ISSN Traços do componente romântico na literatura contemporânea. Volume 27
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- Ana Lívia Benevides Ferretti
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1 ISSN Traços do componente romântico na literatura contemporânea Volume 27 dezembro de 2014
2 ISSN Expediente A Terra Roxa e Outras Terras: Revista de Estudos Literários, com QUALIS A2, permite acesso livre, gratuito e completo aos textos publicados em formato PDF, publicada continuadamente desde Revista eletrônica do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Estadual de Londrina, permitindo acesso livre e completo aos textos publicados; está classificada no QUALIS como A2 e faz parte do repositório Portal de Periódicos Capes por atender as normas especificadas por aquela agência. Indexação: Unicamp - PAI-E: Programa de Acesso à Internet Portal LIVRE! - Centro de Informações Nucleares do MCT Indice Latinoamericano de Publicaciones Científicas Seriadas (LatinIndex) Intute Arts and Humanities (University of Oxford) Comissão Editorial Prof. Dr. Alamir Aquino Corrêa (Presidente) Prof.ª Dr.ª Regina Célia dos Santos Alves Prof.ª Dr.ª Sônia Pascolati t.roxa@uel.br
3 ARTIGOS Apresentação... 4 VESTÍGIOS ROMÂNTICOS NA LITERATURA DE AUTORIA FEMININA... 6 Nincia Cecilia Ribas Borges Teixeira (UNICENTRO) AUTORIA FEMININA: DO ROMANTISMO À CONTEMPORANEIDADE Sílvia Barros (UFRJ) A IRONIA ROMÂNTICA COMO FIO CONDUTOR PARA A INTERPRETAÇÂO DO ROMANCE DESONRA Eunice Terezinha Piazza Gai (UNISC)e Daniela Freitas Torres (UNISC) A IRONIA ROMÂNTICA DE FRIEDRICH SCHLEGEL E SUA PRESENÇA NO ROMANCE MAYOMBE, DE PEPETELA Constantino Luz de Medeiros (FFLCH/ USP) TRAÇOS DA IRONIA ROMÂNTICA NA LITERATURA DO SÉCULO XX Danglei de Castro Pereira (UEMS/FUNDECT/NEHMS) HILDA HILST E A EXPERIÊNCIA ROMÂNTICA DO AFASTAMENTO Rubens da Cunha (UFSC) BOLBER A VIVER: DOUGLAS DIEGUES E A RETOMADA DA UTOPIA ROMÂNTICA Ana Paula Macedo Cartapatti Kaimoti (PNPD CAPES/ UEL) Volume 27 (dez. 2014) 1-86 ISSN
4 Apresentação Tanto quanto o Renascimento desde fins do século XIV, o movimento romântico teve forte impacto sobre a mentalidade do século XVIII e seguintes em muitos domínios de pensamento política, filosofia, artes, sociologia, estética. A estética romântica espraia-se num tempo de ascensão da burguesia e desenvolvimento técnico-industrial, portanto, num contexto de reformulação de concepções sobre o homem e sua relação com o mundo, gerando tendências diversas que vão desde o idealismo e a evasão até o combate feroz a injustiças como a escravidão (em seu sentido amplo). Trata-se de um movimento imerso em dicotomias, sendo exemplar o embate entre a rousseauniana busca pelo natural e primitivo e o elogio voltairiano ao progresso. A literatura passa a dar espaço para novas categorias de personagens, reflexo dessa moderna configuração social, assim como se volta contra os modelos clássicos de produção literária, propondo a união entre grotesco e sublime, a busca de fontes orais e populares para a criação erudita, a retomada ou a criação de universos exóticos, dando livre curso à fantasia romântica. Prosa, poesia e teatro se deixam tomar tanto pelo sentimentalismo burguês quanto por tintas de misticismo e religiosidade. Esses e outros traços românticos circulam até hoje em nosso imaginário e se fazem representar pela literatura contemporânea, como se pode verificar pelo conjunto de textos aqui publicados. Os artigos assinalam a presença de muitos paralelos entre o ideário romântico e questões contemporâneas que habitam a produção poética e em prosa no Brasil. O passeio pelo século XX e início do século XXI demonstra como o caráter multifacetado do Romantismo permanece uma das principais marcas da literatura contemporânea, posicionamento típico da arte diante de tempos históricos em que o homem é confrontado com o fim de algumas utopias e instado a erigir tantas outras, tal como é comum às passagens de século. Em certa medida, a fragmentação do homem romântico encontra eco na fragmentação do homem moderno que se projeta sobre o homem contemporâneo; nesse diluir-se e reconfigurar-se de identidades na contemporaneidade encontramos a literatura em busca de novas identidades estéticas, como indicam os dois artigos que abrem o dossiê, voltados à escrita literária de mulheres, com destaque para a permanência da luta por espaço Volume 27 (dez. 2014) 1-86 ISSN
5 5 social e artístico, herança do Romantismo, e sua ampliação para novas formas de afirmação que ultrapassam a folha de papel impressa e colonizam um dos novos meios de circulação da palavra poética, a internet. A ironia romântica, tal como discutida por filósofos alemães com destaque para Schlegel, Hegel e Kierkegaard foi alvo de reflexão em três artigos, o que mostra a força desse aspecto na produção literária nacional e estrangeira. Na análise de Desonra, de J.M. Coetzee, as autoras tomam a ironia como deflagradora de ambiguidade, colocando em correspondência o relativismo romântico e o contemporâneo como modo de questionar posições sociais e verdades absolutas, tocando na vertente política e crítica do Romantismo. Discussão semelhante atravessa a análise do romance Mayombe, de Pepetela, numa leitura que reforça a importância do conceito de liberdade (política e estética) como herança romântica que habita tanto o eixo temático quanto formal da produção literária contemporânea. No que respeita à observância desse topos na poesia brasileira, ela está representada por artigo que perscruta um rastro que vai do próprio Romantismo, com Bernardo Guimarães, até os reflexos na produção modernista, com destaque para Manuel Bandeira. Outros aspectos fundamentais do movimento romântico não foram esquecidos nos artigos que analisam a obra de Hilda Hilst e Douglas Diegues. Sobre a poeta paulista, destaca-se a permanência da busca pela identidade poética, marca dos românticos que persiste sob a forma de profundo questionamento sobre a função do poeta e da poesia no mundo contemporâneo; o afastamento buscado por Hilst a fim de melhor equipar-se de poesia para o enfrentamento do mundo é um eco do idealismo romântico, mas também de inquietude e inconformismo diante da selvageria urbana que se desenhava desde o século XVIII e exacerbou-se nos séculos seguintes. Já a busca de Diegues implica até mesmo a criação de um espanhol macarrônico, como assinala a articulista, como forma de aceder a novas potencialidades da linguagem poética. Ocupar um espaço à margem é uma excelente estratégia para lançar novo olhar para o centro, para a norma, tal como faz Diegues com o soneto. Aliás, a mesma estratégia utilizada pelos românticos no questionamento dos modelos clássicos. Esperamos que a leitura dos artigos desse volume da revista Terra Roxa e Outras Terras inspire novas abordagens da literatura contemporânea a partir de seus diálogos com a tradição literária da qual o Romantismo é um dos maiores ícones. Prof.ª Dr.ª Sônia Pascolati (responsável pelo volume) Volume 27 (dez. 2014) ISSN
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