UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS PROGRAMA NACIONAL DE COOPERAÇÃO ACADÊMICA PROCAD

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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS PROGRAMA NACIONAL DE COOPERAÇÃO ACADÊMICA PROCAD Arquivos Literários e Culturais: Representações e Políticas do Valor arquivosprocad@gmail.com osmar.moreira@uol.com O Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural Pós-Crítica, implantado no Departamento de Educação do Campus II/Alagoinhas da Universidade do Estado da Bahia UNEB, é um dos poucos no Brasil a conjugar uma investigação sobre margens da literatura e narrativa, testemunhos e modos de vida, implicada numa situação pedagógica de letramento, identidades e formação de professores. As atividades de nossa equipe procuram não só agenciar uma prática de teoria e crítica cultural no espaço acadêmico, mas também disseminá-la no interior da educação básica e em articulação com diversas populações, pautando a discussão sobre políticas culturais. Considerando a má distribuição da riqueza vivenciada no Brasil e que, somente a partir de uma ressignificação do passado, os povos despejados linguística, cultural e territorialmente terão alguma chance de construírem o seu futuro, julgamos imprescindíveis pesquisas que discutam o conceito e a prática de arquivo, tanto quanto a utilização de equipamentos que possibilitem não apenas transferir os resultados de nossas pesquisas, mas, efetivamente, criar um lugar de agenciamento e mediação a favor de um aparato científico com repercussões mais amplas na vida social do país. Na iminência de implantar um centro de documentação e seus laboratórios, o Pós- Crítica está buscando o domínio de uma Teoria do Arquivo e de produção de conhecimento nesta área. Empreende, para tanto, no âmbito do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica PROCAD, cooperação científica com pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários Pós-Lit, da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG. O projeto conjunto Arquivos Literários e Culturais: Representações e Políticas do Valor impulsiona iniciativas que investiguem e situem o sentido do arquivo nos discursos críticos sobre pobres e subalternos, movimentos de mulheres e homossexuais, práticas didáticas e educacionais reparatórias, modos de vida enquanto forma de resistência, biografias, autobiografias e histórias de vida; além da emergência de outra sensibilidade implicada nas oficinas de criação cultural e mobilização em prol da institucionalização da malha cultural no Brasil. 1

2 Tendo em vista o funcionamento efetivo dos equipamentos culturais que permitirão mapear, inventariar, organizar, analisar, catalogar, descrever, desenvolver ações de armazenamento, recuperação, preservação e conservação, tratamento digital e disponibilização para consulta pública de uma série de documentos e a consolidação de métodos, teorias e formas de se pensar e praticar crítica cultural e literária no Brasil, tem-se proposto uma série de ações articuladas entre o Pós-Lit/UFMG e o Pós- Crítica/UNEB, entre as quais o Curso Crítica Biográfica, a segunda missão docente de uma série de sete, até dezembro de Curso Crítica Biográfica, com carga horária de 20 horas, será ministrado pelo Profa. Dra. Eneida Maria de Souza, da UFMG, no Campus II da UNEB, em Alagoinhas, no período de 15 a 19 de setembro de Ver Programação abaixo. CURSO: CRÍTICA BIOGRÁFICA professora: eneida maria de souza carga horária: 5 aulas/20h período: 15 a 19 de setembro de 2014 alagoinhas/ba EMENTA: O curso tem como objetivo a discussão sobre a crítica biográfica, uma das vertentes da crítica literária/cultural. Ela se apropria da metodologia comparativa ao processar a relação entre obra e vida dos escritores pela mediação de temas comuns, como a morte, a doença, o amor, o suicídio, a traição e o ódio. Reunidos por um fio temático e enunciativo, independente de intenções ou da época em que viveram, escritores e pensadores constituem matéria biográfica a ser analisada em nível teórico e ficcional. Com a ajuda de critérios biográficos, promovem-se encontros entre escritores e criam-se diálogos inesperados e ficcionais entre eles. OBJETIVOS Os principais tópicos escolhidos para a discussão são os seguintes: a) o saber narrativo e o saber dramático como polos da crítica literária; b) discussão de conceitos como autobiografia, autoficção, memorialismo; c) a construção de perfis biográficos de escritores a partir da relação entre obra e vida; d) o estudo de textos de biografias, autobiografias e autoficções. 2

