AS REAÇÕES DO CÉREBRO APAIXONADO. The reactions of the brain in love
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- Gabriel Arruda Azambuja
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1 AS REAÇÕES DO CÉREBRO APAIXONADO The reactions of the brain in love Angela Amorim Chezzi¹ Prof. Dr. Eniel do Espírito Santo² RESUMO: O presente estudo exploratório se propõe a dissertar a respeito das descobertas e contribuições da neuropsicologia que estuda as reações do cérebro sobre o prisma do sentimento amor. Inicialmente, a literatura utilizada contempla a química do amor e o que ocorre no cérebro no momento em que uma pessoa se encontra intensamente apaixonado, referenciando-se pesquisas de diferentes estudiosos. Ao longo das últimas duas décadas o avanço da ciência e interesse da sociedade nos efeitos e signos pertinentes foram responsáveis por ir além da anatomia do corpo humano. Foi possível estudar, por meio da análise de tomografias mais avançadas e a construção de uma verdadeira ciência por detrás disto, entender o cérebro, com o intuito de perceber toda a minúcia de como o sistema cerebral funciona quando são acionados no momento em que a química do amor ocorre. Finalmente, foi possível captar a mente humana durante o processo do amor romântico, os procedimentos neurológicos após o início da paixão, que do ponto de vista científico, pode delinear e ou formatar o comportamento humano no que se refere ao seu aspecto social e relacional afetivo. PALAVRAS CHAVES: Neuropsicologia; cérebro; química; amor; pesquisa; ciência. ABSTRACT: This article is to talk about the researches and contributions of neuropsychology, which studies the brain reactions due to love. Initially, the used literature reveals a chemistry of love and what occurs within the brain at the moment of one s love, dully linked to the results of researches. During two decades, the science advance and society interested on its effects and signals have brought the knowledge besides human body anatomy. It was possible, by the analysis of these results, to understand the brain, as to realize every detail of how brain systems work when love chemistry starts. Finally, it was possible to catch human thought during romantic love after passion beginning, what can define human behavior considering social and affective issues. KEYWORDS: Neuropsicology; brain; chemistry; love; research; cience.
2 INTRODUÇÃO Desde que nascemos somos assaltados pelo amor. Instintivamente, nossa primeira reação é buscar o peito materno. Já na nossa tenra infância, o amor passa a comandar as nossas emoções. Estaremos durante toda a nossa vida sujeitos as reações do amor. Afinal, a afetividade é uma condição indispensável de relacionamento com o mundo. Nossa relação com o mundo é em si afetiva; sempre buscaremos estabelecer vínculos que envolvam nossa afetividade, que nos agrada ou desagrada em diferentes níveis. É importante pontuarmos que não amamos nem odiamos por predisposição genética. O amor tornou-se um tema universal, pouco abordado pela filosofia, porém base de inúmeras pesquisas neurocientíficas evidenciando que é possível sentir-se apaixonado. Como o cérebro reconhece o sentimento do amor? Com base no autor Stanley (2008), vivenciando a aproximação através de olhares que se encontram, e corpos que se comunicam,provocando uma química através do cheiro. A partir deste evento, após a atração inicial, a química cerebral ira produzir uma turbulência de impulsos: com o aumento da testosterona em ambos os sexos inicia-se a atração sexual. O momento seguinte surge a paixão avassaladora, onde um não vive sem o outro. O cérebro, neste momento, se encontra repleto de dopamina. Surge então a ligação afetiva propriamente dita, representada no sexo feminino pela oxitocina e no masculino pela vasopressina. Passado o ardor da paixão, descobre-se que se ama alguém quando pensar em uma vida sem ela causa angústia sincera e profunda. O amor é esse laço que faz seu cérebro achar que sua felicidade esta vinculada à presença e à felicidade do outro. Quais as reações químicas cerebrais que ocorrem no momento em que o cérebro se encontra impulsionadas pelo sentimento amor? Para Ballone (2005) o comportamento emocional é um conjunto de reações frente a uma sensação. As emoções podem ser primárias e secundárias. O amor se classifica em uma emoção secundária visto que é considerado como um dos estados mais discriminativos e complexos do ser humano.
