SUBCOMISSÃO PARA TRATAR DOS PLs Nºs PL 4874/2001 E 5186/2005 EM TRAMITAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL

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1 1 SUBCOMISSÃO PARA TRATAR DOS PLs Nºs PL 4874/2001 E 5186/2005 EM TRAMITAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL

2 2 SUMÁRIO COMPOSIÇÃO DA SUBCOMISSÃO...03 COLABORADORES PALESTRANTES...03 INTRODUÇÃO Experiência do relator com o esporte A Subcomissão Os objetivos da Subcomissão Cronograma de Trabalho Reuniões Reunião dia Adv. Décio Neuhaus Reunião dia Adv. Gustavo Koch Pinheiro Reunião dia Adv. Marijú Maciel...16 CONCLUSÕES...18 RECOMENDAÇÕES...20

3 3 COMPOSIÇÃO DA SUBCOMISSÃO Relator: Deputado Cassiá Carpes Deputado Kalil Sehbe Deputada Marisa Formolo Deputado Sandro Boka COLABORADORES Alexandre Prates Juliano Kaercher PALESTRANTES Décio Neuhaus Advogado dos Sindicado dos Atletas do RS. Gustavo Koch Pinheiro Advogado do Grêmio Football Porto Alegrense Marijú Maciel Advogada especializada em Direito Desportivo

4 4 INTRODUÇÃO Analisando a história do esporte até o surgimento do futebol no Brasil, caracterizado pelas disputas esportivas jogadas com a famosa bola importada por Charles Miller, percebe-se, claramente, que o futebol brasileiro ultrapassou as fronteiras de mera atividade de lazer, sendo hoje um negócio de extrema importância econômica, social, política e cultural. Atualmente, este esporte é considerado uma paixão mundial, e o Brasil é conhecido como o país do futebol. Em 1998, entrou em vigor a atual legislação, conhecida como Lei Pelé. À época de sua criação, aparentemente, a mesma surgiu para suprir muitos dos problemas alegados por atletas e clubes. Com o tempo, viu-se que a mesma carecia de diversos ajustes. Seu mérito foi acabar com a situação anterior à lei de quase escravidão a que se submetia o jogador de futebol. Melhorou para os atletas, mas os clubes perderam o interesse em investir na base. Porém, para que esse esporte torne-se um negócio cada vez mais atrativo e rentável, faz-se necessário uma legislação justa, igualitária e com natureza específica, na qual estejam protegidos os direitos e obrigações dos atletas e clubes. Assim, encontra-se em discussão na Câmara dos Deputados em Brasília, o Projeto de Lei N.º 4874/2001, mais conhecido como Estatuto do Desporto, de autoria do Deputado Silvio Torres. Este projeto revoga a Lei Pelé, criando uma legislação totalmente nova para o esporte, e dá um capítulo especial para o futebol. Já o Projeto de Lei Nº 5186/2005, de autoria do Poder Executivo, traz algumas alterações específicas na legislação atual, mas não revoga a Lei Pelé.

5 5 1. A experiência do relator com o Esporte O Deputado Cassiá Carpes, proponente e Relator da Subcomissão, foi atleta profissional durante 10 anos, onde jogou no Grêmio Footbal Porto Alegrense, Santos. F.C., E.C. Bahia, Coritiba F.C., dentre outros. O Deputado, foi também técnico de grandes clubes do futebol brasileiro, como: Grêmio Footbal Porto Alegrense (RS), Juventude (RS), Internacional (RS), Ponte Preta (SP), Portuguesa de Desporto (SP), Rio Branco (SP), Cascavel (PR), Criciúma (SC), dentre outros. Importante salientar, que na década de 70, foi Presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio Grande do Sul, e ajudou na formação do mesmo sindicado no Estado do Paraná, bem como foi fundador da AGAP (Associação de Garantia do Atleta Profissional), órgão filiado ao FAAP (Fundo de Assistência ao Atleta Profissional), portanto, possui larga experiência no assunto. 2. A Subcomissão A subcomissão para tratar sobre os PLs n.º 4874/2001 e 5186/2005, que altera a Lei n.º 9.615, de 24 de março de 1998, que institui normas gerais sobre o desporto, em tramitação na Câmara dos Deputados, surgiu da iniciativa do Deputado Cassiá Carpes. Aos 15 (quinze) dias do mês de maio de 2007, o Deputado Cassiá Carpes encaminhou à Presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, Deputada Marisa Formolo, o requerimento para a criação da Subcomissão Simples. Aos 22 (vinte e dois) dias do mês de maio de 2007, o requerimento foi aprovado por unanimidade, tendo sido indicados para compor a subcomissão os

