Mapeamento das áreas de riscos de desastres naturais no estado de Minas Gerais*
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- Luna Gesser Miranda
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1 Mapeamento das áreas de riscos de desastres naturais no estado de Minas Gerais* Cristiane Nobre Prudente 1 Prof. Dr. Ruibran Januário dos Reis 2 Palavras-chave: Desastres naturais, Áreas de Risco, Vulnerabilidade Resumo O crescimento desordenado das cidades tem causado um contínuo processo de degradação ambiental nos centros urbanos. A falta de planejamento do espaço, aliados à ausência de infraestrutura básica, tem levado à instabilização da dinâmica do relevo, dos solos, dos rios, etc, propiciando um cenário para desastres causados pelas chuvas. Conforme dados do EM-DAT (2007), dos 150 registros de desastres no período , 84% foram computados a partir dos anos 70, período este que a população urbana suplanta a rural no Brasil. A cada estação chuvosa, que em Minas Gerais vai de outubro a abril, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (CEDEC-MG) registra um grande número de desastres. Sendo assim o objetivo deste trabalho é de identificar as áreas de maior vulnerabilidade socioeconômica do estado, para identificar o grau de fragilidade da população, e conhecer também os pontos mais vulneráveis devido às chuvas intensas. Esse mapeamento foi gerado com base nos dados desastres naturais dos últimos 5 anos; dados de período de retorno das chuvas acima de 80 mm em um dia; dados socioeconômicos tais como, Índice de Pobreza (IP), Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), Densidade Demográfica (DD) e número de População Idosa (PI). *Trabalho apresentado no XVII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambu - MG Brasil, de 20 a 24 de setembro de Mestranda do Programa de Pós Graduação em Geografia/ Tratamento da Informação Espacial (PUC Minas). 2 Professor do Programa de Pós Graduação em Geografia/ Tratamento da Informação Espacial (PUC Minas). 1
2 Mapeamento das áreas de riscos de desastres naturais no estado de Minas Gerais* Cristiane Nobre Prudente 13 Prof. Dr. Ruibran Januário dos Reis 24 Introdução O crescimento desordenado das cidades tem causado um contínuo processo de degradação ambiental nos centros urbanos. A falta de planejamento do espaço, aliados à ausência de infraestrutura básica, tem levado à instabilização da dinâmica do relevo, dos solos, dos rios, etc, propiciando um cenário para desastres causados pelas chuvas. Conforme dados do EM-DAT (2007) dos 150 registros de desastres no período , 84% foram computados a partir dos anos 70, período este, que a população urbana suplanta a rural no Brasil. Em países em desenvolvimento, onde não existe ainda a chamada cultura de segurança, a população de forma em geral está mais vulnerável e mais propensa a diversos tipos de acidentes, sejam eles de ordem natural, social ou tecnológico. Atualmente 75% da população do Brasil ocupa o espaço urbano, sendo que em alguns estados como São Paulo essa proporção chega a 90%. A concentração da população em centros urbanos gerou uma queda na qualidade de vida nas cidades. Nos aspectos da água no meio urbano este impacto deve-se principalmente a inundações provocadas em conseqüência da urbanização, ocupação desordenada em áreas ribeirinhas e em áreas com declividade superior a 30%, que são locais propensos a diversos tipos de processos erosivos (Tucci, 2006). Muitos desastres naturais são registrados anualmente, principalmente em países subdesenvolvidos, onde muitas vezes a infra-estrutura das casas são precárias, e as áreas habitadas impróprias para a moradia. Com o advento das chuvas, essa situação torna-se ainda mais preocupante, pois intensificam a ocorrência de enchentes e inundações. Segundo Alcántara-Ayala (2002) apud Kobiyama at al (2006) a ocorrência dos desastres naturais está ligada não somente à susceptibilidade dos mesmos, devido às características geoambientais, mas também à vulnerabilidade do sistema social sob impacto, isto é, o sistema econômicosocial-politico-cultural. *Trabalho apresentado no XVII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambu- MG Brasil, de 20 a 24 de setembro de Mestranda do Programa de Pós Graduação em Geografia/ Tratamento da Informação Espacial (PUC Minas). 2 Professor do Programa de Pós Graduação em Geografia/ Tratamento da Informação Espacial (PUC Minas). 2
