AJES FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÀO DO VALE DO JURUENA CURSO: GESTÃO EM AUDITORIA E PERICIA AMBIENTAL

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1 AJES FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÀO DO VALE DO JURUENA CURSO: GESTÃO EM AUDITORIA E PERICIA AMBIENTAL APICULTURA: UM CAMINHO PARA A SUSTENTABILIDADE DO HOMEM DO CAMPO Josemar Pereira Hidalgo josemar111@hotmail.com COMODORO/MT JANEIRO/2010

2 AJES FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÀO DO VALE DO JURUENA CURSO: GESTÃO EM AUDITORIA E PERICIA AMBIENTAL APICULTURA: UM CAMINHO PARA A SUSTENTABILIDADE DO HOMEM DO CAMPO Josemar Pereira Hidalgo Josemar111@hotmail.com ORIENTADORA: PROFESSORA Ms. CYNTHIA CÂNDIDA CORREA Monografia apresentada à Associação Juinense de Ensino Superior AJES - como parte das exigências do curso de Pós Graduação - Gestão em Auditoria e Perícia Ambiental - para obtenção do título de Pósgraduado a Gestor em Auditoria e Perícia Ambiental. COMODORO/MT JANEIRO/2010

3 FICHA CATALOGRÁFICA Hidalgo, Josemar Pereira Apicultura: um caminho para a sustentabilidade do homem do campo, estudo de caso na apicultura do sitio: Josemar Pereira Hidalgo Comodoro, MT.: [s.n.], 2011 Orientadora: Professora Cynthia Cândida Correa - Mestra Trabalho de Conclusão de Curso Associação Juinense de Educação Superior Ajes, Faculdade do Vale do Juruena, Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena. 1. Sustentabilidade; 2. Desenvolvimento econômico; 3. Criação de abelhas I.Correa, Cynthia Candida. II. Associação Juinense de Educação Superior - Ajes, Faculdade do Vale do Juruena, Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena. III. Apicultura: um caminho para a sustentabilidade do homem do campo, estudo de caso na apicultura do sitio:

4 AGRADECIMENTOS Hoje, ao finalizar este curso de Pós-graduação, senti-me na obrigação de fazer quatro agradecimentos imprescindíveis: O primeiro, quero dirigir ao nosso bom DEUS por todas as dádivas que nos são oferecidas diariamente, nas quais incluo o carinho que tenho recebido de todos. O segundo agradecimento quero dirigir aos meus caros colegas companheiros de curso pelo total apoio e colaboração nos momentos de dificuldades. Em terceiro lugar quero agradecer aos meus amigos orientadores de cada módulo estudado no decorrer do curso de Gestão em Auditoria e Perícia Ambiental. Essas pessoas maravilhosas que encontrei e com quem convivi por alguns dias participando reciprocamente dos momentos produção de conhecimento. Esses meus amigos jamais serão esquecidos e já os considero parte integrante de minha família. Para vocês Aquele Abraço. Finalmente quero agradecer aos meus irmãos e a meus pais pela incessante contribuição, seja financeira ou incentivo moral para alcançar mais este degrau de conhecimento em minha vida estudantil. A todos meu reconhecível agradecimento e gratidão.

5 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem Ele, nada seria possível e não estaria desfrutando deste momento que é tão importante. Aos meus pais Benedito e Maria; pelo esforço, dedicação e compreensão, em todos os momentos desta e de outras caminhadas. Em especial, ao meu grande amigo Vitor Quintiliano por sua amizade, mesmo e, pelo mútuo aprendizado de vida, durante nossa convivência, no campo profissional e particular. Amigo, gratidão eterna!!!

6 O bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio, Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão. Não era um gato. Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. (Manoel Bandeira)

7 RESUMO A presente pesquisa buscou identificar se o manejo da atividade apícola adotada pelos apicultores do município de Comodoro/MT tem ajustado a um caminho sustentável ao homem do campo. Para tanto, utilizou-se de leituras bibliográficas, referenciais teóricos, questionário subjetivo com presidente de associação e apicultores, analise e organização dos dados. A apicultura é uma atividade muito antiga, mergulhando suas origens na pré-história e sendo a ciência, ou arte, da criação de abelhas com ferrão trata-se de um ramo da zootecnia. A exploração dessa atividade sempre foi feita de maneira muito rudimentar, anti-econômica, obtendo-se o mel e a cera em pequenas quantidades, pouco se interessando pela vida no interior do enxame. Os enxames eram quase totalmente destruídos no momento da colheita do mel, tendo que se refazer a cada ano. Porém, com o conhecimento adquirido através dos tempos, hoje o convívio com a abelha é diferente. Os teóricos nos quais a pesquisa se embasou foram: WENDEL, 2008; ZANATTA, 2009; MENEZES, 2004; CAETANO, 2007; GUARIENTI, 2004, entre outros. Os resultados alcançados demonstram o avanço e a qualidade que os apicultores conquistaram ao longo do tempo em suas vidas econômicas, melhoras no manejo e produtos de qualidades para o consumidor. A pesquisa não se dá por acabada, pois abre muitos horizontes de pesquisas e práticas a serem desenvolvidas referente a apicultura e os apicultores do município de Comodoro/MT. Palavras-chaves: sustentabilidade; desenvolvimento econômico; criação de abelhas

8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO CAPÍTULO I - REFERENCIAL TEÓRICO Conceitos Básicos Breve Histórico sobre apicultura Manejo Apícola Extrativismo, vestimentas e utensílios Extrativismo Vestimentas Utensílios Organização dos Apicultores CAPÍTULO II MATERIAL E MÉTODO CAPÍTULO III PRESENTAÇAO E ANÁLISES DOS DADOS Breve apresentação do objeto de estudo Município de Comodoro/MT Projeto de Assentamento Miranda Estância Projeto de Assentamento Nova Miranda Chácara dos Freis Capuchinhos Casa do Mel (Associação dos Apicultores) Analise dos dados Resultado e discussão CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APENDICE... 53

