateral.

47 Síntese Template do Compósito Polipirrol/Acetato de Celulose O polímero condutor foi sintetizado no interior dos poros das membranas de acetato de celulose, de diferentes espessuras (A a D) por meio de métodos eletroquímicos. As matrizes hospedeiras foram imersas em solução aquosa contendo 20 mmol L 1 de pirrol (Aldrich), 0,1 mol L -1 de KCl (Aldrich) e 0,1 mol L -1 de HCl (Merck). Dois métodos de síntese foram investigados, o cronoamperométrico e o potenciodinâmico, descritos a seguir. Em ambos os métodos utilizou-se uma cela eletroquímica contendo três eletrodos. Como eletrodo de trabalho utilizou-se a membrana porosa de acetato de celulose aderida ao substrato condutor de ITO, utilizou-se uma placa de platina como contra-eletrodo, Ag/AgCl como eletrodo de referência para meio aquoso. A síntese foi controlada utilizando-se um potenciostato PGSTAT30 (AutoLab-EcoChemie) Método de Síntese Cronoamperométrico O potencial foi fixado em 0,65 V vs. Ag/AgCl até que se atingisse uma carga de deposição de, aproximadamente, 20 mc cm -2, que corresponde a 0,01390 mg de polipirrol Método de Síntese Potenciodinâmico O intervalo de potencial foi fixado entre -0,3 e 0,9 V vs. Ag/AgCl e a velocidade de varredura em 50mV s -1. O número de ciclos foi o necessário para chegar-se a uma carga de deposição de, aproximadamente, 20 mc cm -2. Para fins comparativos o polipirrol também foi depositado diretamente sobre o substrato de ITO, exatamente nas mesmas condições de síntese.

48 Caracterização Eletroquímica do Compósito Polipirrol/Acetato de Celulose e do Polipirrol A caracterização eletroquímica, tanto dos filmes compósitos de PPi/AC quanto do PPi foi realizada em solução aquosa 0,1 mol L -1 de HCl, 0,1 mol L -1 de KCl e 0,1 mol L -1 de LiClO 4 e em meio orgânico de carbonato de propileno, PC (Aldrich), também contendo 0,1 mol L -1 de LiClO4 (Aldrich). Em todos os casos, a cela eletroquímica foi montada com a seguinte configuração: PPi ou PPi/AC 0,1 mol L -1 HCl + KCl + LiClO4 Pt PPi ou PPi/AC 0,1 mol L -1 LiClO4 em PC Pt Voltametria Cíclica Os voltamogramas foram registrados com velocidade de varredura de 50 mv.s -1, no intervalo de potencial de -0,5 a 0,6V vs Ag/AgCl. Para a investigação da reversibilidade eletroquímica do sistema, o intervalo de potencial foi mantido constante, variando-se a velocidade de varredura entre 1 e 100 mv s -1 (1, 5, 15, 25, 50, 75 e 100 mv s -1 ) Testes de Carga/Descarga Os filmes foram submetidos a ciclos de carga/descarga, utilizando-se uma densidade de corrente de 10 A.cm -2, com potenciais de corte de 0 e 0,45V vs Ag/AgCl. As medidas foram efetudas, utilizando-se uma cela eletroquímica contendo três eletrodos, conforme descrito anteriormente, e um potenciostato PGSTAT30 (AutoLab-EcoChemie).

49 Espectroscopia de Impedância Eletroquímica Os filmes compósitos foram caracterizados por espectroscopia de impedância eletroquímica no potencial de circuito aberto. As medidas foram executadas após a estabilização do sistema no potencial aplicado, ou seja, após 1800 segundos. Perturbações senoidais foram aplicadas com amplitudes de +0,010V na faixa de freqüência entre 10-2 e 10 5 Hz. Neste caso, utilizou-se um potenciostato PGSTAT 30 com módulo FRA (AUTOLAB EcoChemie). 4.5 Microscopia Eletrônica de Varredura As micrografias foram registradas utilizando um microscópio eletrônico de varredura JEOL modelo JSM-5900LV LNLS / Campinas. Previamente, os filmes poliméricos foram metalizados com uma fina camada de ouro, por meio de sputter coater, SCD modelo 50. Micrografias de fratura foram registradas utilizando um microscópio eletrônico de varredura JEOL modelo JSM-5900LV LNLS / Campinas. As placas de ITO contendo os compósitos foram mergulhadas em N 2 líquido e em seguida, fraturadas. Os pedaços de ITO que possuíam as fraturas mais uniformes foram metalizados com uma fina camada de ouro, por meio de um sputter coater, SCD modelo Montagem e Caracterização do Dispositivo Eletroquímico Montou-se um supercapacitor do tipo I. A cela eletroquímica constituiu de dois eletrodos paralelos contendo filmes de compósitos de PPi/AC, conforme configuração a seguir: PPi/AC 0,1 mol L -1 LiClO4 PC PPi/AC

50 Testes de Carga/Descarga do Supercapacitor Utilizou-se uma cela eletroquímica composta por dois eletrodos contendo o mesmo material ativo PPi/AC e um eletrodo de dupla junção como referência. A cela foi acoplada a um potenciostato PGSTAT 30 (AutoLab-EcoChemie). Para avaliarmos o desempenho eletroquímico do supercapacitor, o protótipo foi submetido a 250 ciclos de carga e descarga. Duas densidades de corrente foram investigadas, + 10 e 100 μa cm -2.

51 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Preparação das Membranas Porosas de Acetato de Celulose Durante a preparação das membranas observou-se que, em alguns casos, o efeito de borda e falta de homegeneidade eram extremamente significativos, além do descolamento do substrato ITO, que ocorria logo após o período de evaporação do solvente. No entanto, após inúmeros testes variando-se as rampas de velocidade no processo de preparação das membranas por spin-coating, foi possível obter membranas com boa homogeneidade e aderência ao substrato, após a evaporação da água deionizada utilizada como não-solvente. A espessura das membranas foi determinada em um profilômetro ou rugosímetro, através de várias varreduras paralelas. A Tabela 1 apresenta as espessuras determinadas para as membranas de acetato de celulose, bem como a estimativa do desvio padrão dos valores. Tabela 1 Espessuras das membranas de acetato de celulose utilizadas como template na síntese eletroquímica do polipirrol. Espessura das Membranas / m A B C D 4,32 2,58 1,54 0,85 4,32 2,56 1,59 0,79 4,39 2,55 1,50 0,89 4,38 2,62 1,55 0,87 4,13 2,59 1,58 0,88 Média 4,31 2,58 1,55 0,86 Estimativa do Desvio Padrão + /- 0,09 0,02 0,03 0,04 Desta maneira, pôde-se investigar a influência da espessura da matriz hospedeira na síntese template do polipirrol.

52 Síntese Template do Compósito Polipirrol/Acetato de Celulose Durante a eletrossíntese do compósito PPi/AC, tanto pelo método cronoamperométrico quanto potenciodinâmico, observou-se uma mudança na coloração da membrana de acetato de celulose, de transparente para preto, evidenciando a formação do PPi no interior dos poros da matriz hospedeira. Os filmes compósitos apresentaram visualmente boa aderência ao substrato e homogeneidade. Com o intuito de determinar qual o método de síntese eletroquímica mais adequado ao crescimento do polipirrol no interior dos poros da matriz template de acetato de celulose, a viabilidade de cada método foi verificada por voltametria cíclica, comparando-se os voltamogramas obtidos com filmes de PPi sintetizados sem restrição espacial, diretamente sobre o substrato de ITO, com os do compósito PPi/AC obtidos via template Método de Síntese Cronoamperométrico O potencial escolhido, 0,65 V vs. Ag/AgCl, foi o suficiente para oxidar e rereduzir as espécies de interesse, neste caso, o pirrol. A Figura 5.1 apresenta os perfis cronoamperométricos registrados na síntese do PPi e do compósito PPi/AC.

