ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS COM USO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS

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2 ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS COM USO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS Milton Satoshi Matsushita 1 Nelma Pereira Cunha Hagemaier 2 Curitiba-PR Engenheiro Agrônomo, Mestre em Desenvolvimento Rural, Instituto Emater, Unidade Estadual, Curitiba-PR 2 Administradora, Instituto Emater, Unidade Estadual, Curitiba-PR 1

3 Copyright 2010, by Instituto Emater GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER Vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento Série Informação Técnica nº 081, 2010 Elaboração Técnica Instituto Emater: Engenheiro Agrônomo Milton Satoshi Matsushita, Mestre em Desenvolvimento Rural, Instituto Emater, Unidade Estadual, Curitiba-PR Administradora Nelma Pereira Cunha Hagemaier, Instituto Emater, Unidade Estadual, Curitiba-PR Revisão Instituto Emater: José Renato Rodrigues de Carvalho Ilustração Capa: Marlene Suely Ribeiro Chaves Tiragem: exemplares Exemplares desta publicação podem ser adquiridos junto ao: Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER SAC Serviço de Atendimento ao Cliente Fone: (0xx41) Rua da Bandeira, 500, CEP , Cabral Curitiba-PR sac@emater.pr.gov.br Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no seu todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9610). M662 MATSUSHITA, Milton Satoshi Roteiro para elaboração de projetos socioecômicos e ambientais com uso de sistemas de informações geográficas / Milton Satoshi Matsushita; Nelma Pereira Cunha Hagemaier. Curitiba: Instituto Emater, p. : il. (Emater. Série Informação Técnica, n. 081) ISBN 1. Projetos socioeconômicos e ambientais. 2. Sistema informações geográficas. I. Título. CDU :(083:94) 2

4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO METODOLOGIA CONCEPÇÃO PLANEJAMENTO DAS AÇÕES EXECUÇÃO E CONTROLE Definição da área de abrangência Microbacia hidrográfica Município Área de Desenvolvimento Integrado (ADI) Território Identificação de recursos geográficos Curvas de nível e pontos cotados Imagens de satélites Hidrografia Mapa de solos Dados geográficos Geração de mapas temáticos Mapa de classes de declividade Mapa de classes de altimetria Mapa de uso do solo Mapa de conflitos de uso do solo Mapa de proposição de uso do solo Aplicação do SIG no trabalho de campo Informações sociais Informações econômicas Diagnóstico socioeconômico ambiental FINALIZAÇÃO CONCLUSÃO REFERÊNCIAS

5 1 INTRODUÇÃO O crescimento da economia e da população paranaense nos últimos anos, particularmente a população urbana, tem gerado aumento nas demandas de produtos agropecuários. Apesar do uso de técnicas agronômicas avançadas que colocam o estado em destaque em termos de produtividade, continua o processo de degradação dos recursos naturais do Paraná, em particular do solo, da água e das florestas. Motta (1998) e Brown (2003) fazem referência sobre as ações em que os seres humanos causaram alterações sem precedentes nos ecossistemas nas últimas décadas para atender as crescentes demandas por alimentos, água, fibras e energia. Alterações que ajudaram a melhorar a vida de bilhões de pessoas mas, ao mesmo tempo, enfraqueceram a capacidade da natureza de prover outros serviços fundamentais, como a formação natural dos solos e a purificação do ar e da água. A tecnologia e conhecimento disponíveis, incluindo o sistema de informações geográficas, podem reduzir consideravelmente o impacto humano nos ecossistemas, porém, a participação das comunidades (locais, regionais ou globais) que compartilham dos benefícios aumentam as chances de sucesso na preservação e recuperação dos recursos naturais. A base de dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social - IPARDES (2009) e Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento - SEAB (2008), indica que o Paraná possui uma diversidade agrícola, sendo o maior produtor nacional de grãos, destacando-se a soja, o milho, o trigo e o feijão. Já na pecuária, destaca-se a avicultura, com 25,3% do total de abates do país, seguido de bovinos e suínos com 4,2% e 16,0%, respectivamente. Este roteiro tem como objetivo orientar sobre a metodologia para gerar informações sobre os aspectos físicos, técnicos, socioeconômicos e ambientais da base de dados geográficos existentes e as possíveis formas de sua utilização, subsidiando os técnicos que atuam na assistência técnica e extensão rural do Paraná, agilizando e qualificando as ações para a elaboração de diagnóstico, planejamento, acompanhamento e monitoramento de programas e projetos ambientais visando o desenvolvimento rural do Paraná. 4

6 2 METODOLOGIA A metodologia utilizada está baseada em técnicas de geoprocessamento para produção de mapas temáticos, utilizando-se cartas topográficas, imagens de satélite, dados bibliográficos, dados estatísticos (IBGE, SEAB/DERAL, IPARDES, e outros), Sistema de Posicionamento Global (GPS) e questionários levantados a campo para diagnósticos socioeconômicos e ambientais. Os materiais de apoio disponibilizados pelo Estado e demais instituições públicas estão em diferentes escalas, portanto, esses parâmetros devem ser levados em consideração na elaboração, análise e utilização dos mapas temáticos. Os mapas temáticos são representações gráficas definidas por pontos, linhas ou polígonos, que correspondem ao tema representado. Em geral esses temas podem ser de uma área geográfica com uma escala definida, permitindo a avaliação precisa de distâncias, direções e a localização plana, representando os aspectos naturais e artificiais da superfície da Terra. O mapa digital é a representação gráfica acima descrita, salvo em um formato digital que pode ser processado através de softwares utilizados em geoprocessamento. Os mapas temáticos digitais facilitam e agilizam os processos de atualizações, permitindo análises mais completas pelo cruzamento e sobreposição de temas de interesse, facilitando a geração de novos materiais específicos para o uso prático da atividade humana. Os mapas temáticos e demais materiais disponíveis servem de base para a elaboração de projetos socioeconômicos e ambientais com uso do Sistema de Informações Geográficas (SIG). A dinâmica do setor agropecuário, associada às necessidades ou oportunidades para atender determinadas demandas do ambiente, exige dos gestores uma atuação em projetos, que podem estar relacionados aos fatores físicos, técnicos, socioeconômicos e ambientais. Projeto é a atividade organizada, que tem por objetivo resolver um problema ou buscar uma melhor solução para determinada situação. É um instrumento fundamental para qualquer atividade de mudança e geração de produtos e serviços, com início e fim definidos, que utiliza recursos limitados e é conduzido por pessoas, visando atingir metas e objetivos pré-definidos estabelecidos dentro de parâmetros de prazo, custo e qualidade. 5

