A CRIATIVIDADE NA VISÃO DO PROFESSOR, DO GESTOR E DO ORIENTADOR EDUCACIONAL

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1 A CRIATIVIDADE NA VISÃO DO PROFESSOR, DO GESTOR E DO ORIENTADOR EDUCACIONAL Resumo OLIVEIRA, Eny da Luz Lacerda UCB/BR enydlo@terra.com.br OLIVEIRA, Zélia Maria Freire de UCB/BR zeliafreire@gmail.com Eixo Temático: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: Não contou com financiamento Este trabalho objetiva mostrar a criatividade na educação, na visão do professor, do gestor e do orientador educacional, sendo proveniente de duas dissertações de Mestrado na Universidade Católica de Brasília, defendidas em 2007: Criatividade na formação do professor do curso de Letras e Criatividade e Escola: limites e possibilidades segundo gestores e orientadores educacionais. A revisão de literatura abrangeu conceitos de criatividade, o potencial criativo, a importância do ambiente favorecedor da criatividade, características do professor criativo, barreiras à criatividade. As pesquisas tiveram embasamento nas teorias mais recentes acerca deste tema: a Perspectiva de Sistemas, de Csikszentmihalyi; a Teoria do Investimento em Criatividade, de Sternberg e Lubart; e o Modelo Componencial da Criatividade, de Amabile. Realizou-se em ambas as dissertações uma pesquisa qualitativa, utilizando-se a entrevista semi-estrutura e a análise de conteúdo. Foram entrevistados 20 professores do curso de Letras, em uma pesquisa e 10 orientadores educacionais e nove gestores na outra. Como principais resultados, foram encontrados: todos os profissionais admitiram a importância da criatividade nos tempos atuais, mas o conhecimento que embasa sua prática é oriundo do senso comum e não de formação específica sobre o assunto; também aliam ao conceito de criatividade à emergência de um produto novo, diferente, original; esses profissionais não agem intencionalmente no sentido de desenvolver o potencial criativo no contexto escolar; existem diversas barreiras à criatividade, de natureza pessoal, pedagógica, administrativa e relativas ao aluno. A escola, embora devesse ser por excelência um ambiente propiciador da criatividade não tem cumprido esse papel, limitada que está pela burocracia, cronogramas, currículo, prazos e pela falta de embasamento na formação dos profissionais a respeito da criatividade. Palavras-chave: Criatividade. Escola. Professor. Orientador Educacional. Gestor.

2 2337 Introdução O mundo contemporâneo, com a globalização, os grandes avanços tecnológicos, a rapidez e o acúmulo de informações geradas diariamente e a necessidade de assimilação dessas informações, tem provocado mudanças em toda a sociedade. Castells (2002) nos lembra que, vivemos numa sociedade em rede, num lugar onde se entrelaçam todos os tipos de relações, num mundo interconectado por um conjunto de nós estruturados de forma a permitir a expansão ilimitada e contínua integração de novos nós, desde que esses sejam compatíveis com a rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de comunicação como, por exemplo, ter os mesmos valores ou objetivos de desempenho. É um mundo marcado por mudanças aceleradas, transformações e reorganizações, desafios constantes à capacidade humana, que demandam pessoas criativas, capazes de lidar com esse novo momento histórico. Mas tem havido essa formação na escola? O professor tem possibilitado o desenvolvimento do potencial criativo dos alunos em sua atuação pedagógica? Os gestores e orientadores educacionais têm dado atenção a esse requisito do mundo? A escola, embora devesse ser por excelência um ambiente propiciador da criatividade não tem cumprido esse papel, limitada que está pela burocracia, cronogramas, currículo, prazos e pela falta de embasamento na formação dos profissionais da escola (professor, orientador educacional, gestor e todos os outros) a respeito da criatividade, do potencial criativo inerente a todas as pessoas, possível de ser desenvolvido por meio de técnicas apropriadas, estratégias de ensino, atitudes inovadoras, exemplos criativos. As teorias mais recentes em criatividade, as abordagens sistêmicas passaram a conceber a criatividade como um fenômeno sociocultural, apontando uma rede complexa de interações entre variáveis do indivíduo e da sociedade para a expressão criativa: o modelo componencial da criatividade, proposto por Amabile (1996), que explica de que forma os fatores cognitivos, motivacionais, sociais e personológicos influenciam no processo criativo; a do investimento em criatividade, de Sternberg e Lubart (1999), para os quais a criatividade provém de seis fatores distintos que se inter-relacionam e não podem ser vistos isoladamente (inteligência, estilos intelectuais, conhecimento, personalidade, motivação e contexto ambiental); a perspectiva de sistemas, de Csikszentmihalyi (1994, 1999), cujos estudos focalizam os sistemas sociais e considera a criatividade como um fenômeno que se constrói entre o criador e a sua audiência, valendo-se da interação e gerando um ato, uma idéia ou um produto que modifica um domínio já existente ou o transforma em um novo.

