Proposta de Plano de Trabalho 2014
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- Aparecida Benke Caldeira
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1 Proposta de Plano de Trabalho Introdução A Comissão Nacional de População e Desenvolvimento constitui espaço de promoção de avanços e disseminação da agenda de população e desenvolvimento. Sua criação responde das Recomendações do Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, que ocorreu em Cairo em Marco Legal: Decreto nº 1.607, de 28 de agosto de 1995 Institui a Comissão Nacional de População e Desenvolvimento (CNPD). Decreto nº 4.269, de 13 de junho de 2002 Dispõe sobre a reorganização da CNPD. Decreto nº 8.009, de 15 de maio de 2013 Reorganiza a CNPD - marca a reativação dos trabalhos da CNPD. Missão: Contribuir para a formulação de políticas e implementação de ações integradas relativas à população e ao desenvolvimento. Organização: Presidência SAE/PR Representantes governamentais SPM/PR, SG/PR, SDH/PR, SEPPIR/PR, MS, MDS, MRE, MPOG, Previdência, MTE, MJ, MMA e IBGE. Representantes da Sociedade Civil CNDM, CDDPH, CNPIR, CNS, CNAS, CNPS, CNT, ABEP e SBPC. Comitê-Executivo SAE/PR, SPM/PR, MS, MPOG, MRE.
2 2. Objetivos Propõe-se que em 2014 a CNPD centre suas atenções em três objetivos: (i) (ii) (iii) Apoiar a atuação internacional do Brasil nas Conferências Internacionais e Regionais sobre População e Desenvolvimento; Desenvolver, em parceria com outras instituições, um sistema de monitoramento dos avanços do país com relação as ações e metas acordadas na Conferência do Cairo e suas atualizações internacionais e regionais; e Aprofundar conceitualmente e analiticamente temas estratégicos relacionados à população e desenvolvimento. 3. Objetivos Específicos 3.1. Apoio à atuação internacional do Brasil Em 2013 tivemos em Montevidéu a I Conferência Regional de População e Desenvolvimento (CRPD), preparatória para a Conferência Anual e para a Seção Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre de População e Desenvolvimento que ocorrerão, respectivamente, em abril e setembro de Propõe-se que, em 2014, um dos focos da CNPD seja subsidiar e apoiar as missões brasileiras a esses eventos. Além disso, para 2015 está programada a II Conferência Regional (CRPD), além da Conferência Anual (CPD) de População e Desenvolvimento das Nações Unidas, que também irão requerer subsídios e apoio técnico da CNPD, sendo que parte deve se concretizar ainda em A proposta seria utilizarmos a reunião de novembro para delinear quais os subsídios necessários para a CPD e definir o procedimento para a obtenção desses subsídios. Os primeiros resultados desse esforço seria, então, discutido em nova
3 reunião plenária em fevereiro de 2014 para que um relatório com os devidos subsídios possa ser entregue à missão brasileira em março. Na reunião plenária proposta para julho faríamos uma avaliação dos resultados da CPD de abril e identificaríamos quais os subsídios necessários para fortalecer a posição brasileira na Seção Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) sobre de População e Desenvolvimento em setembro. A meta seria disponibilizar um documento de suporte à posição brasileira um mês antes da AGNU. Por fim, na IV reunião da comissão, proposta para novembro de 2014, apresentaríamos um relatório consolidado dos 18 meses de trabalho da comissão com vistas a subsidiar a CRPD e a CPD que serão realizadas em Monitorando as ações e metas da CIPD Em 1994 no Cairo, o Brasil em conjunto com 179 outros países assumiram o compromisso com amplo conjunto de ações e metas. Ao longo das duas décadas que sucederam a Conferência do Cairo, esses compromissos foram repetidas vezes internacionalmente e regionalmente ratificados e, por vezes, ampliados. O Brasil nesse período, em grande medida, implementou as ações acordadas e alcançou a maior parte das metas com as quais se comprometeu. Esse significativo progresso do país em direção aos compromissos do Cairo, no entanto, permanece pouco documentado e sem um sistema de acompanhamento efetivamente abrangente. Nesse contexto, a proposta é incluir como atividade da CNPD a construção de um sistema de monitoramento das ações e metas, derivadas do Programa de Ação (Cairo 1994), e subsequentes compromissos, que consolide os componentes já disponíveis e incorpore os ainda não sistematizados. A meta seria disponibilizar ao final de 2014 dois produtos complementares. De um lado, propõe-se que seja desenvolvido e tornado operacional um sistema abrangente para o monitoramento das ações e resultados alcançados na área de população e desenvolvimento. Por outro lado, e, com base nesse sistema, que seja