9 INTRODUÇAO A preocupação com o meio ambiente e o movimento de conscientização mundial a respeito da questão ambiental intensificaram-se a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972). A tese do desenvolvimento sustentável ganhou projeção, sobretudo a partir do Relatório Brundtland (1987), sendo finalmente consagrado na 2º Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Rio de Janeiro, 1992), que reuniu inúmeros chefes de Estado e marcou a incorporação da questão ambiental como agenda de negociações internacionais. No que diz respeito à flora, ameaçada pela expansão geográfica do atual modelo de exploração agropecuária, o Cerrado compreende os campos gerais, o cerrado propriamente dito, as veredas e matas ciliares. Cada um desses ecossistemas é constituído de diversas espécies botânicas e zoológicas, inclusive com variações em função de características do solo e altitude (RANZANI, 1963; CAMARGO, 1963). Sendo assim, a combinação entre atividades agropecuárias e o extrativismo no Cerrado, seria uma prática sustentável inovadora tendo a atividade de apicultura como mecanismo de trabalho, assegurando a devastação acelerada da vegetação nativa ocorrida nos dias atuais. E como sabemos é uma necessidade imperativa romper com esse modelo de agricultura e lutar em favor de novos padrões de sustentabilidade, fundamentados nos princípios de equidade e da participação, garantindo assim, o controle total dos meios de produção e dos recursos naturais por aqueles que trabalham a terra para seu sustento permanente de renda e elevados níveis de produtividade. Nesse contexto a apicultura é uma das atividades mais antigas e importantes do mundo, prestando grande contribuição ao homem através da produção do mel, da geléia real, da própolis, da cera, bem como à agricultura, pelos serviços de polinização. É uma atividade econômica de baixo impacto ambiental que possibilita a utilização permanente dos recursos naturais, preservando o meio ambiente e agregando esse "marketing ecológico" aos produtos obtidos. Mas até o presente momento é explorado, quase que exclusivamente, a produção convencional de mel

10 sendo limitado ou até mesmo ausente o aproveitamento dos outros produtos apícolas diretos que agregariam valor à toda a cadeia produtiva. A apicultura apresenta um grande potencial econômico para região de cerrado, como é o caso do município de Comodoro/MT, em função de características da atividade, tais como: necessidade de pequenas áreas, ciclo curto, exigência de pequenos valores de capital inicial e de recursos para o custeio de manutenção, fatos estes que são vantagens competitivas em relação a outras criações de animais de maior porte. Dessa forma, pode contribuir para a geração de emprego, melhoria na renda das famílias e na condição de vida dos pequenos proprietários e se tornar mais uma atividade econômica a ser desenvolvida pelos pequenos produtores agrícolas. Para o desenvolvimento da apicultura numa região, são necessários três fatores básicos: florada apícola abundante; disponibilidade de fonte de água não poluída; pessoas interessadas e capazes de se dedicarem a essa atividade. A importância dessa atividade apícola não está apenas no incremento da renda, mas também na melhoria do nível nutricional das famílias em virtude do consumo dos produtos das abelhas. Ela diferencia de outras atividades agropecuárias, necessitando de um ambiente preservado para alcançar bons resultados. Esta característica, além de conferir à região grande produção de mel orgânico, estimula através da apicultura à preservação dos recursos naturais disponíveis. No entanto, para que essa situação se torne uma realidade é necessário que as técnicas de manejo utilizadas pelos apicultores da região sejam avaliadas, pois muitas de suas atividades se baseiam em conhecimentos adquiridos empiricamente, além de adaptações do manejo adotado em outras regiões do país. Dessa forma, destaca-se a problemática desta pesquisa: a atividade apícola no município de Comodoro/MT tem estado como caminho sustentável para o homem do campo? E como está o uso das novas tecnologias para melhor desenvolver essa atividade no meio rural sem encaminhar prejuízos ao meio natural? Diante do avanço da apicultura nos últimos anos, do crescimento da atividade apícola no Estado de Mato Grosso e diante da importância da apicultura para pequenos e médios produtores da região Sudoeste do Mato Grosso, principalmente no município de Comodoro/MT, o presente trabalho teve como objetivo identificar se o manejo da atividade apícola adotada pelos apicultores do município de Comodoro/ MT tem ajustado a um caminho sustentável ao homem do campo.

11 Sendo assim, necessário identificar os problemas ambientais existentes nas comunidades pesquisadas através de um diagnostico da realidade, saídas a campo e atividades desenvolvidas com as pessoas que estão diretas ou indiretamente ligadas a atividade da apicultura; quantificar as espécies presentes nos apiários de cada local pesquisado, quantidade de apiários e produções comparando os resultados entre as comunidades; constatar o tipo de vegetação, relevo e hidrografia presente nos espaços dos apiários dos entrevistados, bem como a distancia destes às florestas e rios; verificar o tipo de manejo, extração dos produtos, armazenamento e comercialização e a época do ano mais propícia para tal atividade; identificar a forma de organização dos apicultores, ferramentas utilizadas e apoio recebido por parte dos órgãos públicos para que tal atividade seja sustentável. O presente trabalho está organizado da seguinte forma: O Capitulo I faz uma abordagem conceitual sobre apicultura, sustentabilidade e atividade agroecológica, esclarecendo por meio de pensadores sobre tais temas no qual a presente pesquisa tem seu foco principal. Relata brevemente sobre o histórico da apicultura, seu manejo e organização dos apicultores. O Capitulo II faz uma amostragem do material e métodos usados no desenvolvimento do presente trabalho. O Capitulo III apresenta o objeto de estudo, analisa os dados, mostra os resultados e faz as discussões básicas sobre a realidade dos dados coletados. Por fim as considerações gerais da pesquisa abordando os resultados alcançados mediante os objetivos propostos para a pesquisa.