7 A aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas facilitam a execução e gerenciamento de projetos que visam atingir os objetivos. O projeto é dividido em fases que constituem seu ciclo de vida, conforme abaixo: a) concepção; b) planejamento das ações; c) execução e controle: - definição da área de abrangência ou de trabalho; - identificação de recursos geográficos (cartas topográficas e mapas de solo em meio digital e analógico) e imagens de satélite, disponíveis para a elaboração do projeto; - preparo da base de dados (localização, verificação, edição, correção, e validação) para geração de mapas temáticos e tratamento de imagens de satélite; d) Finalização. O ciclo de vida dos projetos socioeconômicos e ambientais é composto por fases que são integradas e interdependentes, facilitando a sua compreensão e gerenciamento (Figura 1). 6 FIGURA 1 - CICLO DE VIDA DO PROJETO

8 2.1 CONCEPÇÃO A fase de concepção permite identificar a necessidade de desenvolver os projetos, considerando-se as políticas nacionais e estaduais, as diretrizes da instituição, compatíveis com a sua missão 1 de contribuir, de forma educativa e participativa, para o desenvolvimento da agricultura, para o desenvolvimento rural sustentável e para a promoção da cidadania e da qualidade de vida da população rural. Nesta fase analisa-se o contexto socioeconômico e ambiental, projetam-se os cenários para o curto, médio e longo prazo, definemse as alternativas, estabelece-se a viabilidade do projeto, define-se a equipe de trabalho e desenvolvem-se os orçamentos e cronogramas. 2.2 PLANEJAMENTO DAS AÇÕES É a fase responsável por detalhar tudo o que será realizado pelo projeto, incluindo cronogramas, pessoas envolvidas, interdependências entre atividades, alocação de recursos, análise de custos e outros, para que, no final dessa fase, o projeto esteja suficientemente detalhado para ser executado, sem dificuldades e imprevistos. O planejamento, enquanto função administrativa, é um processo contínuo e permanente para investigar o futuro e traçar um plano de ação, no qual, individualmente ou em grupo, são identificados, definidos, priorizados os objetivos dos trabalhos e escolhidas as vias mais adequadas para alcançá-los. O SIG possibilita a definição de um planejamento que obtenha a máxima eficiência, utilizando a melhor combinação dos recursos produtivos e estabelecendo equilíbrio entre os fatores sociais, econômicos e ambientais. O planejamento deve contemplar a programação de materiais, equipamentos e recursos financeiros, estudos e análises, os resultados esperados, os beneficiários, as instituições envolvidas e os participantes com suas responsabilidades. 1 Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural. Disponível em < Acesso em 16 nov

9 2.3 EXECUÇÃO E CONTROLE A fase de execução materializa tudo o que foi planejado anteriormente. Qualquer erro cometido nas fases anteriores será evidenciado durante esse processo. Grande parte do orçamento e do esforço do projeto será consumida nesta etapa. Por isso, a capacitação da estrutura técnica é fundamental para a execução de projetos socioeconômicos e ambientais com uso de sistema de informações geográficas, possibilitando a plena aplicação dos conhecimentos existentes no ambiente interno e externo à instituição, através de boa administração dos recursos, das informações e das tecnologias. A fase de controle acontece paralelamente à execução. Tem como objetivo acompanhar e controlar tudo o que está sendo realizado pelo projeto, de modo a propor ações preventivas e corretivas, no menor espaço de tempo possível, após a detecção de qualquer anormalidade. O objetivo do controle é comparar a linha de base, levantada no início do projeto (estado inicial), a sua situação real no momento (estado atual), com a situação prevista pelo planejamento (estado desejado), adotando ações corretivas em caso de desvio. O controle permite o acompanhamento e a avaliação em relação aos planos e metas estabelecidos, através da verificação do cronograma e realização de reprogramações permanentes das ações. PROJETOS SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS PREPARAÇÃO DA PREPARAÇÃO PREPARAÇÃO ELABORAÇÃO DE BASE CARTOGRÁFICA DE IMAGENS BASE DE DADOS DE IMAGENS MAPAS TEMÁTICOS Curvas de nível Imagens de satélite IBGE Imagens de satélite Declividade Rios Fotografias aéreas IPARDES Fotografias aéreas Uso do solo Conflito de uso Pontos cotados SEAB/DERAL do solo Nascentes Outros Proposição de uso do solo D I A G N Ó S T I C O Estradas Perímetro das bacias Mapa de solos FIGURA 2 - FLUXO DA FASE DE EXECUÇÃO 8