53 PPi PPi/AC i / ma t / s Figura 5.1 Síntese cronoamperométrica do polipirrol e do compósito PPi/AC em solução aquosa contendo 20 mmol L -1 de pirrol e 0,1 mol L -1 de HCl/KCl/LiClO 4 ; E = 0,65 V vs. Ag/AgCl. Como pode-se observar na Figura 5.1, um tempo maior de síntese do compósito foi necessário para atingir a mesma carga de deposição do polipirrol. Isto ocorre devido à restrição espacial que a matriz template impõe ao crescimento do polímero condutor, pois, esse crescimento ocorre a partir do substrato, percorrendo a espessura da membrana de acetato de celulose, em direção à superfície. A eletroatividade de ambos os filmes foi comparada através da voltametria cíclica, Figura 5.2.

54 36 0,3 0,2 PPi PPi/AC j / ma.cm -2 0,1 0,0-0,1-0,2-0,6-0,4-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 E / V vs. Ag/AgCl Figura Voltametria cíclica estabilizada dos filmes de PPi e do compósito PPi/AC sintetizados pelo método cronoamperométrico. Eletrólito: solução aquosa 0,1 mol L -1 de HCl/KCl/LiClO 4 ; = 50 mv s -1. A membrana de acetato de celulose é um material eletroquimicamente inerte não apresentando, portanto, processos faradaícos no intervalo de potencial investigado [23]. A voltametria cíclica do filme de PPi foi caracterizada por uma larga onda anódica, por volta de 0,10 V, que foi associada com a transformação do estado de oxidação isolante para o condutor. Uma onda achatada no intervalo entre 0,10 e 0,30 V, observada na varredura catódica, corresponde à transição inversa. No filme PPi/AC, a definição e aumento nos valores de corrente, resultantes dos processos redox do polipirrol são evidentes e refletem uma intensificação da eletroatividade no compósito Método de Síntese Potenciodinâmico A síntese potenciodinâmica é baseada na varredura de potencial num intervalo pré-determinado e, suficiente para oxidar o monômero. O número de ciclos de varredura depende da carga de deposição pretendida. A Figura 5.3 apresenta os ciclos potenciodinâmicos realizados para síntese do PPi/AC.

55 j / ma.cm ciclo 1 ciclo -1-0,4-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 E / V vs. Ag/AgCl Figura 5.3 Síntese potenciodinâmica do compósito PPi/AC em solução aquosa contendo 20 mmol L -1 de pirrol e 0,1 mol L -1 de HCl/KCl/LiClO4. Para a síntese do PPi com a mesma carga de deposição, foram necessários apenas 3 ciclos voltamétricos em função da inexistência de restrição espacial ao crescimento do polímero condutor. Comparando-se a eletroatividade dos filmes sintetizados diretamente sobre o substrato condutor e com a matriz template de acetato de celulose, pode-se observar que os filmes compósitos, PPi/AC, apresentam maiores valores de correntes, catódica e anódica e o caráter capacitivo é também mais evidenciado. Isto pode ser relacionado com o fato de que o polímero obtido sem restrição espacial, apresenta uma maior concentração de defeitos ao longo da cadeia polimérica, tais como reticulações, comprometendo de maneira significativa a condutividade do polímero. A eletroatividade do PPi e PPi/AC sintetizados potenciodinamicamente é apresenta na Figura 5.4.

56 38 0,6 PPi PPi/AC j / ma.cm -2 0,3 0,0-0,3-0,6-0,6-0,4-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 E / V vs. Ag/AgCl Figura Voltametria cíclica estabilizada dos filmes de PPi e do compósito PPi/AC sintetizados pelo método potenciodinâmico. Eletrólito: solução aquosa 0,1 mol L -1 de HCl/KCl/LiClO 4 ; = 50 mv s -1. Comparando-se a eletroatividade do polipirrol sintetizado pelos diferentes métodos, Figura 5.5, observa-se um aumento do caráter capacitivo quando o método potenciodinâmico é utilizado. Fica evidente também, a intensificação dos processos eletroquímicos no filme compósito, decorrente da restrição espacial imposta pela membrana de acetato de celulose. Acredita-se que a intensificação da eletroatividade dos compósitos obtidos potenciodinamicamente seja devido a um preenchimento gradativo da matriz hospedeira pelo polímero condutor, diferente do que acontece no método cronoamperométrico onde a mesma carga de deposição é atingida em, aproximadamente, 230 segundos.

57 39 0,8 0,6 cronoamperométrico potenciodinâmico 0,4 j / ma.cm -2 0,2 0,0-0,2-0,4-0,6-0,6-0,4-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 E / V vs. Ag/AgCl Figura Voltametria cíclica estabilizada dos filmes compósitos PPi/AC sintetizados pelos métodos cronoamperométrico e potenciodinâmico. Eletrólito: solução aquosa 0,1 mol L -1 de HCl/KCl/LiClO 4 ; = 50 mv s -1. Como o método potenciodinâmico foi o que originou filmes de polipirrol e PPi/AC com melhores propriedades eletroquímicas, o método cronoamperométrico foi descartado, dando-se continuidade à caracterização eletroquímica dos filmes obtidos com o método eleito. 5.3 Caracterização Eletroquímica do Compósito Polipirrol/Acetato de Celulose e do Polipirrol A influência da espessura da membrana de AC, nas propriedades eletroquímicas do polipirrol sintetizado no seu interior foi investigada através de voltametria cíclica, testes de carga/descarga e espectroscopia de impedância eletroquímica. Os resultados são apresentados a seguir Voltametria cíclica Os voltamogramas obtidos a partir de filmes de PPi e compósitos PPi/AC com diferentes espessuras são apresentados na Figura 5.6.

58 40 j / ma.cm -2 0,9 0,6 0,3 0,0-0,3 AC 4,31 m AC 2,58 m AC 1,55 m AC 0,86 m Sobre ITO -0,6-0,6-0,4-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 E / V vs. Ag/AgCl Figura 5.6 Voltamogramas estabilizados dos compósitos PPi/AC e do PPi depositado sobre ITO. Eletrólito: solução aquosa 0,1 mol L -1 de HCl / KCl / LiClO 4 ; = 50 mv s -1. É possível identificar na Figura 5.6 um aumento da eletroatividade do polímero condutor em função da espessura da matriz hospedeira. Nas membranas mais espessas (2,58 e 4,31 m) observa-se um aumento do caráter capacitivo evidenciado pela indefinição dos processos redox Testes de Carga/Descarga O desempenho eletroquímico dos eletrodos compósitos em função da espessura das matrizes hospedeiras foi investigado através de testes de carga/descarga, como apresentado na Figura 5.7. Para evitar a sobreoxidação do polipirrol estabeleceu-se, baseado nos voltamogramas cíclicos da Figura 5.6, 0,45 V como potencial de corte.

59 41 E / V vs. Ag/AgCl 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 Sobre ITO AC 0,86 m AC 1,55 m AC 2,58 m AC 4,31 m 0, t / s Figura 5.7 Curvas do 2 ciclo de carga/descarga dos eletrodos de PPi e compósitos PPi/AC obtidos variando-se as espessuras das membranas de acetato de celulose. Eletrólito: solução aquosa 0,1 mol L -1 de HCl/KCl/LiClO4; j = + 10 μa cm -2. Potenciais de corte: 0,0 e 0,45 V v.s Ag/AgCl. A partir dos dados da Figura 5.7 foi possível calcular a capacidade específica dos filmes, em função da espessura da matriz hospedeira, utilizando a equação 5.1: (5.1) onde: C esp é a capacidade específica (mah.g -1 ), i é a corrente aplicada (ma), Δt é a variação de tempo (h), e m é a massa do polímero condutor (g), calculada a partir da carga de deposição.

60 Carga Descarga C esp / mah.g Espessura AC / m Figura 5.8 Variação da capacidade específica do 2 ciclo de carga/descarga do PPi/AC em função da espessura da matriz template. O primeiro ponto (0 de espessura) refere-se ao PPi sintetizado diretamente sobre ITO. Observa-se, na Figura 5.8, que a capacidade específica do compósito depende da espessura da matriz hospedeira atingindo maiores valores para as membranas de acetato de celulose mais espessas. Pode-se observar também que a capacidade de descarga para membranas mais espessas é maior que a capacidade de carga, com isto a eficiência coulômbica expressa pela equação 5.2 [70], é de 100% até espessuras de 1,55 m, sendo um indicativo de que os filmes mais espessos necessitam de um condicionamento maior para atingir o equilíbrio entre o armazenamento e a liberação de carga. (5.2) onde : t D é o tempo de descarga (s), t C refere-se ao tempo de carga (s).

