Edição Especial Setembro de 2014

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1 Edição Especial Setembro de 2014

2 2 Informativo APUFPR-SSIND Edição Especial Setembro de 2014 Em sessão realizada por telefone UFPR entrega HC para EBSERH à custa do sangue da comunidade acadêmica Em sessão tumultuada, realizada em locais separados, com votação por ligação telefônica, a adesão à EBSERH foi aprovada. Na manhã do dia 28 de agosto, a Universidade Federal do Paraná realizou uma sessão do Conselho Universitário (COUN) para decidir a entrega do Hospital de Clínicas (HC) à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). Na sessão tumultuada, realizada em locais separados, com votação por ligação telefônica e sem a presença de todos os conselheiros, a adesão à EBSERH foi aprovada por 31 votos a 9. Ficou vidente que a Reitoria trabalhou com um conjunto de conselheiros que iam lhe garantir a adesão à EBSERH. Reunião do Conselho por teleconferência e votação pelo viva-voz do celular ridiculariza a nos- sa Universidade, afirmou o conselheiro Luis Allan Künzle. Para tentar barrar a entrega do HC à EBSERH, a Frente de Luta em Defesa do HC convocou toda a comunidade para o ato público realizado no pátio da Reitoria da UFPR. Entretanto, a Administração da Universidade usou novamente a força po-

3 Informativo APUFPR-SSIND Edição Especial Setembro de licial para reprimir o movimento. O ato foi organizado para manifestar nossa posição contrária à EBSERH e reiterar o pedido da realização de um plebiscito popular. Infelizmente a ação da Reitoria foi covarde, pois além de não ouvir a comunidade, está usando a força policial para impedir a manifestação, tem manifestante preso, refém dentro do prédio da Reitoria, manifestante agredido, e nós continuamos coagidos pela força policial, afirmou a presidente do SINDITEST-PR, Carla Cobalchini, durante o protesto. É impossível reconhecer a legitimidade desse con- O que vemos é um grupo de pessoas defendendo interesses particulares em detrimento da comunidade. Vitor Schühli selho, com uma votação feita por telefone em mais de um local. Tivemos casos de votação por todo o Brasil com a participação da comunidade isso aconteceu aqui na UFPR em 2012, mas agora

4 4 Informativo APUFPR-SSIND Edição Especial Setembro de 2014 Os policiais jogaram spray de pimenta do olho de todos os manifestantes que estavam ali. Nós estávamos em menos gente e os policiais se aproveitaram disso. Thalisie Correia o que vemos é um grupo de pessoas defendendo interesses particulares em detrimento da comunidade, afirmou o primeiro-secretário da APUFPR-SSind, Vitor Marcel Schühli. VIOLÊNCIA Para a sessão, a Reitoria da Universidade fez um pedido à Justiça Federal pelo envio de 100 policiais, incluindo o uso da tropa de choque para conter a manifestação. Dezenas de membros das forças especiais da Polícia Federal, fortemente armados, do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) e policiais militares foram convocados para oprimir os manifestantes durante o ato. Pessoas que se manifestavam pacificamente

5 Informativo APUFPR-SSIND Edição Especial Setembro de Vice-reitor da UFPR passa instruções à PF no prédio da Reitoria foram atacadas por policiais federais com spray de pimenta sem qualquer razão. Os policiais jogaram spray de pimenta do olho de todos os manifestantes que estavam ali. Nós estávamos em menos gente, e os policiais se aproveitaram disso, nos empurraram e derrubaram, contou a estudante do curso de psicologia da UFPR Thalisie Correia. No momento de maior repressão, policiais federais quebraram vidros de portas e janelas e jogaram bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral e atiraram com bala de borracha contra No momento de maior repressão, policiais federais quebraram vidros de portas e janelas e jogaram bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral e atiraram com bala de borracha contra manifestantes de dentro da própria Universidade manifestantes de dentro da própria Universidade. PF usa jatos de spray de pimenta PF usa jatos de spray de pimenta