3 Segundo Barreto (2010) as emoções encontram-se relacionadas ao sistema límbico localizado na superfície medial do cérebro dos mamíferos. Região constituída de neurônios onde comanda certos impulsos necessários à sobrevivência dos mamíferos interferindo de forma positiva ou negativamente no funcionamento psicológico destes. Seus componentes trabalham em conjunto e se encontram conectados com os demais sistemas neurofisiológicos. Vale ressaltar que o comportamento emocional faz parte do sistema nervoso central. As pesquisas realizadas com base em estudos científicos possibilitaram a construção de um artigo de grande relevância social e para o curso de especialização de neuropsicologia, haja vista há muito o tema amor ter sido motivação de pesquisas acadêmicas, sem que fosse possível um consenso universal desse conceito. A especialização em neuropsicologia sob o prisma das diversas matérias que exploram o conhecimento do sistema nervoso cerebral e conseqüentemente do comportamento humano possibilitou amealhar subsídios para a construção deste estudo. Através do conhecimento metodológico adquirido através da disciplina do desenvolvimento do sistema nervoso, especificamente, tornando-se instrumento básico para o aprofundamento cientifico sobre quando e de que forma um sentimento é reproduzido nosso cérebro sob a perspectiva das atividades neuronais e seus efeitos. O estudo terá como referencia uma pesquisa de forma exploratória e descritiva, objetivando reunir informações sobre as reações do cérebro apaixonado utilizando como referência a fonte de dados bibliográficos. O eixo temático selecionado terá como base uma pesquisa sobre quais os sistemas cerebrais são acionados no momento em que o cérebro se encontra apaixonado, ou seja, como o cérebro reconhece o sentimento do amor, dentro de uma abordagem neuropsicológica. 1 CÉREBRO APAIXONADO: PERSPECTIVA DA NEUROPSICOLOGIA
4 1. Sentimento do amor Amor: um único termo para nomear diferentes símbolos, sentimentos, ações e pensamentos. É utilizado para nomear grupos de sentimentos, ações e padrões de pensamentos que, embora relacionados, são bastante diversificados. As principais teorias e pesquisas indicam que existem diversos tipos de amor. (SILVA, 2010). Corroborando, o psicanalista Fromm (1971) aborda o sentimento do amor como uma força ativa no homem, com a capacidade de superar o sentimento de separação e isolamento, permitindo ser ele mesmo, mantendo a sua integridade. Afirma ainda que no amor ocorra o paradoxo de que dois seres sejam um e, contudo, permaneçam dois. Fromm faz referência aos diversos tipos de amor: filial, maternal, fraternal, erótico, amor próprio entre outros. Numa análise inicial é importante pontuar o conceito do sentimento amor, que segundo a mitologia grega, apresenta possíveis traduções, seus significados e sua influência no contexto histórico, cultural e psicológico da civilização ocidental. Através de diferentes vertentes mitológicas, buscando descrever o significado e o caminho do desenvolvimento amoroso. A história da humanidade é marcada pela influência dos mitos e de acordo com Jung (1978) é através deles que se manifestam os arquétipos, modelos advindos do inconsciente que constituem, para a humanidade, a base da psique humana. De acordo com análise de Brandão (1988), iremos encontrar na mitologia grecoromana uma das primeiras formulações quanto ao significado do sentimento amor através das diferentes descrições do mito de Eros, a exemplo da mitologia bramânica (indiana) que também faz referência a Kama, o deus do amor Com base nas referências sobre a origem de Eros encontram-se autores como Hesíodo (1987) - obra clássica de Teogonia ; Platão (2000)(427 a.c.- 327a.C) com a obra Banquete e compiladores como Brandão(1988) e Bulfinch(2000).
5 O mito de Eros, descrito de formas tão diversas, aponta sobre sua complexidade, importância e dinâmica, onde podemos afirmar que a maneira de se expressar e sentir o amor se transforma ao longo da existência, por ser um processo interativo e evolutivo. Ao longo dos séculos acreditou-se que o amor, através da fusão de duas almas e dois corpos, tornaria o homem pleno. Essa forma de compreender a origem da espécie humana vem exercendo grande influência nos trabalhos científicos no que diz respeito à escolha amorosa, considerada por muitos o ato mais significativo da vida. Bierhoff (2004) apontou o sociólogo canadense John Allan Lee que, especializou-se em analisar a capacidade de amar do ser humano, e assim, em sua obra Love Styles (1988) propôs uma análise do ponto de vista da psicologia e apresenta sua teoria afirmando que as pessoas sentem diferentes tipos de amor a partir da coleta de dados sob o prisma filosófico e literário. Os estilos de amor para Hendrick (1973) são construídos a partir de uma escala de Atitudes Amorosas baseados na teoria de Alan John Lee que considerou seis tipos de amor existentes nas relações interpessoais: Eros - um amor apaixonado fundamentado e baseado na aparência física; Psiquê - um amor espiritual, baseado na mente e nos sentimentos eternos; Ludus- o amor que e jogado como um jogo, amor brincalhão; Storge - um amor afetuoso que se desenvolve lentamente; Pragma- amor pragmático que visualiza o momento, o agora; mania-amor altamente emocional, instável, o estereótipo do amor romântico; Agape - amor altruísta, espiritual. Para a psicanálise, de acordo com Valdìvia (1993), foi possível pontuar sobre o amor, segundo Freud em contraponto à teoria de Lacan. Com base nesta autora, Freud possibilita o pensar sobre o amor como repetição: estamos inseridos numa cadeia de imagos, marcados pelas expressões infantis, das quais não podemos nos furtar. Quando amamos não fazemos mais que repetir, encontrar o objeto é sempre reencontrá-lo e todo o objeto de amor é substitutivo de algum objeto fundamental prévio à beira do incesto. Em outro giro, para Lacan o amor é definido como aquilo que vem em suplência da relação sexual. Na impossibilidade da relação sexual ligada ao Real, há uma reversão simbólica permitindo ao sujeito, a ilusão de
6 que a relação sexual é possível. Na medida em que é momentânea, não consegue manter a certeza e se dá outra reversão imaginária que se revela como amor. Outra concepção é a defendida por Bowlby (BIERHOFF, 2004, p.61), que apresenta um discurso psicanalista avaliando até que ponto não ocorre uma repetição de padrão tomando como referência os vínculos emocionais e afetivos entre pais e filhos perpassando valores e comportamentos de geração a geração. Segundo a etologia-ramo da psicologia que estuda as origens dos costumes e comportamentos sociais e individuais dos homens e animais, torna-se possível respaldar a origem da genealogia do amor. Nessas condições, através das teses de Maturana (1998), passamos a entender os seres humanos como sistemas moleculares dinâmicos, que passam por mudanças estruturais contínuas, que ocorrem em função de suas interações com o meio. Segundo Darwin, através da teoria da evolução das espécies, reconheceu-se que evoluímos por intermédio de interação com o ambiente, provando sermos ancestrais diretos dos primatas, os quais foram evoluindo até chegarmos ao Homo Sapiens - homem que raciocina. Assim ocorreu a hominização, ou seja, um processo evolutivo multidimensional momento em que o homem passou a assumir um papel organizador do seu meio, buscando a sua realização tornando-se hiper complexo. Segundo Morim (1979) a este processo de desenvolvimento biológico, social, psicológico, espiritual e de complexificacão do cérebro foi nominada a cerebralizacão humana. (BRAZ, 2000) Dessa forma, autores anteriormente citados como Maturana, Morim e por último May (1973), com base nestas teses, concluíram que a capacidade afetiva amorosa exerceu forte influência na evolução da espécie. É na passagem do impulso para o desejo que o amor pessoal surge e eleva o primata para a condição de Homo Sapiens. Através do seu processo evolutivo como a verticalização da postura, com a capacidade de copilar de frente, a linguagem tornou o sexo em mais que uma manifestação de necessidades fisiológicas, aproximando de maneira significativa homens e mulheres. As expressões faciais, e a
7 vocalização dando origem à fala, foram fatores que contribuíram para a formação dos sistemas sociais Desse modo, Maturana (1998) certifica que o amor passa a ser uma das maiores fontes de socialização do ser humano. Exercendo um papel central na história evolutiva humana. O referido autor conclui: somos seres emocionais e é isto que nos confirma na condição de humanos". Em suma, o amor enquanto aceitação do outro funciona como um legítimo outro na convivência. A evolução da espécie também propiciou alterações fisiológicas e hormonais que contribuíram de forma direta para a formação e fortalecimento dos vínculos entre os indivíduos. Segundo Odent (2000) existe um hormônio secretado pelo hipotálamo, que é denominado oxitocina, também chamado por médicos de hormônio do amor, por estar envolvido em todos os tipos de manifestação. Ele pode ser liberado a partir de uma excitação sexual, durante o orgasmo, na amamentação e no parto. Este hormônio encontra-se associado à sensação de prazer. Por essa razão, tende a influenciar os comportamentos de apego através das emoções provocadas por esta sensação de prazer. Logo, o comportamento de apego que ocorre a partir de vínculos fortalecidos entre mãe e filho propicia, conseqüentemente, tanto as interações sociais como as ligações entre parceiros. As diversas abordagens sobre o tema amor revelam inúmeros ícones: sua característica, sua origem, seu significado, seu estilo, sua cultura, sua crença. O amor segundo Stephano (2005) é freqüentemente celebrado como um fenômeno místico, muitas vezes espiritual, por vezes apenas físico, mas sempre se caracterizando como uma força que pode determinar o nosso comportamento. Os diversos autores que discorrem sobre este sentimento, de acordo com Biermeriana, (2004) acreditam que os sintomas apresentados por uma pessoa apaixonada podem estar relacionados com alguma espécie de excitação fisiológica uma vez que o cérebro consiga situá-lo dentro de um contexto amoroso. Contudo, as últimas pesquisas revelam, a cada momento, novas leituras a respeito da dinâmica do amor.