6 6 Deputados Cassiá Carpes (relator), kalil Sehbe e Marisa Formolo. O Deputado Sandro Boka solicitou, aos 25 (vinte e cinco) dias do mês de junho de 2007, sua inclusão na Subcomissão. Aos 25 (vinte e cinco) dias do mês de junho de 2007, iniciaram-se os trabalhos da Subcomissão. 3. Os objetivos da Subcomissão A subcomissão, através de seus membros, elencou uma série de objetivos, com o intuito de tentar dirimir as dúvidas com relação à proposta de nova legislação, tendo em vista a polêmica já estabelecida entre os clubes de futebol e principalmente, entre os atletas. Os objetivos traçados: - realizar um estudo mais aprofundado da atual legislação que regula o principal esporte praticado no País, o futebol; - debate com representantes de clubes e jogadores, tornando-se, assim, possível ouvir suas reivindicações, visto que na época da aprovação da atual legislação (Lei Pelé), não foram ouvidas as partes mais interessadas; - debate sobre os PLs N.sº 4874/2001 e 5186/2005 que estão em tramitação na Câmara dos Deputados.

7 7 4. CRONOGRAMA DE TRABALHO 1ª REUNIÃO Dr. Décio Neuhaus advogado do Sindicato dos Atletas DATA: 25 de junho de ª REUNIÃO Dr. Gustavo Koch Pinheiro, advogado do Grêmio Football Porto Alegrense DATA: 09 de julho de ª REUNIÃO Dra. Marijú Maciel, advogada especialista em Direito Desportivo DATA: 09 de julho de 2007.

8 8 5. REUNIÕES 5.1. Reunião realizada no dia 25 de Junho de 2007 às 14horas: Palestrante Convidado: Dr. Décio Neuhaus Advogado do Sindicato dos Atletas do Rio Grande do Sul O Dr. Décio Neuhaus, Advogado do Sindicato dos Atletas do Rio Grande do Sul, abriu a reunião já com um questionamento, de que a Lei Pelé é para o futebol dos grandes clubes, ou seja, que as leis criadas até agora só beneficiam esses clubes, enquanto os clubes pequenos, do interior, ficam desassistidos, sem uma legislação que os proteja. Na Argentina, a muito tempo existe convenção entre os Sindicatos e os Clubes. Isto vem a beneficiar muito a classe de atletas, visto que no caso de o clube deixar de pagar o atleta por 3 messes, este não precisa procurar a justiça para romper seu contrato, basta ir ao Sindicato, que este o representará perante o clube, fazendo a rescisão do contrato do mesmo, extinguindo seu vínculo junto ao clube, ficando livre para procurar outro local de trabalho. Na opinião do advogado, a grande mudança da Lei Pelé perante a legislação anterior foi a extinção do Passe, que era uma forma escravocrata que existia nos dias de hoje com os profissionais.

9 9 Um ponto polêmico levantado nesta reunião foi a questão da idade x assinatura de contrato. A legislação brasileira permite que o atleta com 16 anos, assine um contrato profissional com determinado clube com duração de 5 anos. Acontece que a FIFA - Fédération Internationale de Football Association, entidade máxima do esporte, reconhece a duração dos contratos por 3 anos. O que acaba ocorrendo é que se um clube estrangeiro quiser levar o atleta quando ele completar 19 anos, terá o aval da FIFA. A cláusula penal (uma inovação trazida na Lei Pelé), segundo o Dr. Neuhaus, é um passe mascarado, pois ela beneficia apenas o clube, visto que o atleta, se quiser se desvincular do clube, tem de pagar o valor equivalente ao que iria ganhar durante 100 anos, ou seja, apenas o atleta chamado de ' extra-classe (por exemplo: Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Alexandre Pato) sai ganhando nesta situação, pois a cláusula penal para um clube de grande porte que pretenda contratá-lo não é um obstáculo. Já o atleta mediano, que pretenda se transferir de um clube pequeno para outro, apenas por uma diferença de salário, como por exemplo, um atleta que ganha R$ 1.500,00 em um clube do interior e recebe proposta de outro clube do interior, para ir trabalhar por R$ 2.500,00, sairia perdendo, pois, para desvincular-se do seu atual clube, ele, ou o clube que pretende contratá-lo, teria de pagar o equivalente a R$ ,00 (Um milhão e oitocentos mil reais) de cláusula penal. O Projeto de Lei N.º 5186/2005 trata do tema da cláusula penal de uma forma mais prejudicial para o atleta, visto que passou o valor para o equivalente a 2 mil meses, ou seja, 166 anos de trabalho.

