MANDADO DE SEGURANÇA Nº ( ) DE GOIÂNIA

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1 MANDADO DE SEGURANÇA Nº ( ) DE GOIÂNIA IMPETRANTE IMPETRADO RELATOR CÂMARA MARCOS ANTÔNIO DE MORAIS SECRETÁRIO DA FAZENDA DO ESTADO DE GOIÁS DR. ROBERTO HORÁCIO REZENDE 4ª CÍVEL RELATÓRIO E VOTO Cuida-se de Mandado de Segurança impetrado por Marcos Antônio de Morais contra ato acoimado de arbitrário e ilegal imputado ao Sr. Secretário da Fazenda do Estado de Goiás. Consta da exordial que o impetrante, proprietário da empresa denominada Marcos Antônio de Morais Gagus Bar, no final do ano de 2002, por dificuldades diversas, foi forçado a encerrar as atividades ali desenvolvidas, deixando no entanto de dar baixa nos órgãos oficiais, por ter várias dívidas e não ter como saná-las. No novo endereço foi estruturada nova 1

2 pessoa jurídica também de propriedade do impetrante. Informa o impetrante que em 18/096/2005 ocorreu um incêndio no estabelecimento (TCO nº 445/2005), queimando tudo, inclusive os papeis das empresas, gerando prejuízo financeiro. Diz que em 29/03/2006 foi requerido junto à JUCEG a extinção da pessoa jurídica Marcos Antônio de Morais Gagus Bar, deferido em 31/06/2006, deixando a cargo de seu contador a baixa da empresa nos órgãos estaduais e municipais, sendo que deu baixa apenas nos órgãos federais para que pudesse tomar posse em cargo público para o qual foi admitido. Afirma que em meados de 2011, ao realizar compras em um mercado na cidade de Goiânia teve ciência que seu nome encontrava negativado em razão de dívidas com o Estado de Goiás, pertinentes à dívida de pessoa jurídica Marcos Antônio de Morais Gagus Bar. Esclarece que em defesa 2

3 administrativa apresentada junto o CAT em 08/07/2010, não logrou êxito, razão da inscrição dos débitos da dívida ativa estadual. Assevera que nos autos administrativos restou claro que as infrações foram lavradas após o fechamento da pessoa jurídica e que não há mais possibilidade de recurso administrativo perante o CAT, restando-lhe pagar a dívida ou ingressar no judiciário para questioná-las. Verbera ter impetrado mandado de segurança em 04/02/2011, denegado por este Tribunal de Justiça. Aduz que de posse das notas fiscais exigidas pelo Fisco, encontradas junto ao contador de sua empresa, buscou a revisão do processo administrativo. No entanto os órgãos do Fisco estadual se recusaram a apreciá-las ao argumento de não mais haver recurso administrativo e que após a inscrição na dívida ativa o processo é encaminhado para o jurídico promover ação cabível. 3

4 Sustenta ser ilegal e abusivo o ato da autoridade impetrada que culminou na inscrição de seu nome na dívida ativa estadual, já que o devedor é somente a pessoa jurídica Marcos Antônio de Morais Gagus Bar. Pleiteou liminarmente que fosse determinado o cancelamento dos atos administrativos praticados após a emissão dos autos de infração mencionados, devolvendo-lhe o prazo para defesa, o fornecimento de certidão negativa de débitos fiscais e a retirada de seu nome do cadastro de devedores da dívida ativa. O pedido liminar foi indeferido por ausência dos requisitos exigidos (fls. 813/818). O Estado de Goiás apresentou defesa às fls. 827/840, rebatendo todos os argumentos do impetrante. A autoridade impetrada deixou transcorrer in albis o prazo para prestar informações, conforme noticia a certidão de fls

5 Instada a manisfestar a douta Procuradoria de Justiça pugnou pela denegação da segurança tendo em vista que a impetração do mandado de segurança ocorreu a destempo (fls. 843/850) É em síntese o relatório. Passo ao voto. Identifica-se no presente caso prejudicial de mérito a exigir enfrentamento imediato. Trata-se da decadência do direito do Impetrante para o manejo da presente ação mandamental. Conforme relatado, trata-se de mandado de segurança, com pedido de liminar, impetrado por Marcos Antônio de Morais, contra ato acoimado de coator do Secretário da Fazenda do Estado de Goiás, objetivando a segurança para que fosse determinado a suspensão dos atos administrativos perpetrados pela autoridade impetrada após a lavratura dos autos de infração e que fosse garantido administrativamente o direito 5