10 A maioria dos projetos desenvolvidos com apoio do SIG no Instituto Emater são inovadores, sendo necessário o desenvolvimento de projetos pilotos para adequação da metodologia, capacitação constante dos usuários, permanente integração com a estrutura de campo e validação das informações e mapas temáticos gerados através de recursos computacionais Definição da área de abrangência A área de trabalho deve ser definida e caracterizada de acordo com o objetivo e a abrangência do trabalho a ser realizado, sendo as unidades mais utilizadas pela extensão rural a microbacia hidrográfica, o município, a Área de Desenvolvimento Integrado (ADI) e os territó-rios Microbacia hidrográfica Para este trabalho, as microbacias hidrográficas serão utilizadas como áreas de diagnóstico, planejamento, execução, avaliação e monitoramento de ações dos programas de estado. Será utilizada a base hidrográfica e as microbacias existentes da Suderhsa que poderão ser, se necessário, delimitadas à situação real a partir da verificação a campo com o uso das curvas de nível e pontos cotados, ajustando-se uma linha divisora de água que liga os pontos mais elevados, formando uma microbacia em torno da hidrografia considerada. Segundo Ferraz (2003), uma microbacia é entendida como unidade fisiográfica 2 básica de análise, sendo uma área relativamente homogênea, drenada por cursos d água conectados e que convergem direta e indiretamente para um leito ou espelho d água comum. As bacias hidrográficas são áreas do terreno para onde convergem todos os declives, isto é, para onde convergem as águas de uma propriedade, ou até da cidade ou do município (SEAB, 1992 e OSAKI,1994). Portanto, é uma área geográfica compreendida entre um fundo de vale, que pode ser um rio, riacho, várzea ou sanga, e os espigões que são os 2 Unidade fisiográfica é uma região caracterizada por elementos da estrutura e natureza das rochas, acrescidos das indicações da rede hidrográfica, do clima, do aspecto topográfico e da idade das rochas. Disponível em (Mineropar, < Acesso em 08 out. 2009). 9

11 divisores de água, que delimitam os pontos dos quais as águas das chuvas escorrem para o mesmo lugar, que é esse fundo de vale. Ainda Osaki (1994) define microbacia como uma bacia hidrográfica com dimensões de a ha de área contínua, sendo a melhor unidade de planejamento por se encontrar fisicamente bem caracterizada, constituída de propriedades agrícolas existentes na área, seus respectivos produtores e suas famílias, além dos equipamentos e infraestrutura econômica e social. A metodologia de planejamento e gestão de microbacia hidrográfica permite ações interdisciplinares, levando-se em conta a diversidade da paisagem, manutenção do meio ambiente, uso sustentável dos recursos naturais, bem como a conservação dos recursos hídricos, solo, atmosfera e da qualidade de vida das pessoas, respeitando suas características sócio-culturais. Segundo Hogan (2004), devido à importância dos recursos hídricos para as atividades humanas, as bacias hidrográficas têm emergido como unidade de planejamento, sendo ainda importante o uso de georreferenciamento para localização dos sistemas de indicadores referentes aos recursos naturais e problemas ambientais. FIGURA 3 - LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ABRANGÊNCIA Município Os municípios são unidades de menor hierarquia dentro da organização político-administrativa do Brasil, criadas através de leis ordinárias das Assembléias Legislativas de cada Unidade da Federação e sancionadas pelo Governador (IBGE, 2009). 10

12 Esta unidade é utilizada para a programação de trabalho da extensão rural com base na realidade municipal, nas diretrizes do governo, nos cenários e tendências socioeconômicas, nas negociações da instituição com as comunidades e lideranças municipais. Assim sendo, os mapas temáticos e as informações georreferenciadas identificam estas unidades que contribuem para o planejamento e execução dos trabalhos Área de Desenvolvimento Integrado (ADI) As Áreas de Desenvolvimento Integrado agrupam os municípios com características culturais, econômicas, sociais e ambientais semelhantes e com desafios e problemas comuns. As principais atividades a serem realizadas nas ADI s são construídas através de planos de trabalho integrado, nos quais a instituição atua junto com lideranças e organizações parceiras, em busca da superação mais rápida e eficaz dos entraves. Considerando estas características, o Instituto Emater adotou, a partir de 2007, as ADI s como base para o planejamento de trabalho, assim o estado do Paraná está dividido em 78 ADI s (Figura 4) FIGURA 4 - ÁREA DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO FONTE: INSTITUTO EMATER (2008) 11

13 Território Território é um espaço geográfico caracterizado por aspectos comuns de cultura, solo, clima, rios, organização social e coesão social. Os mapas de territórios colaboram para elaboração de diversos mapas temáticos e organização de informações com base neste espaço geográfico, facilitando o planejamento das ações integradas nos municípios, fortalecendo as articulações das políticas públicas e das parcerias entre os atores envolvidos e potencializando os resultados das ações executadas. 12 FIGURA 4 - TERRITÓRIO FONTE INSTITUTO EMATER (2010) Identificação de recursos geográficos A identificação dos recursos geográficos permite a caracterização física e sócio ambiental das áreas de abrangência do trabalho Curvas de nível e pontos cotados Curvas de nível são linhas imaginárias do terreno que ligam pontos de mesma altitude na superfície do terreno, acima ou abaixo de uma determinada superfície da referência, geralmente o nível médio do mar. Os intervalos entre curvas devem ser constantes na mesma

14 representação gráfica. Os pontos cotados são pontos com cotas que identificam os topos de morros ou pontos elevados intermediários entre as curvas de nível. As curvas de nível 3 utilizadas no Instituto Emater possuem equidistância (distância vertical entre as curvas de nível) de 20 metros, sendo a escala de 1: para as curvas de nível e pontos cotados. As curvas de nível e pontos cotados servem de subsídio para verificação dos rios e nascentes, delimitação de microbacias, correção do mapa de solos, geração de mapas de altimetria e classes de declividade. E quando sobrepostos e analisados em conjunto com outros mapas temáticos facilitam a visualização do relevo do terreno e a sua relação com os demais temas, conforme apresentado na Figura 6. FIGURA 6 - CURVAS DE NÍVEL E PONTOS COTADOS DE UMA MICROBACIA HIDROGRÁFICA FONTE: COPEL/PARANACIDADE (2009) Imagens de satélites As imagens de satélite servem de subsídio para identificar estradas, uso e ocupação do solo, sistema de manejo e práticas conservacionistas, verificar os rios e nascentes. 3 Material proveniente da COPEL/Paranacidade. 13