12 CAPÍTULO I REFERENCIAIS TEÓRICOS 1.1 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE APICULTURA E SUSTENTABILIDADE Como sabemos a insustentabilidade planetária se deve à insustentabilidade dos padrões de produção e de consumo e à desintegração das variáveis que regulam ambos os padrões. Nos países pobres e dependentes, esses padrões, além de insustentáveis, perpetuam um modelo subordinado, periférico e dependente de desenvolvimento, e terminam por hipotecar as possibilidades de mudança para um padrão menos pernicioso social e ambientalmente. Neste contexto vale ressaltar que Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades. Em outras palavras, é o equilíbrio na convivência entre o homem e o meio ambiente. Isso significa cuidar dos aspectos ambientais, sociais e econômicos e buscar alternativas para sustentar a vida na Terra sem prejudicar a qualidade de vida no futuro. Atualmente o que mais se fala é em projetos sustentáveis em todos os sentidos, isso porque apesar de a sustentabilidade trazer a idéia de ter novas atitudes pensando no meio ambiente e que qualquer atitude mal pensada hoje pode se tornar uma falha no futuro e te atingir, ter surgido há muitos anos, só agora que o mundo esta acordando e cada vez mais autoridades atentas a desequilíbrios naturais e catástrofes que vem ocorrido. A apicultura, nesse caso, vem se destacando como uma atividade sustentável, pois gera renda aos apicultores, ocupa mão-de-obra familiar e não causa danos ao meio ambiente. Além disso, é uma atividade de baixo custo de implantação, que não exige dedicação exclusiva e que não necessita de grandes áreas para a implantação do apiário, sendo que podem ser utilizadas para este fim, áreas não agricultáveis e de reserva natural. Devido a esses aspectos a apicultura se caracteriza como uma alternativa de geração de trabalho e renda para pequenos e médios produtores e é o ramo da agricultura que estuda as abelhas produtoras de mel e as técnicas para explorá-las convenientemente em benefício do homem. Inclui

13 técnicas de criação de abelhas e a extração e comercialização de mel, cera, geléia real e própolis. Nesse processo de atividade econômica o apicultor é a pessoa que se encarrega de cultivar os produtos proporcionados pelas abelhas. As colméias artificiais que o homem fornece às abelhas são muito variadas e têm evoluído com o tempo. As mais rústicas eram simples troncos ocos ou cestos de vime; hoje em dia, utilizam-se diferentes tipos de caixas, que são muito mais práticas e fáceis de manejar. O apiário é um conjunto racional de colméias, devidamente instalado em local preferivelmente seco, batido pelo sol, de fácil acesso, suficientemente distante de pessoas e animais, provocando o confinamento das abelhas. Ele sofrerá a interferência de fatores do meio ambiente no qual esta instalado, tais como: temperatura, umidade, chuvas, florações, ventos, pássaros predadores, insetos inimigos e concorrentes. Para o bom desenvolvimento das colméias de cada apiário é necessário que as abelhas melíferas sejam criadas em áreas onde haja abundância de plantas produtoras de néctar, como a laranjeira, o eucalipto, o cipó uva entre outras. Como norma, os maiores produtores de mel estabelecem suas colméias em zonas de agricultura intensiva, já que não é prático cultivar plantas para a produção de mel. Na apicultura são as abelhas do gênero Apis mellifera que mais se prestam para a polinização, ajudando a agricultura, produção de mel, geléia real, cera, própolis e pólen. Elas são insetos sociais que vivem em colônias, conhecidas há mais de 40 mil anos e acha-se espalhada pela Europa, Ásia e África. 1.2 BREVE HISTORICO DA APICULTURA No início da exploração dos produtos das abelhas, o homem promovia uma verdadeira "caçada ao mel", tendo que procurar e localizar os enxames, que muitas vezes nidificavam em locais de difícil acesso e de grande risco para os coletores. Naquela época, o alimento ingerido era uma mistura de mel, pólen, crias e cera, pois o homem ainda não sabia como separar os produtos do favo. Os enxames, muitas vezes, morriam ou fugiam, obrigando o homem a procurar novos ninhos cada vez que necessitasse retirar o mel para consumo (PEREIRA et al., 2003). O mesmo autor relata que na Idade Média, iniciaram-se vários estudos no sentido de solucionar o problema da coleta do mel, pois, os coletores não

14 suportavam mais ter que matar suas abelhas para coletar o mel. Após alguns anos, surgiu a idéia de se trabalhar com recipientes sobrepostos, em que o apicultor removeria a parte superior, deixando reserva para as abelhas na caixa inferior. Embora resolvesse a questão da colheita do mel, o produtor não tinha acesso à área de cria sem destruí-la, o que impossibilitava um manejo mais racional dos enxames. Para resolver essa questão, os produtores começaram a colocar barras horizontais no topo dos recipientes, separadas por uma distância igual à distância dos favos construídos. Assim, as abelhas construíam os favos nessas barras, facilitando a inspeção, entretanto, às laterais dos favos ainda ficavam presas às paredes da colméia. Uma das chaves para o desenvolvimento da apicultura racional, segundo Kiss (2006), foi a descoberta do Reverendo Lorenzo Lorraine Langstroth, no ano de Ele observou que as abelhas depositavam própolis em qualquer espaço inferior a 4,7 mm e construíam favos em espaços superiores a 9,5 mm. A esse intervalo de espaço (4,7 a 9,5 mm) Langstroth chamou de "espaço abelha", que é o menor espaço livre existente no interior da colméia e por onde podem passar duas abelhas ao mesmo tempo. Através dessas bservações e inspirado no modelo de colméia usado por Francis Huber, Langstroth criou a colméia de quadros móveis. Francis Huber criou o modelo de colméia em que cada favo era fixado em quadros presos pelas laterais e ele os movimentava como as páginas de um livro. Langstroth resolveu estender as barras superiores já usadas e fechar o quadro nas laterais e abaixo, mantendo sempre o espaço abelha entre cada peça da caixa, criando, assim, os quadros móveis que poderiam ser retirados das colméias pelo topo e movidos lateralmente dentro da caixa. A colméia de quadros móveis permitiu a criação racional de abelhas, favorecendo o avanço tecnológico da atividade como a conhecemos hoje. A história da apicultura no Brasil tem início com a introdução das abelhas Apis mellifera no estado do Rio de Janeiro em 1839, pelo padre Antônio Carneiro, que trouxe algumas colônias da região do Porto, em Portugal. Posteriormente foram introduzidas por imigrantes europeus, outras raças de Apis mellifera, principalmente nas regiões Sul e Sudeste (SOUZA, 2004). Sommer (1998), diz que a introdução da abelha africana (Apis mellifera scutellata) ocorreu em 1956 no Estado de São Paulo, nas cidades de Piracicaba e Rio Claro, e Kiss (2006), relata que a introdução dessas abelhas aconteceu em

