CONFEA BRASÍLIA, 22 DE FEVEREIRO DE Novo Marco Regulatório da Mineração Brasileira

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1 CONFEA BRASÍLIA, 22 DE FEVEREIRO DE 2011 Novo Marco Regulatório da Mineração Brasileira JOÃO CÉSAR DE FREITAS PINHEIRO GEÓLOGO, PhD DIRETOR GERAL SUBSTITUTO DO DNPM Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação

2 Sumário da Apresentação I. Atual Código de Mineração (1967) II.Premissas do novo Marco Regulatório III.Regimes de Aproveitamento Mineral IV.Aspectos Institucionais e Regulatórios V.Áreas Especiais para pesquisa e lavra de minerais estratégicos VI.Oferta pública de áreas VII.Cessão e transferência de direitos VIII.Procedimento administrativo e Sanções IX.Regras de transição

3 Atual Código de Mineração (1967) Direito de prioridade absoluto Legislação atual burocrática (ato de outorga como instrumento de gestão) Sistema recursal e procedimentos ultrapassados Pouca possibilidade de negar a autorização de pesquisa ou concessão de lavra (discricionariedade não utilizada) Poder concedente com poucos instrumentos de intervenção Permite artifícios jurídicos para manter títulos inoperantes Não oferece instrumentos para solucionar conflitos entre interesses públicos e privados

4 Premissas do Novo Marco Regulatório Fortalecer o processo regulatório Estimular a maximização do aproveitamento das jazidas até o encerramento da atividade de mineração Atrair investimentos para o setor mineral e contribuir para a elevação da competitividade das empresas de mineração Fomentar a agregação de valor na cadeia produtiva mineral Promover a mineração formal Contribuir para o desenvolvimento sustentável

5 Considerações jurídicas sobre as premissas Legislação conterá estritamente a matéria essencial, segundo a técnica legislativa ( lei quadro ) Competências serão previstas de modo a evitar conflitos entre os órgãos, evitando a sobreposição de atribuições Buscou-se aumentar a ação regulatória do Estado

6 Conceitos Básicos Atualmente Vigentes Recursos minerais são bens da União, distintos do solo Jazida é considerada bem imóvel A propriedade do produto da lavra é garantida ao concessionário Outorgas somente para pessoas jurídicas ou empresas individuais Participação do proprietário do solo: % da CFEM Prioridade na requisição de pesquisa em áreas livres Veda a requisição em áreas especiais para pesquisa e lavra de minerais estratégicos (acesso somente por licitação) Outorgante poderá revogar ou suspender as atividades de pesquisa ou lavra por razões de natureza social, econômica, cultural ou ambiental (prevê indenização)

7 Regimes de Aproveitamento I.Regime de Autorização: a) Autorização de Pesquisa b) Autorização de Lavra (inclui minerais garimpáveis) c) Autorização de Reconhecimento Geológico II.Regime Contratual de Concessão Adequação da lei ordinária ao texto constitucional de 1988

8 Autorização de Pesquisa Critérios e condições serão definidas por atos da Agência Outorga do Alvará poderá ser delegado para Agência Requisição somente em áreas livres (sem requerimentos, autorizações, concessões ou ARI) Prazo anual, no máximo até 5 renovações Obrigatória apresentação de Relatório ao final do prazo Exigência da comprovação de investimentos mínimos por título Investimentos mínimos serão determinados pela Agência, considerando a natureza e complexidade da pesquisa Limites para requisição: critérios levarão em conta área, substância mineral, região Prazo após a aprovação do Relatório Final: implantação da mina e requerimento de concessão Previsão de realizar pesquisa complementar (decisão da Agência)

9 Lei Atual Alvará com vigência de 3 anos, renovável por igual período Plano de pesquisa aprovado pelo DNPM Proposta de alteração Alvará anual, no máximo com 5 renovações Investimento mínimo na pesquisa determinado pela Agência Relatórios parcial ou final ao final do prazo Anuência do CDN para Faixa de Fronteira Prioridade em áreas livres Obrigatório pagamento da TAH fixa Não há previsão de perda do Alvará por não realização da pesquisa Comprovação de investimento mínimo anual, com apresentação de RFP ao final da pesquisa Anuência do CDN para Faixa de Fronteira Prioridade em áreas livres Obrigatório pagamento por retenção de área (progressivo) A não realização do investimento mínimo sem justificativa gera sanções (multa e a perda do direito minerário na reincidência)

10 Reconhecimento Geológico Prospecção aérea, de caráter regional Critérios e condições serão definidos por atos da Agência Prazo: 180 dias, prorrogáveis por igual período Atribui a prioridade para obter autorizações de pesquisa Necessita de anuência do Conselho de Defesa Nacional Dados deverão ser entregues à Agência, após 3 anos Somente poderá ser requerido novamente após finalizado o primeiro reconhecimento