8 Tendo em vista a minha primeira especialização em terapia familiar e casal, procurei desenvolver um estudo que estivesse atrelado à minha realidade institucional a partir da análise da construção e da aquisição do conhecimento, possibilitando a intervenção junto ao meu público-alvo. 2. Anatomia do cérebro O cérebro humano ou encéfalo localiza-se no interior do crânio, protegido por um conjunto de três membranas denominadas de meninge. É considerado segundo Gowdak (1989), como a parte mais desenvolvida e mais volumosa do encéfalo, seu peso é de 1,3kg, formado por uma massa de tecido cinza róseo. As células que constituem o cérebro são chamadas de neurônios. O cérebro humano possui cerca de cem bilhões de neurônios. São formados por um corpo celular, composto de núcleo (onde se localiza o DNA) e grande parte do citoplasma. Deste corpo celular partem inúmeros prolongamentos chamados de dentritos-áreas receptoras de estímulos, e o axônio por onde o impulso nervoso é levado para longe do corpo celular. São dois os tipos de fenômenos envolvidos no processamento do impulso nervoso: os elétricos e os químicos. Os químicos é a interação entre os neurônios e entre os neurônios e células efetoras, originando o processo chamado de sinapse. O axônio libera substancias químicas chamadas de neurotransmissores, iniciando a transmissão sináptica- processo chave na ação interativa do sistema nervoso. (CARDOSO, 2000) Cada substância química cerebral funciona em áreas espalhadas, porém muito específica do cérebro. Existem cerca de sessenta neurotransmissores - mais de cinqüenta deles ocorrem no cérebro e estão implicados na transmissão de informação neuronal (CARDOSO, 2000). Os mais importantes neurotransmissores são: 1.Dopamina- controla níveis de estimulação e controle motor, em diversas áreas do cérebro; 2.Serotonina- é utilizado em antidepressivos é o neurotransmissor do bem-estar ; 3.Acetilcolina (Ach) - controla às áreas cerebrais relacionadas à atenção, aprendizagem e memória; 4.Noradrenalina - induz o
9 cérebro para um estado de excitação física e mental provocando o bom humor; 5.Encefalinas e Endorfinas são compostos de substancias chamadas de opiáceos como as drogas heroína e morfina criam mecanismos de dependência química (CARDOSO,2000). Os corpos celulares situam-se em áreas restritas do Sistema Nervoso Central formado pelo encéfalo e medula espinhal e pelos gânglios, enquanto os seus prolongamentos se distribuem em feixes chamados de nervos. Juntamente com os gânglios nervosos irão formar o Sistema Nervoso Periférico O SNC se inicia pelo chamado tronco cerebral composto de bulbo, ponte, mesencéfalo e cerebelo que aloja sobre o tronco cerebral que se liga diretamente a medula espinhal exercendo o controle das funções internas básicas: regulação da respiração, pressão arterial, funcionamento cardíaco e digestão. Já o cerebelo regula os movimentos externos garantindo a coordenação e o equilíbrio postural. O tronco cerebral se encontra associado às estruturas nervosas regulando seu nível de funcionamento, passando a exercer duas funções básicas no processo de consciência: a chamada reação de alerta (situações que envolvem susto, a dor, estresse ou ameaça de vida) caracterizada pela ativação das áreas neurais principalmente o córtex cerebral. Há também no tronco cerebral um conjunto de estruturas que regulam a desativação do cérebro a exemplo dos estados do sono e vigília. Abaixo do tronco cerebral se localiza o diencéfalo-responsável pela regulação de funções internas básicas. É composto de duas partes: tálamo e hipotálamo. Esta última atua em nível neural regulando funções internas a exemplo da temperatura corpórea. É fundamental na gênese de motivações básicas instintivas: fome, sede, impulso sexual, medo e raiva. Regula ainda todo o sistema endócrino produzindo e liberando hormônios e controlando a hipófise. Apresenta o papel de modulador do funcionamento do processo imunológico O tálamo está associado ao relacionamento com o mundo exterior captados pelos sistemas sensoriais a exemplo da pele, aos órgãos e sistemas sensoriais específicos (visão,
