ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA INDÚSTRIA DE BENEFICIAMENTO DE CASTANHA DE CAJU
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- Victoria Bennert Soares
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1 ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA INDÚSTRIA DE BENEFICIAMENTO DE CASTANHA DE CAJU Samuel Melo Lima (UFPI) MERCELANDIA ALVES DOS SANTOS LIMA (UFPI) Jacira Nathercia Viana Soares (UFPI) Maria do Socorro Ferreira dos Santos (UFPI) O crescimento industrial é uma das principais causas da poluição excessiva e liberação de resíduos químicos na água, atmosfera e aterros sanitários. Os resíduos tóxicos, como por exemplo, o chumbo, cromo e os fenóis são considerados muito agressivos à natureza e ao homem, podendo provocar até mesmo a morte e contaminação permanente. Os resíduos sólidos industriais destacam-se pela grande quantidade gerada, onde dentre esses resíduos, grande parte é classificada como perigosa, ou seja, resíduos de classe I, pois possuem características como: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. A indústria em estudo é de beneficiamento da castanha de caju, onde são gerados alguns resíduos durante o processo produtivo, tanto de classe I como classe II. Os resíduos devem ser gerenciados de maneira apropriada pelas indústrias de forma a proteger, conservar e melhorar a qualidade do meio ambiente. Este estudo teve o objetivo de analisar o gerenciamento dos resíduos gerados na empresa, a fim de identificar a fonte de geração, a quantidade e o funcionamento de todas as etapas de gerenciamento. A metodologia utilizada foi a de uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa através de pesquisa bibliográfica, visitas técnicas, registro fotográfico e aplicação de questionário com a finalidade de coletar os dados necessários. Assim, foi possível verificar que a empresa dispõe de algumas técnicas de tratamento de seus resíduos contribuindo para a minimização de riscos ao meio ambiente. Porém em relação à poluição do ar ainda não existem na empresa técnicas de minimização de emissão de gases poluentes gerados. E quanto ao efluente gerado no processo da lavagem, a empresa dispõe de uma estação de tratamento, porém não está funcionando, o que representa um risco ao meio ambiente pelo seu grande potencial poluidor devido à presença do LCC.
2 Palavras-chave: resíduos sólidos industriais, gerenciamento de resíduos, impacto ambiental, castanha de caju 13
3 Análise do Gerenciamento de Resíduos Sólidos na Indústria de Beneficiamento de Castanha de Caju 1. Introdução O setor industrial é uma das fontes mais representativas como agente de impacto ambiental, pois quando transforma matéria-prima em produtos acabados gera cada vez mais quantidades significativas de resíduos e cargas poluidoras. No entanto, este cenário vem se modificando, devido à grande pressão da globalização do mercado cada vez mais competitivo e exigente na questão da preservação ambiental (SILVA, 2008). Costa e Cavalcante (2009) consideram que é importante que a produção, tratamento e destino dos resíduos sejam conhecidos de forma integrada para que soluções adequadas sejam propostas, ou seja, realizar um adequado gerenciamento desses resíduos da origem até a disposição final. Segundo dados do IBGE (2010) a região nordeste é onde se concentra a maior quantidade de indústrias de beneficiamento da castanha de caju, sendo o Ceará o maior produtor da região e o Piauí o segundo. Tendo em vista o interesse de analisar o processo produtivo e a preocupação com o destino final dado aos resíduos sólidos gerados na produção da castanha de caju, o presente trabalho analisou o gerenciamento dos resíduos sólidos durante o processo de produção, ou seja, da chegada da matéria-prima até o produto final em uma indústria de beneficiamento da castanha de caju no estado do Piauí. 2 Revisão bibliográfica 2.1 Indústrias de beneficiamento da castanha de caju A agroindústria de processamento e beneficiamento de caju aproveita, principalmente, a castanha que representa 90% da renda gerada pela fruta, no Brasil, sendo o pedúnculo, mostrado na Figura 1, aproveitado por indústrias de sucos, geleias, doces, vinho, aguardente, refrigerantes, entre outros produtos (EMBRAPA, 2006). O processamento da castanha tem como objetivo principal a obtenção de amêndoas inteiras, isentas de películas, de cor branco-marfim, sem manchas e de bom tamanho. Sendo esses atributos definitivos na determinação de preços no mercado interno e externo (EMBRAPA, 2006). 14