15 Segundo Sano et al. (1998), as imagens obtidas por sensores coletores a bordo de satélites que orbitam ao redor da Terra representam formas de captura indireta de informação espacial. Estas imagens, uma vez georreferenciadas e corrigidas geometricamente dos efeitos da Terra (rotação, esfericidade, variações de altitude e outros) e do satélite (altitude, velocidade e outros) constituem valiosos instrumentos para uso no trabalho da extensão rural. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE (2009) esclarece que o potencial de aplicação de um dado sensor é estabelecido em função de suas características de resolução espacial, resolução temporal e características espectrais e radiométricas. Existem diversas imagens obtidas de sensores de satélites, públicos ou comerciais, dentre os quais cabe destacar a SPOT e CBERS: a) SPOT 5 (Satellite Pour l Observation de la Terre) - Satélite fran cês SPOT com imagens em alta resolução. Adquirida pelo esta do do Paraná com resolução espacial de 5 metros referentes ao imageamento em 2005, com capacidade de identificar diversos usos do solo e outros tipos de objetos. FIGURA 7 - IMAGEM DE SATÉLITE SPOT 703/395; 702/395; 703/396 DE Untitled /5/ :54:08

16 b) CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite - Satélite Sino- Brasileiro de Recursos Terrestres), desenvolvida a partir de uma parceria inédita entre Brasil e China, que disponibiliza gratuitamente imagens de todas as regiões do Brasil, com frequência temporal de 26 dias para resolução espacial de 20 metros em quatro bandas espectrais, e com frequência temporal de 130 dias para resolução espacial de 2,7 metros na banda pancromática de alta resolução. As imagens CBERS permitem bons contrastes entre vegetação e outros tipos de objetos. A interpretação de imagens através de técnicas e equipamentos de sensoriamento remoto facilitam a classificação do uso do solo. As imagens SPOT (com resolução espacial de 5 m) utilizadas proporcionam grande detalhamento na interpretação, minimizando assim a confusão entre as classes. Enquanto as imagens CBERS, disponíveis na Internet em vários períodos e sem custo, permitem que várias imagens sejam analisadas e comparadas, facilitando a identificação de agricultura e cultivo florestal. Nesse caso a agricultura em uma determinada época do ano apresenta solo exposto ao contrário do cultivo florestal. Essa metodologia torna-se bastante útil para dirimir as dúvidas, entretanto, o levantamento de campo é imprescindível para a validação da interpretação Hidrografia A hidrografia possui um papel fundamental para a atividade humana, utilizada como elemento básico na formação da estrutura fundiária paranaense e na divisão das microbacias hidrográficas, importante para a produção agropecuária, transporte, abastecimento de água, produção de energia e preservação ambiental. Ao tratar sobre o assunto, Andreoli (2003) cita a água como um recurso renovável, mas não inesgotável, com o seu volume mantido praticamente inalterado a milhões de anos. A ação antropogênica 4 tem causado crescente degradação da qualidade da água e alteração do regime de produção. Para Crhistofoletti (1974), essa alteração também é influenciada por condições climáticas, cobertura vegetal e pela formação geológica da região. 4 Ação antropogênica é aquela resultante de atividades humanas. 15

17 A água, recurso natural básico e formador da bacia hidrográfica, também desempenha um papel crítico na determinação da produção agropecuária. Os rios, lagos, tanques e represas artificiais são os principais componentes de água superficial das unidades morfológicas da bacia hidrográfica e interagem diretamente com o seu entorno, com constante intercâmbio de energia e matéria. Portanto, o seu regime e qualidade são afetados por atividades humanas, como a agropecuária e o desenvolvimento urbano. As nascentes podem ser localizadas a partir da base hidrográfica do Paraná 5 e imagens de satélites, observando que a escala original é 1:50.000, confirmando a sua coordenada com utilização de GPS. As principais alterações são decorrentes da mudança de posição (muitas vezes as nascentes estão abaixo da origem do rio da base hidrográfica, nesses casos o rio também necessita de correção) ou pela verificação a campo da existência de pequenos rios e nascentes nas áreas baixas e próximas a rios maiores. A confirmação da existência, localização de rios e nascentes, bem como a presença de pontos críticos são facilitados com o apoio e conhecimento dos moradores da comunidade local. FIGURA 8 - REPRESENTAÇÃO DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA FONTE: CAMINHO DAS ÁGUAS (2009) 5 Elaborada sob a coordenação da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental - SUDERHSA (2009). 16

18 Os trabalhos que necessitam localizar e representar as fontes de águas superficiais (rios, lagos e represas) podem considerar a base hidrográfica do Paraná e as imagens de satélite como materiais de apoio, e com as devidas adequações servem de subsídio para delimitação de microbacias, correção do mapa de solos, geração de mapas de classes de declividade e demais mapas temáticos, colaborando para a realização do diagnóstico, planejamento e execução de trabalhos nas unidades de planejamento Mapa de solos O mapa de solos do Paraná existente em meio digital da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA (1999), em escala 1: , deve ser entendido apenas como um indicativo dos solos que ocorrem no município ou na microbacia, sendo, portanto, necessário melhorá-lo, ajustando com maior detalhamento para a área de interesse, levando-se em consideração as curvas de nível, as classes de declividade e a hidrografia. Os mapas de solos são utilizados para identificar áreas aptas ao uso e manejo adequado do solo aos quais, agregando-se outros mapas temáticos como classe de declividade e classe de altimetria, é possível identificar conflitos em relação à legislação ambiental e ao uso do solo, e sugerir possíveis propostas de adequação Dados geográficos Os dados geográficos são constituídos pela relação entre os dados espaciais e os dados tabulares. A função desses dados é representar graficamente, fisicamente, quantitativamente e qualitativamente os elementos existentes sobre a superfície terrestre. Os dados espaciais são constituídos principalmente por pixels 6, linhas, pontos e polígonos, e são utilizados para representar grafica 6 Termo inglês com abreviatura das palavras Picture e Element, ou seja, elemento de imagem, menor elemento num dispositivo de exibição, ao qual é possível atribuir-se uma cor. Um pixel é o menor ponto que forma uma imagem digital, sendo que o conjunto de milhares de pixels formam a imagem inteira. 17