10 audição, tato, etc.). É também responsável pela focalização da atenção e a formação de sistemas funcionais. Segundo Luria (1976), é o tálamo que se encarrega de ativar/desativar áreas corticais especifica, para posteriormente atuarem em conjunto. É a partir do diencéfalo que se formam dois hemisférios constituindo o telencéfalo - formado de cada lado pelo córtex cerebral e por estruturas sub- corticais. Cada substância química cerebral funciona em áreas espalhadas, porém muito específicas do cérebro (CARDOSO, 2000). O córtex cerebral é a camada externa responsável pela percepção consciente, raciocínio abstrato e a criatividade. No hemisfério esquerdo localiza-se a área de Werneck que se associa a funções mais complexas como a linguagem, o controle da fala e o raciocínio lógico. Cada hemisfério se subdivide em cinco lobos cerebrais: frontal, temporal, parietal, occipital e a insula sendo cada um responsável por uma área especifica. No córtex cerebral, juntamente com as estruturas sub- corticais, se encontra o sistema límbico que responde pelos impulsos emocionais, estimuladores de comportamentos como a busca do prazer, da alegria, etc.(ledoux, 1998) O sistema límbico é responsável pela estruturação das relações sociais baseadas na afetividade, essencial para o comportamento parental (maternal, paternal, familiar) e a formação de laços inter-individuais. Determina ainda a regulação de nossas emoções mais complexas e de nossos estados motivacionais mais finos. O sistema límbico possui em sua estrutura inúmeras conexões neuronais onde se localiza o córtex límbico, hipocampo e a amígdala. O hipocampo processa o armazenamento das cognições acerca dos acontecimentos e fatos mais importantes da vida estando associada a memória de longa duração. A amígdala se interconecta também com os núcleos septais, área pré-frontal e o núcleo dorso-medial do tálamo. Essas conexões permitem seu desempenho na mediação e controle das atividades emocionais como o amor, amizade, afeição, humor e estados de medo e ira. O trinômio cerebral, de acordo com Ledoux (1998), é formado por três zonas cerebrais: bolbo raquiano, sistema límbico e o neocortex.o bulbo raquiniano contém centros
11 controladores de funções vitais que regulam os batimentos cardíacos e os movimentos respiratórios. O neocortex organiza-se em cada hemisfério formando as chamadas áreas de associação. O esquerdo especializou-se no processo de relacionamento racional-verbal e analítico com o mundo externo. Já o direito controla os processos não verbais, afetivos, holísticos intuitivos e com as emoções Quanto mais estados positivos escolhermos sentir, mais viciados ficarão nossas células do corpo com este sentimento, e mais sede o organismo sentirá pelas substâncias químicas que produzem bem estar e alegria, estabelecendo, desta forma, saudáveis parâmetros entre as relações funcionais do cérebro e o sentimento de amor. Desta forma, compreendida a anatomia do cérebro, faz-se premente a análise da química do amor no sistema neural, para compreensão de seus efeitos funcionais e dinâmicos. 1.3 A química do amor no cérebro Entender como funciona o amor é tema de várias pesquisas de diversos setores do pensamento. Em várias culturas, o formato do coração é considerado um símbolo do amor - uma associação equivocada, pois este sentimento, ao contrário do que apregoam imagens publicitárias e canções românticas, não tem origem neste músculo, mas no cérebro, como explicam Macknik (2010) e Matinez-Conde (2010). A partir dos estudos da neurociência, iniciamos um processo de descobrimento sobre o tema do amor que, diferentemente da paixão, apresenta uma dinâmica semelhante ao da fome e ao da sede. De acordo com valiosa contribuição de Einstein, como a ciência poderia explicar um fenômeno tão importante como o amor? Segundo Fischer (2004), o amor é um fenômeno neurobiológico complexo, baseado em atividades cerebrais de confiança, crença, prazer e recompensa, atividades essas que envolvem um número elevado de mensageiros-atores químicos.
12 Alguns estudiosos matemáticos levaram os estudos para estatística. É interessante pontuarmos que não podemos nos colocar enquanto equações humanas. Somos uma pilha de neurotransmissores conglomerados de neurônios, hormônios e experiências. Com referência aos hormônios, de forma geral e principalmente os sexuais, passam a atuar de forma determinante na nossa função relacional, ou seja, nas relações afetivas. No cérebro as substâncias que desencadeiam a química do amor, chamados de neurotransmissores, são aminoácidos, feniletilamina, dopamina, norepinefrina e endorfinas. Os neurotransmissores são controlados pela feniletilamina. Clik (2008) aponta evidências que o fenômeno do amor resulta de uma série de reações químicas, no cérebro, que provocam efeitos físicos e mentais. Foram descobertos os neuropeptídeos que são filamentos de aminoácidos que circulam pelo corpo e se unem aos receptores compatíveis. Já foram identificados sessenta tipos de neuropeptídeos que agregados aos receptores disparam no corpo as reações emocionais. Desta forma, as nossas emoções - amor, tristeza, alegria - são bioquímicas. Através de suas pesquisas, concluiu que a substancia química que provocam os sintomas da paixão é a feniletilamina, da família das anfetaminas, adrenalina que também é liberada deixando a pessoa em estado de alerta e com a sensação de bem-estar. Encontra-se aí também a presença das endorfinas. Partindo da frase de Blaise Pascoal que "o amor tem razoes que a própria razão desconhece" passaremos