61 Espectroscopia de Impedância Eletroquímica A Figura 5.9 apresenta os gráficos de Nyquist para o eletrodo compósito em função da espessura da matriz template, e para o polímero condutor depositado diretamente sobre o substrato condutor de ITO Hz 200 Z'' / k.cm Z' / k.cm 2 Sobre ITO AC 0,86 m AC 1,55 m AC 2,58 m AC 4,31 m Z'' /.cm Hz 1Hz Z' /.cm 2 (a) (b) Figura 5.9 Diagramas de Nyquist do PPi e compósito PPi/AC com membranas hospedeiras de várias espessuras. (a) Todo intervalo de freqüências investigado, 10 5 a 10-2 Hz; (b) ampliação da região de altas freqüências. Eletrólito: solução aquosa 0,1 mol L -1 de HCl/KCl/LiClO 4. Constatamos na Figura 5.9 o aumento do caráter capacitivo do polipirrol em função do aumento da espessura da matriz hospedeira já observado através da voltametria cíclica. Este comportamento é evidenciado na região de médias e baixas freqüências, onde somente a parte imaginária aumenta com o decréscimo freqüência, tendendo a ficar paralela ao eixo y. Na região de altas freqüências, Figura 5.9 (b), observa-se a diminuição do semicírculo com o aumento da espessura do template de acetato de celulose indicando que a resistência à transferência de carga diminui. Este fato também indica que a restrição espacial ao crescimento do polímero condutor e, o

62 44 aumento da área superficial do PPi exposta ao eletrólito são mais eficazes em membranas hospedeiras com espessura acima de 1,55 m. Com o intuito de verificar se realmente ocorreram alterações na morfologia das membranas de acetato de celulose em função da espessura, utilizou-se a microscopia eletrônica de varredura. 5.4 Microscopia Eletrônica de Varredura As microestruturas das membranas de acetato de celulose com 1,55 e 4,31 m de espessura, utilizadas como matrizes template na síntese eletroquímica do PPi são apresentadas na Figura 5.10, em duas ampliações. (a) (b) (c) (d) Figura 5.10 Microscopia eletrônica de varredura da superfície das membranas porosas de acetato de celulose com diferentes espessuras (a) e (b) 1,55 μm, (c) e (d) 4,31 μm. Ampliações: (a) e (c) 850x; (b) e (d) 2.500x.

63 45 Na Figura 5.10 podemos notar diferenças de porosidade à medida que aumentamos a espessura das membranas de acetato de celulose. Uma maior concentração de poros é observada na membrana com 4,31 m de espessura, Figura 5.10 (c) e (d), em relação à de 1,55 m, Figura 5.10 (a) e (b). Este aumento de porosidade pode ser relacionado à velocidade do processo de inversão de fase, que é mais lento, quanto maior a espessura do filme. Esta lentidão é atribuída ao maior caminho percorrido pelo não-solvente (água), em direção ao interior do filme de acetato de celulose, ocasionando uma gelificação mais suave e, conseqüentemente, a formação de uma membrana mais compacta, com poros relativamente menores e em maior proporção. Na Figura 5.11 apresenta-se a microscopia eletrônica de varredura da fratura da membrana de acetato de celulose com 4,31 µm de espessura. Figura 5.11 Microscopia eletrônica de varredura da fratura da membrana de AC com 4,31 µm de espessura, aumento 5.000x. A morfologia do compósito pode ser observada na Figura 5.12.

64 46 (a) (b) (c) (d) Figura 5.12 Microscopia eletrônica de varredura da superfície do compósito PPi/AC em diferentes aumentos: (a) 2.000x; (b) 3.000x; (c) 5.000x e (d) x. É possível verificar que o preenchimento dos poros da matriz hospedeira é apenas parcial e que, nas condições de síntese utilizadas, todo polipirrol permanece encapsulado no interior da membrana hospedeira sendo esta, uma das possíveis razões para o melhor desempenho eletroquímico constatado com este compósito. Com base nas informações obtidas por meio da caracterização eletroquímica e por microscopia eletrônica de varredura, conclui-se que a membrana mais adequada à função template para a síntese do polipirrol é a de 4,31 m de espessura. Portanto, todos os demais experimentos envolvendo o compósito PPi/AC foram realizados utilizando membranas de acetato de celulose com 4,31 m de espessura.

Figura 10. Estrutura geral da Polianilina (PAN), mostrando as unidades reduzidas (ganha elétrons) e oxidadas (perde elétrons).

Figura 10. Estrutura geral da Polianilina (PAN), mostrando as unidades reduzidas (ganha elétrons) e oxidadas (perde elétrons). 3. Polianilina 3.1. Introdução A polianilina (PAN) engloba uma família de compostos onde anéis de caráter aromático ou quinona (anéis de seis átomos de carbono C 6 H 4 ) são conectados entre si por átomos

Leia mais

ELETROQUÍMICA. Prof a. Dr a. Carla Dalmolin

ELETROQUÍMICA. Prof a. Dr a. Carla Dalmolin ELETROQUÍMICA Prof a. Dr a. Carla Dalmolin TÉCNICAS DE DEGRAU E VARREDURA DE POTENCIAL Degrau e Impulso Degrau: alteração instantânea no potencial ou na corrente de um sistema eletroquímico A análise da

Leia mais

Polímeros Condutores. POLIPIRROLE (PPy) Mestrado Integrado em Engenharia Química Grupo: 5 Monitor: António Carvalho Supervisor: José Martins

Polímeros Condutores. POLIPIRROLE (PPy) Mestrado Integrado em Engenharia Química Grupo: 5 Monitor: António Carvalho Supervisor: José Martins Polímeros Condutores POLIPIRROLE (PPy) Mestrado Integrado em Engenharia Química Grupo: 5 Monitor: António Carvalho Supervisor: José Martins Introdução Polímeros Condutores extrínsecos Condutores intrínsecos

Leia mais

ELETROQUÍMICA. Prof a. Dr a. Carla Dalmolin

ELETROQUÍMICA. Prof a. Dr a. Carla Dalmolin ELETROQUÍMICA Prof a. Dr a. Carla Dalmolin CONCEITOS BÁSICOS Eletroquímica Fenômenos químicos associados à transferência de cargas elétricas Duas semi-reações de transferência de carga em direções opostas

Leia mais

3º - CAPÍTULO: RESULTADOS e DISCUSSÃO

3º - CAPÍTULO: RESULTADOS e DISCUSSÃO 3º - CAPÍTUL: RESULTADS e DISCUSSÃ 39 40 3 3.1 - Estudo de Dependência do ph na Formação do Filme 3.1.1 - Comportamento Eletroquímico de Ácido 4-HFA Voltametria cíclica em solução aquosa contendo o par

Leia mais

ELETRODOS DE CVR/POLÍMERO CONDUTOR PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA BATERIA TODA POLIMÉRICA

ELETRODOS DE CVR/POLÍMERO CONDUTOR PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA BATERIA TODA POLIMÉRICA ELETRODOS DE CVR/POLÍMERO CONDUTOR PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA BATERIA TODA POLIMÉRICA Carla Dalmolin *, Sonia R. Biaggio, Nerilso Bocchi, Romeu C. Rocha-Filho Laboratório de Pesquisas em Eletroquímica (LaPE)

Leia mais

SEMICONDUTORES. Condução Eletrônica

SEMICONDUTORES. Condução Eletrônica Condução Eletrônica SEMICONDUTORES A corrente elétrica é resultante do movimento de partículas carregadas eletricamente como resposta a uma força de natureza elétrica, em função do campo elétrico aplicado.

Leia mais

Eletrodo redox. Eletrodos construídos com metais inertes: platina, ouro, paládio. do sistema de óxido-redução presente na solução.