10 10 Um fato importante trazido pelo Dr. Décio é que hoje, o Tribunal Superior do Trabalho vem entendendo que as duas partes (tanto atleta, como clube) têm de pagar a cláusula penal no caso de dispensa ou pedido de demissão. Desta maneira, criou-se uma vantagem ao atleta, que anteriormente era desprotegido pela legislação, sendo a cláusula penal exclusividade do clube. Adv. Décio Neuhaus e Deputado Cassiá Carpes Crédito: Marcelo Bertani/Ag AL Pela falta de atenção dos clubes com as parcelas trabalhistas, grande parte dos atletas hoje conseguem a sua desvinculação com o clube através da justiça, solicitando o rompimento do contrato pela falta de recolhimento de FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), que é prática normal dos clubes. Outra questão trazida pelo Dr. Décio foi o texto do art. 28, 8º do PL 5186/2005, que dá autonomia ao clube para suspender o contrato do atleta, no caso deste ser suspenso pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva por indisciplina. Tal artigo protege somente o clube, e prejudica totalmente o atleta,

11 11 visto que o mesmo pode ser suspenso por uma ordem de seu superior (o que acontece muitas vezes, que o técnico manda seu jogador forçar o cartão amarelo, para limpar os cartões para o jogo seguinte). Um ponto polêmico que faltou ser discutido tanto no PL 5186/2005 e no Estatuto do Desporto é a questão do clube formador, pois é necessário definir quem é clube formador e quem não é, pois a legislação trata todos os clubes como formadores. Acontece que clube formador é somente aquele que tem uma base, que tem condições de dar uma formação completa ao atleta. No caso do Rio Grande do Sul, existem poucos clubes formadores, só que a nossa legislação dá guarida para que todos sejam considerados, mesmo não tendo condições nenhuma, nem estrutura de base. O Sindicato dos Atletas defende que dos 12 aos 16 anos o atleta deveria ser considerado aprendiz, dos 16 aos 18 anos semi profissional e a partir dos 18 anos deveria ser obrigatória a profissionalização ou, no caso de não haver a mesma, o atleta estaria liberado, sem vínculo com o clube. O advogado cita outros pontos polêmicos importantes, como o art. 29-B do PL 5186/2005 que dá ao clube detentor do contrato a preferência na renovação, ou seja, depois de 5 anos do primeiro contrato do atleta, o clube ainda tem o direito de renovar por mais 3 anos.

12 Reunião realizada no dia 09 de Julho de 2007 às 14horas: Palestrante Convidado: Dr. Gustavo Koch Pinheiro Advogado do Grêmio Football Porto Alegrense O Dr. Gustavo iniciou a reunião citando a necessidade da Lei Pelé se ajustar à realidade do futebol brasileiro, que por causa desta, está ficando cada vez mais enfraquecido e empobrecido. A Lei Pelé foi criada e foi sendo modificada a tal ponto que não é mais sistematizada, ela é toda retalhada. É preciso fazer uma norma global. A falta de estrutura que os clubes têm hoje se dá pelo fato de os mesmos não receberem mais indenização pela venda de jogadores, deve ser estabelecido critérios para que os clubes formadores sejam indenizados de uma maneira justa, já que hoje em dia os clubes estão desamparados, gastam uma grande quantidade de dinheiro para formar um atleta, e o acabam perdendo para clubes do exterior com muita facilidade. O representante do clube disse não ser defensor do Passe, extinto pela Lei Pelé, mas sim defensor de uma legislação que proteja o clube formador, pois muitas vezes o atleta usa o clube desde o inicio de sua carreira e quando chega ao fim do contrato, sai pela porta da frente, sem deixar um centavo para o clube que investiu na sua formação. Foi trazida uma preocupação muito grande referente ao 13 do art. 27 do PL 5186/2005, que diz que o clube, para participar do Campeonato, terá de ter a negativa de tributos federais e FGTS, o que tornaria impossível a participação