19 mente elementos da superfície terrestre, tais como: drenagem, sistema viário, relevo, vegetação, limite político, escola, posto de saúde, abastecedouro comunitário e outros. Os dados tabulares ou descritivos são relacionados aos dados gráficos e têm, como função, descrever mais detalhadamente os dados espaciais. Os dados geográficos são organizados em camadas, de acordo com o que estão representando. Uma camada de dados é composta por um conjunto de elementos, sendo a camada microbacia composta por um conjunto de polígonos que representam as propriedades. A base de dados geográficos na maioria das vezes é o elemento mais oneroso e mais demorado de se obter e manter constantemente atualizado. Seu detalhamento, acurácia e precisão afetam toda a aplicação, com reflexos no tempo de desenvolvimento do projeto. Ela é uma coleção dos dados contidos no mesmo espaço do mundo real e é organizada da maneira mais eficiente possível para servir a uma ou mais aplicações. Uma base de dados geográficos deve ser mantida por um conjunto de procedimentos bem organizados e documentados Geração de mapas temáticos A geração de mapas temáticos objetiva a comunicação das informações geográficas e representa os elementos espaciais, que facilitam a compreensão de diferenças, semelhanças e possibilitam as suas correlações. Os mapas temáticos podem ser gerados a partir de materiais disponíveis que podem ser utilizados de forma direta ou indireta, através de edições, processamentos, tabulações, combinações, síntese e análise, gerando novos mapas temáticos com informações úteis que respaldam melhores decisões Mapa de classes de declividade Declividade é a inclinação da superfície do terreno em relação ao plano horizontal. Considerando um modelo numérico de terreno com dados altimétricos extraídos de uma carta topográfica e traçando um plano tangente a essa superfície num determinado ponto P, a declividade em P corresponderá à inclinação deste plano em relação ao plano ho 18

20 rizontal. Esta inclinação é referenciada através de um gradiente de variação no valor da elevação, que pode ser medido em graus (0 a 90 ) ou em porcentagem (%). Segundo Sano et al. (1998, p.97), [...] as cartas de percentagens de declividade têm sido consideradas como documento básico para planejamentos regionais, com múltiplas utilizações também nos estudos de estrutura agrária e da geomorfolo-gia, além de apresentar vantagens para melhor visualizar as declivida-des das vertentes e melhor realçar as áreas de declividades homogêneas. O uso da base hidrográfica, curvas de níveis e pontos cotados, obtidos das cartas topográficas, permitem gerar os mapas de classes de declividade. Os intervalos das classes de declividade podem ser determinados conforme necessidade de maior ou menor nível de detalhamento das informações, adequando aos objetivos dos trabalhos como: conservação da biodiversidade, saneamento e uso e manejo sustentável do solo. Os mapas de classes de declividade são utilizados para estabelecer Áreas de Preservação Permanente (APP) e identificar áreas aptas ao uso e manejo adequado do solo Mapa de classes de altimetria Altimetria é a altura na vertical de um lugar em relação ao nível do mar. Os mapas de classes de altimetria servem de base para estabelecer Áreas de Preservação Permanente (APP), auxiliar na classificação pedológica do solo e identificar áreas aptas ao uso adequado do solo Mapa de uso do solo O mapa de uso do solo pode ser gerado através da interpretação de imagens de satélite e confirmação a campo por amostragem. Em função dos objetivos do trabalho o uso do solo pode ser agrupado em várias classes, com maior ênfase no manejo e conservação do solo que pode ser representado nas seguintes classes: culturas anuais (grãos: soja, milho, feijão etc), culturas anuais (batata), culturas anuais (algodão), culturas anuais (mandioca), cana de açúcar, hortaliças, culturas permanentes, pastagens nativas/campos, pastagens cultivadas, 19

21 capoeiras/pousio, cultivos florestais, florestas, várzeas, áreas urbanizadas e corpos d água, ou com maior ênfase na preservação ambiental que pode ser representado nas seguintes classes: culturas anuais, culturas permanentes, pastagens, cultivos florestais, capoeiras/pousio, florestas estágio inicial, florestas estágio médio e florestas estágio avançado, várzeas e corpos d água. O uso de imagens de satélite de uma mesma área em diferentes épocas do ano facilita a interpretação e a identificação das classes de uso, principalmente as culturas anuais, que em uma época podem apresentar solo exposto e em outra cobertura vegetal homogênea. O uso de imagens temporais aumenta a precisão da informação do mapa de uso do solo (Figuras 9 e 10). FIGURA 9 - PREDOMÍNIO DE FIGURA 10 - PREDOMÍNIO DE VEGETAÇÃO SOLO EXPOSTO FONTE: SPOT (2005) FONTE: SPOT (2005) 20 FIGURA 11 - USO ATUAL DO SOLO FONTE: INSTITUTO EMATER (2009)