4 No Brasil, a indústria processadora de castanha de caju caracteriza-se pelo segmento mecanizado, que obtém no máximo 65% de amêndoas inteiras, ao passo que na Índia, o maior competidor brasileiro, esse segmento industrial consegue 85%, com o sistema de corte manual (PAIVA et al, 2006). Na estimativa divulgada no último relatório elaborado pelo IBGE, para a safra 2012/2013, seriam produzidas toneladas de castanha de caju e um aumento da área para hectares. No entanto a seca atingiu intensamente a safra de castanha-de-caju no período entre 2012/2013 e a produção brasileira foi enfraquecida em mais de 70%. Os três maiores estados produtores (CE, PI e RN) foram os mais atingidos pelas estiagens. Diante disso, as indústrias brasileiras foram forçadas a importar a matéria-prima (castanha-de-caju in natura) da África. Essas castanhas foram beneficiadas e exportadas para os Estados Unidos e Europa (IBGE, 2012). Devido à importância econômica e, sobretudo por ser uma das poucas opções de geração de renda no período seco do ano, o caju é uma das fundamentais fontes de renda dos produtores rurais do Nordeste (EMBRAPA, 2006). 2.4 Resíduos sólidos da indústria de beneficiamento da castanha de caju O Conselho Nacional do Meio Ambiente, através da Resolução 313/02, estabeleceu a criação do Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais, com a finalidade de coletar informações sobre geração, características, armazenamento, transporte e destinação dos resíduos sólidos gerados por determinadas tipologias industriais no parque industrial brasileiro, através dos órgãos estaduais de meio ambiente. Dentro das tipologias industriais determinadas pela Resolução CONAMA nº 006/88, revogada pela Resolução CONAMA nº 313/02, a indústria de beneficiamento da castanha de caju se enquadra na classe dos resíduos perigosos, classe I. E para essa classe os resíduos são codificados de acordo com a listagem 6 da Norma NBR resíduos perigosos por conterem substâncias tóxicas (resíduos de derramamento ou solos contaminados; produtos fora de especificação ou produtos de comercialização proibida). Os resíduos codificados em K210 - Casca da castanha de caju, K211 - Borra do líquido da casca da castanha de caju, K212 - Borra de cozinhadores da castanha de caju e K194 - Serragem e pó de couro contendo cromo, baseado no Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Industriais do Estado do Ceará executado pela Superintendência Estadual do Meio 15
5 Ambiente (SEMACE) somam 90,217% do total dos Resíduos Classe I, sendo que o resíduo K210 - Casca da castanha de caju representa 76,157% e os demais resíduos totalizam 9,783% do total de resíduos. A casca da castanha de caju, com ,00 toneladas representa 76,157% dos resíduos Classe I. Quantitativamente são considerados relevantes, a borra do líquido da castanha de caju com 6.656,60 toneladas, 5,776%, a borra de cozinhadores da castanha de caju com 6.058,60 tonelada, 5,257%, a serragem e pó de couro contendo cromo com 3.488,10 toneladas, 3,027% e as aparas de couro curtido ao cromo com 2.084,48 toneladas, representando 1,809% do total inventariado. Esses resíduos somam 92,026% do total dos resíduos inventariados dessa classe (SEMACE, 2004). De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2011) é fundamental que se conheça o resíduo gerado na indústria, pois dessa forma é possível realizar o planejamento de estratégias de gerenciamento e intervir nos processos de geração, transporte, tratamento e disposição final, procurando garantir a curto, médio e longo prazo, a preservação da qualidade do meio ambiente, bem como a recuperação da qualidade das áreas degradadas. 