3 PROGRAMA: Dia 15/09: 9:00 13:00 - Apresentação e discussão do programa- Introdução aos tópicos a serem estudados. Dias 16/09: 9:00 13:00 - A crítica biográfica o saber narrativo e o saber dramático autoficção, autobiografia, memorialismo. Aula expositiva. 1) SOUZA, Eneida Maria de. Notas sobre a crítica biográfica In:. Crítica cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, p ).. A crítica biográfica, p.17-25; Janelas indiscretas, p ; A biografia, um bem de arquivo, p In:. Janelas indiscretas. Ensaios de crítica biográfica. Belo Horizonte: Editora UFMG, ). Sobrevivência e autoficção. (inédito) Dia 17/09: 9:00 13:00 - Discussão de conceitos como autobiografia, autoficção, memorialismo. 1) MIRANDA, Wander Melo. A ilusão autobiográfica. In:. Corpos escritos. São Paulo: Edusp, p ª. edição. 2) LEJEUNE, Philippe. O pacto autobiográfico 25 anos depois. In:. O pacto autobiográfico. De Rousseau à Internet. Tradução e organização de Jovita Maria Gerheim Noronha.Tradução de Maria Inês Coimbra Guedes.Belo Horizonte: Editora UFMG, p ) COLONNA, Vincent. Tipologia da autoficção. In: NORONHA, Jovita Maria Gerheim.(Org. ). Ensaios sobre a autoficção. Belo Horizonte: Editora UFMG, p Dia 18/09: A construção de perfis biográficos de escritores a partir da relação entre obra e vida. 3

4 1) SCHNEIDER, Michel. A morte plagiária. In:. Mortes imaginárias. Tradução de Fernando Santos. São Paulo: A Girafa Editora, p ) SOUZA, Eneida Maria de. Cenas de uma morte plagiaria. In: LaGuardia, A.; MARTINS, A. B.; SOUZA, E. M. de. (Org.) Figurações do íntimo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013, p ) SANTIAGO, Silviano. Meditação sobre o oficio de criar. Revista Aletria, Belo Horizonte, n.18, p. 178, jul./dez.2008, p ) SANTIAGO, Silviano. Eu e as galinhas d angola. In: OLINTO, Heidrun Krieger; SCHOLLHAMMER, Karl Erik. Literatura e memória. Rio de Janeiro: Edições Galo Branco, p ) Entrevistas SANTIAGO, Silviano sobre Mil rosas roubadas. Dia 19/09: 9:00 13:00 - Narrar/viver testemunha e muçulmano a guerra e a imposição do silêncio. 1) BENJAMIN, Walter. Experiência e pobreza. In: Obras escolhidas. V. 1. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, p ) AGAMBEN, Giorgio. A testemunha; O muçulmano. p In:.O que resta de Auschwitz. Tradução Selvino J. Assmann. São Paulo: Boitempo, ) DIDI-HUBERMAN. Sobrevivência dos vagalumes. Tradução de Vera Casa Nova; Márcia Arbex. Belo Horizonte: Editora UFMG, BIBLIOGRAFIA AGAMBEN, Giorgio. O que resta de Auschwitz. São Paulo: Boitempo, AGAMBEN, Giorgio. Qu est-ce que le contemporain? Paris: Rivages poche/petite bibliothèque, BURGELIN, Claude ; GRELL. I. ; ROCHE, R.Y. Autofiction(s). Colloque de Cerisy Lyon : Presses Universitaires de Lyon, DERRIDA, Jacques. Mal de arquivo. Uma impressão freudiana. Rio de Janeiro: Relume Dumará DINES, Alberto. Morte no paraíso: a tragédia de Stefan Zweig. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, DOSSE, François. O desafio biográfico. Escrever uma vida. Tradução de Gilson César 4

5 FOUCAULT, Michel. L écriture de soi. Corps écrit, n. 5, p. 3-23, FOUCAULT, Michel. Que é um autor? Lisboa: Passagens, HAY, Louis. A literatura dos escritores. Tradução de Cleonice Paes Mourão. Belo Horizonte: Editora UFMG, HEINICH, Nathalie. Être écrivain. Création et identité. Paris: Editions La Découverte, HEINICH, Nathalie. L élite artiste. Excelence et singularité em regime démocratique. Paris: Gallimard, HEINICH, Nathalie. La gloire de Van Gogh. Essais de l anthropologie de l admiration. Paris: Critique, JEANNELLE, Jean-Louis; VOLLET, Catherine. (dir.). Genèse et autofiction. Louvainla Neuve, Bruylant- Academia, KLINGER, Diana. Escritas de si, escritas do outro. O retorno do autor e a virada etnográfica. Rio de Janeiro: 7 Letras, LEJEUNE, Philippe, VIOLLET, Catherine. (Dir.) Genèses du je. Manuscrits et autobiographies.paris: CNRS Éditions, LEJEUNE, Philippe. O pacto autobiográfico. De Rousseau à internet. Tradução de Jovita Gerheim Noronha. Belo Horizonte: Editora UFMG, MIRANDA, Wander Melo (Org.). A trama do arquivo. Belo Horizonte: Editora UFMG; CEL/UFMG, MOLLOY, Sylvia. Vale o escrito- a escrita autobiográfica na América Hispânica. Tradução de Antonio Carlos Santos. Chapecó: Argos, NANCY, Jean-Luc. Identité. Fragments, franchises. Paris: Galilée, PIGLIA, Ricardo. El último lector. Barcelona: Anagrama, PIGLIA, Ricardo. Formas breves. São Paulo: Companhia das Letras, PIGLIA, Ricardo. Respiração artificial. São Paulo: Iluminuras, ROUDINESCO, Elizabeth. A análise e o arquivo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, ROUDINESCO, Elizabeth. Genealogias. Rio de Janeiro: Relume Dumará, SANTIAGO, Silviano. Meditação sobre o ofício de criar. Revista Aletria. Belo Horizonte, n. 18, jul/dez. 2008, p SANTIAGO, Silviano. A vida como literatura. Belo Horizonte: Editora UFMG, SANTIAGO, Silviano. Organização Frederico Coelho. Rio de Janeiro: Beco do Azougue,