15 1957, quando o Dr. Kerr efetuou viagem à África do Sul e encontrou abelhas com maior vitalidade e rusticidade. Ele as trouxe ao Brasil com a intenção de cruzá-las com as abelhas existentes no país, para resultar em melhor produtividade. Contudo a dominância da Apis mellifera scutellata (abelha africana), se manifestou intensamente conquistando o território do Estado de São Paulo, chegando ao Paraná em 1962 e da mesma forma se expandiu para o centro, norte e nordeste do país, alcançando Belém do Pará em 1975, ultrapassando nossas fronteiras rumo a América Central, México e Estados Unidos. As abelhas africanizadas, no decorrer de 42 anos, introduziram suas virtudes e defeitos nos apiários brasileiros, forçando mudanças radicais nas tecnologias de manejo (SOMMER, 2002). Lengler (2001)B, diz que a produção de mel tem sido nos últimos anos uma das atividades que mais vem crescendo no Brasil favorecida pelas excelentes condições climáticas e de vegetação. A atividade apícola foi reconhecida como uma alternativa capaz de ocupar a mão de obra e gerar renda, contribuindo para a redução do êxodo rural e melhorando as condições de vida no campo. De acordo com Souza (2004), a base da atividade agropecuária, das pequenas e médias propriedades rurais no Brasil se baseia na agricultura convencional e na criação de pequenos animais, o autor relata também que a desvalorização dos produtos agropecuários oriundos da agricultura familiar, nos últimos anos tem deixado muito dos produtores em dificuldades econômicas, e conclui que em virtude dessas condições adversas, pequenos e médios produtores, têm sido levados a procurar alternativas para diversificação da produção, buscando atividades que sejam viáveis para os seus ecossistemas, capazes de gerar renda e otimizar o potencial produtivo da propriedade. Conforme Alcoforado Filho (1998), além da atividade lucrativa da produção de mel, as abelhas desempenham um papel fundamental na polinização como agente e transporte de pólen, fator importante para o cruzamento das plantas, contribuindo para o aumento da diversidade biológica. Alcoforado Filho complementa dizendo que a apicultura é uma atividade conservadora das espécies. Não é destrutiva como a maioria das atividades rurais, por isso, se constitui em uma das poucas atividades agropecuárias que preenchem todos os requisitos do tripé da sustentabilidade: o econômico, porque gera renda para os agricultores; o social, porque ocupa a mãode-obra familiar no campo, diminuindo o êxodo rural; e o ecológico, porque não se

16 desmata para criar abelhas, muito pelo contrário, as abelhas necessitam das plantas vivas para retirarem o pólen e o néctar de suas flores, fontes básicas de seus alimentos. 1.3 MANEJOS APICOLA É aqui que começam as diferenças entre a apicultura racional da pilhagem ou exploração de enxames que vivem em estado natural. E o papel do apicultor é o de amparar suas abelhas nos momentos mais difíceis, para poder beneficiar- se nos estágios em que as colméias se encontram na plenitude produtiva. Para tanto, é preciso que se entenda que a colônia vive em constante ciclo: nos períodos de escassez de alimento, a família definha, os zangões são expulsos da colméia, cai a postura da rainha e, conseqüentemente, diminui ou cessa a produção de mel, pólen e cera. O trabalho de inspeção começa sempre com a fumegação da caixa. Não faça fumaça em excesso para não provocar o efeito contrário ao desejado, ou seja, acabar irritando as abelhas; procure sempre fumegar ao lado até chegar a fumaça branca e não tão quente. Antes de abrir a caixa para fazer trabalho de revisão propriamente dito, faça fumaça junto ao alvado. Duas ou três baforadas leves bastam. Para abrir a tampa, e começar o trabalho de revisão, enquanto uma pessoa abre o teto da caixa a outra faz fumaça sobre a caixa horizontalmente. Nunca diretamente sobre os quadros. Duas a três baforadas são suficientes. Que a fumaça seja fria ou branca e nunca quente ou azul. A localização do apiário é um dos fatores mais importantes para o sucesso da apicultura. Vale a pena gastar um pouco de tempo na identificação do melhor local da propriedade para a instalação do apiário. Antes de instalar suas colméias, o apicultor deve levar em conta a disponibilidade de água e alimentos (floradas) para suas abelhas, procurar protegelas de ventos fortes, correntes de ar, insolação intensa e umidade excessiva. Mas a maior preocupação do apicultor deve ser com relação á segurança de pessoas e animais. Este ponto é muito importante. Assim como para o homem à água é um elemento vital para as abelhas; ela entra na composição do mel, da cera, e da geleia real produzida pela família. Por isso, é muito que haja água limpa e em abundância próxima ao apiário. Caso não

17 exista nenhuma nascente ou curso d'água próximo ao apiário, o apicultor deverá providenciar o seu fornecimento. Esta providencia deve ser tomada antes da instalação das caixas, para não perturbar o trabalho das colônias. A flora apícola é o que se pode chamar de pastagem das abelhas. É das flores que as abelhas recolhem o néctar e o pólen, que vão alimentar a colônia. Há plantas que produzem flores com elevada concentração de néctar, outras que produzem bastante pólen e outras ainda que fornecem igualmente pólen e néctar. Infelizmente, não existe o chamado pasto apícola ideal. Uma espécie vegetal de alto potencial apícola- o eucalipto, por exemplo, pode não se adaptar à sua propriedade. Aliás para o apicultor iniciante, o pasto apícola composto por monocultura deve ser evitado, por proporcionar alimento às abelhas durante uma única época do ano. A exploração do pasto apícola de monocultura sé se justifica na atividade comercial, quando o apicultor realiza a chamada apicultura migratória. Neste caso, o produtor leva suas colméias a O mais importante, na formação do pasto apícola, é que o apicultor procure identificar as espécies mais apropriadas e adaptadas a sua propriedade. Um exemplo: a astrapéia (lombeija). Essa planta tem a vantagem de florescer em pleno inverno garantindo, assim, alimento à família num período de escassez. No Rio de Janeiro, apresenta uma concentração de 28 a 44% de açúcar em seu néctar, enquanto em Florianópolis, SC, não concentra mais de 15% de açúcares. Segundo dados do SEBRAE (2006), estima-se que 350 mil pessoas vivam hoje no Brasil com a renda da apicultura. A atividade não necessita de um alto investimento inicial e tem grandes vantagens naturais, a exemplo da extensa flora brasileira com inúmeras plantas nectaríferas e poliníferas (essenciais para as abelhas). Outra característica que ajuda no crescimento é a condição favorável para a criação desses insetos encontrada em todas as regiões. Além disso, o apiário (habitat das abelhas) não necessita de cuidados diários, permitindo que os apicultores tenham uma nova fonte de renda. A atividade exige, porém, profissionalização para render boas safras. È o que está sendo feito por entidades de apicultores e instituições. Existem duas maneiras de se criar abelhas, uma é a apicultura fixa, que consiste em colocar as colméias nos apiários fixos, em áreas que podem abranger o meio rural, regiões de cultura, áreas acidentadas, encostas e nascentes de rios e