6 de defesa, bem como que fosse retirado seu nome do cadastro de devedores da dívida ativa estadual e expedida certidão negativa de débito fiscal. Do compulso dos autos observa-se que o ato acoimado coator está ligado ao processo administrativo fiscal, que segundo o impetrante resultou na inscrição de seu nome na dívida ativa estadual de forma ilegal, pois não lhe foi dado direito de defesa. Porém, consta da exordial que o impetrante apresentou defesa administrativa junto o CAT, que teve ciência em meados de 2011 da inscrição de seu nome na dívida ativa em decorrência da dívida do Estado de Goiás, que impetrou outro mandado de segurança em 04/02/2011 para que fosse retirado seu nome da dívida ativa. No caso em apreço, o Impetrante foi cientificado por meio de AR, recebido por sua esposa, das decisões que não admitiu os pedidos de revisão extraordinária apresentados ao Conselho Administrativo Tributário CAT, nos três processos administrativos fiscais referentes aos 6

7 autos de infração impugnados nesta ação, em 18/10/2010 (fls. 63, 89 e 124) e o writ só foi impetrado em 25/08/2011, após o prazo decadencial previsto em lei. A Lei nº 12016/09, que disciplina o mandado de segurança individual e coletivo, prevê no seu artigo 23, o prazo decadencial do direito da impetração. Vejamos: Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Importante registrar que os prazos decadenciais são fatais e peremptórios, pois não se suspendem nem se interrompem, levando à assertiva de que uma vez iniciada sua fluência, ainda que no termo final do prazo não haja expediente forense, por qualquer que seja a razão, implementada dar-se-á a decadência, de modo inarredável. Neste sentido, colaciono julgados do Colendo Superior Tribunal de Justiça sobre o prazo 7

8 decadencial para o ajuizamento da ação mandamental, a seguir: ''ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. SERVIDOR PÚBLICO. CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA. ATO ÚNICO DE EFEITOS CONCRETOS. MANDADO DE SEGURANÇA. DECADÊNCIA PARA A IMPETRAÇÃO DO MANDAMUS. NÃO CONFIGURADA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. 1. O direito público de impetrar o remédio heróico é atingido pela decadência após o decurso do prazo de 120 (cento e vinte) dias, contados da data da ciência, pelo interessado, do ato coator. ( ).'' (STJ, AgRg no REsp /PE, Rel. Ministra Laurita Vaz, 5ª Turma, Dje. 14/6/2011). ''MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR MILITAR. GRATIFICAÇÃO DE LOCALIDADE ESPECIAL.PORTARIA NORMATIVA Nº 13 DO MINISTÉRIO DA DEFESA. WRIT AJUIZADO APÓS O PRAZO PREVISTO NO ARTIGO 18 DA LEI Nº 1.533/51. DECADÊNCIA. RECONHECIMENTO. 1. Impõe-se reconhecer a decadência quando o mandado de segurança é impetrado após esgotado o prazo de 120 dias previsto no art. 18 da Lei nº 1.533/51, cuja contagem se inicia a partir da ciência do ato que se diz ter violado direito líquido e certo. 2. Extinção do processo, com exame do mérito, a teor do disposto no art. 269, IV, do Código de Processo Civil.'' (STJ, 3ª Seção, MS nº 12009/DF, Rel. Min. Paulo Gallotti, Dje ). Neste sentido, também é o 8