Eletrodo redox. Eletrodos construídos com metais inertes: platina, ouro, paládio. do sistema de óxido-redução presente na solução. Eletrodo redox Para sistemas de óxido-redução. Eletrodos construídos com metais inertes: platina, ouro, paládio Atuam como fontes ou depósito de elétrons transferidos a partir do sistema de óxido-redução

Leia mais

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA Luana Lacy Mattos ELETRODOS DE POLIANILINA PARA APLICAÇÃO EM PSEUDOCAPACITORES Tese submetida

Leia mais

Eletroquímica. Métodos/Técnicas - Eletroquímicas. Físico-química III/DAQBI/UTFPR - João Batista Floriano. Técnicas Eletroquímicas

Eletroquímica. Métodos/Técnicas - Eletroquímicas. Físico-química III/DAQBI/UTFPR - João Batista Floriano. Técnicas Eletroquímicas Métodos/Técnicas - s Técnicas s Interface Eletrodo/ solução Métodos Estacionários (I = 0) Métodos Dinâmicos (I 0) Solução Eletrolítica Titração Potenciométrica Potenciometria Potencial Controlado Potencial

Leia mais

ELETROQUÍMICA. Prof a. Dr a. Carla Dalmolin

ELETROQUÍMICA. Prof a. Dr a. Carla Dalmolin ELETROQUÍMICA Prof a. Dr a. Carla Dalmolin MÉTODOS DE IMPEDÂNCIA Espectroscopia de Impedância Eletroquímica Aplicada à caracterização de processos de eletrodo e de interfaces complexas Deve ser utilizada

Leia mais

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA HILDO HENRIQUE GREDIAGA CAPUCCI

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA HILDO HENRIQUE GREDIAGA CAPUCCI UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA HILDO HENRIQUE GREDIAGA CAPUCCI INVESTIGAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE 2,5-DIMERCAPTO-1,3,4-TIADIAZOLNAS PROPRIEDADES ELETROQUÍMICAS DE POLIPIRROL E NANOTUBOS DE CARBONO UBERLÂNDIA

Leia mais

Minicurso: Medição de ph e Íons por Potenciometria

Minicurso: Medição de ph e Íons por Potenciometria Minicurso: por Potenciometria Instrutor: Nilton Pereira Alves São José dos Campos 29/05/2010 1/37 Instrutor: Nilton Pereira Alves Técnico químico ECOMPO SJC - SP Bacharel em Química Oswaldo Cruz SP Mestre

Leia mais

Ligações Atômicas e Bandas de Energia. Livro Texto - Capítulo 2

Ligações Atômicas e Bandas de Energia. Livro Texto - Capítulo 2 40 Ligações Atômicas e Bandas de Energia Livro Texto - Capítulo 2 Ligação Atômica 41 Porque estudar a estrutura atômica? As propriedades macroscópicas dos materiais dependem essencialmente do tipo de ligação

Leia mais

ESTADO SÓLIDO. paginapessoal.utfpr.edu.br/lorainejacobs. Profª. Loraine Jacobs

ESTADO SÓLIDO. paginapessoal.utfpr.edu.br/lorainejacobs. Profª. Loraine Jacobs ESTADO SÓLIDO lorainejacobs@utfpr.edu.br paginapessoal.utfpr.edu.br/lorainejacobs Profª. Loraine Jacobs Ligações Metálicas Os metais são materiais formados por apenas um elemento e apresentam uma estrutura

Leia mais

Eletroquímica. Coulometria

Eletroquímica. Coulometria Eletroquímica Coulometria Tipos de métodos eletroanalíticos Métodos Eletroanalíticos Métodos Interfaciais Métodos Não-Interfaciais Estáticos Dinâmicos Condutimetria Titulações Condutimétricas Potenciometria

Leia mais

PMT Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia 2º semestre de 2005

PMT Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia 2º semestre de 2005 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais PROPRIEDADES ELÉTRICAS DOS MATERIAIS PMT 2100 - Introdução à Ciência dos Materiais para Engenharia

Leia mais

Índice. Agradecimentos... Prefácio da Edição Revisada... Prefácio...

Índice. Agradecimentos... Prefácio da Edição Revisada... Prefácio... Índice Agradecimentos... Prefácio da Edição Revisada... Prefácio... VII IX XI CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO... 1 1.1 Definição da Corrosão... 1 1.2 Importância Econômica da Corrosão... 3 1.3 Análise Econômica

Leia mais

CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA - IV REGIÃO (SP)

CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA - IV REGIÃO (SP) CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA - IV REGIÃO (SP) Medição de ph e íons por potenciometria Ministrante: Nilton Pereira Alves Quimlab Química Contatos: nilton@quimlab.com.br Apoio São José dos Campos, 29 de

Leia mais

CARACTERIZAÇÃO POR VOLTAMETRIA CÍCLICA E SÍNTESE QUÍMICA DE POLIANILINA NA FORMA ESMERALDINA

CARACTERIZAÇÃO POR VOLTAMETRIA CÍCLICA E SÍNTESE QUÍMICA DE POLIANILINA NA FORMA ESMERALDINA CARACTERIZAÇÃO POR VOLTAMETRIA CÍCLICA E SÍNTESE QUÍMICA DE POLIANILINA NA FORMA ESMERALDINA T. C Rodrigues [1], T. L. A. de C. Rocha [2], C. K. Santin [1,2], G. L. Batista [3] 1.Escola Politécnica. Engenharia

Leia mais

QUÍMICA DE MATERIAIS CRISTALINOS AMORFOS AULA 01: INTRODUÇÃO A QUÍMICA DOS MATERIAIS

QUÍMICA DE MATERIAIS CRISTALINOS AMORFOS AULA 01: INTRODUÇÃO A QUÍMICA DOS MATERIAIS QUÍMICA DE MATERIAIS AULA 01: INTRODUÇÃO A QUÍMICA DOS MATERIAIS TÓPICO 04: SÓLIDOS AMORFOS E CRISTALINOS Os sólidos têm forma e volume definidos, possuem baixa compressibilidade, são densos, e apresentam

Leia mais

Estudo das reações químicas para geração de energia.

Estudo das reações químicas para geração de energia. Estudo das reações químicas para geração de energia. Células Galvânicas (Pilhas e Baterias): Conversão de Energia Química em Energia Elétrica (Reações Espontâneas) Células Eletrolíticas: Conversão de Energia

Leia mais

Eletrônica Geral. Diodos Junção PN. Prof. Daniel dos Santos Matos

Eletrônica Geral. Diodos Junção PN. Prof. Daniel dos Santos Matos Eletrônica Geral Diodos Junção PN Prof. Daniel dos Santos Matos 1 Introdução Os semicondutores são materiais utilizados na fabricação de dispositivos eletrônicos, como por exemplo diodos, transistores

Leia mais

MATERIAIS POLIMÉRICOS COMO ELETRÓLITOS PARA CÉLULAS A COMBUSTÍVEL: GERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE FONTES RENOVÁVEIS

MATERIAIS POLIMÉRICOS COMO ELETRÓLITOS PARA CÉLULAS A COMBUSTÍVEL: GERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE FONTES RENOVÁVEIS EXATAS E DA TERRA MATERIAIS POLIMÉRICOS COMO ELETRÓLITOS PARA CÉLULAS A COMBUSTÍVEL: GERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE FONTES RENOVÁVEIS PAZ LOPEZ, Dennis Paul. Estudante do Curso de Engenharia de Energias

Leia mais

Estrutura atômica e ligação interatômica. Profa. Daniela Becker

Estrutura atômica e ligação interatômica. Profa. Daniela Becker Estrutura atômica e ligação interatômica Profa. Daniela Becker Referências Callister Jr., W. D. Ciência e engenharia de materiais: Uma introdução. LTC, 5ed., cap 2, 2002. Shackelford, J.F. Ciências dos

Leia mais

Propriedades Elétricas. Condutores

Propriedades Elétricas. Condutores Propriedades Elétricas Condutores Condutores - 0 K Nivel de Fermi Estados vazios Estados preenchidos Mar (Gás) de Fermi Bandas cheias e gaps (abaixo) Condutividade Elétrica em CONDUTORES (Metais) Metais:

Leia mais

Oxidação térmica e processos PECVD

Oxidação térmica e processos PECVD 5 Oxidação térmica e processos PECVD 2012 5.1. Introdução Contexto (das aulas) Contexto (nosso processo) 5.2. Oxidação Térmica do Silício 5.3. Deposição de SiO 2 por PECVD 1 Contexto da aula Obtenção de

Leia mais

Potencial de Eletrodo Parte I

Potencial de Eletrodo Parte I Potencial de Eletrodo Parte I 1. Gentil V. Corrosão. 3 edição. 2. Denaro A. R. Fundamentos de eletroquímica. Ed Edgar Blucher Ltda e Ed. Universidade de São Paulo, Brasil, 1974. 3. Ander P. e Sonnessa

Leia mais

Estudo de Transporte de Carga de Polímeros de Polianilina

Estudo de Transporte de Carga de Polímeros de Polianilina Ronald Marcos Arcos Padilla Estudo de Transporte de Carga de Polímeros de Polianilina Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa

Leia mais

DISCIPLINA DE QUÍMICA

DISCIPLINA DE QUÍMICA DISCIPLINA DE QUÍMICA OBJETIVOS: 1ª série Traduzir linguagens químicas em linguagens discursivas e linguagem discursiva em outras linguagens usadas em Química tais como gráficos, tabelas e relações matemáticas,

Leia mais

1 Introdução O diborato de titânio (TiB 2 )

1 Introdução O diborato de titânio (TiB 2 ) 1 Introdução 1.1. O diborato de titânio (TiB 2 ) O diborato de titânio (TiB 2 ) é um composto cerâmico de estrutura hexagonal onde os átomos de boro formam uma rede ligada covalentemente na matriz do titânio

Leia mais

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil CARACTERIZAÇÃO ELETROQUÍMICA E ESTRUTURAL DO COMPÓSITO DE POLIANILINA/POLIDMCT/NTC SINTETIZADO QUIMICAMENTE VISANDO À APLICAÇÃO COMO ELETRODOS EM SUPERCAPACITORES SIMÉTRICOS. F.F.S. Xavier*; F.A. do Amaral;

Leia mais

EVOLUÇÃO MORFOLÓGICA DE FILMES FINOS DE ZnO CRESCIDOS POR RF MAGNETRONS SPUTTERING

EVOLUÇÃO MORFOLÓGICA DE FILMES FINOS DE ZnO CRESCIDOS POR RF MAGNETRONS SPUTTERING EVOLUÇÃO MORFOLÓGICA DE FILMES FINOS DE ZnO CRESCIDOS POR RF MAGNETRONS SPUTTERING MORPHOLOGICAL EVOLUTION OF ZnO THIN FILMS GROWN BY RF MAGNETRON SPUTTERING Michel Chaves, Andressa M. Rosa, Érica P. da

Leia mais

ELETROQUÍMICA. Prof a. Dr a. Carla Dalmolin

ELETROQUÍMICA. Prof a. Dr a. Carla Dalmolin ELETROQUÍMICA Prof a. Dr a. Carla Dalmolin CINÉTICA E MECANISMOS DAS REAÇÕES ELETROQUÍMICAS Eletrodo Transferência de Elétrons O + e R 5. Transferência de elétrons k c O 1. Difusão k d,o k a O Para uma

Leia mais

HIDROMETALURGIA E ELETROMETALURGIA. Prof. Carlos Falcão Jr.

HIDROMETALURGIA E ELETROMETALURGIA. Prof. Carlos Falcão Jr. HIDROMETALURGIA E ELETROMETALURGIA Prof. Carlos Falcão Jr. de um sólido em fase aquosa natureza do sólido (iônico, covalente ou metálico) processo: físico químico eletroquímico de redução eletrolítico

Leia mais

5.1. Estudos preliminares e otimização.

5.1. Estudos preliminares e otimização. 106 5 Resultados: Determinação de azoxistrobina e dimoxistrobina por voltametria adsortiva de redissolução catódica em eletrodo de gota pendente de mercúrio e varredura no modo de onda quadrada. 5.1. Estudos

Leia mais

Lista de Figuras. Figura 4.2. Figura 4.3.

Lista de Figuras. Figura 4.2. Figura 4.3. i Lista de Figuras Figura 1.1. Representação esquemática das reações químicas envolvidas na preparação dos precursores orgânicos... 12 Figura 1.2. Esquema representativo da eletrooxidação da molécula de

Leia mais

Aula 18 Condução de Eletricidade nos Sólidos

Aula 18 Condução de Eletricidade nos Sólidos Aula 18 Condução de Eletricidade nos Sólidos Física 4 Ref. Halliday Volume4 Sumário Capítulo 41: Condução de Eletricidade nos Sólidos Propriedades Elétricas dos Sólidos Níveis de Energia em um Sólido Cristalino

Leia mais

Física Experimental III

Física Experimental III Física Experimental III Primeiro semestre de 2017 Aula 2 - Experimento 1 Página da disciplina: https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=34541 21 de março de 2017 Experimento I - Circuitos el etricos

Leia mais

PROPRIEDADES ELETROQÚIMICAS DE FILMES FINOS DE Nb 2 O 5 PRODUZIDOS PELO MÉTODO PECHINI

PROPRIEDADES ELETROQÚIMICAS DE FILMES FINOS DE Nb 2 O 5 PRODUZIDOS PELO MÉTODO PECHINI 28 de junho a 1º de julho de 2004 Curitiba-PR 1 PROPRIEDADES ELETROQÚIMICAS DE FILMES FINOS DE Nb 2 O 5 PRODUZIDOS PELO MÉTODO PECHINI M.A.C. Berton 1,*, J. P. de Oliveira 1, C.O. Avellaneda 2 e L.O.S

Leia mais

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL INSTITUTO DE QUÍMICA E BIOTECNOLOGIA - IQB. Fred Augusto Ribeiro Nogueira

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL INSTITUTO DE QUÍMICA E BIOTECNOLOGIA - IQB. Fred Augusto Ribeiro Nogueira UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL INSTITUTO DE QUÍMICA E BIOTECNOLOGIA - IQB SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE DERIVADOS DE POLIPIRROL PARA APLICAÇÃO EM DISPOSITIVOS ELETROQUÍMICOS Fred Augusto Ribeiro

Leia mais

COMPÓSITOS POLIMÉRICOS PARA MODELAGEM DE CORRENTES DE DENSIDADE NÃO CONSERVATIVAS EM TANQUES DE SIMULAÇÃO HIDRÁULICA

COMPÓSITOS POLIMÉRICOS PARA MODELAGEM DE CORRENTES DE DENSIDADE NÃO CONSERVATIVAS EM TANQUES DE SIMULAÇÃO HIDRÁULICA PUCRS PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS Faculdade de Engenharia Faculdade

Leia mais

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA ELETRÔNICA 1 - ET74C Prof.ª Elisabete Nakoneczny Moraes

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA ELETRÔNICA 1 - ET74C Prof.ª Elisabete Nakoneczny Moraes UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA ELETRÔNICA 1 ET74C Prof.ª Elisabete Nakoneczny Moraes Aula 2 FORMAÇÃO DO DIODO SEMICONDUTOR Curitiba, 8 março de 2017.