6 6 Informativo APUFPR-SSIND Edição Especial Setembro de 2014 Agente da PF joga bomba em manifestantes Comunidade acadêmica a ngida por gás lacrimogêneo Agente da PF ameaça membros da comunidade Granada jogada pela PF que destruíu a porta da Reitoria Não só eu como todos os manifestantes encontraram repressão da polícia dentro da Universidade. A polícia jogou pela janela bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo, fazendo com que todos saíssem na marra, Em toda a história da Universidade Federal do Paraná nunca houve na instituição uma repressão tão intensa como a do dia 28 de agosto afirmou o estudante do curso de Enfermagem da UFPR Leon Rodrigues Martins. Durante a ação, diversos manifestantes foram feridos com tiros e estilhaços, e muitas pessoas passaram mal e tiveram que receber atendimento médico. Um funcionário da empresa privada de segurança da UFPR foi atingido e ficou desmaiado por alguns minutos. VOTAÇÃO POR TELEFONE No final da manhã, uma parte dos conselheiros, que ainda não havia conseguido entrar no prédio da Reitoria, foi deslocada para o Hospital de Clínicas, onde a Administração da UFPR havia deixa-

7 Informativo APUFPR-SSIND Edição Especial Setembro de do preparada uma estrutura para realização da sessão do COUN através de videoconferência. Muitos membros do Conselho demonstraram desconforto com a situação, mas aceitaram dar início à sessão. Entretanto, com a queda de energia no prédio da Reitoria, a conexão via internet foi interrompida. Apesar da manifestação contrária de alguns conselheiros, o reitor Zaki Akel Sobrinho decidiu iniciar o processo de votação, mantendo contato apenas por telefone. Sem permitir a discussão ou questionamentos, rapidamente foi realizada a votação, que contabilizou 31 votos a favor da entrega do HC à EBSERH e 9 contrários. Diversos conselheiros, que se opunham à proposta, foram impedidos de entrar na Reitoria pela Polícia Federal. A Reitoria instalou o Conselho por teleconferência com a presença de alguns conselheiros aqui na UFPR e outros no HC, que entraram com a polícia. Isso é um absurdo, nós julgamos essa Sem permitir a discussão ou questionamentos, rapidamente foi realizada a votação, que contabilizou 31 votos a favor da entrega do HC à EBSERH e 9 contrários. atitude como antidemocrática, explicou a conselheira do COUN e diretora social da APUFPR-SSind, Adriana Hessel Dalagassa. DITADURA Em toda a história da Universidade Federal do Paraná nunca houve na instituição uma repressão tão intensa como a do dia 28 de agosto. Um dos piores episódios vivenciados até então ocorreu em 1968, durante o regime de ditadura militar, Conselheiros no ônibus que os levou ao HC Votação por telefone

8 8 Informativo APUFPR-SSIND Edição Especial Setembro de 2014 quando cerca de 500 estudantes, reunidos em frente à portaria do Centro Politécnico, foram reprimidos pela Polícia Militar. Montados em cavalos, os policiais batiam com sabre nos estudantes. Na época, a Administração da UFPR tentava estabelecer a cobrança de anuidade para os estudantes que ingressassem na instituição a partir do vestibular daquele ano. Após o confronto com a polícia, os estudantes se prepararam para o segundo dia do vestibular e naquela ocasião, o ato foi na Reitoria. Cerca de cinco mil estudantes ocuparam o prédio da Administração Central, e o protesto terminou pacificamente, sem confronto direto com a polícia. Nos dias seguintes à ocupação, o Conselho Universitário extinguiu o pagamento de anuidades na UFPR. MANCHA NA HISTÓRIA Depois do processo de redemocratização do país na década de 1980, a UFPR havia vivenciado em dois momentos ações repressivas contra a comunidade acadêmica. No final de 2005, durante o processo eleitoral - marcado por irregularidades - a Polícia Federal foi convocada para reprimir a manifestação da comunidade acadêmica, que questionava o resultado do pleito. Naquela ocasião, alguns estudantes foram agredidos pelos agentes. Em 2007, para aprovar a adesão da UFPR ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), o então Reitor Carlos Augusto Moreira Junior transferiu a sessão do Conselho Universitário para o HC e utilizou novamente a Polícia Federal para impedir as manifestações. Em 2014, durante a sessão do Conselho Universitário para decidir sobre a entrega do HC à EBSERH, realizada nas dependências do prédio da Administração Central dos Correios, um forte aparato policial foi mobilizado para intimidar os manifestantes. Entretanto, apesar da tensão, houve poucas ações das forças policiais.