3 2338 No entanto, o tema criatividade precisa ser mais pesquisado, seu estudo é recente, sobretudo no Brasil, onde se iniciou na década de 70. Nesse sentido, as pesquisas realizadas por meio das dissertações citadas visaram contribuir com mais informações ao tema e se embasaram em estudiosos, nacionais e internacionais, dessa área do conhecimento: Alencar, Bettancourt Morejón, Fleith, Csikszentmihalyi, Gardner, Mitjáns Martínez, Sternberg e Lubart, Wechsler entre outros. Resultados da pesquisa com os professores do Curso de Letras Foram entrevistados 20 professores do Curso de Letras. Dezenove (95%) professores concordaram com a importância da criatividade no mundo de hoje; apenas um (5%) professor deu uma resposta evasiva. Os motivos explicitados relacionavam-se à profissão (citados 12 vezes, 46,15%), à vida pessoal (citados oito vezes, 30,77%), ao mundo em geral (citados cinco vezes, 19,23%) e ao modismo (citado uma vez, 3,85%). Embora os motivos ligados à profissão estivessem contidos no mundo atual, foram destacados dos do mundo em geral por grande parte dos entrevistados, que ressaltaram sua importância na atuação específica do professor. Várias idéias foram associadas ao conceito de criatividade, agrupadas em quatro blocos: a) criatividade como geradora do novo, seja ele produto, serviço, relacionamentos ou uma quebra de padrões, normas, paradigmas - presente em nove (36,00%) respostas; b) criatividade como transformadora de algo, por meio de releituras, reelaboração, reorganização, reconstrução, interligação e interrelacionamentos - observada em sete (28,00%) de respostas; c) criatividade como atributo pessoal, associada às habilidades, ao traquejo, à criticidade, ao questionamento, à imaginação, à inventiva, ao prazer, à satisfação em fazer, à forma de dar identidade ao ser - observada em sete (28,00%) respostas; d) criatividade como geradora de soluções - apontada por dois (8,00%) participantes. Percebeuse, durante a entrevista, dificuldade por parte dos professores em explicitar o que entendiam por criatividade, demonstrada por várias reticências e momentos de pausa, bem como apresentação de exemplos de procedimentos em sala de aula, em vez de um conceito preciso A importância da criatividade nos tempos atuais foi confirmada pelos participantes da pesquisa, que enfatizaram sua relevância, sobretudo no âmbito profissional, onde a criatividade faz a diferença na escolha e na atuação profissional. Neste aspecto, foi realçada a validade de sua utilização em sala de aula pelo professor para deixar mais atrativa a forma de

4 2339 ministrar determinado conteúdo e motivar os alunos, bem como para melhorar a relação entre professor e aluno, por meio de determinados procedimentos pedagógicos por eles adotados como, por exemplo: teatro, debates, distribuição de tarefas segundo as habilidades dos alunos, trabalhos em grupo, estudo de caso, elaboração de poesias, jornal. A criatividade foi considerada questão de sobrevivência no trabalho. A formação do professor pelo Curso de Letras não contempla a vertente da criatividade. Na melhor das hipóteses, é incluída nos procedimentos pedagógicos dos professores, sendo uma prática individual e intuitiva, mas não de todos os professores. Inexiste como disciplina; é invocada por algumas disciplinas práticas, mas também não como um conteúdo explícito. Quase a totalidade da amostra não conhece técnica ou prática pedagógica que possibilite o desenvolvimento do potencial criativo das pessoas, exercícios específicos que possibilitem a produção de idéias e soluções criativas, nem tampouco livros a respeito de criatividade. Professores criativos serão lembrados por seus alunos. Esse fato foi comprovado pelos professores que se recordaram dos poucos professores criativos que tiveram em sua formação, cuja lembrança veio acompanhada de satisfação demonstrada no semblante do professor. Professores