9 entendimento desta Egrégia Corte de Justiça: MANDADO DE SEGURANÇA. CARÊNCIA DE AÇÃO POR AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. DECADÊNCIA DO DIREITO. PRELIMINARES REJEITADAS. VANTAGEM PESSOAL NOMINALMENTE IDENTIFICADA VPNI. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. I. Inexiste carência de ação, por ausência de prova préconstituída, se a exordial foi instruída com os documentos necessários à comprovação do alegado direito líquido e certo. II. Consoante entendimento pacífico do STJ, o marco inicial para a contagem do prazo decadencial para a impetração do mandado de segurança é a data em que o impetrante toma ciência inequívoca do ato coator. (...) (TJGO, MANDADO DE SEGURANCA , Rel. DR(A). WILSON SAFATLE FAIAD, 2A CAMARA CIVEL, julgado em 16/08/2011, DJe 893 de 31/08/2011). MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDORES PÚBLICOS INATIVOS. REVISÃO DE APOSENTADORIA. REENQUADRAMENTO. ATO COMISSIVO ÚNICO DE EFEITOS CONCRETOS. WRIT AJUIZADO APÓS O PRAZO DO ARTIGO 23, LEI Nº /2009. DECADÊNCIA. PROCESSO EXTINTO NOS TERMOS DO ARTIGO 269, INCISO IV, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. 1. É pacífico o entendimento de que o prazo decadencial para impetração do mandado de segurança é de 120 (cento e vinte) dias, contados da efetiva constrição ao pretenso direito líquido e certo invocado, nos termos do artigo 23, da Lei nº /09. (...) (TJGO, MANDADO DE SEGURANCA , Rel. DES. JEOVA SARDINHA 9

10 DE MORAES, 6A CÂMARA CÍVEL, julgado em 02/08/2011, DJe 881 de 15/08/2011). ADMINISTRATIVO. PROCESSO CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDORA PÚBLICA. PEDIDO DE RELOTAÇÃO NEGADO. ATO COMISSIVO ÚNICO DE EFEITOS CONCRETOS. WRIT AJUIZADO APÓS O PRAZO DO ARTIGO 23, LEI Nº /2009. DECADÊNCIA. I - Conforme reiterada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífico o entendimento de que o prazo decadencial para impetração do mandado de segurança é de 120 (cento e vinte) dias, contados da efetiva constrição ao pretenso direito líqüido e certo invocado. II - Não tem lugar invocação à teoria de trato sucessivo para efeito de descaracterizar a decadência quando impugnado ato comissivo único e de efeitos concretos. III Decadência reconhecida. (TJGO, MANDADO DE SEGURANÇA , Rel. DES. BEATRIZ FIGUEIREDO FRANCO, CORTE ESPECIAL, julgado em 09/06/2010, DJe 625 de 22/07/2010). Desta forma, como o Impetrante tomou ciência do ato violador do seu direito líquido certo no dia 18/10/2010 e somente impetrou o presente mandamus no dia 29/4/11, a análise do mérito da presente demanda restou prejudicada em razão do desrespeito ao prazo decadencial de 120 (cento e vinte) dias, previsto no artigo 23 da Lei do Mandado de Segurança. 10

11 Ante o exposto, acolhendo o parecer da douta Procuradoria de Justiça, quanto a preliminar de decadência para declarar a extinção do feito, com resolução de mérito, nos termos do art. 269, inciso IV, do Código de Processo Civil, denegando a segurança impetrada (Lei nº /2009, art. 6º, 5º). É o voto. Goiânia, 26 de janeiro de DR. ROBERTO HORÁCIO REZENDE Relator em Substituição 11/A 11

12 MANDADO DE SEGURANÇA Nº ( ) DE GOIÂNIA IMPETRANTE IMPETRADO RELATOR CÂMARA MARCOS ANTÔNIO DE MORAIS SECRETÁRIO DA FAZENDA DO ESTADO DE GOIÁS DR. ROBERTO HORÁCIO REZENDE 4ª CÍVEL EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. PRAZO DECADENCIAL DE 120 DIAS. DESRESPEITO. 1 - O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado (Lei nº 12016/09, art. 23). 2 - Diante da impetração de mandado de segurança após o transcurso do prazo de 120 (cento e vinte) dias da ciência do ato violador do direito líquido e certo, o direito público de impetrar o remédio heroico é atingido pela decadência. SEGURANÇA DENEGADA. 12

13 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as retro indicadas. ACORDAM os componentes da 2ª Turma Julgadora da 4ª Câmara Cível do egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, à unanimidade de votos, em denegar a segurança, nos termos do voto do Relator. Votaram com o Relator, os Desembargadores Kisleu Dias Maciel Filho e Elizabeth Maria da Silva. Kisleu Dias Maciel Filho. Presidiu a sessão o Desembargador Presente a ilustre Procuradora de Justiça Dra. Eliete Sousa Fonseca Suavinha. Goiânia, 26 de janeiro de DR. ROBERTO HORÁCIO REZENDE Relator em Substituição 13