3 Para Castro et al (2005) o risco pode ser tomado como uma categoria de análise associada a priori às noções de incerteza, exposição ao perigo, perda e prejuízos materiais, econômicos e humanos em função de processos de ordem "natural" (tais como os processos exógenos e endógenos da Terra) e/ou daqueles associados ao trabalho e às relações humanas. O risco (lato sensu) refere-se, portanto, à probabilidade de ocorrência de processos no tempo e no espaço, não-constantes e não-determinados, e à maneira como estes processos afetam (direta ou indiretamente) a vida humana. Os autores ainda afirmam que a categoria risco natural está objetivamente relacionada a processos e eventos de origem natural ou induzida por atividades humanas. A natureza destes processos é bastante diversa nas escalas temporal e espacial, por isso o risco natural pode apresentar-se com diferentes graus de perdas, em função da intensidade (magnitude), da abrangência espacial e do tempo de atividade dos processos considerados. Minas Gerais é o segundo estado mais populoso do Brasil, atrás do estado de São Paulo, com cerca de 21 milhões de habitantes (IBGE, 2009). Cerca de 82% da população vive em áreas urbanas. Alguns fatores como a grande extensão territorial e o relevo acentuado em parte do território, interferem no padrão da distribuição espacial da precipitação, assim a mesma apresenta grande diversificação. No entanto, algumas características são comuns a praticamente todas as regiões como: dois períodos bem definidos, sendo um chuvoso no verão e o outro seco no inverno. E a precipitação que, em quase sua totalidade, concentra-se em seis ou sete meses do ano, sendo o trimestre dezembro-fevereiro responsável por mais de 50% do total anual (CUPULILLO at al, 1998). Os problemas urbanos colaboram para que o estado esteja mais vulnerável às situações de chuvas, uma vez que associados a elas estão os problemas de inundação e intensificação dos processos erosivos, em conseqüência disso grande parte da população e a infra-estrutura dos municípios são afetados anualmente. A preocupação dos órgãos de defesa civil tem aumentando nos últimos anos, bem como os projetos e parcerias que visam minimizar ou amenizar os problemas decorrentes das chuvas. No período atual o tema da vulnerabilidade tem recebido atenção crescente quanto à dimensão humana em estudos de grupos populacionais, propiciando um quadro conceitual para a compreensão das interações homem-ambiente. Também constitui um elemento essencial para a avaliação e análise de riscos, perigos, impactos e danos aos quais os grupos populacionais estão expostos, bem como do grau de susceptibilidade a essa exposição, e a habilidade (ou falta dela) para a atenuação, enfrentamento e/ou adaptação a perturbação ou estresse causado por essa exposição (KASPERSON e TURNER, 2001). Nas últimas décadas tem ocorrido um aumento considerável na freqüência anual de desastres naturais em todo o globo. Conforme dados do EM-DAT (2007), a média de desastres ocorridos na década de 70 foi de 90 eventos por ano, saltando para mais de 260 eventos na década de 90 (Figura 5). Estes números refletem diretamente a elevação na freqüência e intensidade dos desastres causados pelas tempestades severas, como mostrado pela linha azul na Figura 1. 3
4 Figura 1 - Freqüência anual de desastres naturais para todo o globo ( ), Fonte: EM-DAT O estado de Minas Gerais também sofre com os desastres causados pelas chuvas, fato que é agravado pelo relevo acentuado, pois muitas encostas são habitadas pela população de baixa renda. De acordo com os dados da Defesa Civil do estado, o período chuvoso 2008/2009 foi o que causou o maior número de óbitos nos últimos 5 anos (tabela 1). Período 2002/ / / / / / / /2010 Óbitos Tabela 1: Dados do período chuvoso 2008/2009. Fonte: CEDEC-MG Conforme a Cedec a quantidade de óbitos aumentou sensivelmente (120%) em relação ao período chuvoso 2007/2008. Um interessante ponto de vista é a associação deste número aos índices pluviométricos de determinadas regiões e especificamente em algumas cidades, onde este índice ultrapassou em muito a média histórica em alguns meses. Por exemplo, em Cataguases, na Zona da Mata ocorreram chuvas de 50% além do habitual no mês de Dezembro/2008 e Ponte Nova registrou 150 mm acima