ANÁLISES TOXICOLÓGICAS

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1 ANÁLISES TOXICOLÓGICAS 1. FINALIDADES (para quê?) 2. TOXICANTE (o quê?) 3. AMOSTRA (onde?) 4. MÉTODO (como?) 1. FINALIDADES 1.1 PREVENIR intoxicações: análises de controle ou monitorização - monitorização terapêutica (quantitativas) - monitorização biológica da exposição ocupacional ou ambiental (quantitativas) - controle da farmacodependência (qualitativas, exceção para cafeína) - controle de contaminantes em alimentos (quantitativas) 1.2 DIAGNÓSTICO de intoxicações agudas e crônicas (fatais ou não). análises de urgência (quali ou quantitativas). análises para diagnóstico diferencial (quali ou quantitativas). análises forenses ( aspecto legal, quali e/ou quantitativas) PODEM SER para detecção de substâncias química suspeita OU desconhecida 2. TOXICANTE Necessidade de conhecimentos de toxicocinética e toxicodinâmica Substância química inalterada Produto de biotransformação Alteração enzimática ou outro parâmetro bioquímico ou hematológico Podem estar presentes em quantidades muito pequenas: mg,µg, ng, pg (ppm, ppb, ppt) 3. AMOSTRA Escolha depende: finalidade da análise e natureza do analito Sangue/ plasma/ urina/ vísceras e órgãos (intoxicações agudas, fatais ou não) Amostras biológicas não usuais: cabelo, unha, ar exalado, leite materno, tecido adiposo Substratos não-biológicos: erva, pó, alimentos diversos, água, ar, entre outros. Cuidados na coleta e conservação de amostras biológicas: quantidade, horário, anticoagulante/conservante, vasilhame, tempo e temperatura de conservação, etc. 1

2 URINA - Pequeno número de interferentes endógenos - Apresenta concentrações detectáveis de xenobióticos e seus produtos de biotransformação - Amostra de escolha para triagem toxicológica - Resultado obtido: indicativo da presença da SQ (correlação baixa com os efeitos) SANGUE - Possibilidade de correlação com os efeitos - Os achados no sangue + conhecimento de toxicocinética= inferência sobre o momento do uso, quantidade de substância introduzida e possíveis alterações fisiológicas e/ou psíquicas - Período de detecção curto - Soro: composição completamente inalterada SANGUE - Amostras de sangue post-mortem * redistribuição quando cessados os fenômenos vitais podem modificar os valores encontrados *punção na veia subclávia e/ou femoral (probabilidade de contaminação por difusão de outras regiões é significativamente menor) SANGUE - sangue mais viscoso (pequenos coágulos)- alíquota que seja representativa - Alcoolemia: cuidado com resultados superestimados SALIVA - Determinação de fármacos e drogas de abuso -Estudos de farmacocinética, monitorização terapêutica e verificação do uso de drogas ilícitas SALIVA -Vantagens: facilidade na obtenção, permite coleta assistida, sem contrangimento, não invasiva -Permite traçar paralelos com a concentração sanguínea 2

3 SALIVA - Reflete a fração livre da substância no plasma - Período de detecção curto: do instante que a substância btâ cai na circulação sanguínea até quatro meias-vidas após a administração - Quantidade disponível é frequentemente baixa e pode diminuir dependendo do estado patológico e emocional e alguns fármacos SALIVA - Representa a fração não-ionizada e não ligada às proteínas plasmáticas -Bases B fracas se acumulam na saliva (ionizadas i não retornam para o plasma) - Viscosidade variável - Volume da amostra secretada 2. AMOSTRAS BIOLÓGICAS NÃO AR EXALADO Exposição recente, eliminação Analitos voláteis Período de detecção curto * Quantidade de amostra, análise rápida SUOR - Coleta através de coletores sweat patch - Vantagens: coleta não invasiva, indolor, sem constrangimento, assistida CABELO * análise de orgânicos e inorgânicos; capaz de comprovar ou excluir a suspeita de exposição passada ou uso crônico de determinada SQ * Período de detecção maior que as outras matrizes (semanas ou meses) * Facilidade de obtenção, coleta não invasiva, assistida e raramente requer cuidados especiais no transporte e armazenamento CABELO Na dopagem: pequena utilização (considerar taxa de incorporação, preparo de amostra e descontaminação da amostra (lavagem, descoloração, tingimento (podem influenciar a concentração do xenobióticos) * Análise complementar às outras matrizes * Desvantagens: falta de correlação com a dose, possibilidade de contaminações ambientais 3