3. Metodologia Para a metodologia buscou-se o embasamento teórico a partir da leitura seletiva de textos encontrados sobre a resíduos sólidos, através de artigos, livros, legislação, dissertações, teses e outros. O estudo foi desenvolvido por meio de visitas técnicas, registro fotográfico e aplicação de questionário composto de questões do tipo objetiva, subjetiva e mista, o qual foi elaborado com base em pesquisa de Giaretta (2010) e Oliveira (2009) e em manuais, livros, artigos sobre gestão e gerenciamento dos resíduos. O questionário foi aplicado pela própria pesquisadora com o objetivo de captar informações sobre a atividade produtiva da empresa e o gerenciamento dos resíduos sólidos adotados, tendo perguntas sobre características gerais da empresa, consciência ambiental dos funcionários, gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos industriais. 4. Resultados e Discussões 16
6 De acordo com os dados coletados durante o questionário, foi dito que a empresa possui sistema de licenciamento ambiental e uma equipe responsável pelas questões ambientais. Porém o pesquisador não teve contato com esta equipe. A presença de um técnico ambiental nas indústrias é de grande importância para agregar valor às atividades industriais que se referem ao meio ambiente. Segundo Novicki (2007) citado por Giaretta (2010), os serviços prestados pelo técnico ambiental são considerados como um fator de competitividade, produção limpa, redução de custos, melhoria da imagem da empresa, prevenção de acidentes ambientais, melhoria do diálogo com órgãos de normalização, fiscalização e controle ambiental. Nos últimos cinco anos afirmou-se que a empresa em estudo teve uma produção de 5 toneladas por ano e que durante esse período houve um aumento na produção de resíduos sólidos estimado em 100 kg, porém tem-se o controle desses resíduos, pois a indústria possui um sistema de gerenciamento de resíduos em suas atividades. Foi informado também que a empresa dispõe de técnicas de prevenção ou minimização da geração de resíduos, desde o início do processo. A primeira etapa da produção na indústria de beneficiamento da castanha de caju é o recebimento da matéria prima (castanha de caju) como mostra a Figura 1, onde são realizadas análises da castanha que chega ensacada ou a granel pelos fornecedores para obter os percentuais de tamanho e umidade adequados e especificados pela empresa. Figura 4 Recebimento da matéria prima 17
7 Em seguida a matéria prima passa pelo processo de secagem em quadras com telhas translúcidas ou plásticos transparentes conforme mostra as Figuras 2 e 3, respectivamente. Figura 2 Secagem com telhas translúcidas Figura 3 Secagem com plásticos transparentes Quando estão com umidades adequadas, as castanhas passam por peneiras vibratórias (Figura 4) para que seja retirada toda e qualquer impureza: terra, pedra, areia, madeira, folha dentre outras. Figura 4 Peneira vibratória 18
8 As impurezas são pesadas, contabilizadas e ensacadas conforme mostra a Figura 5, e posteriormente os dados são transferidos para uma planilha de acompanhamento que registra em média de 1% a 2% da safra comprada. Figura 5 Ensacamento de impurezas As castanhas são transportadas por elevadores e esteira ao setor de calibragem onde passam por uma peneira rotatória com orifícios em ordem crescente, obtendo através da primeira peneira o cajuí (Figura 6) e grande parte das impurezas que ainda estão com a castanha. Essas impurezas são vendidas para compradores específicos que dão um destino final as mesmas, a terra oriunda da castanha serve de adubo e para aterro do terreno da empresa e o cajuí é vendido para um dos fornecedores da empresa. Figura 6 Resíduos ( cajuí) 19
