PROJETO DE LEI Nº 231/2011 Deputado(a) Dr Basegio
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1 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, segunda-feira, 9 de fevereiro de PRO 1 PROJETO DE LEI Nº 231/2011 Fixa e estabelece parâmetros para o dimensionamento do quadro de profissionais de enfermagem nas unidades assistenciais das instituições de saúde e assemelhados nos setores públicos e privados no Estado do Rio Grande do Sul. Art. 1.º Ficam estabelecidos os parâmetros para dimensionar o quantitativo mínimo dos diferentes níveis de formação dos profissionais de enfermagem para a cobertura assistencial nas instituições de saúde públicas e privadas no Estado do Rio Grande do Sul. 1.º Os referidos parâmetros representam normas técnicas mínimas, constituindo-se em referências para orientar os gestores e gerentes das instituições de saúde e assemelhados, públicas ou privadas, no planejamento, programação e priorização das ações de saúde a serem desenvolvidas. 2.º Esses parâmetros serão fixados com base em Resoluções específicas quanto à matéria, exaradas pelo Conselho Federal de Enfermagem COFEN, devidamente regulamentadas pelo Conselho Regional de Enfermagem do Estado do Rio Grande do Sul COREN, de acordo com realidades epidemiológicas e financeiras de cada região do Estado. Art. 2.º O dimensionamento e a adequação quantitativa e qualitativa do quadro de profissionais de enfermagem devem basear-se em características relativas: I - à instituição/empresa: a) missão e valores; b) porte; c) estrutura organizacional e física; d) tipos de serviços e/ou programas; e) tecnologia e complexidade dos serviços e/ou programas; f) política de pessoal, de recursos materiais e financeiros; g) atribuições e competências dos integrantes dos diferentes serviços e/ou programas; e h) indicadores hospitalares do Ministério da Saúde; II - ao serviço de enfermagem: a) fundamentação legal do exercício profissional: 1. Lei Federal n.º 7.498, de 25 de junho de 1986; 2. Decreto Federal n.º , de 8 de junho de 1987; 3. Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem; 4. Resoluções COFEN; e 5. Decisões dos CORENs; b) aspectos técnico-administrativos: 1. dinâmica de funcionamento das unidades nos diferentes turnos; 2. modelo gerencial; 3. modelo assistencial; 4. métodos de trabalho; 5. jornada de trabalho; 6. carga horária semanal; 7. padrões de desempenho dos profissionais; 8. índice de segurança técnica (IST);
2 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, segunda-feira, 9 de fevereiro de PRO 2 9. taxa de absenteísmo (TA) e taxa ausência de benefícios (TB) da unidade assistencial; 10. proporção de profissionais de enfermagem de nível superior e de nível médio; e 11. indicadores de avaliação da qualidade da assistência; III - à clientela: a) sistema de classificação de pacientes (SCP); b) realidade sociocultural e econômica, levando-se em consideração as peculiaridades de cada região do Estado e principalmente o acesso da população aos serviços de saúde am seus diferentes níveis (primário, secundário e terciário).. Art. 3.º O referencial mínimo para o quadro de profissionais de enfermagem, incluindo todos os elementos que compõem a equipe, referido no art. 2.º da Lei Federal n.º 7.498/86, para as 24 (vinte e quatro) horas de cada unidade de internação, deve considerar: I - o Sistema de Classificação de Pacientes (SCP); II - as horas de assistência de enfermagem; III a carga horária dos profissionais de Enfermagem; e IV - a proporção funcionário/leito. Art. 4.º Para efeito de cálculo, devem ser consideradas como horas de enfermagem, por leito, nas 24 (vinte e quatro) horas: I - 3,8 (três inteiros e oito décimos) horas de enfermagem, por cliente, na assistência mínima ou autocuidado; II - 5,6 (cinco inteiros e seis décimos) horas de enfermagem, por cliente, na assistência intermediária; III - 9,4 (nove inteiros e quatro décimos) horas de enfermagem, por cliente, na assistência semiintensiva; IV - 17,9 (dezessete inteiros e nove décimos) horas de enfermagem, por cliente, na assistência intensiva. 1.º Tais quantitativos devem adequar-se aos elementos contidos no art. 2.º desta Lei. 2.º O quantitativo de profissionais estabelecido deverá ser acrescido de um índice de segurança técnica (IST) não inferior a 15% (quinze por cento) do total. 3.º Para o serviço em que a referência não pode ser associada ao leito-dia, a unidade de medida será o sítio funcional, com um significado tridimensional: I - atividades; II - local ou área operacional; e III - o período de tempo para execução. 4.º Para efeito de cálculo deverá ser observada a cláusula contratual quanto à carga horária dos trabalhadores das instituições. 5.º Para unidades especializadas como psiquiatria e oncologia, deve-se classificar o cliente tomando como base as características assistenciais específicas, adaptando-as ao SCP. 6.º O cliente especial ou da área psiquiátrica, com intercorrência clínica ou cirúrgica associada, deve ser classificado um nível acima no SCP, iniciando-se com cuidados intermediários. 7.º Para berçário e unidade de internação em pediatria, caso não tenha acompanhante, a criança menor de 6 (seis) anos e o recém-nascido devem ser classificados com necessidades de cuidados intermediários.