18 áreas com floradas silvestres. A outra, é o sistema migratório, no qual o apicultor transporta o enxame para diferentes regiões, sempre acompanhando os períodos de florada, para assim aumentar a produtividade de suas colméias e contribuir com o meio ambiente, por meio de polinização. Estas floradas abrangem todos os tipos de flores melíferas, podendo ser floradas silvestres ou floradas de diferentes tipos de culturas. Para Kiss (2006), a apicultura migratória se baseia na mudança do apiário de uma região para outra acompanhando as floradas, com o objetivo de incrementar a produção de mel e prestar serviços de polinização. Segundo Pereira et al., (2003), a polinização consiste no transporte do grão de pólen desde as anteras até o estigma de uma flor. Quando a abelha suga o néctar (que é a principal fonte de carboidrato para as abelhas), ela acaba ficando com o corpo impregnando de pólen e, na próxima visita, ela acaba deixando um pouco deste pólen, provocando assim uma polinização cruzada. Com a polinização cruzada, os frutos ganham melhor aspecto e suas sementes se desenvolvem bem, acusando um melhor poder germinativo. Kiss (2006), defende a opinião de que com a destruição da vegetação nativa e com surgimento de grandes áreas de cultura, que só fornecem alimento para as abelhas em determinadas épocas do ano, a migração dos enxames torna-se imprescindível para o desenvolvimento da apicultura, pois além de obter novas fontes de alimentos, permite também deslocar as colméias quando da aplicação de inseticida nas culturas próximas ao apiário. Além do exposto acima, Sommer (1994), destaca que as principais vantagens da apicultura migratória são: 1) Melhor aproveitamento das floradas; 2) Proporciona maior produção de mel com média entre quilos colméia/ano; 3) Contribui para manter as colméias sempre populosas, representando maior produção com maior potencial de abelhas campeiras; 4) Possibilita uma estrutura técnica e operacional para contratação de serviços de polinização; 5) Proporciona melhor proteção contra envenenamento das abelhas por inseticidas através da localização mais adequada dos apiários; 6) Dispensa qualquer alimentação artificial de subsistência ou estimulante. 1.4 EXTRATIVISMOS, VESTIMENTAS E UTENSILIOS

19 O ambiente de manipulação do Mel deve atender as exigências legais referente às condições higiênico-sanitárias determinadas em lei, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para estabelecimentos elaboradores e industrializadores de alimentos (Portaria SIPA nº 006, de 25 de julho de 1985 e Portaria nº 268, de 04 de setembro de 1997 DIPOA). Para Kiss (2006), a adoção do desenvolvimento desta modalidade de exploração altamente especializada, necessita de uma tecnologia adequada, complementada também por equipamentos apropriados para facilitar a manipulação das colméias, permitir fácil transporte e proporcionar a necessária resistência para os constantes deslocamentos das colméias, o que Sommer (1994), classifica como uma das principais desvantagens da apicultura migratória devido ao maior custo operacional para o transporte e manutenção dos apiários EXTRATIVISMO Santos (1985), diz que as dependências para extração, filtração, decantação, classificação e envase do produto, devem estar em local adequado, dispondo de instalações, instrumentos e reagentes mínimos necessários. Devendo-se ter depósito para material de envase e rotulagem, dependência para as operações de embalagem secundária, estocagem e expedição, recomendando-se a previsão de um local coberto e dotado de tanque, para o procedimento de higienização dos vasilhames e utensílios. Os equipamentos devem abranger basicamente: desoperculadores, tanques ou mesas para desoperculação, centrífugas, filtros, tanques de decantação, tubulações, tanques de depósitos e mesas. De acordo com Santos (1985), os equipamentos e utensílios que têm contato direto com o produto, devem ser todos de aço inoxidável 304, específico para produtos alimentícios. Cada equipamento está relacionado com uma fase do processamento, conforme listado abaixo: Mesa desoperculadora: Equipamento utilizado para dar suporte a desoperculação dos favos de mel. Constituída de uma base para o apoio dos quadros de mel, peneira e cuba para recebimento do resíduo de mel resultante do processo. Garfo desoperculador: Utensílio com vários filetes pontiagudos, inoxidável na extremidade e cabo empunhador de material plástico. Ao ser introduzido,

20 paralelamente à superfície do quadro, os opérculos são retirados com movimento de torção do garfo. Faca desoperculadora: É uma espécie de lâmina inoxidável com empunhadura de plástico, podendo ou não conter sistema de aquecimento da lâmina. Passada paralelamente sobre a superfície do quadro retira a camada de cera protetora dos alvéolos. Centrífuga: Equipamento que recebe os quadros já desoperculados e, por meio de movimento de rotação em torno de seu próprio eixo, retira o mel dos alvéolos (força centrífuga). Existem alguns sistemas de encaixe dos quadros, entretanto, o mais comum e com melhor rendimento é o que se denomina "radial", pois permite a retirada do mel nas duas faces do quadro ao mesmo tempo. No mercado, encontramos centrífugas com várias capacidades de extração, podendo ser manuais, com sistema de rotação acionado manualmente, ou elétricas com motor e dispositivos de controle de velocidade de rotação, sendo mais recomendadas para grandes produções. Peneiras: Utensílios que retiram as partículas presentes no mel oriundo do processo de desoperculação e centrifugação. O ideal é que se utilizem várias "malhas" com diferentes diâmetros para uma filtragem mais eficiente. Em processos industriais, essa filtragem pode ocorrer mecanicamente, sob pressão. Baldes: Recipientes destinados ao recebimento do mel centrifugado, servindo de suporte para as peneiras e para o transporte do mel até o decantador. Em grandes produções, a sua utilização é inadequada, sendo substituído por sistemas de escoamento do mel, entre as várias etapas do beneficiamento. Decantador: Recipiente destinado ao recebimento do mel já centrifugado. É dotado de abertura superior, com tampa e orifício, e escoamento localizado na base. Tem como finalidade deixar o mel "descansar" por um período determinado (mínimo de 10 dias), fazendo com que as eventuais bolhas produzidas durante o processo de centrifugação e as possíveis partículas presentes ainda no mel (pedaços de cera e partes do corpo das abelhas) subam até a superfície e possam ser separadas no momento do envase. Homogeneizadores: Tanques normalmente de grande capacidade, providos de pás rotatórias, que homogeneízam o mel, com a finalidade de padronizar grandes quantidades do produto em relação a cor, aroma e sabor. Alguns homogeneizadores