9 Após a calibragem a castanha passa pelo processo de lavagem e umidificação onde o resíduo gerado nessa etapa é a água da lavagem, que segundo o gerente industrial é tratada dentro da indústria, pois a mesma possui uma estação de tratamento. No entanto quando foi realizado o registro fotográfico verificou-se que a estação de tratamento não estava em funcionamento (Figuras 7a, 7b, 7c). Sendo possível verificar que há muito tempo não está sendo realizado esse tratamento, mas, apenas um armazenamento do efluente, o qual se tornou um sólido ressecado e até com algumas plantas. Figuras 7a, 7b e 7c Estação de tratamento a) b) c) Após a lavagem e a umidificação, as castanhas são transportadas para serem cozinhadas e centrifugadas, e nesse processo é obtido o LCC que é extraído da casca da 20
10 castanha durante o processo de cozimento. Segundo o entrevistado são obtidas em média 3 toneladas por dia do LCC, sendo uma parte usada reutilizada no processo e outra armazenada em tanques ( Figura 8) para posterior venda. Figura 8 Tanques de armazenamento do LCC Os resíduos gerados durante esse processo são: a borra do líquido da casca da castanha de caju e a borra de cozinhadores da castanha de caju. A borra do LCC é colocada em uma peneira de decantação para que seja escoado todo o óleo e em seguida a terra é retirada e colocada em recipientes, conforme as Figuras 9a e 9b, onde posteriormente é colocada em uma vala localizada na área externa da fábrica. Figuras 9a e 9b- Terra do processo de decantação a) b) Da borra do cozinhador é retirada o máximo de LCC e o restante é vendido junto com a casca para servir como combustível (Figura 10). De acordo com o gerente industrial a borra é quantificada em aproximadamente 40 kg por dia. Nesta etapa não é feito o acompanhamento 21
11 em planilhas desses resíduos, representando um grande risco, visto que o LCC é um efluente potencialmente poluidor, pois é rico em matéria orgânica e compostos fenólicos de persistência elevada, cancerígenos e mutagênicos (SOUZA, 2005). Figura 10 Borra junto com a casca Após o cozimento as castanhas são resfriadas seguindo para a etapa de decorticagem onde ocorre a quebra da casca liberando a amêndoa. Nessa etapa o resíduo gerado é a própria casca da castanha de caju (Figura 11a), que correspondem cerca de 17 toneladas por dia, sendo consumidas pela empresa 8 toneladas dessas cascas para queima em caldeira e fornos ( Figura 11b) e o restante vendido para indústrias locais como substituto da lenha. Figuras 11a e 11b Casca da castanha de caju a) b) Após a decorticagem as castanhas seguem para a estufagem e ao sair das estufas passam pelo processo de despeliculagem, que, através de ar comprimido, efetua a retirada da película aderida à amêndoa, sendo esta o resíduo gerado nessa etapa. Em seguida as castanhas 22
12 seguem para os processos de classificação, torragem e embalagem, nos quais não existe geração de resíduos. De acordo com ABNT NBR (2004) resíduos sólidos ou mistura de resíduos, que em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade são classificados como perigosos, Classe I, pois podem apresentar risco à saúde pública, provocando ou contribuindo para um aumento de mortalidade ou incidência de doenças e/ou apresentar efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma inadequada. Sabe-se que a indústria de beneficiamento de caju gera resíduos definidos na Classe I (perigosos), dentre eles: a casca da castanha de caju, a borra do líquido da casca da castanha de caju e a borra de cozinhadores da castanha de caju, que oferecem risco de acidentes devido às características de inflamabilidade destes resíduos. Nas etapas de produção realizadas na unidade industrial, o gerente industrial descartou a possibilidade da existência de contaminação ao meio ambiente pela indústria, quando na verdade, através do registro da Figura 12 é possível observar a poluição do ar através da liberação dos gases e fuligens contaminados com LCC pelas chaminés oriundas principalmente da queima da casca da castanha de caju nas caldeiras para produção de vapor e nas fornalhas para aquecer o LCC. Figura 12 Chaminés O Quadro 1 mostra quais resíduos gerados nas etapas do processo produtivo e qual destino dado aos mesmos pela empresa em estudo. Quadro 1 Tipos de resíduos gerados no processo produtivo e destino final 23