11 Lei Atual Garante a prioridade para requerimentos de pesquisa solicitados dentro do prazo Proposta de alteração Garante a prioridade para requerimentos de pesquisa solicitados dentro do prazo Estabelece quais os métodos de prospecção aérea Limitado a 12 mil quilômetros quadrados Obrigatório entrega dos resultados da prospecção Critérios e condições serão regulamentados pela Agência Autorizado pelo DNPM Prazo máximo de 90 dias, improrrogável Exige a anuência prévia do CDN Prazo 180 dias, prorrogável por igual período Necessária a anuência prévia do CDN

12 Autorização de Lavra Critérios e condições serão definidos por atos da Agência Incluirá também minerais garimpáveis Independe da autorização do superficiário Não necessita pesquisa mineral prévia Requisições apenas em áreas livres Obrigatória a apresentação de Relatório Anual das Atividades no prazo determinado pela Agência, sob pena da multa e decadência do direito mineral na reincidência

13 Extração para Uso Exclusivo em obras públicas Deixa de ser considerado regime de aproveitamento Poderá ser utilizado por pessoas jurídicas que integram a União, Estados e municípios Critérios e condições serão estabelecidos pelo CNPM Somente em áreas livres Procedimentos técnicos para autorização serão realizados pela Agência, assim como a fiscalização

14 Contratação de Concessão de Lavra Será firmado um Contrato de Concessão (responsável pela pesquisa ou cessionário dos direitos) Termos do Contrato de Concessão serão propostos ao MME pela Agência, juntamente com a aprovação do Plano de Aproveitamento Econômico Normas e critérios técnicos para definição do Plano de Aproveitamento Econômico serão estabelecidos por atos da Agência

15 Contrato de Concessão de Lavra Cláusulas essenciais do Contrato: Definição da área e da(s) substância(s) mineral(is) Obrigações e direitos do concessionário Indicação de garantias financeiras (prevê uso dos direitos como garantia) Critérios para formulação e revisão da pesquisa, caso decorra de licitação para nova pesquisa Critérios para formulação e revisão do Plano de Aproveitamento Econômico Programa de trabalho e investimentos previstos Conteúdo local mínimo* e outros critérios relacionados à função social do bem mineral Procedimentos para acompanhamento e fiscalização das atividades de mineração e para auditoria do contrato *Conteúdo local=índice de aquisição obrigatória de bens e serviços nacionais

16 Contrato de Concessão de Lavra Cláusulas essenciais do Contrato (continuação): Penalidades aplicáveis em caso de inadimplemento das obrigações contratuais Critérios para devolução e desocupação de áreas mineradas, inclusive para o fechamento da mina, retirada de equipamentos e instalações e reversão de bens Procedimentos relacionados à cessão dos direitos e obrigações relativos ao contrato Regras sobre solução de controvérsias, podendo prever conciliação, mediação e arbitragem Prazo de vigência, igual ao PAE aprovado, limitado a trinta e cinco anos, e quais as condições para a sua prorrogação e extinção Medidas mitigadoras e compensatórias do impacto social e econômico, a ser incluídas depois da realização de audiência pública obrigatória

17 Extinção da Concessão de Lavra As concessões extinguir-se-ão: pelo vencimento do prazo contratual por acordo entre as partes pelos motivos de rescisão previstos em contrato no decorrer da fase de lavra, se o concessionário exercer a opção de desistência e de devolução das áreas em que, a seu critério, não se justifique investimentos caso tenha sido constatada lavra ilegal, em procedimento administrativo, assegurado o contraditório e a ampla defesa comprovado aproveitamento de recursos minerais não abrangidos pela autorização ou concessão, ou exercer atividade fora da área autorizada ou concedida prestar declarações ou informações inverídicas, falsificar, adulterar, inutilizar, simular ou alterar registros e escrituração de livros e outros documentos exigidos pelo contrato ou pela legislação aplicável (Extinto o titulo, o concessionário fica obrigado a reparar ou indenizar os danos decorrentes de suas atividades e praticar os atos de recuperação ambiental determinados pelos órgãos competentes)

18 Lei Atual Prazo de até 1 ano após aprovação do Relatório final de pesquisa para requerer a lavra DNPM aprova RFP e PAE Proposta de alteração Empreendedor terá prazo (1 ou 2 anos) para desenvolver a implantação da mina e requerer a lavra Agência aprova PAE (pode conter RFP) e elabora Minuta de Contrato de Concessão MME emite Portaria de Lavra Estabelece regras e prazos para apresentação de requerimentos; designa os elementos de informação e prova aceitáveis; descreve o conteúdo pormenorizado do Plano de Aproveitamento Econômico da jazida; estabelece as obrigações do concessionário MME emite Portaria e aprova Contrato de Concessão Estabelece as obrigações do Concessionário e os fundamentos para extinção da Concessão. Demais normas e critérios serão estabelecidos por atos da Agência.