6 SANTIAGO, Silviano. Aos sábados, pela manhã. Rio de Janeiro: Rocco, SCHNEIDER, Michel. Mortes imagiárias. São Paulo: Girafa Editora, SIBILA, Paula. O show do eu. A intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, SIMONET-TENANT, Françoise. (Dir.). Le propre de l écriture de soi. Paris:Teraèdre, SIMONET-TENANT, Françoise. (Dir.). Pour une histoire de l intime. Et ses variations. (Dir.). Paris: L Harmattan, SONTAG, Susan. A aids e suas metáforas. São Paulo: Companhia das Letras, SONTAG, Susan. A doença e suas metáforas. São Paulo: Graal, 1984; SOUZA, Eneida Maria de. (Org.) Modernidades alternativas na América Latina. Belo Horizonte, Editora UFMG, SOUZA, Eneida Maria de. Crítica cult. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002/2007. SOUZA, Eneida Maria de. Janelas indiscretas. Belo Horizonte: Editora UFMG, SOUZA, Eneida Maria de. Mais vale um gosto que seis vinténs. In: MARQUES, Reinaldo; VILELA, L.H. Valores. Editora UFMG, P SOUZA, Eneida Maria de. Tempo de pós-crítica. Belo Horizonte: Veredas &Cenários, SOUZA, Eneida Maria de; MIRANDA, Wander Melo (Org.). Arquivos literários. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003 SUZUKI JR., MATINAS. (Org.). O livro das vidas. Obituários do New York Times. Tradução de Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, TOMKINS, Calvin. As vidas dos artistas. Tradução de Denise Bottmann. São Paulo: Bei Comunicação, WERNECK, Maria Helena. O homem encadernado: Machado de Assis na escrita das biografias. Rio de Janeiro: EDUERJ, WILLEMART, Philippe. Bastidores da criação literária. São Paulo: Iluminuras; Fapesp, ZULAR, Roberto (Org.). Criação em processo: ensaios de crítica genética. São Paulo: Iluminuras, Fapesp, a) Bibliografia memorialista/ficcional BARTHES, Roland. Journal de deuil. Paris: Seuil/Imec,

7 COETZEE, J.M. Verão. Tradução de José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, LE CLÉZIO, J.M.G. Diego e Frida. Tradução de Vera Lúcia dos Reis. Rio de Janeiro: Record, LE CLÉZIO, J.M.G. O africano. Tradução de Leonardo Fróes. São Paulo: Cosac Naify, SANTIAGO, Silviano. Histórias mal-contadas. Belo Horizonte: Rocco, SEKSIK, Laurent. Les derniers jours de Stefan Zweig.Paris : Flammarion, VILA-Matas, Enrique. Doutor Pasavento. Tradução de José Geraldo Couto. São Paulo: Cosac Naify, VILA-Matas, Enrique. Mal de Montano. São Paulo: Cosac Naify, VILA-Matas, Enrique. Paris não tem fim. Tradução de Joca Reiners Terron. São Paulo: Cosac Naify, VILA-Matas, Enrique. Suicídios exemplares. Tradução de Carla Branco. São Paulo: Cosac Naify, ZWEIG, Stefan. Oeuvre complète. Paris : La Pochotèque, e tomes, Le livre de Poche, Observação : O livro de Silviano Santiago, Mil rosas roubadas. São Paulo : Companhia das Letras, 2014., deverá ser lido com antecedência, pois assim poderemos utilizá-lo como corpus do curso. Os demais textos teóricos deverão, em princípio, ser também lidos com antecedência, principalmente os do primeiro seminário, quando darei aula expositiva. Seria aconselhável a leitura antecipada, pois temos pouco tempo para discutir. Caso contrário, resolveremos os seminários com os textos preparados na véspera. Entrevistas de Silviano Santiago: 7