da média histórica para aquela região no mês de outubro/2008. Diante dos prejuízos físicos e humanos causados anualmente pelos desastres naturais, torna-se importante conhecer as áreas mais vulneráveis a ocorrência destes, para servir como subsídio de planejamento e tomada de decisão para os órgãos de públicos do estado de Minas Gerais. Conforme Kobiyama (2004), Um dos instrumentos de análise de risco mais eficientes é o mapeamento de áreas de risco. A partir deste mapa é possível elaborar medidas preventivas, planificar as situações de emergência e estabelecer ações conjuntas entre a comunidade e o poder público, com o intuito de promover a defesa permanente contra os desastres naturais. As medidas preventivas estão associadas à identificação das áreas com maior potencial de serem afetadas, onde são hierarquizados os cenários de risco e a proposição de medidas corretivas. Como exemplo, cita-se a implantação de obras de engenharia, regulamentação e controle das formas de uso da terra, redirecionamento de políticas públicas, entre outros. Para a planificação das situações de emergência, os mapas de risco também podem contribuir com as ações de caráter logístico no enfrentamento das situações emergenciais, na evacuação da população 4
5 frente a um perigo eminente, nas operações de resgate, na restauração das áreas afetadas, etc. Além do mais, nas ações conjuntas entre comunidade e poder público, pode-se identificar as comunidades mais afetadas e realizar trabalhos de educação, capacitação e conscientização, visando sempre à diminuição do número de pessoas afetadas. Sendo assim o objetivo deste trabalho é de identificar as áreas de maior vulnerabilidade socioeconômica do estado, para identificar o grau de fragilidade da população, e conhecer também os pontos mais vulneráveis devido às chuvas intensas. Procedimentos Metodológicos A metodologia utilizada neste trabalho baseia-se no estudo desenvolvido por Marcelino et al (2005), os autores elaboraram um mapeamento das áreas de risco em Santa Catarina. Contudo, neste estudo foram realizadas algumas adaptações na equação utilizada pelo autor com o intuito de criar uma projeção para os desastres naturais em Minas Gerais. Os procedimentos metodológicos adotados neste estudo consistem em levantamento e tratamento de alguns indicadores sócio-econômicos, tais como Índice de Pobreza (IP), Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), Densidade Demográfica (DD) e número de População Idosa (PI). Foram utilizados também dados de desastres naturais registrados anualmente pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Estado de Minas Gerais (CEDEC) e dados climatológicos acerca do período de retorno das chuvas acima de 80 mm em um dia nos municípios do estado. Durante o desenvolvimento da pesquisa foram seguidas algumas etapas, tais como levantamento de dados, elaboração de mapas, aplicação da fórmula de índice de risco e confecção do mapa síntese. Estas etapas serão discriminadas a seguir. Levantamento dos Dados Os dados socioeconômicos utilizados são oriundos do censo de 2001 e foram coletados no Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil. Selecionados com base na fórmula adaptada por Marcelino (2005). Os dados climatológicos utilizados foram referentes ao período de retorno das chuvas acima de 80 mm em um dia. Os mesmos foram calculados e cedidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Por fim, os dados de desastres naturais foram cedidos pela CEDEC-MG, o parâmetro utilizado nesta pesquisa foi o decreto de Situação de Emergência (SE). Segundo o glossário da Defesa Civil para se caracterizar uma situação de emergência é necessário reconhecimento legal pelo poder público de situação anormal, provocada por desastres, causando danos (superáveis) à comunidade afetada. Foram elaborados mapas de IP, PI, IDH, DD, e os mapas de risco, que trata-se da combinação das variáveis supracitados e que foi o resultado final da pesquisa, que consistia em identificar as áreas mais vulneráveis a ocorrência de desastres naturais no estado. 5