22 Mapa de conflitos de uso do solo O mapa de conflitos de uso do solo resulta do cruzamento das classes do mapa de uso do solo com o mapa de unidades de paisagem. Este mapa identifica áreas com ocupação inadequada na micro-bacia, como a falta de mata ciliar nas margens dos rios e nascentes, devido à utilização por agricultura, pastagem ou cultivo florestal com espécies exóticas. Ainda verificam-se conflitos em áreas exploradas com culturas anuais ou pastagens inaptas para esse tipo de cultivo. O mapa de conflitos do uso do solo permite a visualização espacial do uso do solo, área de uso em conflito e ao mesmo tempo proposições para solução desses conflitos, reconhecendo-se a existência de alternativas possíveis a partir de investigações mais apuradas. Esse modelo pretende auxiliar a comunidade local a preservar a biodiversidade e usar de forma adequada e sustentável os recursos naturais disponíveis. A identificação do uso adequado também permite aos proprietários das terras otimizar gastos com a produção e conservação. Para completar o planejamento sustentável, relacionam-se junto ao mapa de conflitos as proposições para adequação do uso da terra (Figura 12), nas quais todos os elementos mapeados são analisados com base na legislação ambiental e aptidão das terras. FIGURA 12 - CONFLITO DE USO DO SOLO FONTE: INSTITUTO EMATER 21

23 Mapa de proposição de uso do solo A proposição de uso do solo é um processo que busca soluções para os problemas e necessidades, levando-se em consideração as ações que recuperem os passivos ambientais gerados pelo conflito de uso do solo, atendendo as metas e objetivos das propostas. A proposição de uso do solo deve considerar as condições físicas, químicas, biológicas e socioeconômicas de forma integrada, para a promoção de um ambiente mais equilibrado, no tempo e no espaço, prevendo os processos dinâmicos e globalizados. É a combinação dos usos possíveis do ambiente e recursos naturais que sejam capazes de satisfazer as necessidades das pessoas do meio rural e urbano, no presente e no futuro. FIGURA 13 - PROPOSIÇÃO DO USO DO SOLO FONTE: INSTITUTO EMATER (2009) Aplicação do SIG no trabalho de campo O trabalho com aplicação do SIG, em função de seus objetivos e abrangência, necessita a utilização de um conjunto de ferramentas e softwares, participação de uma equipe multidisciplinar, com profissionais de várias formações, diferentes áreas de atuação e lotação, sendo imprescindível a participação dos técnicos com atuação direta no campo. 22

24 Os trabalhos de campo permitem definir ou aprimorar os mapas temáticos: a) Mapa de solos: é necessário realizar ajustes no mapa de solos do Paraná para o detalhamento na área de trabalho. Mesmo com a existência de vários materiais de apoio (curvas de nível, classes de declividade e hidrografia), o trabalho de campo permite melhorar a classificação dos solos e identificar áreas aptas ao uso e definir os sistemas de manejo mais adequados, levando-se em consideração outros fatores como a profundidade do solo, fertilidade natural, disponibilidade de água, presença de pedras, banhados, empecilhos à mecanização etc; b) Mapa de uso do solo: o trabalho de campo é importante para correção de erros gerados na classificação com uso de imagem de satélite e na identificação de pequenas áreas consideradas importantes para os trabalhos desenvolvidos. Os levantamentos de uso do solo podem ser complementados e qualificados com informações referentes ao sistema de manejo de solo em pregado (plantio direto, plantio convencional, preparo reduzido), acrescidos com informações sobre práticas de conservacionismo (plantio em nível, rotação de cultura, consorciação de culturas, adubação verde, cobertura morta, faixas de vegetação permanente, cordões de contorno e/ou cordões de vegetação permanente). As explorações que ocupam o solo podem eventualmente apresentar pontos críticos que podem ser levantados e georreferenciados com uso de GPS (terraço eliminado, terraço em gradiente, erosão em sulco, voçoroca, outros como presença de pedras e compactação); c) Mapa de estradas rurais: as estradas rurais disponibilizadas pelo DER ou vetorizadas sobre a imagem de satélite são compatíveis com a escala da imagem de origem. Convém realizar adequações a campo para ajustar os traçados e/ou levantar novas estradas que sejam importantes para os trabalhos a serem de senvolvidos. Esse trabalho pode ser aprimorado obtendo-se informações como o nome da estrada, situação (estrada adequada com manutenção, estrada adequada sem manutenção e estrada sem adequação), tipo de pavimento (asfalto, terra, cascalho e pedra poliédrica). As estradas podem apresentar pontos críticos que podem ser levantados e georreferenciados com uso de GPS (água da es- 23

25 24 trada para propriedade, água da propriedade para estrada, pontos de alagamento, afloramento de rocha, escorrimento superficial, presença de mina de água, bancos de areia, leito rebaixado etc); d) Nascentes e rios: a localização das nascentes e rios, o uso de suas águas (consumo humano, animal e/ou agricultura) e presença de pontos críticos (deposição de dejetos animais, efluentes domésticos, efluentes industriais, mineração, assoreamento, abastecimento doméstico ou industrial, abastecimento de pulverizador, ausência de preservação permanente, deposição de lixo e existência de trilhas) podem ser confirmados a campo, sendo facilitado com o apoio e conhecimento dos moradores da comunidade local Informações sociais As informações sociais são fundamentais na elaboração de projetos socioeconômicos e ambientais, uma vez que o desenvolvimento incorpora uma série de aspectos sociais, conforme citado por Denardi et al. (2000): emprego, necessidades básicas, saúde, educação, equidade etc. E mais recentemente a inclusão das bases ambientais para busca de desenvolvimento sustentável. Para Boisier (1992 e 2000), o conceito de desenvolvimento deve ser entendido como multidimensional e dinâmico, cuja direção e velocidade das mudanças nos planos econômico, político, social, ambiental, tecnológico e territorial estão associadas a processos e questões como o crescimento da produção, o progresso técnico, a distribuição do poder, a distribuição da riqueza, a distribuição das oportunidades individuais e coletivas, a preservação dos recursos e do meio ambiente e a organização da sociedade. O desenvolvimento sustentável refere-se aos processos de mudança sociopolítica, socioeconômica e institucional que visam assegurar a satisfação das necessidades básicas da população e a equidade social, tanto no presente quanto no futuro, promovendo oportunidades de bem-estar econômico que, além do mais, sejam compatíveis com as circunstâncias ecológicas de longo prazo. JARA (1998) Ainda Denardi et al. (2000) consideram que o desenvolvimento de um país, região ou local podem ser avaliados segundo três dimensões básicas: longevidade, conhecimento e padrão de vida, portanto, atra