a desvendar que é possível existir uma lógica do amor. Ratificando a neurocientista Suzana Herculano-Houzel (2009), "o amor é o combustível do cérebro". Nesta esteira de intelecção, faz-se necessário pontuar que no cérebro dos mamíferos o sistema límbico é a unidade responsável pelas emoções, sendo uma região constituída de neurônios. Através do sistema nervoso autônomo, ele comanda certos comportamentos necessários a sobrevivência de todos os mamíferos. Na intenção de mapear os caminhos do amor no cérebro, os pesquisadores estão utilizando exames de ressonância magnética funcional para analisar o cérebro das pessoas enquanto elas observam a fotografia de quem ama. Segundo Fischer (2005), o que eles vêem
13 nessas imagens durante a fase não penso em outra coisa do amor a fase da atração é o direcionamento biológico de focar em uma só pessoa. As imagens revelam um aumento no fluxo de sangue nas áreas do cérebro com altas concentrações de receptores de dopamina, substância associada aos estágios de euforia, paixão e vício. Os altos níveis de dopamina estão associados à norepinefrina, que aumenta a atenção e a memória de curto prazo, a hiperatividade. Nesta fase, o par romântico passa a focar somente o casal, deixando de lado todo o resto. Para os pesquisadores do University College, em Londres, dentre eles Zeki (2008), as pessoas apaixonadas apresentam níveis mais baixos de serotonina e os circuitos nervosos são reprimidos. É importante pontuar que esses níveis mais baixos de serotonina são os mesmos em pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo, o que pode ser a explicação da obsessão que os apaixonados têm por seus parceiros. Através do trabalho de Ortigue (2010) publicado sob o título A neuroimagem do amor, na revista Journal of Sexual Medicine, quando uma pessoa se apaixona, até doze áreas do cérebro trabalham conjuntamente para liberar as substâncias químicas que induzem a euforia, como a dopamina, oxitocina, a vasopressina ou a adrenalina. O estudo ainda concluiu que diferentes tipos de amor afetam diferentes áreas do cérebro. Tomando como referência o amor apaixonado, tornaram-se possível observar a ativação das zonas relacionadas com as recompensas e algumas funções cognitivas superiores semelhantes às que participam na criação de metáforas e representação da imagem corporal. Segundo uma das maiores especialistas do mundo nas relações entre o amor e o cérebro, Helen Fischer (2005), o que ocorre no relacionamento é a dança de hormônios. Para ela, não existe uma escolha racional quando nos apaixonamos. Para explicar este fenômeno, segundo a antropóloga, a natureza criou três mecanismos cerebrais que controlam o amor nos seres humanos, os quais atuam de maneira independente: luxúria, paixão romance e ligação.
14 O mecanismo da luxúria (desejo sexual) está ligado à quantidade do hormônio testosterona em homens e o estrogênio nas mulheres Este desejo é desencadeado pelos nossos hormônios sexuais, estimulando o nosso cérebro a buscar os parceiros sexuais Já o mecanismo da paixão e do romance é alimentado pela dopamina. Ocorre quando nos apaixonamos: não dormimos, perdemos o apetite, e não nos concentramos. A explicação para este evento é o conjunto de compostos químicos que afetam o nosso cérebro: a norepinefrina (adrenalina) que produz a excitação, a serotonina que nos descontrola e a dopamina que nos faz sentir felizes. Todos estes compostos químicos são designados por neurotransmissores já que estão presentes nas transmissões do sistema nervoso e no cérebro- são controlados por outro, a feniletilamina, responsável pela passagem do desejo para a fase do amor. Este composto químico pode causar um efeito tão poderoso sobre nós que pode tornar-se viciante. O terceiro mecanismo, da ligação e do companheirismo, diz respeito ao momento no qual passamos a fase do amor sóbrio, alimentado pela vasopressina (no homem). Ou seja: ultrapassa-se a fase da atração paixão, aumentando os níveis de dopamina - que provoca paixão e romance. E o orgasmo provoca a descarga de oxitocina e vasopressina - os hormônios da ligação. A oxitocina é o hormônio que estimula o carinho e o abraço, sendo produzido pela zona cerebral-hipotálamo, também chamado o hormônio do amor. A vasopressina - hormônio da felicidade, que após o ato sexual passa a apresentar uma elevação. (FISHER, 2005) Para que a paixão se instale é acionado o neurotransmissor da dopamina, o mesmo que se encontra envolvido nos casos de dependência química. Em seguida, uma parte muito profunda do cérebro - núcleo accumbens, que controla o sistema de recompensa, mecanismo que faz o individuo buscar coisas prazerosas (como comida, sexo ou amor). Observa-se que o núcleo accumbens pode influenciar de maneira decisiva (podemos ficar altamente motivados, antecipando o prazer que virá), conforme consolida. (HERCULANO HOUZE, 2009). Os componentes do sistema límbico como: a amígdala, o hipocampo, o hipotálamo, giro cingulado, tronco cerebral, área tegmental ventral, o septo e a área pré- frontal, quando