6 A metodologia utilizada para elaboração dos mapas foi o desvio quartilíco, onde o total do conjunto dos dados é subdividido em um número de classes, contendo o mesmo número de observações. Cada mapa possui 4 classes, segundo Ramos e Sanchez (2000) apud Marcelino et al (2005) o desvio quartilíco divide a série de dados em quatro grupos com igual número de ocorrências, cada um compreendendo 25% do total de valores. Desta forma, o fatiamento é definido quantitativamente, excluindo a subjetividade no processo de definição do limiar de corte. Fase Prática Nesta fase foi aplicada a equação proposta por Marcelino (2005), conforme seque abaixo. R= P x (DD + IP + PI ) IDHM Onde, R é o risco; P é o perigo; DD é a densidade demográfica; IP é a intensidade da pobreza; PI é população idosa; e IDHM é o índice de desenvolvimento humano municipal. DD é população total dividida pela área do município (hab/km²); IP fornece o desvio entre a renda per capita média dos pobres (R$ 75,50) em relação ao valor da linha de pobreza; PI representa o número de pessoas com 65 anos ou mais; e IDHM é obtido pela média aritmética de três sub-índices, referentes às dimensões Longevidade (IDHLongevidade), Educação (IDH- Educação) e Renda (IDH-Renda). O P representa o número de decretos de SE no período estudado. Para calcular o P foram utilizados os dados de desastres naturais ocorridos nos municípios de Minas Gerais no período de 2005 a 2010, para definir o grau de risco utilizou-se o número de vezes que os municípios decretaram Situação de Emergência. Para que um município decrete SE é necessário que o mesmo tenha sofrido desastres naturais consideráveis. A metodologia foi definida dessa forma, pois os municípios passaram a preencher o formulário de Avaliação de Danos (AVADAN) de forma mais detalhada, informando os tipos de desastres que ocorreram, a partir do ano de O município que registrou SE em cada um dos anos analisados recebeu um peso 1, desta forma na soma final o município poderia obter o peso máximo de 5. Para a geração dos mapas risco foram adotadas 4 classes: Baixa, Média, Alta e Muito Alta. Estas classes foram divididas utilizando também o desvio quartilíco. Muitos municípios do estado não possuem COMDEC, ou não possuíam nos primeiros anos de coleta dos dados pela CEDEC. Isso é um fator que pode mascarar parte dos resultados, pois pode ocorrer momentos em que houveram desastres no município e o mesmo não ter decretado SE devido a falta da coordenadoria. Portanto, o dado Zero pode assumir dois significados no mapa: sem informação, ou sem ocorrência de desastres no período estudado. Como muitos municípios apresentaram o valor Zero, a primeira e a metade do segundo quartil foi formado por este valor, gerando as classes baixo e médio. Sendo assim, para obter maior acurácia dos resultados foi gerada uma classe com todos os dados Zero, representando os municípios sem informação ou com risco nulo. O 6
7 desvio quartilíco foi aplicado para os municípios que possuíam dados acima de 0,001, desta forma, o mapa de risco apresenta 5 classes conforme a tabela 2. Ordem das classes Peso 1 Sem informação ou nulo 2 Baixo para trás 3 Médio 4 Alto 5 Muito Alto. Tabela 2: Classes do mapa de risco Além da equação proposta por Marcelino (2005) foram realizados alguns testes inserindo outras variáveis para verificamos se as mesmas poderiam auxiliar a composição do mapa de risco. Sendo assim, na primeira equação retirou-se o dado de perigo e inserimos o dado de período de retorno das chuvas acima de 80 mm em uma hora, gerando a seguinte equação: R = Re x (DD+IP+PA) IDHM Onde Re; é o período de retorno das chuvas acima de 80 mm em 1 dia em determinado município. Na segunda equação os dados de perigo foram mantidos e somados ao período de retorno da chuva, que ficou da seguinte forma: Resultados e Discussão R= P+Re x (DD+IP+PA) IDHM O estado possui uma área de ,4 km², portanto sua densidade demográfica é de 30,5 hab/km². As regiões que apresentam os maiores índices de densidade demográfica são a região Metropolitana de Belo Horizonte, a Zona da Mata e o Sul do estado. Nas demais regiões os municípios que possuem densidade demográfica elevada são aqueles considerados como cidades médias. Dentre eles pode-se citar Uberlândia, Uberaba, Montes Claros e Governador Valadares. O município de maior densidade demográfica do estado é Belo Horizonte, com cerca de hab/km². E o menor valor registrado é no município de Santa Fé de Minas, com 1,4 hab/km² (Fig. 2). 7