26 vés da integração e consolidação do conjunto de informações. Com fundamentação nessas dimensões surgiu o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado para o Brasil pela primeira vez em 1990, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), (Figura 14). FIGURA 14 - ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL FONTE: PNUD/IPEA/FJP/IPARDES (2000) A elaboração de projetos socioeconômicos e ambientais deve considerar, além dos fatores físicos, as questões sociais e culturais dos integrantes da família rural e da população local, sendo estudadas e analisadas de forma integrada, observando as características, capacidades física e gerencial para administrar seus empreendimentos. Os dados e índices disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), IPARDES, prefeituras e outras instituições fornecem informações como: gênero, religião, educação, sistema público e privado de ensino, índice de pobreza, índice de natalidade e mortalidade, longevidade, habitação, distribuição da população por faixa etária considerando o envelhecimento e masculinização da população rural, número e taxa de crescimento do emprego formal, participação familiar nas decisões e sucessão familiar na administração da propriedade. Outros indicadores detalhados podem ser obtidos através de levantamentos a campo. As bases de dados públicas oficiais disponíveis possuem como vantagens a periodicidade anual e abrangência municipal, nas quais as informações sociais podem ser utilizadas para analisar as condi 25

27 ções relacionadas com a mão de obra, saúde, educação e participação da população rural. O SIG utiliza estas informações tabulares para espacializar e demonstrar as peculiaridades sociais locais, contribuindo para elaboração de projetos socioeconômicos e ambientais. (Figuras 15 e 16). FIGURA 15 - INFORMAÇÕES SOCIAIS FONTE: PNUD/IPEA/FJP/IPARDES (2000) 26 FIGURA 16 - INFORMAÇÕES TABULARES FONTE: PNUD/IPEA/FJP/IPARDES (2000)

28 2.3.5 Informações econômicas As informações econômicas representam dados e/ou informações visando apresentar a realidade econômica atual e projetar expectativas futuras, mediante a utilização de dados de instituições públicas ou privadas. As bases de dados agropecuários para o estado do Paraná podem ser obtidas na SEAB, sindicatos, Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (OCEPAR), Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), EMBRAPA, Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e outras instituições, nas quais as informações econômicas podem ser utilizadas para analisar o desenvolvimento econômico e sua relação com os aspectos sociais e ambientais. Os indicadores econômicos como: índice de pobreza, composição da renda familiar, estrutura fundiária, infraestrutura produtiva (terra, máquinas, benfeitorias, equipamentos e número de animais), agroindústria, remuneração média e taxa de crescimento da remuneração média da mão de obra, valor bruto da produção das explorações agropecuárias, extrativismo, turismo rural, crédito rural e capacidade de pagamento. Outros indicadores detalhados podem ser obtidos através de levantamentos a campo. A participação da agropecuária no estado do Paraná possui grande importância em relação ao total da economia, sendo necessário analisar com detalhe o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária (Figura 17) e sua correlação com saúde, educação, emprego e renda. FIGURA 17 - VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO (VBP) FONTE: SEAB/DERAL (2008) 27

29 De acordo com o IPARDES (2003, p. 11), o desenvolvimento da sociedade rural não depende do aumento da produção, mas principalmente da maior inclusão do conjunto de seus produtores nos resultados dessa produção Diagnóstico socioeconômico ambiental Os trabalhos desenvolvidos pelo Instituto Emater nas microbacias hidrográficas apresentam diversas etapas: pré-diagnóstico, diagnóstico, planejamento, execução e avaliação das ações planejadas. O pré-diagnóstico é o conjunto inicial de informações sobre a realidade da unidade de trabalho, e serve como material básico de apoio para os trabalhos a serem desenvolvidos. O diagnóstico é o aprofundamento das informações da unidade de trabalho, de forma participativa com os atores envolvidos, bem como da correção das informações que possam estar ausentes ou equivocadas nos mapas de hidrografia (nascentes e cursos d água), uso de solo, solo e estrada. O aprofundamento das informações permite localizar pontos críticos (pontos de erosão em estrada e lavoura, pontos de contaminação por dejetos e agrotóxicos etc). O diagnóstico socioeconômico ambiental realizado com apoio do Sistema de Informações Geográficas agrega informações com detalhe e precisão, possibilitando o uso da ferramenta para coletar dados, diagnosticar, analisar e propor adequações nas ações desenvolvidas nas unidades de trabalho. O SIG possui várias características que facilitam e agilizam o processo de diagnóstico, são aplicáveis em diversos ambientes (físico, econômico, social e ambiental), permitem trabalhar com dados quantitativos e qualitativos, são sensíveis às mudanças e possibilitam a avaliação de impactos econômicos, sociais e ambientais, comparando a situação atual, com situação anterior ou com cenários futuros. A consolidação do diagnóstico visa o desenvolvimento sustentável que acontece com a participação da comunidade e das instituições envolvidas, devendo ocorrer uma análise integrada das informações, avaliando as ações prioritárias, os recursos físicos necessários, o cronograma de execução e as responsabilidades. 28