Leia mais

Física dos Materiais FMT0502 ( )

Física dos Materiais FMT0502 ( ) Física dos Materiais FMT0502 (4300502) 1º Semestre de 2010 Instituto de Física Universidade de São Paulo Professor: Antonio Dominguesdos Santos E-mail: adsantos@if.usp.br Fone: 3091.6886 http://plato.if.usp.br/~fmt0502n/

Leia mais

Métodos Eletroanalíticos. Condutometria

Métodos Eletroanalíticos. Condutometria Métodos Eletroanalíticos Condutometria Tipos de métodos eletroanalíticos Métodos Eletroanalíticos Métodos Interfaciais Métodos Não-Interfaciais Estáticos Dinâmicos Condutimetria Titulações Condutimétricas

Leia mais

Aluno turma ELETRÔNICA ANALÓGICA AULA 01

Aluno turma ELETRÔNICA ANALÓGICA AULA 01 Aluno turma ELETRÔNICA ANALÓGICA AULA 01 Capítulo 1 Semicondutores A área de estudo que chamamos de eletrônica abrange uma grande área, sistemas analógicos, sistemas digitais, sistemas de comunicação,

Leia mais

5.1. Estudos preliminares e otimização.

5.1. Estudos preliminares e otimização. 105 5 Resultados: Determinação de azoxistrobina e dimoxistrobina por voltametria adsortiva de redissolução catódica em eletrodo de gota pendente de mercúrio e varredura no modo de onda quadrada. 5.1. Estudos

Leia mais

DETECTORES DE RADIAÇÃO

DETECTORES DE RADIAÇÃO DETECTORES DE RADIAÇÃO PARTE 1 PAULO R. COSTA Detectores de radiação Transdutores Produção de sinal elétrico Aumento da temperatura Mudança de cor Surgimento de danos nos cromossomos Identificar Presença

Leia mais

Aula 01 Propriedades Gerais dos Materiais

Aula 01 Propriedades Gerais dos Materiais Universidade Federal de Santa Catarina Departamento de Engenharia Elétrica Materiais Elétricos - Teoria Aula 01 Propriedades Gerais dos Materiais Clóvis Antônio Petry, professor. Florianópolis, setembro

Leia mais

Prof. Willyan Machado Giufrida Curso de Engenharia Química. Ciências dos Materiais. Comportamento Elétrico

Prof. Willyan Machado Giufrida Curso de Engenharia Química. Ciências dos Materiais. Comportamento Elétrico Prof. Willyan Machado Giufrida Curso de Engenharia Química Ciências dos Materiais Comportamento Elétrico Portadores de cargas e condução A condução de eletricidade nos materiais ocorre por meio de espécies

Leia mais

Materiais Semicondutores

Materiais Semicondutores Materiais Semicondutores 1 + V - V R.I A I R.L A L Resistividade (W.cm) Material Classificação Resistividade ( ) Cobre Condutor 10-6 [W.cm] Mica Isolante 10 12 [W.cm] Silício (S i ) Semicondutor 50.10

Leia mais

Programa de Pós-Graduação em Química IQ USP Exame de Capacidade 2º Semestre de Prova de Conhecimentos Gerais em Química. Caderno de Questões

Programa de Pós-Graduação em Química IQ USP Exame de Capacidade 2º Semestre de Prova de Conhecimentos Gerais em Química. Caderno de Questões Programa de Pós-Graduação em Química IQ USP Exame de Capacidade 2º Semestre de 2013 Prova de Conhecimentos Gerais em Química Caderno de Questões Nome do candidato: Instruções: Escreva seu nome de forma

Leia mais

Eletroquímica. Coulometria

Eletroquímica. Coulometria Eletroquímica Coulometria Tipos de métodos eletroanalíticos Métodos Eletroanalíticos Métodos Interfaciais Métodos Não-Interfaciais Estáticos Dinâmicos Condutimetria Titulações Condutimétricas Potenciometria

Leia mais

Estudo das reações químicas para geração de energia.

Estudo das reações químicas para geração de energia. Estudo das reações químicas para geração de energia. Células Galvânicas (Pilhas e Baterias): Conversão de Energia Química em Energia Elétrica (Reações Espontâneas) Células Eletrolíticas: Conversão de Energia

Leia mais

Física III. Capítulo 02 Eletrostática. Técnico em Edificações (PROEJA) Prof. Márcio T. de Castro 18/05/2017

Física III. Capítulo 02 Eletrostática. Técnico em Edificações (PROEJA) Prof. Márcio T. de Castro 18/05/2017 Física III Capítulo 02 Eletrostática Técnico em Edificações (PROEJA) 18/05/2017 Prof. Márcio T. de Castro Parte I 2 Átomo Átomo: sistema energético estável, eletricamente neutro, que consiste em um núcleo

Leia mais

Propriedades elétricas em Materiais

Propriedades elétricas em Materiais FACULDADE SUDOESTE PAULISTA Ciência e Tecnologia de Materiais Prof. Msc. Patrícia Correa Propriedades elétricas em Materiais PROPRIEDADES ELÉTRICAS CONDUTIVIDADE e RESISTIVIDADE ELÉTRICA ( ) É o movimento

Leia mais

INTRODUÇÃO À ELETROQUÍMICA Prof. Dr. Patricio R. Impinnisi Departamento de engenharia elétrica UFPR

INTRODUÇÃO À ELETROQUÍMICA Prof. Dr. Patricio R. Impinnisi Departamento de engenharia elétrica UFPR INTRODUÇÃO À ELETROQUÍMICA Prof. Dr. Patricio R. Impinnisi Departamento de engenharia elétrica UFPR REAÇÕES ELETROQUÍMICAS Uma reação eletroquímica é um processo químico heterogêneo (que envolve uma interface

Leia mais

Ciências dos materiais- 232

Ciências dos materiais- 232 1 Ciências dos materiais- 232 2 a aula - Ligações químicas - Estruturas Cristalinas Quinta Quinzenal Semana par 10/03/2015 1 Professor: Luis Gustavo Sigward Ericsson Curso: Engenharia Mecânica Série: 5º/

Leia mais

REAÇÕES DE ÓXIDO-REDUÇÃO

REAÇÕES DE ÓXIDO-REDUÇÃO REAÇÕES DE ÓXIDO-REDUÇÃO A Química Analítica moderna tem por base a medida dos Sinais Analíticos, relacionados às transformações de propriedades dos materiais ao longo de uma Análise Química. Entre estes

Leia mais

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES - 102-6 RESULTADOS E DISCUSSÕES A seguir, são apresentados os resultados e discussões obtidos nos ensaios de eletrocoagulação da emulsão óleo-água sintética. Os parâmetros iniciais de cada experimento

Leia mais

Eletromagnetismo Aplicado

Eletromagnetismo Aplicado Eletromagnetismo Aplicado Unidade 3 Prof. Marcos V. T. Heckler 1 Conteúdo Introdução Materiais dielétricos, polarização e permissividade elétrica Materiais magnéticos, magnetização e permeabilidade magnética

Leia mais

MONTAGEM E CARACTERIZAÇÃO DE UMA PILHA DE COMBUSTÍVEL DE BOROHIDRETO/PERÓXIDO DE HIDROGÉNIO

MONTAGEM E CARACTERIZAÇÃO DE UMA PILHA DE COMBUSTÍVEL DE BOROHIDRETO/PERÓXIDO DE HIDROGÉNIO Mestrado em Energia e Bioenergia Departamento de Ciências e Tecnologia da Biomassa MONTAGEM E CARACTERIZAÇÃO DE UMA PILHA DE COMBUSTÍVEL DE BOROHIDRETO/PERÓXIDO DE HIDROGÉNIO PAULO Guilherme SATURNINO

Leia mais

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE QUÍMICA E BIOTECNOLOGIA Programa de Pós-Graduação em Química e Biotecnologia

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE QUÍMICA E BIOTECNOLOGIA Programa de Pós-Graduação em Química e Biotecnologia UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE QUÍMICA E BIOTECNOLOGIA Programa de Pós-Graduação em Química e Biotecnologia SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE DERIVADOS DE POLIPIRROL PARA APLICAÇÃO EM DISPOSITIVOS

Leia mais

Aula 19 Condução de Eletricidade nos Sólidos

Aula 19 Condução de Eletricidade nos Sólidos Aula 19 Condução de Eletricidade nos Sólidos Física 4 Ref. Halliday Volume4 Sumário Semicondutores; Semicondutores Dopados; O Diodo Retificador; Níveis de Energia em um Sólido Cristalino relembrando...

Leia mais

Estudo das reações químicas para geração de energia.