9 Informativo APUFPR-SSIND Edição Especial Setembro de Já os acontecimentos do dia 28 de agosto, com a quantidade de pessoas feridas e o uso desmedido de força por parte das forças especiais da Polícia Federal, ficarão marcados como a mais violenta ação repressora na história da Universidade Federal do Paraná. A atual Administração da UFPR, encabeçada pelo reitor, Zaki Akel Sobrinho, e pelo vice-reitor, Rogério Mulinari, provavelmente será lembrada não apenas pelos métodos questionáveis - como a realização da sessão do COUN por telefone - mas também pelo mais forte uso do aparato policial na história da instituição. AVALIAÇÃO Para a diretoria da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR-SSind), as atitudes tomadas pela Reitoria, com o uso de forças policiais mais fortes do que aquelas usadas na ditadura, geram insegurança na comunidade acadêmica. Não podemos voltar ao passado, quando a livre manifestação da comunidade acadêmica da UFPR era impedida com o uso da força, afirmou o Dia 28 de agosto, com a quantidade de pessoas feridas e o uso desmedido de força por parte da Polícia Federal, ficarão marcados como a mais violenta ação repressora na história da UFPR. presidente da APUFPR-SSind, João Negrão. Além disso, a realização da reunião do COUN por telefone para aprovação da entrega do HC à EBSERH traz grande dúvida sobre o futuro dos processos decisórios na UFPR. Em um momento em que a sociedade exige cada vez mais transparência, a realização por telefone de uma sessão tão importante do Conselho Universitário coloca em risco o futuro dos processos democráticos na nossa instituição, complementou Negrão. Bombas de gás lacrimogêneo jogadas pela PF Manifestantes prestam socorro a funcionário da empresa de segurança tercerizada da UFPR a ngido pela Polícia Federal

10 10 Informativo APUFPR-SSIND Edição Especial Setembro de 2014 Danos ao patrimônio da UFPR foram causados pela tropa de choque da Polícia Federal Porta da Reitoria destruída por bomba jogada pela PF Diferente do que tem sido veiculado pela Reitoria os danos ao patrimônio da UFPR foram causados pela ação ostensiva da Polícia Federal. Diferente do que tem sido veiculado pela Reitoria da Universidade Federal do Paraná, os danos causados ao patrimônio da instituição, durante a sessão do Conselho Universitário que aprovou a entrega do Hospital de Clínicas à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares no dia 28 de agosto, foram causados pela ação ostensiva dos agentes da tropa de choque da Polícia Federal, convocados pela própria Administração da UFPR. Em matéria veiculada no portal da Universidade, uma das fotos mostra os vidros quebrados de uma das portas do prédio da Reitoria. Na legenda consta Os vidros de uma das portas la- terais da Reitoria foram quebrados por manifestantes. Entretanto, imagens gravadas no momento em que os agentes reprimem a comunidade acadêmica com tiros de balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral mostram que a destruição do patrimônio foi causada pelos próprios agentes federais.

11 Informativo APUFPR-SSIND Edição Especial Setembro de No vídeo, é possível ver claramente o momento em que o agente coloca a mão pelo buraco feito momentos antes pelos agentes para que pudessem atirar nas pessoas e joga uma bomba de efeito moral. Com a força do impacto os vidros da porta foram quebrados, deixando um rastro de estilhaços no entorno. O barulho causado pela detonação do artefato pôde ser ouvido a centenas de metros de distância, assustando inclusive os conselheiros que estavam no HC participando por telefone da sessão do COUN. Os agentes da Polícia Federal também quebraram o vidro de uma das janelas do mesmo prédio, para que também pudessem usar o espaço para jogar as bombas. Para a Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR-SSind), a notícia veiculada no portal da Universidade demonstra que a Administração da UFPR, na tentativa de justificar o uso desmedido de força empregada para agredir os membros da comunidade acadêmica e aprovar a entrega do HC, está usando o aparelho institucional para distorcer os acontecimentos e enganar as pessoas. Além disso, a notícia tenta induzir os leitores a imputar os atos de violência aos manifestantes, incluindo membros de entidades representativas. A verdade é que o atos de violência foram cometidos pela força policial. Para a APUFPR-SSind, a Administração da UFPR está tentando transferir a culpa pela violência empregada pelos agentes de segurança, cujas ações deixaram como saldo muitas pessoas feridas, em uma escala nunca vista na história da Universidade Federal do Paraná. Assista a repo rtagem: Vidro quebrado para PF jogar bombas em manifestantes Estudante sangrando após ação da PF

12 12 Informativo APUFPR-SSIND Edição Especial Setembro de 2014 Manifestantes prestam socorro a funcionário da empresa de segurança tercerizada da UFPR que desmaiou após ser a ngido pela Polícia Federal Bomba de gás lacrimogêneo lançada pela PF PF lança bomba de gás na comunidade universitária Restos de artefatos u lizados pela PF Informativo