3 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, segunda-feira, 9 de fevereiro de PRO 3 8.º O cliente com demanda de cuidados intensivos deverá ser assistido em unidade com infraestrutura adequada e especializada para este fim. 9.º Ao cliente crônico com idade superior a 60 (sessenta) anos, sem acompanhante, classificado pelo SCP com demanda de assistência intermediária ou semi-intensiva deverá ser acrescido de 0,5 (cinco décimos) às horas de enfermagem especificadas no art. 4.º. Art. 5.º A distribuição percentual do total de profissionais de enfermagem deve observar as seguintes proporções e o SCP: I - para assistência mínima e intermediária: de 33 (trinta e três) a 37% (trinta e sete por cento) são enfermeiros e os demais, auxiliares e/ou técnicos de enfermagem; II - para assistência semi-intensiva: de 42 (quarenta e dois) a 46% (quarenta e seis por cento) são enfermeiros e os demais, auxiliares e/ou técnicos de enfermagem; III - para assistência intensiva: de 52 (cinquenta e dois) a 56% (cinquenta e seis por cento) são enfermeiros e os demais, técnicos de enfermagem. Parágrafo único. A distribuição de profissionais por categoria deverá seguir o grupo de pacientes de maior prevalência. Art. 6.º Cabe ao enfermeiro o registro diário das: I - ausências ao serviço de profissionais de enfermagem; II - presença de crianças menores de 6 (seis) anos e de clientes crônicos, com mais de 60 (sessenta) anos, sem acompanhantes; e III - classificação dos clientes segundo o SCP, para subsidiar a composição do quadro de enfermagem para as unidades assistenciais. Art. 7.º Deve ser garantida a autonomia do enfermeiro nas unidades assistenciais, para dimensionar e gerenciar o quadro de profissionais de enfermagem. 1.º O responsável técnico de enfermagem da instituição de saúde deve gerenciar os indicadores de performance do pessoal de enfermagem. 2.º Os indicadores de performance devem ter como base a infraestrutura institucional e os dados nacionais e internacionais obtidos por benchmarking. 3.º Os índices máximo e mínimo de performance devem ser de domínio público. Art. 8.º O responsável técnico de enfermagem deve dispor de 3 (três) a 5% (cinco por cento) do quadro geral de profissionais de enfermagem para cobertura de situações relacionadas à rotatividade de pessoal e participação de programas de educação continuada. Parágrafo único. O quantitativo de enfermeiros para o exercício de atividades gerenciais, educação continuada e comissões permanentes, deverá ser dimensionado de acordo com a estrutura da organização/empresa. Art. 9.º O quadro de profissionais de enfermagem da unidade de internação composto por 60% (sessenta por cento) ou mais de pessoas com idade superior a 50 (cinquenta) anos, deve ser acrescido de 10% (dez por cento) ao IST. Art. 10. Cabe ao COREN estabelecer regulamentação quanto ao dimensionamento de pessoal nas instituições de saúde públicas e privadas do Rio Grande do Sul, segundo as normativas do COFEN.
4 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, segunda-feira, 9 de fevereiro de PRO 4 Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Sala das Sessões, JUSTIFICATIVA O Projeto de Lei sobre o dimensionamento do quadro de profissionais da enfermagem foi originalmente apresentado em 23 de junho de 2010, pelo Deputado Nedy Marques (PL 174/2010), mas arquivado ao fim da legislatura. Em razão da importância de seu conteúdo e do corriqueiro descumprimento da Resolução 293/2004 do COFEN Conselho Federal de Enfermagem, pugna-se por necessário trazer o assunto novamente à baila, através de sua reapresentação perante esta Assembleia Legislativa. Tem-se observado a constante sobrecarga de trabalho aos enfermeiros e auxiliares de enfermagem nas instituições de saúde e assemelhados, tanto privados quanto públicos, no Estado do Rio Grande do Sul, sendo um dos mais graves problemas que o já caótico sistema de saúde gaúcho vem enfrentando. Tal situação acarreta prejuízos tanto aos pacientes quanto aos profissionais, que, se não aceitam a sobrecarga de trabalho, são imediatamente substituídos, em razão do grande contingente de enfermeiros fora do mercado de trabalho. Conforme justificativa outrora apresentada, o dimensionamento de enfermagem é a etapa inicial do processo de provimento de pessoal, que tem por finalidade a previsão da quantidade de funcionário por categoria, requerida para suprir as necessidades de assistência de enfermagem, direta ou indiretamente prestada à clientela. Em que pese esta tarefa atualmente envolver aproximadamente mais de um milhão e meio de profissionais, cento e trinta mil somente no estado do Rio Grande do Sul e praticamente a totalidade dos serviços de saúde em funcionamento no país, é intrigante a ausência de sensibilidade política da maior parte de nossos governantes ao não fixarem parâmetros mínimos para a regulamentação da matéria, deixando a critério das instituições a condução de tal relação. Quanto ao tema, atualmente existe apenas a Resolução COFEN n.º 293/04, de alcance limitado, vez que não dispõe do poder coercitivo legal para vincular às instituições de saúde ao seu fiel cumprimento. O dimensionamento do quadro de profissionais significa qualidade e segurança na prestação do serviço ao paciente-cliente, além da valorização do enfermeiro ou auxiliar, que também terá uma melhor condição laboral. Isto posto, solicita-se apoio dos pares para aprovação do presente Projeto de Lei. Sala das Sessões,
5 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, segunda-feira, 9 de fevereiro de PRO 5 Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia Legislativa do Estado Nesta Casa O Deputado signatário requer, com base no art. 178, 5.º, do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado, o desarquivamento do Projeto de Lei nº 231/2011, que Fixa e estabelece parâmetros para o dimensionamento do quadro de profissionais de enfermagem nas unidades assistenciais das instituições de saúde e assemelhados nos setores públicos e privados no Estado do Rio Grande do Sul. Sala das sessões, 04 de fevereiro de Deputado Dr. Basegio Bancada do PDT
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