13 Nome da Nome da etapa Resíduos gerados Destino dado aos indústria resíduos gerados Secagem e calibragem Da secagem para a Folhas, madeira, sacos, calibragem é usada uma ferro entre outras peneira vibratória, impurezas são vendidas. nessas etapas tem-se: A terra serve de adubo e terra, folhas, pedras, aterro no terreno da ferro, sacos e o cajuí empresa. E o cajuí é vendido para um dos fornecedores. Lavagem/umidificação Água da lavagem Estação de tratamento Cozimento/centrifugação LCC Uma parte é utilizada no processo de cozimento e outra é vendida. Borra do cozinhador Retira-se o máximo de LCC e o restante é vendido junto com a casca para servir de combustível. Borra do LCC É colocada em uma peneira de decantação para que seja escoado todo o óleo e em seguida toda a terra retirada é colocada em um recipiente. Decorticagem Casca Utilizada para queima em fornos e caldeira Despeliculagem Película Utilizada para queima em fornos e caldeira 24
14 No que diz respeito às etapas de gerenciamento dos resíduos, a indústria possui um programa de treinamento relativo ao manejo desses resíduos gerados no processo produtivo. Quanto à segregação dos resíduos comuns, a indústria realiza a identificação conforme a resolução nº 275 do Conselho Nacional do Meio Ambiente. O acondicionamento é feito em sacos plásticos e a indústria não armazena resíduos sólidos em suas instalações, dando na maioria das vezes o fim adequado em curto prazo de tempo, ou seja, apenas dispõe do armazenamento temporário desses resíduos em uma quadra que cumpre a exigências normativas. Quanto à disposição final dos resíduos na indústria, segundo o gerente indústria, esta é ambientalmente segura e não é feita em lixões a céu aberto. A empresa realiza tratamento final dos seus resíduos com a finalidade de reduzir ou minimizar os agentes nocivos à saúde e ao meio ambiente. Assim, segundo dados coletados no questionário e o levantamento realizado, a fim de identificar as principais técnicas utilizadas na indústria de beneficiamento da castanha de caju para o tratamento de resíduos sólidos foi possível verificar a utilização dos seguintes tratamentos: co-processamento, incineração e estabilização/solidificação. Quando os resíduos não passam por esses processos de tratamento a empresa faz a reutilização, reciclagem interna e destinação ao próprio aterro industrial da empresa. E por fim, a empresa destina à sucateiros intermediários o que não lhe é viável. Quanto ao levantamento da normatização e legislação existentes sobre a temática no âmbito municipal e estadual, foi realizada uma busca em sites, páginas e reportagens na internet e visita nas secretarias do meio ambiente tanto do município de Teresina quanto no estado do Piauí. As informações adquiridas em âmbito estadual se deram através da Secretaria das Cidades - SECID a qual é responsável pela elaboração do Plano Estadual Integrado de Resíduos Sólidos com base na lei , pactuado com o Ministério do Meio Ambiente. A lei prevê coleta de lixo seletiva em todos os municípios, com separação na fonte, entre lixo seco e lixo úmido com incentivos à reutilização, à reciclagem, integração dos catadores no processo de triagem dos resíduos secos e implantação de aterros sanitários apenas para os rejeitos. A ideia da legislação é evitar o impacto sobre a natureza, com forte incentivo à reciclagem. O Plano Estadual de Resíduos Sólidos, segundo informações da Secretaria Estadual das Cidades, deveria ser finalizado até o fim de fevereiro de 2014, onde seria encaminhado para as prefeituras do interior piauiense, a fim de que cada município promovesse sua 25