4 elaborado um relatório avaliado o progresso brasileiro, identificando as áreas que merecem atenção especial e adicional das políticas públicas. Tanto o sistema de monitoramento como sua utilização para a avaliação da situação e dos progressos alcançados pelo país irão servir com prestação de contas frente a sociedade brasileira e a comunidade internacional. Dessa forma servirá também para que a sociedade civil mais facilmente possa justificar e focar suas demandas e necessidades Temas estratégicos A despeito do avanço que representaram os compromissos assumidos no Cairo em 1994, nem todos os temas relevantes para a agenda de população e desenvolvimento receberam no Cairo a atenção integral que merecem. Algumas temáticas como a juventude (em particular no que se refere à experimentação, ao protagonismo e à busca da autonomia), a primeira infância e os direitos sexuais, dentre várias outros, foram tratados no Cairo ou de forma tangencial ou indireta. A melhor incorporação desses conceitos ou seu aprofundamento é questão tanto política como técnica. Do ponto de vista técnico, é necessário que os conceitos envolvidos sejam aprofundados e melhor trabalhados e que um tratamento analítico mais cuidadoso de cada um desses temas seja realizado. Com esse objetivo em mente, propomos quatro seções plenárias para 2014 e que, em cada uma delas, seja sistematicamente analisado ao menos um dos temas estratégicos relacionados à população e desenvolvimento que necessitam aprofundamento. Propomos que ao menos seis temas recebam atenção prioritária: (i) a relação ente população e desenvolvimento, (ii) aprofundamento da pauta sobre direitos sexuais e direitos reprodutivos, (iii) juventude, (iv) Superação da pobreza, (v) envelhecimento e transferências intergeracionais, (vi) primeira infância, (vii)
5 enfrentamento ao racismo e promoção da igualdade racial e (viii) migração internacional. Mais especificamente, o objetivo é que em cada reunião da CNPD ocorra uma discussão aprofundada de cada um desses temas e que os resultados dessas discussões, acrescidos de textos produzidos como subsídios, sejam organizados, editados e disponibilizados na forma de uma série temática de cadernos informativos sobre temas de população e desenvolvimento. População e desenvolvimento: A discussão dos compromissos do Cairo tem por vezes tomado uma perspectiva excessivamente especializada e fragmentada. É importante retornar a reconhecidamente complexa relação entre população e desenvolvimento. O que o desenvolvimento pode fazer pela população e por suas condições de vida é amplamente reconhecido. O que a população pode fazer pelo desenvolvimento, no entanto, permanece bem menos explorado. Assim, talvez seja esta a mais importante temática a ser analisada pela CNPD. Primeira infância: A relação entre atenção integral à primeira infância e desenvolvimento é imediata. Conforme tem sido repetidamente demonstrado, falhas na atenção a essa faixa etária podem levar a graves limitações ao desenvolvimento cognitivo e não cognitivo da população. Em Cairo a atenção à primeira infância apresenta-se imbricada com as questões relativas à saúde reprodutiva e à igualdade de gênero. Embora essa associação seja inevitável, em particular no período pré-natal e no puerpério, é de grande importância reconhecer que a atenção à primeira infância requer um foco próprio, destacado e especial. Não existe momento na fase da vida em que a redução na desigualdade seja tão desejável, porquanto há tão poucos conflitos com a eficiência e grande impacto de longo prazo.
6 Juventude: O Brasil conta hoje com mais de 50 milhões de jovens, a maior juventude que já tivemos e também a maior juventude que iremos ter. A juventude brasileira e a política pública de juventude enfrentam gigantescos desafios, uma vez que quase 20% dos jovens brasileiros nem trabalham, nem estudam. Por um lado, a qualidade e o conteúdo da educação oferecida mostra-se inadequada às necessidades da juventude, enquanto os postos de trabalho mostram-se precários ou ao menos pouco atraentes, levando a elevadas taxas de desemprego e rotatividade. Por outro lado, os jovens parecem circular com uma intensidade talvez acima da ideal para plenamente aproveitar as oportunidades disponíveis. Na Declaração do Cairo a juventude é tratada em conjunto com os adolescentes e, por vezes, também em conjunto com as crianças. No entanto, os jovens necessitam menos da proteção tão importante para crianças e adolescentes e muito mais de boas oportunidades para poderem experimentar e concretizar sua autonomia. Assim, a relação entre juventude e desenvolvimento é peculiar, precisando ser tratada de forma separada da relação entre adolescentes e desenvolvimento, mais presente nas ações e metas estabelecidas no Cairo e reforçadas na Conferência Regional em Montevidéu (agosto de 2013). Superação da pobreza: Nenhum processo merece o nome de desenvolvimento se não leva ao fim da pobreza e à melhoria das condições de vida dos segmentos mais vulneráveis. Todo desenvolvimento precisa ser inclusivo. Nesse quesito, o Brasil da última década é exemplo para o mundo. A continuidade do processo de eliminação da pobreza não será, porém, alcançada simplesmente utilizando as mesmas ações e instrumentos que tanto sucesso tiveram nos últimos dez anos. Na medida em que a pobreza é eliminada, suas composição e natureza se alteram, requerendo que as ações públicas busquem continuamente adequar-se, para manter a eficácia. A CNPD é, por um lado, ambiente natural para se avaliar e corroborar o mérito e a eficácia das políticas públicas empregadas com tanto sucesso no passado recente. Por outro lado, é também um espaço privilegiado para se identificar, idealizar ou mesmo especular sobre novas ações que precisam ser implantadas e sobre como as já em curso precisam ser ajustadas às faces sempre em transformação da pobreza brasileira.