30 2.4 FINALIZAÇÃO A fase de finalização do projeto formaliza a aceitação da conclusão, serviço ou resultado da execução de acordo com o planejado. O fechamento do projeto consiste nas atividades necessárias para se documentar o resultado final em termos de características do produto e do gerenciamento do projeto. O processo de finalização do projeto é composto por diversos elementos: - conclusão dos produtos e/ou serviços; - encerramento de acordos com a comunidade e instituições parceiras; - fechamento e conciliação das pendências financeiras; - organização, identificação, impressão, armazenamento e entrega de materiais elaborados aos gestores; - elaboração de materiais contendo produtos dos trabalhos técnicos para consulta e divulgação interna e externa; - preparação e distribuição do relatório de avaliação (descrição dos resultados, avaliação da equipe técnica que atuou no projeto, equipamentos e softwares, contribuições, dificuldades encontradas, propostas de melhorias e sugestões para novos projetos). O fechamento deve ser realizado ao término de cada fase do ciclo de vida, para garantir que as atividades de cada fase tenham sido completadas satisfatoriamente e que informações úteis e valiosas não sejam perdidas. 3 CONCLUSÃO O fator que orienta este projeto para uma ação ambiental responsável deve buscar melhoria na qualidade de vida de toda a comunidade, com base na educação e conscientização da população. A viabilização do projeto é possível com a implementação de políticas públicas, adoção de instrumentos de gestão ambiental para avaliação de impactos ambientais e proposição de medidas preventivas e mitigadoras. Motivo pelo qual a metodologia utilizada com o uso do 29

31 Sistema de Informações Geográficas mostra-se um instrumento fundamental para a realização de análises, nas quais são identificadas áreas de fragilidade ambiental, áreas indicadas para a preservação permanente e destinadas ao uso agropecuário, representadas por mapas temáticos, resultantes da compilação de dados, manipulação de modelos numéricos e cruzamento de informações geográficas. Essa técnica ajustada com a padronização metodológica subsidia a tomada de decisão e viabiliza a multiplicação do modelo desenvolvido para outras unidades de planejamento, facilitando a análise e planejamento em escala regional, territorial ou estadual. 30

32 REFERÊNCIAS ANDREOLI, C. V. Mananciais de abastecimento: planejamento e gestão estudo de caso do Altíssimo Iguaçu. Curitiba: Sanepar Finep, ARGENTO, M. S. F. e CRUZ, C.B.M. - Mapemaneto Geomorfológico. In: CUNHA,S.B. & GUERRA, A.J.T. (organizadores) Geomorfologia - Exercícios, Técnicas e Aplicações. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil SA, 1996, pp BERTOL, O. J. (Organizador). Programa de Gestão Ambiental integrada em Microbacias PGAIM. Curitiba: Secretaria de Estado do Planejamento, BERTOL, O. J., MATSUSHITA, M. S. e HAGEMAIER, N. P. C. Programa de Gestão Ambiental Integrada em Microbacias: Etapas de execução do programa no município. Curitiba: Instituto Emater, Em fase de elaboração. BOISIER, Sérgio. El difícil arte de hacer región: Las regiones como actores territoriales del nuevo ordem internacional. Cusco, Peru : Centro de estúdios Regionales Bartolomé de las Casas, p.. Em busca do esquivo desenvolvimento regional: entre a caixa-preta e o projeto político. In: Periódico planejamento e políticas públicas, n. 13 jun Brasília : Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, p BROWN, L. Eco-Economia. EPI - Earth Policy Institute / UMA - Universidade Livre da Mata Atlântica p. Disponível em < Acesso em 16 nov CAMINHO DAS ÁGUAS. Disponível em < br>. Acesso em 16 nov DENARDI, R. A. et al. Fatores que afetam o desenvolvimento local em pequenos municípios do Estado do Paraná. Curitiba: Emater-PR, EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: EMBRAPA Produção de Informação, EMBRAPA. Sistema de Gestão Territorial da ABAG/RP. Disponível em < Acesso em: 10 nov FERRAZ, J. M. G. Proposta metodológica para a escolha de indicadores de sustentabilidade. In: MARQUES, J. F. et al. (Org.). Indicadores de Sustentabilidade em Agrosistemas. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente,

33 HOGAN, D. J. Indicadores Sociodemográficos de Sustentabilidade. In: ROMEIRO, A. R. (Org.). Avaliação e Contabilização de Impactos Ambientais. Campinas: EDUNICAMP, v. 1 IBGE. Disponível em < manual_nocoes/elementos_representacao.html>. Acesso em: 25 set INPE. Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres. Disponível em < Acesso em 25 set IPARDES. Setores Econômicos. Disponível em < modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=86>. Acesso em: 25 set JARA, Carlos Julio. A sustentabilidade do desenvolvimento local. Brasília: Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura-IICA, p. MOTTA, R. S. da. Manual para valoração econômica de recursos ambientais. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, p. OSAKI, F. Microbacias Práticas de conservação de solos. Curitiba: Câmara brasileira do livro, SANTOS, L. M. F. et al. Uso do solo no corredor Caiuá-Ilha Grande: Projeto Paraná Biodiversidade, Volume I. Curitiba, Em fase de elaboração. SANTOS, L. M. F., MAXIMIANO, G. A. e MATSUSHITA, M. S. Planejamento de uso da terra: metodologia alternativa usada no projeto Paraná Biodiversidade. VIII Seminário de Atualização em Sensoriamento Remoto e Sistemas de Informações Geográficas Aplicados à Engenharia Florestal. Curitiba, 07 a 09 out SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO DO PARANÁ-SEAB. Manual operativo de fundo de manejo e conservação dos solos e controle da poluição. 4ª versão. Curitiba: SEAB, p. WINCKLER. C. H. G. Valor Bruto da Produção Agropecuária Paranaense Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Departamento de Economia Rural. Curitiba: SEAB,

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