13 13 de mais de 90% dos clubes brasileiros. Tal dispositivo, segundo o advogado, só causará confusão e não alcançará seu objetivo. A alteração no Direito de Arena (explicar o que é), foi alvo de polêmica. Pela proposta em tramitação, o direito de arena deverá se expandir, além da verba da televisão, englobará ainda verbas de rádio e jornal, refletindo desta maneira nas parcelas salariais. O Advogado alega que o Direito de Arena é de matéria cível, é um mero repasse em função do direito individual garantido na constituição, e não deveria entrar como parcela salarial, como prevê o Projeto. Para o advogado a criação da multa rescisória em favor do atleta beneficia apenas o grande clube e o grande atleta. A aplicação atual, pelo art. 479 da CLT é mais cabível à situação atual do nosso futebol, que dá ao atleta o direito de 50% do valor que ele ainda tinha para receber até o final do seu contrato. Para o Dr. Gustavo a igualdade da cláusula penal para clube e atleta não deveria prosperar, tendo em vista que o clube tem toda uma estrutura para manter, tem de pagar diversos impostos, tem um custo altíssimo, enquanto que o atleta não tem despesa nenhuma. A cláusula penal em favor do atleta deveria ser mantida em 50% dos salários/ano sem a contrapartida da multa rescisória. Cada vez mais são criados mecanismos de rescisão e não se criam mecanismos para o cumprimento do contrato. Foi citada a necessidade de um artigo referente à purga da mora, por exemplo, se acontecer de não se pagar o devido por x prazo, extingue-se o contrato e o atleta é liberado. Outra necessidade importante citada pelo advogado é a normatização, ou seja, a criação

14 14 de um critério objetivo do Direito de Imagem, como por exemplo a limitação em 50% do valor do salário do atleta como teto para pagamento de deste direito. Uma colocação importante feita pelo advogado foi de que a Lei Pelé não é sistematizada, e sim retalhada. O que deve existir é uma norma específica para o futebol e outra para as demais modalidades, visto que o futebol tem muitas peculiaridades. Por tal motivo ele defende o Estatuto do Desporto, por entender que este está mais bem estruturado. Para o Advogado nenhum dos dois Projetos agrada plenamente, pois existem várias questões a serem ajustadas, a solução apresentada pelos Projetos não vai ao centro do problema. Outra questão a ser analisada com mais profundidade é a do direito de preferência. A norma que limita os valores para a primeira renovação é nacional, ou seja, para os clubes do exterior não existe regulamentação nenhuma. Se o atleta termina os 5 anos de contrato e não aceita renovar, e por exemplo, o Barcelona faz uma proposta, ele sai de graça, pois o direito de preferência é uma norma nacional, não protege os clubes da investidura dos clubes estrangeiros. O advogado do Grêmio avalia que o tratamento quanto à cláusula penal precisa ser diferenciado, de acordo com o tamanho do clube. Não concordo com o estabelecimento de multiplicadores (100, 1000, 2000 vezes). Tem é que fazer um ranking dos clubes e estabelecer diferenças entre os pequenos, médios e grandes, diz.

15 Reunião realizada no dia 09 de Julho de 2007 às 15h30min: Palestrante Convidada: Dra. Marijú Maciel Especialista em Direito Desportivo A Advogada, de antemão, salientou que a Lei Pelé é abusiva para o atleta, e os dois Projetos são incompatíveis. O motivo de tal afirmação é que, segundo ela, a legislação engessa os pequenos, ou seja, aqueles atletas que jogam no interior, que fazem do futebol um meio de sustento para sua família (estes profissionais recebem em media 3 salários mínimos). A cláusula penal também foi repelida pela advogada. Segundo ela é preciso a criação de um dispositivo que puna o clube que não pagar o valor da cláusula penal ao atleta, no caso do mesmo ser dispensado pelo seu empregador. Segundo a Advogada: a cláusula é bilateral, mas, atualmente, quando um atleta pede demissão do clube sem pagar a cláusula penal, este é impedido pela Confederação Brasileira de Futebol de exercer sua profissão pois lhe é negado a condição de jogo, o que lhe impossibilita de participar de jogos. Já quando o inverso ocorre, ou seja, o clube despede o jogador, mesmo condenado pela justiça ao pagamento da cláusula, a Confederação Brasileira não o impede de, por exemplo, participar de campeonatos. Portanto, mesmo devedor, o clube não sofre nenhum tipo de penalização esportiva, enquanto que o atleta sim. Em termos de isonomia, para a advogada, o Estatuto do Desporto é melhor que o PL 5186/2005, mas salienta que os dois projetos estão mal redigidos