7 Envelhecimento e transferências intergeracionais: Com taxa de fecundidade já abaixo do nível de reposição e a longevidade crescendo de forma acentuada, o Brasil está vendo sua população envelhecer a taxas aceleradas. Esse envelhecimento tem repercussões substanciais sobre o desenho das políticas públicas e também sobre o papel e as funções da família e da mulher, em particular. Aumenta a demanda por serviços públicos, especialmente, com saúde para idosos, modifica-se a equação previdenciária e altera-se a demanda pelo tempo das famílias com a atenção aos idosos. Todas essas mudanças têm impacto significativo sobre a distribuição intergeracional das receitas e dos gastos públicos. Reforçam, portanto, a necessidade de que a sociedade repense a forma e a intensidade com que deseja transferir recursos entre as gerações. Direitos sexuais e direitos reprodutivos: A Declaração do Cairo representou a consolidação de importantes avanços quanto aos direitos reprodutivos e à igualdade de gênero. A atenção dada aos direitos sexuais, no entanto, foi limitada e restrita aos aspectos ligados à saúde sexual. Desde Cairo, alguns dos principais avanços dos acordos internacionais e regionais têm sido dados com relação a definição, ampliação e incorporação crescente de direitos reprodutivos e sexuais. Um exemplo desse avanço foi o próprio Consenso Regional alcançado em Montevidéu. Contudo, ao mesmo tempo que a I CRPD foi marcada por importantes avanços, a Conferência deixou evidente a necessidade de maior clareza e delimitação dos direitos reprodutivos e sexuais, em particular. Assim, em boa medida, a ampliação e o pleno reconhecimento desses direitos requer que eles sejam mais claramente delineados e analiticamente escrutinados. Enfrentamento ao racismo e promoção da igualdade racial: Desenvolvimento inclusivo não significa apenas o fim da pobreza e a melhoria nas condições de vida da população. Inclusão pressupõe equidade e, em particular, igualdade de oportunidades
8 e de tratamento. Não basta que inexistirem pobres ou famílias vulneráveis. É indispensável também que toda a população receba o mesmo tratamento equânime em particular que tenha igualdade de acesso a todo tipo de oportunidade relevante para seu desenvolvimento pessoal, melhoria de suas condições de vida, e também cultural. No Brasil as desigualdades inter-raciais, embora declinantes, permanecem elevadas e em alguma medida resistem à implantação crescente de políticas e leis antidiscriminatórias. Assim, cabe à CNPD identificar os avanços, dimensionar os diferenciais remanescentes, analisar a pertinência e a eficácia das ações em curso, identificar e recomendar novas políticas, ações e instrumentos para superação das diferenças. Migração internacional: A recepção de grandes contingentes de imigrantes internacionais foi no passado uma das características constitutivas da nação brasileira. O país continua a se considerar um país de imigrantes, embora atualmente apenas 0,3% da população residente tenha nascido fora do Brasil, contra mais de 7% no início do século XX. Em âmbito mundial, cerca de 3% da população vive fora do país em que nasceu, levando a que a incidência de imigrantes no Brasil ( país de imigrantes ) seja 1/10 da média mundial. Essa falta de intercâmbio e isolamento brasileiro têm importantes consequências sobre o fluxo de conhecimento, sobre a adoção de novas tecnologias e sobre a inovação. O isolamento tem também importantes impactos sociais e limita a integração global do país. Qualquer agenda minimamente ampla de população e desenvolvimento requer o tratamento explícito das migrações e dos direitos civis e políticos dos imigrantes internacionais. Essa questão é tratada na CIPD, tem recebido grande atenção internacional, mas precisa ser substancialmente aprofundada no caso brasileiro.
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