Estudo das reações químicas para geração de energia. Estudo das reações químicas para geração de energia. Células Galvânicas (Pilhas e Baterias): Conversão de Energia Química em Energia Elétrica (Reações Espontâneas) Células Eletrolíticas: Conversão de Energia

Leia mais

ESTADO SÓLIDO. paginapessoal.utfpr.edu.br/lorainejacobs. Profª. Loraine Jacobs

ESTADO SÓLIDO. paginapessoal.utfpr.edu.br/lorainejacobs. Profª. Loraine Jacobs ESTADO SÓLIDO lorainejacobs@utfpr.edu.br paginapessoal.utfpr.edu.br/lorainejacobs Profª. Loraine Jacobs Estado Sólido Tradicionalmente, um sólido é definido como uma substância que mantém um volume e uma

Leia mais

Materiais e Equipamentos Elétricos. Aula 5 Materiais semicondutores

Materiais e Equipamentos Elétricos. Aula 5 Materiais semicondutores Materiais e Equipamentos Elétricos Aula 5 Semicondutores são sólidos cristalinos com condutividade intermediária entre condutores e isolantes Silício (Si), germânio (Ge) Possuem 4 elétrons na camada de

Leia mais

Polimerização por adição de radicais livres

Polimerização por adição de radicais livres Polimerização por adição de radicais livres Ciência de Polímeros I 1º semestre 2007/2008 18/10/2007 Maria da Conceição Paiva 1 Cinética da Polimerização radicalar A polimerização por adição é uma reacção

Leia mais

Ciência e Tecnologia de Materiais ENG1015

Ciência e Tecnologia de Materiais ENG1015 1 Ciência e Tecnologia de Materiais ENG1015 http://www.dema.puc-rio.br/moodle DEMa - Depto. de Engenharia de Materiais última atualização em 10/02/2014 por sidnei@puc-rio.br Estrutura do Curso 2 Introdução:

Leia mais

clara idéia do trabalho feito, a síntese dos MWNTs e SWNTs será descrita por separado nos diferentes capítulos.

clara idéia do trabalho feito, a síntese dos MWNTs e SWNTs será descrita por separado nos diferentes capítulos. 1 Introdução Em sistemas do carbono tipo sp 2, como os nanotubos de carbono, é possível modificar as propriedades eletrônicas, vibracionais, substituindo alguns dos átomos de carbono por hetero-átomos.

Leia mais

Eletroquímica. Métodos/Técnicas - Eletroquímicas. Físico-química III/DAQBI/UTFPR - João Batista Floriano. Técnicas Eletroquímicas

Eletroquímica. Métodos/Técnicas - Eletroquímicas. Físico-química III/DAQBI/UTFPR - João Batista Floriano. Técnicas Eletroquímicas Métodos/Técnicas - s Técnicas s Interface Eletrodo/ solução Solução Eletrolítica Dupla Camada Elétrica Métodos Estacionários (I = 0) Métodos Dinâmicos (I 0) Titração Potenciométrica Potenciometria Potencial

Leia mais

RESUMO. Junivaldo Mendonça Lemos (IC) 1, Jaldyr de Jesus Gomes Varela Júnior(PG) 1 e Auro Atsushi Tanaka(PQ) 1

RESUMO. Junivaldo Mendonça Lemos (IC) 1, Jaldyr de Jesus Gomes Varela Júnior(PG) 1 e Auro Atsushi Tanaka(PQ) 1 RESUMO ESTUDOS DA ELETROOXIDAÇÃO DO ETILENO GLICOL SOBRE CATALISADORES Pt/C 20%, Pt 1 Rh 1 /C 20%, Pt 2 Rh 1 /C 20%, Pt 3 RH 1 /C 20% PREPARADOS PELO MÉTODO DE REDUÇÃO POR ÁLCOOL. Junivaldo Mendonça Lemos

Leia mais

CAPÍTULO 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

CAPÍTULO 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 8 CAPÍTULO 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Neste capítulo serão apresentados e discutidos os resultados do estudo dos sistemas metal/solução através de análises voltamétricas. Em seguida, os resultados

Leia mais

Aulas Multimídias Santa Cecília. Profº Tiago Quick

Aulas Multimídias Santa Cecília. Profº Tiago Quick Aulas Multimídias Santa Cecília Profº Tiago Quick Ligações Químicas Conceitos Iniciais Prof. Tiago Quick Valência Chamamos de valência a quantidade de ligações químicas que um átomo pode fazer para atingir

Leia mais

Polarização e cinética de eletrodo

Polarização e cinética de eletrodo Polarização e cinética de eletrodo RESUMO DA POLARIZAÇÃO O eletrodo sai da condição de equilíbrio pela passagem de corrente pelo circuito externo; A cinética da reação interfacial é mais lenta que o fluxo

Leia mais

Propriedades Elétricas

Propriedades Elétricas Propriedades Elétricas Lei de Ohm V RI J E V - voltagem entre terminais separados por distância l R - resistência elétrica I - corrente elétrica que atravessa uma seção transversal de área A R onde l

Leia mais

Defeitos em Cristais Iônicos. Prof Ubirajara Pereira Rodrigues Filho

Defeitos em Cristais Iônicos. Prof Ubirajara Pereira Rodrigues Filho Defeitos em Cristais Iônicos Prof Ubirajara Pereira Rodrigues Filho Defeitos Os defeitos perturbam a ordem a longa distância da rede cristalina e afetam as propriedades dos compostos cristalinos que dependem

Leia mais

FUVEST Prova A 10/janeiro/2012

FUVEST Prova A 10/janeiro/2012 Seu Pé Direito nas Melhores Faculdades FUVEST Prova A 10/janeiro/2012 QUÍMICA 01. Ao misturar acetona com bromo, na presença de ácido, ocorre a transformação representada pela equação química Dentre as

Leia mais

FILMES ELETROPOLIMERIZADOS DE 3,4 -DHB OH OH. Estrutura do acido 3,4-dihIdroxIbenzóico OBJETIVOS

FILMES ELETROPOLIMERIZADOS DE 3,4 -DHB OH OH. Estrutura do acido 3,4-dihIdroxIbenzóico OBJETIVOS FILMES ELETRPLIMERIZADS DE 3,4 -DB Estrutura do acido 3,4-dihIdroxIbenzóico BJETIVS PREPARAR ELETRDS QUIMIAMENTE MDIFIADS USAND A ELETRPLIMERIZAÇÃ D 3,4 DI-IDRXIBENZALDEÍD PARA DETERMINAÇÃ DE NAD E NADP

Leia mais

AULA DE RECUPERAÇÃO PROF. NEIF NAGIB

AULA DE RECUPERAÇÃO PROF. NEIF NAGIB AULA DE RECUPERAÇÃO PROF. NEIF NAGIB ELETROQUÍMICA Estuda os fenômenos envolvidos na produção de corrente elétrica a partir da transferência de elétrons em reações de óxido-redução, e a utilização de corrente

Leia mais

Introdução Diodo dispositivo semicondutor de dois terminais com resposta V-I (tensão/corrente) não linear (dependente da polaridade!

Introdução Diodo dispositivo semicondutor de dois terminais com resposta V-I (tensão/corrente) não linear (dependente da polaridade! Agenda Diodo Introdução Materiais semicondutores, estrutura atômica, bandas de energia Dopagem Materiais extrínsecos Junção PN Polarização de diodos Curva característica Modelo ideal e modelos aproximados

Leia mais

PREPARO DE FILMES CONTENDO ACETILACETONATO DE ALUMÍNIO. PREPARATION OF FILMS CONTAINING ALUMINIUM ACETYLACETONATE.