19 Lei Atual Estabelece que a concessão será recusada se a lavra for considerada prejudicial ao bem público Não há prazo de vigência Proposta de alteração Poder concedente poderá revogar ou suspender o direito minerário quando as atividades de pesquisa ou lavra comprometerem bens ou atividades, públicos ou privados, cuja necessidade de preservação, por razões de natureza social, econômica, cultural ou ambiental, superem a utilidade do aproveitamento econômico da jazida Contrato com prazo de vigência conforme o PAE aprovado pela Agência, limitado a 35 anos, admitida a prorrogação conforme as condições contratuais

20 Aspectos Institucionais e Regulatórios

21 Modelagem Institucional Conselho Nacional de Política Mineral CNPM Ministério Minas e Energia MME Agência Nacional de Mineração ANM Complementa a política do CNPM Possui competência originária para a outorga (poder concedente) 21

22 Conselho Nacional de Política Mineral Órgão de assessoria à Presidência da República Composto por Ministros de Estado e representantes da sociedade (conforme Decreto regulamentador) Propõe diretrizes e ações para o setor Avalia e sugere novas políticas Caráter deliberativo, com competência para emitir resoluções ad referendum do Presidente da República

23 Ministério de Minas e Energia Formula políticas e propõe diretrizes (complementar ao CNPM) Outorga títulos minerários (prevista a delegação para Agência) Responsável pela assessoria técnica do Conselho, juntamente com SGB/CPRM Elabora e executa o planejamento estratégico plurianual Serviço Geológico do Brasil (CPRM) Produz informações sobre a geologia e hidrogeologia do território nacional Agente técnico do CNPM

24 Substitui o DNPM Agência Reguladora Outorga títulos por delegação Formula normas e procedimentos técnicos (regulação) Assina e fiscaliza os Contratos de Concessão Estabelece as regras da fiscalização, inclusive determinando multas, e fiscaliza todas as atividades Colegiado de Diretores é a instância decisória máxima Executa as licitações públicas Firma Convênios com Estados e Municípios

25 Áreas Especiais para Pesquisa e Lavra de Minerais Estratégicos Áreas de interesse estratégico ou grande potencial econômico, cuja exploração deverá obedecer políticas específicas Criadas por decisão do CNPM (proposta do MME ou Agência) Obtenção de títulos somente por licitação pública (pesquisa ou lavra) Veda novos requerimentos, porém os direitos pré-existentes serão respeitados CPRM/SGB atuará como agente técnico na identificação de áreas com potencial para criação de áreas especiais Prazo de dois anos para oferta pública, prorrogáveis apenas por determinação do CNPM

26 Minerais Nucleares e Associados Permanecem como Monopólio da União Minerais associados poderão ser lavrados por Concessão Avaliação do aproveitamento econômico dos minérios associados poderá ser feita pela CNEN (ou Agência)

27 Oferta Pública de Áreas Licitação pública para áreas de pesquisa e lavra Critérios técnicos e financeiros para julgamento Áreas desoneradas serão ofertadas por licitação Prevista rodadas de licitação Obrigatória para Áreas Especiais para pesquisa e lavra de minerais estratégicos

28 Julgamento da Licitação Julgamento: princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e igualdade, além de outros critérios, serão levados em conta: o bônus de assinatura os investimentos mínimos o conteúdo local, em atenção à função social do bem mineral a margem de agregação de valor do bem mineral em território nacional Em caso de empate: será decidido em favor do projeto que apresente o compromisso de maior margemdeagregaçãodevalordobemmineralem território nacional

29 Cessões e Transferências de Títulos Diretrizes serão estabelecidas pelo CNPM Poderão ser recusados ou cancelados se resultarem em prejuízo ao interesse público (ex. concentração econômica) Poderão ser submetidos previamente ao CADE Sujeito ao pagamento de percentual do valor atribuído ao direito mineral, a título de compensação financeira à União pela cessão ou transferência

30 Sanções Multa, interdição cautelar * ou cancelamento do título Apreensão de materiais e equipamentos Procedimento administrativo sancionador previsto em lei Valores mínimo e máximo das multas estabelecidos em lei, com critérios de agravamento Falsificação de informações, adulteração, inutilização, simulação ou alteração de registros e escrituração de livros e outros documentos: Cancelamento de titulo e inabilitação para outorga de títulos por cinco anos *A Agência poderá interditar cautelarmente qualquer estabelecimento, máquinas e bens nos casos em que a continuidade da atividade de mineração apresentar risco de comprometer a segurança de pessoas, causar grave lesão ao meio ambiente ou na hipótese de indício significativo de lavra irregular.

31 Regras de Transição Agência terá prazo de 180 dias para emitir as normas regulamentares Títulos em vigor serão mantidos, exceto Registros de Licenciamentos (mudança compulsória para Alvará de Lavra, de acordo com critérios a ser instituídos pela Agência) Detentores de título deverão comprovar efetiva atividade sob pena de cancelamento do título (prazo de um ano) Concessionários deverão apresentar a reavaliação de suas reservas e novo Plano de Aproveitamento Econômico (prazo de dois anos)

32 Temas Regulados por Leis específicas Recursos minerais que constituem monopólio da União Fósseis que comprovadamente sejam de interesse científico Águas minerais Mineração em terras indígenas Mineração em faixa de fronteira Compensação financeira pela exploração de recursos minerais

33 Mais Informações Obrigado pela atenção