4 UNHAS * Refletem exposição passada ou crônica * Vantagens e desvantagens semelhantes ao cabelo, todavia a quantidade de amostra disponível é escassa HUMOR VÍTREO * Fluído que se encontra na cavidade posterior do olho preenchendo o espaço entre o cristalino e a retina (1,5 a 3,0 ml de cada olho) * Fluído gelatinoso, transparente e incolor, viscoso, 90-98% de água HUMOR VÍTREO * Fluído menos sujeito a alterações químicas postmortem *E Estudos bem estabelecidos somente para o álcooll * Análises post-mortem, relevância para a Toxicologia Forense HUMOR VÍTREO * Possibilidade de coleta em corpos politraumatizados, carbonizados ou em estado de decomposição * Isolado em um compartimento protegido de contaminação externa e invasão de microrganismos * SQ= não ligada às proteínas plasmáticas, lipossolubilidade adequada HUMOR VÍTREO Coleta FÍGADO * Concentração do xenobiótico maior que no sangue e praticamente, não sofrem redistribuição post-mortem * Desvantagens: grande quantidade de lipídios, rapidamente entra em estado de putrefação 4

5 CONTEÚDO ESTOMACAL * Forma inalterada e ionizada da SQ básica * Após a overdose, a concentração da SQ pode continuar alta * Desvantagens: composição variável, dependendo do tipo e da quantidade de alimento presente OUTROS ÓRGÃOS, FLUÍDOS E TECIDOS * Bile: SQ que sofreram conjugação Morfina: concentrações até 1000 x maior na bile * Cérebro e pulmão: voláteis ou xenobióticos administrados por via pulmonar (crack) OUTROS ÓRGÃOS, FLUÍDOS E TECIDOS * Rins e baço: metais (rins) e verificação de intoxicação por CN e CO (baço) Maggots= larvas ou fase imatura de Diptera (insetos) que se alimentam de organismo morto, podem ser coletados na ausência de amostras biológicas (morfina, praguicidas) COLETA, TRANSPORTE E CONSERVAÇÃO DAS AMOSTRAS- AMOSTRAGEM -Para resultados confiáveis, o analista deve: - Assegurar total garantia de inviolabilidade e integridade sem os quais, a amostra perde seu valor legal - Observar deterioração da amostra/ estabilidade do analito na amostra - Estar atento para a correta identificação AMOSTRAGEM - Uma das maiores fontes de erro em análises - Tamanho e número e localização dos pontos de coleta de amostras, procedimentos para redução da amostra bruta para laboratorial, tipo de recipiente e como limpá- lo, proteçãocontracontaminação contaminação (ISO, IUPAC, CODEX, AOAC) - Uma amostra deve ter todas as propriedades do material original 5