castradores marcam negativamente por toda a vida e muitos os tiveram em sua formação. Chamou a atenção o fato de que, embora um dos professores tivesse só lembranças de professores castradores, ele se esforçava para ser diferente hoje em dia, tentava ser criativo em suas aulas e não queria ser como os professores que teve. De modo geral, os professores entrevistados se consideraram criativos ou pelo menos tentavam ser, estimulando os alunos por meio de trabalhos variados, valorizando as expressões criativas. Com relação ao potencial criativo, os professores entrevistados, de modo expressivo, afirmaram acreditar na existência de potencial criativo das pessoas e enfatizaram, entretanto, ser necessário um esforço para desenvolver esse potencial, até mesmo um empurrãozinho, um pontapé inicial. Entretanto, os procedimentos pedagógicos utilizados e que os professores acreditavam desenvolver a criatividade não eram intencionalmente adotados, mas usados de forma intuitiva e para estimular a atenção dos alunos e motivá-los à disciplina. Mas mesmo assim, houve mostra de muitas atividades condutoras à criatividade, como incentivo a debates, elaboração de trabalhos criativos (jornal, diário, poesias, teatro e outros).

5 2340 Outros aspectos observados, realçados por professores entrevistados, merecem destaque. O primeiro é quanto à aceitabilidade de aspectos criativos, maior nos alunos do curso diurno do que nos do curso noturno; neste último, grande parte dos alunos vêm de uma jornada de trabalho, não estando predisposta a criar, nem tampouco a mudar. A resistência dos alunos, pois, pareceu ser maior nas instituições particulares, cujos cursos eram noturnos, menor na instituição federal com cursos diurnos. O segundo é a distinção, em termos de abertura à criatividade, entre os alunos dos primeiros e últimos semestres, pois os dos primeiros semestres estão ainda presos às normas de vestibular, aulas conteudistas e pouco criativas do ensino médio. Outro aspecto observado foi uma certa distinção entre a maneira de agir dos professores das instituições particulares e os da instituição federal: os professores da instituição federal se sentem mais livres em suas aulas e adotam procedimentos pedagógicos mais diversificados dos que os das instituições particulares, que se dizem um tanto aprisionados à grade curricular da instituição. Um dos professores entrevistados da instituição federal, inclusive, ratificou essa diferença, pois dera aula em instituição particular antes de pertencer à atual instituição, observando que naquela havia uma espécie de massificação de conteúdo que o professor tinha de observar, bem como a perseguição de notas, aprovações e um esquema mais rígido. Resultados encontrados na pesquisa com os orientadores educacionais e gestores No que concerne à bagagem de conhecimento que os gestores e os orientadores educacionais apresentaram sobre criatividade, os resultados mostraram que, basicamente, todos eles têm como suporte para suas ações o senso comum, tendo em vista que não tiveram oportunidade de conhecer esse fenômeno do ponto de vista de discussões teóricas realizadas pelos vários estudiosos do assunto. Contudo, dois gestores tiveram um breve contato com a literatura e um orientador educacional informou ter participado de duas palestras sobre esse tema, o que foi considerado uma aquisição teórica bastante superficial. Desse modo, o conhecimento que vem permeando a prática diária desses profissionais não lhes permite ações intencionais, mas sim intuitivas, já que desconhecem as implicações educacionais, as técnicas ou práticas pedagógicas que possibilitam a produção de idéias e o desenvolvimento do potencial criativo. Entre os orientadores educacionais, dois consideraram que a criatividade se encontra associada à arte, denotando uma influência do senso comum, que equivocadamente, tende a estabelecer esta relação.