15 devidamente estimulados, comprometerão de forma efetiva o comportamento emocional, social e lógico do ser humano. Os caminhos do amor no cérebro e no hipotálamo concentram muitos dos circuitos neuronais que regulam a freqüência cardíaca, pressão sanguínea através do sistema nervoso autônomo responsável pela sensação de disparo do coração, suor frio e outras reações a determinadas situações inusitadas. Quando nos sentimos apaixonados o cérebro desliga, devido à amígdala que é responsável por nossos julgamentos sociais. Para os geneticistas este evento se torna vital para a continuação da espécie. Remetendo-se ao início deste artigo, as pesquisas revelam que o órgão do amor é o cérebro, mas o coração também está relacionado, porque o complexo conceito de amor envolve uma conexão entre os dois. A ativação de algumas partes do cérebro pode desencadear estímulos no coração. Alguns sintomas que se manifestam no coração podem ser enviados pelo cérebro. Neste sentido, para Bartels e Zeki (2004), os pequenos módulos do amor estão ligados a quase todas as regiões do cérebro. Observa-se que essas ligações podem operar de forma peculiar e única em cada um de nós, assim como o amor. 2. AS DIFERENÇAS NA RELAÇÃO DE GÊNERO As pesquisas de renomados paleontólogos, etnólogos, psicólogos, biólogos e neurocientistas vão contribuindo sobremaneira para estabelecer e reafirmar a tese de que existem diferenças entre os gêneros, embora pertençam à mesma espécie. O desempenho de cada sexo inicia-se com a vida intra-uterina, por ocasião da formação dos órgãos sexuais e com a ajuda da orientação familiar, segundo o comportamento de cada um, estando este diretamente condicionado aos hormônios.
16 Centenas de milhares de anos de vivência dos papéis tradicionais deram aos homens e mulheres uma estrutura cerebral que pode determinar algumas diferenças no padrão comportamental em nível social, afetivo e humano. Com relação à anatomia cerebral, a mulher e o homem apresentam o mesmo número de neurônios e anatomicamente são parecidos. Em contra partida, o cérebro feminino apresenta um número maior de conexões neuronais - cerca de 30%. Do ponto de vista neurológico são diferentes. (GORSKI, 1999). Os circuitos cerebrais e os hormônios determinam nosso comportamento e modo de pensar. O homem sempre se definiu de acordo com seu trabalho e realizações. A família só esperava que ele cumprisse suas tarefas de caçador e protetor. A evolução do homem surgiu com as responsabilidades de guerrear, proteger e resolver problemas. A orientação de seu cérebro e o condicionamento social o impedem de demonstrar medo ou dúvida. Por outro lado, as mulheres precisavam estimular a visão periférica, mais ampla, para monitorar o ambiente em volta, habilidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo e boa capacidade de comunicação, possuindo habilidades sensoriais muito mais aguçadas. A mulher apresenta um sistema límbico mais intenso utilizando os dois hemisférios, sempre quando pensa do ponto de vista fisiológico. O centro do sexo fica no hipotálamo, que é maior no homem que na mulher. Quando o cérebro do homem fica em repouso, sua atividade elétrica é interrompida em pelo menos 70%. Já no sexo feminino, consegue-se manter 90% da atividade. (PEASE, 2006) Mulheres têm visão periférica mais ampla, homens têm visão tipo túnel. Com relação aos sentidos do paladar e do olfato, os homens são superiores. A mulher é 3% mais inteligente, embora possua cerca de três bilhões de neurônios a menos. O homem utiliza principalmente o lado esquerdo para falar, enquanto a mulher usa os dois. O cérebro feminino tem o corpo caloso mais denso e com mais 30% de conexões que o masculino. (PEASE, 2006)
17 As emoções são iguais para ambos, porem o homem não demonstra. Sua emoção se posiciona no hemisfério direito e por isso opera independente de outras funções cerebrais. Na mulher a emoção está presente numa região bem mais ampla de ambos os hemisférios e opera junto com outras funções. O cérebro feminino tem os centros da emoção e da razão melhor conectados e a mulher não perde o controle por causa da testosterona. Ele é programado para se comunicar pela fala e a sensibilidade feminina ao toque é 10 vezes maior, afinal, a presença do hormônio estrógeno possibilita uma comunicação mais rápida, além de apresentar o seu centro da fala em ambos os lados do cérebro. (PEASE, 2000) Os homens acham que são mais práticos; as mulheres sabem que para elas a sensação do amor é mais intensa nas mulheres por conta do neurotransmissor-dopamina, ofertando uma sensação de estarem dopadas. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O amor e conseqüentemente as escolhas amorosas dadas pelas pesquisas remontam aos nossos antepassados. Por isso, condensar em palavras um sentimento tão vasto como o amor pode parecer mais adequado a poetas e cantores do que a cientistas. Observa-se que mesmo diante dos avanços das pesquisas no campo das neurociências, ainda estamos alcançando o quilômetro 10 e 20 tentando chegar aos 100, no que tange ao estudo do cérebro, funções cerebrais e o sentimento do amor. À medida que as pesquisas avançam, convalida-se a tese de que o amor acontece no cérebro, mesmo que se encontrando em estágio permanente de formação conforme demonstrado. Como visto, numa época de profundas transformações, diversos autores da neuropsicologia buscam discorrer sobre o tema do amor nas suas diferentes formas - maternal, paternal, a paixão e o amor romântico chega-se à conclusão que o ponto de interseção entre eles é o amor, que faz parte de todas as emoções básicas do ser humano. Desta forma, entendemos que, para que a emoção e o prazer ocorram, serão necessários que
18 os impulsos cerebrais estejam direcionados para uma ação, utilizando-se das diversas substâncias químicas presentes no cérebro, produzindo a sensação de bem estar e felicidade. Com base no advento da técnica da neuroimagem funcional foi possível constatar a relação entre uma representação mental diante de uma imagem corporal e de que forma elas podem ser afetadas. Tornou-se possível reconhecer o sentimento do amor, quando o cérebro ativa áreas responsáveis pelo sistema de recompensa ocorrendo uma substituição dessa sensação pelo afeto, possibilitando o acionamento de outras áreas ligadas ao prazer oportunizando o estudo das interações existentes entre as funções cognitivas e as áreas cerebrais Esta descoberta vem reafirmar a tese de que a natureza desenvolveu engenhosas estratégias de aproximação entre o sexo feminino e o masculino ao tempo em que se pôde estabelecer um forte vínculo entre eles. A formação de fortes vínculos demonstrou-se estar diretamente ligada à influência que as reações cerebrais sofrem dada a presença do hormônio oxitocina - considerada como uma pequena poção do amor e a vasopressina, assim como as proteínas que os reconhecem. Como visto esta, quando associada à presença do sentimento de confiança, estabelece-se o sentimento de pertença, adquirido durante os primeiros anos de vida, na relação maternal ou através das figuras de apego.. Assim, torna-se possível arrematar que a contribuição de pesquisas sobre o amor e o cérebro apaixonado vem contribuindo de forma significativa para que possamos entender o porquê e como nos apaixonamos. Neste sentido, o comportamento humano poderá ser ressignificado considerando não só em relação às diferenças pertinentes à questão de gênero, como também entendendo como se processam as nossas reações cerebrais, diante das nossas relações afetivas, a depender de como os nossos sistemas de apego se desenvolveram ao longo das nossas vidas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARTELS, Andréas; ZEKI, Semir. Imagens de um cérebro apaixonado. Viver Mente & Cérebro, São Paulo, ano XIII, n.141, p , out
19 BIERHOFF, Hans-Werner. Mil formas de amor. Viver Mente & Cérebro, São Paulo, ano XIII, n.141, p , out BRAZ, Ana Lúcia Nogueira. Origem e significado do amor na mitologia greco-romana. Estud. Psicol. Campinas, 2005, v.22, n.1. Disponível em Acesso em: 26/02/2011. CARDOSO, S.H. O.; SABBATINI, R. M. E. Aprendizagens e Mudanças no Cérebro. Revista Cérebro e Mente, V. 11, São Paulo, DAMÁSIO, Antônio. Em busca de Espinosa: prazer e dor na ciência dos sentimentos. São Paulo, Companhia das Letras, DAMÁSIO, A. R. Descartes Error. Emotions, Reason and The Humans Brain. Avon Books, New York, Esch T, Stefano GB. The Neurobiology of Love. SourceCharité-University Medicine Berlin, Institute for General Practice and Family Medicine, Schumannstrasse, Berlin, Germany, FISHER, Helen. Por que amamos A natureza e a química do amor romântico. Rio de Janeiro: Record, H.E. Fiseher. Why we love: The Nature and Chemistry of Romantic Love. New York,Henry Holt and Company, JUNQUEIRA, Camila COELHO JUNIOR, Nelson Ernesto. Considerações acerca da Ética e da consciência moral nas obras de Freud, Klein, Hartmann e Lacan. Psychê, São Paulo, Ed. UniMarco, v. 9, n. 15, p , jun LEDOUX, Joseph; O Cérebro Emocional. São Paulo, Editora Objetiva, LÚRIA, A. R. Fundamentos de Neuropsicologia. São Paulo, Edusp, NÓBREGA, Sheva Maia da et al. Do amor e da dor: representações sociais sobre o amor e o sofrimento psíquico. Estud. Psicol. Campinas, 2005, v.22, n. 1. Disponível em Acesso em: 26/03 PEASE, Alan e Bárbara; Por Que os Homens Fazem Sexo e as Mulheres Fazem Amor. São Paulo, Ed Sextante, 2000.
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