21 são construídos com paredes duplas, providos de sistemas de aquecimento controlado, evitando o processo de cristalização; Mesa coletora: Recipiente utilizado apenas em processos industriais, destinado ao recebimento do mel (em baldes ou latas), previamente centrifugado e decantado. O mel é despejado no reservatório da mesa, passando por uma peneira, e bombeado diretamente sob pressão para o tanque homogeneizador ou escoado da mesa por gravidade e posteriormente bombeado. De acordo com Vilela (2003), para assegurar ao consumidor a qualidade do produto final, os produtos alimentícios, devem ser processados seguindo-se as normas rigorosas de higiene, tanto das instalações como do pessoal envolvido e dos equipamentos utilizados. Santos (1985), complementa dizendo que a higienização, tanto do ambiente como dos equipamentos e do pessoal envolvido, é condição fundamental para a garantia da qualidade do produto final, devendo ser realizada previamente ao processamento do mel, pois sendo este um produto altamente higroscópico (alta capacidade de absorção de água), tanto o ambiente como os equipamentos não devem conter resíduos de água, o que elevaria a umidade relativa do ar do recinto. Conforme Souza (2004), o produto das abelhas que mais se destaca é o mel, que é produzido a partir do néctar das flores e de secreções de partes vivas de determinadas plantas ou ainda de excreções de insetos sugadores de plantas, que as abelhas melíferas coletam, transformam, combinam e deixam maturar nos favos das colméias. O sabor, a cor e o aroma variam de acordo com sua origem botânica, clima, solo, umidade e altitude. Até mesmo a manipulação pelo apicultor pode alterar as características do mel. O mel é o alimento básico das abelhas e matéria-prima para a produção da cera e geléia real, é utilizado como adoçante pelo homem desde a antiguidade, é rico em componentes nutritivos e terapêuticos, possui dois açúcares: glicose e frutose; além de importantes sais minerais que são absorvidos sem que seja necessária a digestão, fornecendo energia rapidamente (PEREIRA et al., 2003). A produção de mel começa nas colméias, prossegue na extração e no acondicionamento (SOUZA, 2004). Estes segmentos da cadeia produtiva podem sofrer diversas influências, por exemplo, o meio natural em que se encontram as colméias (tipos de floradas, condições climáticas e ambientais) e a intervenção do homem desde o manejo das abelhas até a manipulação do mel.

22 Schweitzer (2001), relata que com os diferentes negócios da agroindústria, os controles da qualidade dos produtos de consumo serão cada vez mais freqüentes e cada vez mais sofisticados. Assim torna-se necessário tomar cuidados referentes aos processos de colheita e manipulação do mel para garantir a qualidade do produto final. Conforme Souza (2004), a colheita de mel deve ser feita quando mais de 80% dos lados dos favos estiverem operculados, ou seja, coberto com uma pelica que dependendo da idade do favo, pode ser clara ou escura. Para Schweitzer (2001), é absolutamente necessário usar somente material próprio para alimentos, ter locais próprios, laváveis, sem esconderijos que possam ser refúgio de bactérias e leveduras. Os materiais sempre devem estar limpos, serem lavados e desinfetados após cada utilização. Outros fatores que podem influenciar a qualidade do mel segundo Lengler (2001) A, são os seguintes: Tipos de méis, os quais podem ser classificados em: Mel monofloral, quando o mel é produzido a partir do néctar de uma única espécie floral, por exemplo, o mel de angico, de eucaliptos e outros e, mel polifloral, quando o mel é produzido de néctar coletado de diversas flores de origens florais diferentes; Teor de água no mel, nesse sentido Schweitzer (2001), ressalva que um mel de qualidade não deve ultrapassar 18% de umidade. Quanto maior a umidade, maior é o risco de fermentação; e o Tipo de açúcar, que também pode afetar a qualidade do mel, visto que o mel é um composto de 17% de água e 80% de açucares dos quais os dois principais são a glicose e a frutose. Uma solução de frutose (açúcar de frutas) é mais estável do que uma solução de glicose. Não terá tendência a se cristalizar. Assim, um mel de Acácia mangium mantém-se líquido porque tem muita frutose, inversamente um mel de Colza, muito rico em glicose cristaliza rapidamente VESTIMENTAS A vestimenta básica é composta por uma máscara, um macacão, um par de luvas e um par de botas. Estas peças podem ser feitas pelo próprio produtor, mas é preferível comprá-las, até que o apicultor esteja perfeitamente familiares com a atividade.