6 2341 Percebeu-se certa dificuldade dos entrevistados para expressar o conceito sobre criatividade. Os respondentes consideraram esse fenômeno como inovador, produtor do novo e do diferente e capaz de gerar soluções para os problemas emergentes, o que coincide com a idéia, que parece coexistir entre os especialistas da área, de que a criatividade implica a emergência de um produto novo, original, apropriado a uma situação. Com relação à importância da criatividade nos dias atuais, apesar de a reconhecerem como uma habilidade importante e necessária, falta-lhes a capacitação para implementar estratégias de ação intencionais, planejadas e avaliadas. No entanto, alguns desses profissionais disseram se sentir em condições de promoverem o desenvolvimento da criatividade no contexto escolar, já que se percebiam como indivíduos criativos, capazes de efetuar mudanças, sair da mesmice, buscar soluções rápidas, resolver situações a contento, entre outros. Os resultados desse estudo mostraram também que mais da metade dos gestores e um número reduzido de orientadores educacionais se consideraram criativos. Os gestores atribuíram sua criatividade à capacidade de efetuar mudanças, realizar atividades diferentes, pela necessidade imposta pelo trabalho com a educação, por resolverem problemas, criarem possibilidades, entre outros. Por outro lado, os orientadores educacionais justificaram suas respostas ressaltando, especialmente, serem capazes de buscar respostas rápidas e resolverem situações a contento. Ademais, a resposta de vários gestores e de mais da metade dos orientadores educacionais foi que às vezes são criativos, justificando que suas ações são muitas vezes impedidas, especialmente, pela burocracia e por ter o seu trabalho limitado pelo professor, já que depende desse para implementar ações. Somente um orientador educacional se percebeu não-criativo, assinalando que não considera suas ações dentro da escola inovadoras. Os participantes da pesquisa reconheceram a importância pessoal e social da criatividade. É uma questão de sobrevivência foi uma resposta com freqüência significativa entre os participantes desse estudo. Outro aspecto importante a ser lembrado é que parte significativa dos entrevistados fez referência à criatividade como promotora da boa convivência e do bom relacionamento interpessoal Os resultados indicaram a existência de várias barreiras, como: a rotatividade de professores durante o ano letivo, a rigidez das normas, o cumprimento de prazos e a

7 2342 burocracia, a escassez de material, o sentimento de desvalorização da profissão do orientador educacional e o medo do novo, por parte dos professores. A família, também foi considerada como um elemento inibidor à intervenção do gestor e do orientador educacional em prol do desenvolvimento da criatividade, especialmente por ser ausente. Observou-se que somente orientadores educacionais fizeram menção às barreiras relativas ao aluno. Quanto aos elementos facilitadores à implementação de práticas pedagógicas voltadas para o desenvolvimento da criatividade no contexto escolar, os resultados apontaram com maior freqüência para categoria de natureza pessoal/pedagógica relacionadas ao docente : valorizar e estimular o professor, trabalhar a sua auto-estima, a liberdade e a autonomia conferidas ao docente, interesse e disposição do docente para inovar e prazer do docente em ensinar. Conclusão A junção destas duas pesquisas permitiu delinear um quadro ilustrativo acerca da visão de profissionais a respeito da criatividade no contexto educacional. Pode-se perceber que