16 16 em determinada parte. Não especificam, por exemplo, os deveres dos atletas, citam apenas os direitos do clube, não definem especificamente as duas partes do contrato e suas obrigações. A Lei deve se preocupar com o foro competente para o julgamento dos atletas, ou seja, o julgamento deve ser realizado no local onde se encontra o atleta. A advogada exemplifica: no caso de um jogador gaúcho que vai jogar em um time de Manaus, e o mesmo fica 3 meses sem receber, e acaba voltando para seu estado de origem, e entra com uma ação contra o clube, o que acaba acontecendo é que não vale a pena para o atleta ir até Manaus para resolver tal situação pelo alto custo da viagem. Outra questão polêmica é quanto à revogação da Lei, pois o Estatuto do Desporto irá revogar a Lei Pelé, no caso de aprovação. Porém, é de salientar que existem regras na atual legislação que não estão no Estatuto, o que acabará gerando um e acabará gerando lacunas na nova legislação. Segundo a Dra. Marijú, se fosse para escolher entre os dois projetos, ficaria com o PL 5186/2005, pelo fato de que o mesmo não revoga a Lei Pelé. Também se posicionou contra a tramitação em conjunto dois dois projetos, visto que são conflituosos.

17 17 Deputado Cassiá Carpes e Adv. Marijú Maciel Crédito: Marcelo Bertani/Ag AL A maior preocupação levantada pela advogada é quanto à cláusula indenizatória, que obriga o atleta a pagar um valor absurdo para ter seu vínculo encerrado com o clube e também quanto à multa rescisória. Nós temos uma cláusula que se o clube mandar o atleta embora, ele tem que pagar ao atleta, no máximo, 400 vezes a remuneração mensal. Agora se for o atleta que pedir para ir embora tem que pagar 2 mil vezes. Temos uma mesma relação pautada com uma certa discriminação, concluiu.

18 18 CONCLUSÕES Após estudos, e, principalmente, de ouvir especialistas sobre o tema, esta Subcomissão chegou à conclusão da necessidade de algumas alterações nos Projetos que estão tramitando na Câmara. Embora os mesmos estejam muito bem elaborados, e mais completos que a atual legislação, existe a necessidade de uma análise mais aprofundada em alguns quesitos. Como no caso da cláusula penal, que acaba obrigando o atleta a pagar um valor absurdo no caso deste querer se desvincular de seu clube, e a necessidade de um ranking de clubes, para determinar o valor da cláusula para o tamanho do clube. Outro ponto polêmico diz respeito a supremacia que a FIFA tem em relação a nossa legislação, visto que a mesma protege apenas os clubes dentro do Brasil, nossa legislação não tem vigência internacional, deixando os clubes nacionais a mercê dos poderosos clubes estrangeiros. E por fim, foi matéria unânime a criação de uma proteção aos clubes formadores de atletas, para que não aconteça o que se tornou normal nos dias de hoje, que vimos nossos craques indo embora cada vez mais cedo.

19 19 O futebol necessita de uma Legislação completa, bem elaborada e de uma aplicabilidade clara, sem lacunas, que alcance tanto as necessidades dos clubes como dos atletas, que são estes os responsáveis pelo grande espetáculo que é o futebol brasileiro.

20 20 RECOMENDAÇÕES - É necessário ser criado um ranking de clubes (pequenos, médios e grandes), para a aplicação da cláusula penal ser diferenciada para estes. - Proteção aos clubes formadores, pois a lei nacional não se sobrepõe a lei da FIFA, ou seja, tudo o que se faz no Brasil em matéria de legislação, não tem vigência internacional, deixando os clubes nacionais reféns dos grandes clubes internacionais, pois caso eles queiram levar um jogador embora, após o cumprimento dos 5 anos de contrato, basta pagar a multa estipulada. - Transferência do STJD para Brasília, para ter mais isonomia em suas decisões, visto que hoje sua sede fica no Rio de Janeiro, e muitos clubes alegam favorecimento aos clubes do Estado da Sede do Tribunal. - Reavaliar o 13 do art. 27 do PL 5186/2005 (que condiciona a participação da entidade de prática desportiva em competição profissional à comprovação, perante a respectiva entidade de administração do desporto, da regularidade de obrigações junto à Fazenda Pública Federal, à Seguridade Social e ao FGTS), visto que se não permitir a participação de clube que tem o FGTS em atraso, acarretará em torno de 90% de times que não poderão disputar os campeonatos.

21 21 - Estabelecer uma limitação para o pagamento de valores referente ao Direito de Imagem, como por exemplo 50% do valor do salário do atleta como teto para pagamento de Imagem. - Reavaliação do 8º, art. 28 do PL 5186/2005, que permite ao clube não pagar o atleta no caso deste ser suspendo pelo STJD. - Encaminhamento de cópia do presente Relatório ao Ministro dos Esportes, a fim de possa dar encaminhamento às propostas da Subcomissão. Deputado Cassiá Carpes (Relator) Deputado Kalil Sehbe Deputada Marisa Formolo Deputado Sandro Boka