8 Figura 2: Mapa de densidade demográfica A maior parte nos municípios mineiros possuem um IDH entre 0,650 e 0,800, representando no total 82,6% dos municípios. Apenas 38 dos 853 municípios do estado apresentam IDH acima deste valor. No ano de 2002 o IDH Municipal do Brasil era de 0,766. O município do estado de Minas Gerais com o melhor valor de IDH era Poços de Caldas, localizado no Sul do estado, e o município com o pior valor era Setubinha, localizado do Vale do Jequitinhonha. Ao analisar a distribuição espacial do Índice de Desenvolvimento humano, percebe-se que os melhores índices estão concentrados nas regiões do Triângulo, Sul, Oeste e Metropolitana do estado. Enquanto os piores índices concentra-se principalmente no extremo norte, Vale do Jequitinhonha e Vale do Mucuri (Fig. 3). A distribuição espacial do índice de pobreza em Minas Gerais assemelha-se a distribuição do IDH, os melhores índices são registrados no Triângulo, Sul e Oeste, os piores índices nas regiões Norte, Vale do Jequitinhonha e Vale do Mucuri. Em 2000, a Intensidade da pobreza do Brasil era 49,68. Dentre os municípios do estado de Minas Gerais, o município com o melhor valor era Monte Sião no Sul de Minas, com um valor de 24,04, e o município como pior valor era Bonito de Minas, com um valor de 74,10. Quanto maior o valor do índice de pobreza de um município, ou seja, quanto mais próximo de 1, maior é a pobreza da população em análise (Fig. 4). O número de população idosa é distribuído homogeneamente pelo estado, os municípios que possuem maior quantidade são aqueles considerados médios ou grandes. A região em que se registra o menor número de idosos por município é a região Norte (Fig. 5). 8
9 Figura 3: Mapa de IDHM Figura 4: Mapa de Índice de Pobreza 9
10 Figura 5: Mapa de População Idosa Mapa de Risco segundo equação proposta por Marcelino (2005) Ao elaborar o mapa de acordo com a metodologia proposta por Marcelino (2005) percebe-se que o risco é maior nas regiões Norte, Jequitinhonha, Vale do Mucuri e Vale do Rio Doce. Nas regiões Metropolitana e Zona da Mata existem municípios com gral alto e alguns pontuais com o índice de risco muito alto (fig. 6). Observa-se nestas regiões em que os municípios que apresentam densidade demográfica elevada possuem um índice de risco elevado, como os Municípios de Montes Claros, Teófilo Otoni, Governador Valadares e Belo Horizonte. Outro fator que influencia bastante o maior índice de risco nessa região é o índice de pobreza e o IDH. Nos locais onde esses índices são mais baixos é que há um maior índice de risco. Os municípios que possuem os menores valores de IDH são aqueles que ocupam a classe de risco muito alto, estes municípios em sua maioria ocupam o extremo Norte de Minas, o Vale do Jequitinhonha e parte do Vale do Mucuri. O número de pessoas idosas não apresenta tanta influencia no índice de risco, pois essa distribuição é bastante homogênea no estado. As regiões que apresentam os menores índices de risco são a Oeste, Campo das Vertentes e Sul de Minas. Geomorfologicamente essas regiões são mais preocupantes por apresentar um relevo mais irregular, o que favorece uma série de problemas como deslizamentos e inundação das áreas de várzea, entretanto mesmo sendo uma região bastante ocupada, com elevada densidade demográfica, é uma região que possui um elevado índice de desenvolvimento humano. Como no caso das regiões Oeste e Sul, que apresentam os menores índices de pobreza do estado. Muitos municípios também apresentam risco nulo ou sem informação, neste caso há duas hipóteses para estes municípios, a primeira e de não ter ocorrido desastres no período 10
11 analisado, a ponto de ser decretada Situação de Emergência, a segunda é dessa informação não existir devido a falta de criação de uma COMDEC. Figura 6: Mapa de risco segundo a equação proposta por Marcelino (2005) Mapa de risco levando em consideração o período de retorno das chuvas Com o intuito de incrementar o mapa de risco com algumas informações específicas do estado, realizamos um teste que substitui a variável P (perigo) da equação pela variável Re (período de retorno). Neste caso gerou-se um mapa completamente diferente do anterior, ouve uma inversão das áreas mais críticas, as áreas com pior risco deslocou-se para o eixo sudeste a noroeste do estado, abarcando as regiões Vale do Rio Doce, Zona da Mata, Sul, Metropolitana, Central, Triângulo e Oeste, sendo esta ultima a região que apresenta os maiores índices de risco (fig. 7). O resultado deste mapa coincide com as regiões que possuem os maiores índices pluviométricos do estado. Portanto neste caso tem-se a seguinte análise: quanto maior o índice pluviométrico maior será o perigo no município, neste caso as variáveis sócioeconômicas são pouco expressivas se comparado a variável Re. 11