23 É bom lembrar sempre que as abelhas particularmente sensíveis às tonalidades escuras, especialmente ao preto e ao marrom. As abelhas têm verdadeira aversão a estas cores, que provocam seu ataque. Por isso, toda a indumentária do apicultor deve ser de cor clara. As mais indicadas são o branco, o amarelo e o azul- claro, tons que não as irritam UTENSÍLIOS Entre os utensílios, objetos, ferramentas que o apicultor utiliza na sua atividade apícola, destacamos algumas: Fumegador: não é só a indumentária que defende o apicultor das ferroadas das abelhas. Um utensílio indispensável para qualquer tipo de trabalho é o Fumegador. Sua função é a de diminuir a agressividade das abelhas. É um utensílio realmente obrigatório na apicultura, principalmente com as abelhas africanizadas. Para quem está iniciando na atividade, o tipo mais apropriado é o fumegador de fole manual, constituindo por um fole, como o próprio nome diz, que é acoplado a uma fornalha dotada de grella, na qual se queima o material que produzirá a desejada fumaça. Ao contrário do que a maioria das pessoas - e mesmo alguns apicultores imaginam, a fumaça produzida pelo fumegador não "tonteia" ou "sufoca" as abelhas. Na verdade, a fumaça é utilizada para criar a falsa impressão de um incêndio na colméia. Assim, ao primeiro sinal de fumaça, as abelhas correm a proteger as larvas e engolem todo o mel que podem, para salvar alimento em caso de necessidade de fuga. Isto tudo faz com que as abelhas desviem a atenção do apicultor, que pode então trabalhar com tranqüilidade. Além disso, as abelhas, com seus papos lotados de mel, ficam pesadas e têm dificuldade para desferir a ferroada. Formão de apicultor: é uma ferramenta praticamente obrigatória. É utilizada para abrir o teto da colméia, que normalmente é soldado à caixa pelas abelhas com a própolis. Serve também para separar a desgrudar as peças da colméia. Espanador: é empregado para remover as abelhas dos quadros da colméia sem ferí-las. Normalmente, é feito de crina animal. Na falta deste instrumento, alguns apicultores utilizam penas de aves como espanador. Facas e garfos desoperculadores: São instrumentos utilizados para destampar os alvéolos dos favos, liberando, assim, o mel armazenado.

24 Centrífugas: são equipamentos destinados à extração de mel sem provocar danos aos favos, que, poderão desta forma, ser reaproveitados. Há basicamente dois tipos de centrífugas - a facial e a radial, sendo que este último modelo é considerado mais prático. Essas e outras ferramentas contribuem no processo de uma apicultura e vida de um agricultor apícola. 1.5 ORGANIZAÇAO DOS APICULTORES A apicultura brasileira está cada vez mais evoluindo, e os apicultores para que possam competir com grandes empresas apícolas, devem organizar-se através de Núcleos, Associações, Clubes ou Cooperativas, desta maneira terão mais facilidade na comercialização de suas safras (LENGLER, 2004). As cooperativas são organizações voluntárias, abertas as pessoas interessadas em utilizar seus serviços e dispostas a aceitar as responsabilidades da sociedade, sem discriminação social, racial, política, religiosa e sexual. As cooperativas são organizações democráticas controladas por seus associados, que participam ativamente na fixação de suas políticas e nas tomadas de decisões (LENGLER, 2002). Políticas estão sendo realizadas para promover o aumento do consumo interno de mel no País, uma estratégia que vem sendo adotada, é a inclusão do mel na merenda escolar de estudantes do Ensino Fundamental da rede pública, acredita-se que essa estratégia possa contornar a crise provocada pelo embargo da União Européia. Além desse desafio que apicultores brasileiros estão vivenciando, ainda há uma nova ameaça aos produtos brasileiros, pois, o Japão está prestes a adotar uma nova legislação de controle sanitário com a exigência da análise de 765 substâncias encontradas em produtos de origem animal, vegetal e aditivos. Porém, ainda não há nenhuma comunicação oficial de que a medida possa provocar embargo a alimentos oriundos do Brasil.

25 CAPÍTULO II MATERIAL E MÉTODOS De acordo com Faschin (2003, p.115) o universo é o conjunto sobre cujos atributos vai indiciar a investigação e, por isso, se transformarão em fonte de informação. O universo dessa pesquisa compreende três áreas onde são desenvolvidas a atividade de apicultura no município de Comodoro/MT abrangendo três localidades diferentes do município: Projeto de Assentamento Miranda Estância; Projeto de Assentamento Nova Miranda e Chácara dos Freis Capuchinho. Segundo Gil (2002, p.121) amostra é uma pequena parte dos elementos que compõem o universo. A amostra dessa pesquisa foi selecionada de forma não-probabilística e por conveniência. Portanto a amostra desse trabalho são os apicultores dessas áreas observadas e analisadas. A determinação da apicultura como um caminho sustentável ao homem do campo se deu em vários processos. Dentre eles: Foi realizada uma visita em cada Gleba onde estava localizado o objeto de estudo: Projeto de Assentamento Miranda Estância, Projeto de Assentamento Nova Miranda, Chácara dos Freis, casa do mel (associação dos apicultores), todos no município de Comodoro, com o objetivo de levantar informações sobre a apicultura dessas localidades, dando ênfase aos apicultores dessas comunidades que representa o crescimento da apicultura no município; relatar a importância da Associação dos apicultores e da casa do mel para os apicultores de Comodoro; e, coletar dados referentes ao funcionamento da Casa do Mel. As visitas aconteceram em dias diferentes nas diversas comunidades: agosto de 2010 no Projeto de Assentamento Miranda Estância e Nova Miranda; setembro de 2010, na Chácara dos Freis; e outubro de 2010, na Casa do Mel (Associação dos apicultores de Comodoro). As visitas tiveram como objetivo conhecer a área estudada e entregar o questionário elaborado para os apicultores associados para avaliar a importância sócio-econômica da atividade para os mesmos e fazer entrevista com o presidente da Associação (Casa do Mel). Através de câmera fotográfica digital, foi possível registrar as condições locais da manipulação do mel nessas localidades.