15 adequação. No entanto, esse plano ainda não foi disponibilizado e nem aprovado pelo o Ministério do Meio Ambiente, pois não foi enviado devido a algumas adequações que estão sendo realizadas. Porém no site da SECID existe a documentação aprovada pelo Ministério do Meio Ambiente que trata do Plano de Regionalização da Gestão de Resíduos Sólidos do Estado do Piauí no qual consta o diagnóstico atualizado da gestão de resíduos sólidos no estado durante o período de 2009 a De acordo com o IBGE dois terços dos municípios brasileiros não tinham Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos em O plano, segundo a Lei /2010 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, é pré-requisito para que as cidades obtenham recursos do governo federal, financiamentos, incentivos ou crédito na área de limpeza urbana e resíduos sólidos. 5 Conclusão No desenvolvimento da pesquisa foi possível observar a existência de determinados resíduos gerados em algumas etapas do processo produtivo. Assim, com o objetivo geral de analisar o gerenciamento dos resíduos gerados na indústria de beneficiamento de castanha de caju foi possível identificar a fonte de geração, quantidades, armazenamento, coleta, transporte e disposição final dos mesmos. Durante o processo produtivo verificou-se que a empresa ainda funciona de forma incompleta no que diz respeito ao gerenciamento adequado dos resíduos, mas identificou-se uma preocupação com o meio ambiente, dispondo de tratamentos e destinos adequados para os resíduos gerados, tais como: co-processamento, incineração, estabilização/solidificação e a reutilização. Conforme registro fotográfico foi possível constatar a inatividade da estação de tratamento dentro da indústria e a ausência de filtros nas chaminés, sendo estes motivos de preocupação já que estes resíduos contêm determinadas porcentagens do líquido da castanha de caju (LCC), o qual é um efluente altamente poluidor, tendo como uma de suas características a inflamabilidade. As limitações da pesquisa foram em relação à dificuldade no fornecimento da documentação das normas e leis que regem o PGRS pelas secretarias do estado e do município, tendo apenas acesso as normas e leis federais. 26
16 Salienta-se, ainda, a importância da pesquisa por contribuir de forma esclarecedora para a sociedade, pois apresenta os impactos ambientais causados pelo gerenciamento inadequado de resíduos sólidos perigosos gerados na indústria de beneficiamento da castanha de caju, servindo de exemplo para tantas outras indústrias do mesmo segmento no Brasil e no mundo. Referências ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR : Classificação dos Resíduos Sólidos BRASIL, Conselho Nacional do meio ambiente (CONAMA). Resolução nº 312, 29 de outubro de Diário oficial da união, Brasília. COSTA, E. C. S., CAVALCANTE, M. S. Gerenciamento de resíduos sólidos: Estudo de caso de uma construtora de grande porte. Imperatriz, p. Monografia Ciências Biológicas, Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão-UNISULMA, Imperatriz, EMBRAPA. Embrapa Agroindústria Tropical. Processamento da castanha de caju. Agroindústria Familiar, Brasília, GIARETTA, L. D. Z. Inventário de resíduos sólidos industriais do município de Chapecó - Santa Catarina. Dissertação em Ciências Ambientais - Universidade Comunitária da Região de Chapecó, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Produção Agrícola Municipal, Rio de Janeiro, v. 37, p.1-91, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Pesquisa Mensal de Previsão e Acompanhamento das Safras Agrícolas no Ano Civil. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, Rio de Janeiro, v.25, n.08, p.1-88, OLIVEIRA, L. G. L. O. Integração da cadeia produtiva do agronegócio do caju ao desenvolvimento sustentável. Dissertação em Administração Universidade Federal do Piauí,Fortaleza Ceará,
17 PAIVA, F. F. de A. et al. Processamento de castanha de caju. Embrapa Informação Tecnológica. Brasília, p. Política Nacional de Resíduos Sólidos PNRS. Lei /10, Brasília, SEMACE - Superintendência Estadual do Meio Ambiente. Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Industriais. Fortaleza: SEMACE; MMA/FNMA, SILVA, A. K. M. Resíduos sólidos industriais da cidade de Teresina. Dissertação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, UFPI, Teresina, SOUZA, K. R. Degradação Foto-Fenton de Carbono Orgânico Total em Efluentes da Indústria de Beneficiamento de Castanha de Caju. Dissertação Engenharia Química, UFRN,
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