12 Figura 7: Mapa de risco considerando o período de retorno das chuvas Mapa de risco levando em consideração o período de retorno das chuvas somado ao Perigo Outro teste realizado foi a soma das variáveis Re e P na fórmula proposta por Marcelino (2005), o resultado foi bastante parecido com o anterior, as maiores mudanças que ocorreram foram de alguns municípios que possuíam um índice de risco muito alto que passou para alto, e alguns municípios que tinham o índice de risco alto e passou para médio. Nas regiões norte e Jequitinhonha não houveram grandes alterações, sendo assim o índice de risco predominante foi o baixo (fig. 8). 12
13 Figura 8: Mapa de risco resultado da soma do perigo e do período de retorno. Considerações Finais: O mapa de risco elaborado segundo a equação proposta por Marcelino vem constatar a realidade do estado. As regiões que economicamente são mais pobres é que apresentam os índices mais altos de riscos, regiões norte e nordeste de Minas Gerais. Quando se utiliza os dados de período de retorno, isto é, dá um peso maior para as chuvas intensas, pode-se observar que mesmo os municípios que podem ser considerados como os mais desenvolvidos também apresentam um índice alto de risco. Diante dos resultados obtidos através dos mapas de risco gerados neste trabalho, percebe-se que mesmo as chuvas mais fortes ocorrendo no eixo sul do estado, as regiões que sofrem mais danos são as do eixo Norte, o que nos leva a perceber a importância do desenvolvimento de ações preventivas nas regiões mais críticas para diminuir a vulnerabilidade destes municípios. Com base nos cenários do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas IPCC os resultados mostraram que se as alterações, que já estão sendo observadas na distribuição pluviométrica continuarem, o número de pessoas que serão atingidas por desastres naturais será muito maior do que os observados no momento. A partir desse trabalho verificou-se também a importância de gerar outros estudos que acoplem os dados de vulnerabilidade com a ocorrência de chuvas intensas, além disso mostro a necessidade de inserir outras variáveis que representem características mais peculiares dos municípios como, por exemplo, a planta geológica que apresenta os riscos físicos do município. 13
14 Referências Bibliográficas CRISTO S. S. V. C. Análise de susceptibilidade a riscos naturais relacionados às enchentes e deslizamentos do setor leste da bacia hidrográfica do rio Itacorubi, Florianópolis - sc. Dissertação. Florianópolis, CUPOLILLO F., PRATES J. E., BRITES R. S. Aspectos dinâmicos na América do Sul Associados a Espacialização das Chuvas no Estado de Minas Gerais, em Janeiro de SIMGE / UEMG / FUNEC.Fone: SBMET (1998) EM-DAT. The OFDA/CRED International Disaster Database. [on line] < em 30 out EM-DAT Emergency Events Database. The OFDA/CRED International Disaster Database. Disponível em: < Acesso em: 02 mar IBGE. Banco de dados Estado - Tabela- População residente. Disponível em http: <// Acesso em: novembro de KASPERSON, R. TURNER, B. Framework for vulnerability: Research and assessmentsystems for sustainability. Disponível em: < Acesso em: julho KOBIYAMA, M.; CHECCHIA, T.; SILVA, R. V., SCHRÖDER, P. H., GRANDO, Â., REGINATTO, G. M. P. Papel da comunidade e da universidade no gerenciamento de desastres naturais. Simpósio Brasileiro de Desastres Naturais, 2004, Florianópolis. Anais... Florianópolis: GEDN/UFSC, p (CDROM). KOBIYAMA M., MENDONÇA M., MORENO D. A, MARCELINO I. P. V. O., MARCELINO E. V., GONÇALVES E. F., BRAZETTI L. P., GOERL R. F, MOLLERI G. S. F., F. M. RUDORFF. Prevenção de desastres naturais conceitos básicos. Florianópolis SC. 1ª Edição. Editora Organic Trading, MARCELINO E. V., NUNES L. H., KOBIYAMA M. Mapeamento de risco de desastres naturais do estado de Santa Catarina. Caminhos de Geografia 8 (17) 72-84, fev/2006. TUCCI C. E. M. e BERTONI J. C. Inundações Urbanas na América do Sul. Associação Brasileira de Recursos Hídricos Porto Alegre,
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