a formação de professores, de gestores e de orientadores educacionais não tem enfocado o tema em questão, nem mesmo em programas de aperfeiçoamento, fato que leva estes profissionais a uma carência de informações teóricas e, consequentemente, a ações apenas intuitivas. Como assinalam Alencar e Fleith (2003), embora haja reconhecimento da importância da criatividade e de se estimular as habilidades criativas dos alunos, pouco tem sido feito, intencionalmente, para favorecer o seu desenvolvimento e a sua manifestação, como demonstraram as duas pesquisas. Tal fato se deve à desinformação dos agentes da escola sobre a criatividade e o desenvolvimento do potencial criativo. O gestor tem uma posição central que sustenta o bom andamento das atividades, a eficácia organizacional e o sucesso das ações planejadas. Assim, para desenvolver a criatividade no contexto escolar e de seus integrantes, é necessário que esse profissional conheça a cultura organizacional, os recursos disponíveis, tanto os humanos quanto os materiais, assim como a comunidade na qual a escola se encontra. Quanto ao orientador educacional, sua função ultrapassa os muros da escola, pois ele tem como uma de suas tarefas participar do processo de integração família-escolacomunidade, uma ação importante para a melhoria dos padrões educacionais, visto que, desse

8 2343 modo, podem apoiar-se mutuamente em busca do bem comum. Por sua vez, o professor é reconhecido como uma peça chave do processo educacional e é, conforme Güenther (2000), entre os vários possíveis observadores presentes naturalmente na vida de uma criança, o que aparece como uma figura de frente e que convive diariamente com ela, em situações as mais variadas, em uma dimensão de tempo considerável. Daí, a necessidade de capacitar a equipe escolar, para que juntos promovam a articulação entre aluno, escola e sociedade, de modo que, buscando o bem comum, atinjam o crescimento, o desenvolvimento e a evolução. Sabe-se que as mazelas e os desafios educacionais no Brasil são inúmeros e não raramente causam angústia e desânimo aos que se inserem nesse contexto. Contudo, se educadores se dispõem a trilhar os caminhos tortuosos da educação, não devem desanimar com facilidade, devem sim buscar o otimismo, a esperança, a certeza de que mudar é possível quando se está determinado a fazê-lo, ou seja, é preciso ampliar a visão e assumir uma atitude construtiva em face dos desafios, que não são poucos (GOMES, 2002, p. 8). REFERÊNCIAS ALENCAR, E. L. M. S de; FLEITH, D. de S. Criatividade: múltiplas perspectivas. Brasília: Editora UnB, AMABILE, T. M. The motivation to be creative. In: ISAKENSEN, S. G. (Org.). Frontiers of creativity research. Buffalo, NY: Bearly Limited p CASTELLS, M. A era da informação: economia, sociedade e cultura. Fim de Milênio. v. III, Rio de Janeiro: Paz e Terra, CSIKSZENTMIHALYI, M. (1994). The domain of creativity. In: FELDMAN, D. H.; CSIKSZENTMIHALYI, M.; GARDNER, H. (Org.). Changing the world: a framework for the study of creativity. Westport: Praeger Publishers, p Implications of a systems perspective for the study of creativity. In: STERNBERG, R. J. (Org.). Handbook of creativity. New York: Cambridge University Press GOMES, C. A. Gestão educacional: o Brasil no mundo contemporâneo. Em Aberto, Brasília, v. 19, n. 75, p , jul GÜENTHER, Z. Desenvolver capacidades e talentos: um conceito de inclusão. Petrópolis: Vozes, STERNBERG, R. J; LUBART, T. I. The concept of creativity: Prospects and paradigms. In: STERNBERG, R. J. (Org.). Handbook of creativity. New York: Cambridge University Press, p