PREPARO DE FILMES CONTENDO ACETILACETONATO DE ALUMÍNIO. PREPARATION OF FILMS CONTAINING ALUMINIUM ACETYLACETONATE. PREPARO DE FILMES CONTENDO ACETILACETONATO DE ALUMÍNIO. PREPARATION OF FILMS CONTAINING ALUMINIUM ACETYLACETONATE. Leonardo A. D. Bandeira, Elidiane Cipriano Rangel Campus de Sorocaba Engenharia de Controle

Leia mais

Propriedades e classificação dos sólidos Semicondutores Dopados Dispositivos semicondutores Exercícios

Propriedades e classificação dos sólidos Semicondutores Dopados Dispositivos semicondutores Exercícios SÓLIDOS Fundamentos de Física Moderna (1108090) - Capítulo 04 I. Paulino* *UAF/CCT/UFCG - Brasil 2015.2 1 / 42 Sumário Propriedades e classificação dos sólidos Propriedades elétricas dos sólidos Isolantes

Leia mais

combinando e integrando técnicas diversas, para exercer funções sistêmicas

combinando e integrando técnicas diversas, para exercer funções sistêmicas TECNOLOGIAS HÍBRIDAS Estas tecnologias permitem a implementação de módulos funcionais, combinando e integrando técnicas diversas, para exercer funções sistêmicas como recepção, aquisição, processamento

Leia mais

PROVA DE QUÍMICA TABELA PERIÓDICA DOS ELEMENTOS

PROVA DE QUÍMICA TABELA PERIÓDICA DOS ELEMENTOS PROVA DE QUÍMICA TABELA PERIÓDICA DOS ELEMENTOS FONTE: Tabela Periódica da IUPAC/versão 2005(adaptada). Acesso: http://www.iupac.org/reports/periodic_table/ 25 QUESTÃO 3 Analise este quadro, em que se

Leia mais

PROCESSAMENTO DE LIGAS À BASE FERRO POR MOAGEM DE ALTA ENERGIA

PROCESSAMENTO DE LIGAS À BASE FERRO POR MOAGEM DE ALTA ENERGIA PROCESSAMENTO DE LIGAS À BASE FERRO POR MOAGEM DE ALTA ENERGIA Lucio Salgado *, Francisco Ambrozio Filho * * Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Comissão Nacional de Energia Nuclear, C.P. 11049

Leia mais

Diodo de Junção 1 Cap. 3 Sedra/Smith Cap. 1 Boylestad

Diodo de Junção 1 Cap. 3 Sedra/Smith Cap. 1 Boylestad Diodo de Junção 1 Cap. 3 Sedra/Smith Cap. 1 Boylestad JUNÇÃO SEMICONDUTORA PN Notas de Aula SEL 313 Circuitos Eletrônicos 1 1 o. Sem/2016 Prof. Manoel Fundamentos e Revisão de Conceitos sobre Semicondutores

Leia mais

SFI 5800 Espectroscopia Física. Espectroscopia eletrônica: semicondutores, cristais iônicos e bronzes

SFI 5800 Espectroscopia Física. Espectroscopia eletrônica: semicondutores, cristais iônicos e bronzes Universidade de São Paulo Instituto de Física de São Carlos - IFSC SFI 5800 Espectroscopia Física Espectroscopia eletrônica: semicondutores, cristais iônicos e bronzes Prof. Dr. José Pedro Donoso Espectroscopia

Leia mais

REVISÃO DE QUÍMICA CEIS Prof. Neif Nagib

REVISÃO DE QUÍMICA CEIS Prof. Neif Nagib REVISÃO DE QUÍMICA CEIS 2017 Prof. Neif Nagib CÁLCULO DO ph e do poh EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 01. O estômago produz suco gástrico constituído de ácido clorídrico, muco, enzimas e sais. O valor de ph no

Leia mais

Física dos Semicondutores

Física dos Semicondutores Física dos Semicondutores Resistividade Condutor (fácil fluxo de cargas) Semicondutor Isolante (difícil fluxo de cargas) COBRE: r = 10-6 W.cm GERMÂNIO: r = 50 W.cm SILÍCIO: r = 50 x 10-3 W.cm MICA: r =

Leia mais

ESTUDO TEORICO DA INCORPORAÇÃO DE METAIS NO POLIPIRROL

ESTUDO TEORICO DA INCORPORAÇÃO DE METAIS NO POLIPIRROL ESTUDO TEORICO DA INCORPORAÇÃO DE METAIS NO POLIPIRROL Marcelo Rodrigues Barbosa 1 ; Liliana Yolanda Ancalla Dávila 2 ; Regina Lelis de Sousa 3 1 Aluno do Curso de Química; Campus de Araguaína; e-mail:

Leia mais

MODELAGEM MOLECULAR DE MOLECULAS MEDIADORAS DE ELETRONS COM APLICAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO DE BIOSSENSORES

MODELAGEM MOLECULAR DE MOLECULAS MEDIADORAS DE ELETRONS COM APLICAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO DE BIOSSENSORES MODELAGEM MOLECULAR DE MOLECULAS MEDIADORAS DE ELETRONS COM APLICAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO DE BIOSSENSORES Leonardo Xavier Brito 1 ; Liliana Yolanda Ancalla Dávila 2 1 Aluno do Curso de Licenciatura em

Leia mais

Questão 1. (X pontos) Expectativa de resposta

Questão 1. (X pontos) Expectativa de resposta Questão 1. (X pontos) A acidez e a basicidade de compostos orgânicos podem ser influenciadas por diversos fatores, dentre os quais a ressonância, citada como um exemplo de fator intrínseco. No esquema

Leia mais

Carga total transportada por um mol de elétrons, denominada constante de Faraday (F)

Carga total transportada por um mol de elétrons, denominada constante de Faraday (F) AULA 6 FÍSICO-QUÍMICA ESTEQUIOMETRIA DAS REAÇÕES ELETROQUÍMICAS E CÉLULAS A COMBUSTÍVEL DATA: 16/10/2015 1) ESTEQUIOMETRIA DAS REAÇÕES ELETROQUÍMICAS PROF. ANA É possível prever a massa de substância formada

Leia mais

ELETROQUÍMICA OU. Profa. Marcia M. Meier QUÍMICA GERAL II

ELETROQUÍMICA OU. Profa. Marcia M. Meier QUÍMICA GERAL II ELETROQUÍMICA OU REAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA DE ELÉTRONS Profa. Marcia M. Meier QUÍMICA GERAL II 1 Objetivo Compreender: Balanceamento de equações redox em solução ácida e básica. Células galvânicas e potencial

Leia mais

Introdução à ciência e engenharia dos materiais e classificação dos materiais. Profa. Daniela Becker

Introdução à ciência e engenharia dos materiais e classificação dos materiais. Profa. Daniela Becker Introdução à ciência e engenharia dos materiais e classificação dos materiais Profa. Daniela Becker Referências Callister Jr., W. D. Ciência e engenharia de materiais: Uma introdução. LTC, cap 1, 5ed.,

Leia mais

DIODOS SEMICONDUTORES

DIODOS SEMICONDUTORES DIODOS SEMICONDUTORES Alexandre S. Lujan Semikron Semicondutores Ltda. Carapicuíba - SP 1 Sumário: Semicondutores Junção P-N Tipos de diodos semicondutores Fabricação de diodos de potência Sumário 2 Materiais

Leia mais

Sumário. 1 Introdução: matéria e medidas 1. 2 Átomos, moléculas e íons Estequiometria: cálculos com fórmulas e equações químicas 67

Sumário. 1 Introdução: matéria e medidas 1. 2 Átomos, moléculas e íons Estequiometria: cálculos com fórmulas e equações químicas 67 Prefácio 1 Introdução: matéria e medidas 1 1.1 O estudo da química 1 1.2 Classificações da matéria 3 1.3 Propriedades da matéria 8 1.4 Unidades de medida 12 1.5 Incerteza na medida 18 1.6 Análise dimensional

Leia mais

Cinética da Polimerização radicalar

Cinética da Polimerização radicalar Cinética da Polimerização radicalar A polimerização por adição é uma reacção em cadeia que consiste numa sequência de 3 passos: iniciação, propagação e terminação Iniciação: Considera-se que envolve duas

Leia mais

SEMICONDUTORES. Conceitos Básicos. Prof. Marcelo Wendling Jul/2011

SEMICONDUTORES. Conceitos Básicos. Prof. Marcelo Wendling Jul/2011 SEMICONDUTORES Prof. Marcelo Wendling Jul/2011 Conceitos Básicos Alguns materiais apresentam propriedades de condução elétrica intermediárias entre aquelas inerentes aos isolantes e aos condutores. Tais

Leia mais