26 Os dados sobre a atividade apícola e sobre o avanço da apicultura no município de Comodoro foram fornecidos pelo Presidente da Associação dos Apicultores do município (SIGLA DA ASSOCIAÇAO), JOSE LUIZ TEODORO. A entrega dos questionários e o levantamento de dados em cada gleba foram feitas por um representante dos apicultores de cada comunidade. O questionário foi elaborado com questões subjetiva objetiva para facilitar a tabulação e interpretação dos dados. A presente pesquisa classifica-se como uma pesquisa de campo, realizada através da aplicação de instrumentos de coleta de dados e fundamentada por pesquisas bibliográficas em uma organização do ramo sustentabilidade econômicas. A pesquisa realizada definida como qualitativa e quantitativa, utiliza além da entrevista e estudo documental, conceitos, atitudes, opiniões, atributos do universo pesquisado e observações em lócus. Definida também como descritiva por evidenciar o pesquisador no ato de descrever a realidade sem artifícios, sem se preocupar em modificá-la. O campo empírico utilizado para esta pesquisa foram quatro apiários distribuídos em três localidades diferentes do município de Comodoro/MT: na Gleba Miranda Estância (situada a 34 KM da sede do município) localiza-se o apiário A e B de um apicultor e o apiário C de outro apicultor. Na Gleba Nova Miranda (localizada a 30 KM da sede do município) encontra o apiário D e na Chácara dos Freis (situada as margens da BR 174, aos km 314, sentido Cuiabá o apiário E. Os apiários A, B e C situados na Gleba Miranda Estância ocupa uma extensão de aproximadamente m² aproximadamente distribuídos em três localidades. O apiário A possui uma extensão de 27 mil m² aproximadamente (153m x 185m) e contem 18 colméias. Já o apiário B tem aproximadamente uma extensão de m² (125m x 133m), contendo 12 colméias. O apiário C possui uma extensão de aproximadamente (141m x 573m) abrigando sempre 25 colméias. O grupo de colméias do apiário A estão situado próximo a um pomar onde contem plantas frutíferas: laranjeiras, mangueiras, pitangueira, cupuaçu, pêssego, limoeiro entre outras. Esse conjunto fica próximo da residência do apicultor. O grupo de colméias do apiário B estão localizadas em região aberta, cuja vegetação é o assa peixe somente. Essa região aberta se denomina pastagem do gado leiteiro. O grupo de colméias do apiário C estão fixadas em mata nativa (cerrado) onde estão

27 presentes diversas vegetações (canudo de pito, cipó uva, cipó são João, entre outros). Essa área é considerada área de preservação permanente, mata ciliares do córrego que fica próximo fazendo a divisa das terras indígenas. Já o conjunto de colméias do apiário D fica situado numa área de plantas exóticas: eucaliptos e... Plantadas especialmente para o manejo de apicultura nessa localidade. O que fica bem evidente nesses apiários é a proximidade que todos têm da água, relevo plano e de fácil acesso e distancia de humanos e outros animais. Os instrumentos para coleta de dados necessários à pesquisa foi questionário subjetivo e a observação em lócus. Entrevista é técnica de recolha da informação que utiliza a forma de comunicação oral e que permite quer uma análise intensiva quer extensiva. Portanto, a entrevista utilizada foi com perguntas abertas realizada com a pessoa responsável pelos apiários em estudos e o Presidente da Casa do Mel (Associação do Apicultores). A observação é um método científico de pesquisa e estudo. Ela consiste em perceber, ver e não interpretar. Os dados de todos as áreas em questão foram coletados no decorrer do ano de 2009 e Os dados amostrais apresentados neste trabalho foram coletados junto ao Presidente da Associação da Casa do Mel, por meio de análise das questões diretas e entrevista. Nelas, são apresentadas informações sobre o manejo dos apiários, evolução no uso das ferramentas, quantidade da produção dos diversos produtos dos apiários, vegetação da localidade e armazenamento do produto. Os dados apresentados neste trabalho foram sistematizados através dos programas Microsoft Office Word e Excel Os dados foram computados e calculados pelo método de porcentagem simples, e analisados para comparar e quantificar os índices de produções entre os apiários das comunidades pesquisadas e demais comunidade do município que tem a apicultura como atividade sustentável, econômica e possível de se fazer no campo.

28 CAPÍTULO III APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS O presente estudo concentrou-se no município de Comodoro, em três pontos diferentes do município: Chácara dos Freis Capuchinhos; Projeto de Assentamento Miranda Estância; Projeto de Assentamento Nova Miranda. 3.1 Breve apresentação do objeto de estudo Município de Comodoro/MT O município está situado a Oeste do Estado de Mato Grosso, na região denominada Floresta Amazônica. Figura 1: Localização do município de Comodoro e dos locais de pesquisa MT. Fonte: SEPLAN: Secretaria Municipal de Planejamento Prefeitura Municipal de Comodoro/MT

29 O Municipio de Comodoro foi fundado em 1986 a uma altitude de 600 m, é centro de um município de grandes dimensões, mas muito pouco povoado. Tem habitantes numa área total de km², o que corresponde a uma densidade demográfica de 0,82 hab/km². Confina a norte com Juína, a leste com Sapezal e com Campos de Júlio, a sul com Nova Lacerda e com Vila Bela da Santíssima Trindade, a sudoeste com a Bolívia e a oeste com o estado de Rondônia. Comodoro antigamente habitado pelos índios Nambikwára, cujo seus remanescentes permanecem até hoje na região em reservas indígenas que ocupam vasta área do município, e é dividida entre vários povos. As terras do atual Município, foi desbravado pela expedição do Marechal Cândido Rondon, que instalou a linha telegráfica dos nambiquaras em 12 de outubro de Com o declínio do ciclo da madeira, o agronegócio ganha importância crescente na economia do município, ocupando uma área total de aproximadamente 300 mil hectares com lavouras e pastagens. A produção de soja, principal produto agrícola cultivado no município ocupa uma área em torno de 40 mil hectares (2007), com uma produtividade média de três mil quilos por hectare, a cultura tem excelentes perspectivas de desenvolvimento para os próximos anos contando com a integração lavoura-pecuária e abertura de novas área de plantio. As Plantações e arroz, milho, feijão e café ocupam outros 10 mil hectares. Comodoro tem um rebanho bovino de corte estimado em 300 mil cabeças, e aproximadamente 20 mil vacas em lactação produzindo cerca de seis milhões de litros de leite/ano, ocupando uma área em torno de 250 mil hectares com pastagens. Da área de km2, km2 formam as reservas Indígenas Nhambiquara, Vale do Guaporé e Enáwené-Nawê, totalizando 61% do território municipal. São ,85 disponíveis para exploração econômica: há. de agricultura, 250 mil há. de pastagens, e há. ocupados por assentados em sete projetos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) Projeto de Assentamento Miranda Estância O município de Comodoro é ainda jovem. Começou a se instituir como povoado a partir de mil novecentos e oitenta e três (1983), com a chegada da família Piovesan, que foi influenciado com a abundância de madeira que a região oferecia.