6 AMOSTRAGEM - Etapas do processo de amostragem: 1. Identificação da população de onde a amostra vai ser retirada 2. Seleção e obtenção da amostras 3. A redução da amostra bruta a amostra laboratorial é acompanhada por homogeneização (sólidosquarteamento ou dispositivos que reduzem ou misturam) TIPOS OU PLANOS DE AMOSTRAGEM - Sistemática: Ex: toma-se a primeira unidade e em seguida a quinta, depois a décima... - Por julgamento: com base no julgamento prévio ou por na experiência, seleciona-se unidades ou porções de um lote - Por conveniência: facilidade de obtenção, custo, rapidez etc - Restritiva: retirada da parte mais acessível devido a dificuldades de atingir a amostra toda. - Urina: * De acordo com o analito, observar o frasco quanto às características constituição, tamanho, limpeza, necessidade de conservantes * De acordo com a toxicocinética da substância: horário da coleta * Antes: lavagem das mãos e do oríficio uretral - Sangue: * Local da coleta deve ser limpo * Evitar hemoconcentração ou hemodiluição * Uso/ Escolha do anticoagulante: depende do analito * Tubos de coleta à vácuo: tampa pode liberar material que interfere em algumas análises * Agulha: pode interferir na análise de metais TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO DE SANGUE E URINA - Armazenamento: 4 C ou -20 C -Se análise não for realizada imediatamente: verificar estabilidade do analito - Se necessidade de re-análise: congeladores especiais (-80 ºC) ou sob nitrogênio líquido (-130 ºC em média) VÔMITOS -Análise até 12 horas após a exposição, armazenadas sob refrigeração a 4 C ou congeladas a -15 C - Recipientes transportados em sacos plásticos duplos, selados em temperatura nunca maior que 4 C - Informações diversas (sintomatologia, período entre a ingestão e o aparecimento dos sintomas, alimentos ingeridos nas últimas 24 horas) 6

7 HUMOR VÍTREO - Amostra coletadas, em separado, para cada olho - Perfuração do globo ocular com agulha fina, acoplada em seringa - Coleta-se, geralmente, 2 a 3 ml conservado com fluoreto de sódio 0,5 a 2,0% BILE - Se a vesícula biliar foi extraída previamente: coletar a amostra por aspiração do ducto biliar (agulha e seringa) TECIDOS - Porção representativa e cerca de 10 a 20 g de tecido hepático - Cuidados no manuseio e armazenamento das amostras (evitar contaminação cruzada) - Identificadas e encaminhadas com protocolo (local, data e hora da coleta, idade, estimativa da hora do óbito etc) CABELO - Coleta na parte posterior da cabeça, fios menos superficiais (cerca de 0,3 cm de distância da pele), 200 mg de amostra - Orientação marcada no sentido da raiz para as pontas - Armazenamento em sacos plásticos vedados, identificado com informações - Necessidade de limpeza prévia (ex: metais: lavagem com solução diluída de Triton X-100) ÁGUA -Tipo de frasco e modo de coletar: depende do analito e matriz (águas, superficiais, profundas, subterrâneas, sedimentos etc) - De maneira geral: 2000 a 4000 ml. Armazenamento nunca em temperatura superior a 4 C - Informações devem ser registradas: ponto de amostragem e profundidade, temperatura da água, condições metereológicas etc ALIMENTOS -Tamanho da amostra: verificar armazenamento (a granel ou embalado em caixas, latas e outros recipientes) - Quando a embalagem é única ou pequenos lotes: todo material - -Lotes maiores: 10 a 20% do nº de embalagens do lote ou 5 a 10% do peso total do alimento a ser analisado. Lotes muito grandes, toma-se a raiz quadrada do nº de unidades do lote (homogeneidade da amostra?) ALIMENTOS Fatores a serem considerados na amostragem - Fatores que influenciam na composição de alimentos de origem vegetal (ex: constituição genética; solo, clima, irrigação, temperatura; parte do alimento: casca ou polpa etc) e animal (ex: conteúdo de gordura; parte do animal; alimentação do animal; idade do animal etc) - Fatores que influenciam no pós-colheita (perda ou absorção de umidade; decomposição química e enzimática (vitaminas, pigmentos); contaminação 7

8 4. MÉTODO cromatografia em camada delgada, clássica ou de alta eficiência (triagem; análises qualitativas) cromatografia gasosa (detectores de ionização de chama, captura de elétrons ou de chama alcalina, fotométrico de chama, espectrômetro de massa) cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE ou HPLC), detector de ultra-violeta, arranjo de diodo ou de fluorescência espectrofotometria, especialmente no visível espectrofotometria de absorção atômica (metais) imunoensaios 8