AVARIA GROSSA PRIMEIRAS LINHAS
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- Luciana Bardini Gorjão
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1 RESUMO Artigo que propõe apresentar as primeiras linhas sobre o tema AVARIA GROSSA, sua previsão legal, características e iniciando a abordagem prática. AVARIA GROSSA Alexandro Alves Ferreira alexandro@br-asgroup.com
2 AVARIA GROSSA PRIMEIRAS LINHAS O objetivo deste artigo é trazer as considerações gerais e primeiras sobre avaria grossa. Desta forma, optou-se pela didática textual, afastando o tecnicismo habitualmente encontrado nos artigos, assim procurando alcançar o maior número possível de interessados no tema. Nosso código comercial, de 1850, em seu artigo 763 se lido de forma reflexiva, parece já solucionar o tema, fazendo a distinção dos tipos de avarias e como devem ser tratadas, vejamos o inteiro teor do artigo: Art As avarias são de duas espécies: avarias grossas ou comuns, e avarias simples ou particulares. A importância das primeiras é repartida proporcionalmente entre o navio, seu frete e a carga; e a das segundas é suportada, ou só pelo navio, ou só pela coisa que sofreu o dano ou deu causa à despesa. Desdobrando e entendendo este dispositivo legal, vimos que: a) Avaria é gênero, sendo suas espécies (avarias grossas ou comuns e avarias simples ou particulares); b) Que a avaria grossa quando apurada, as despesas oriundas do estrago/dano são repartidas proporcionalmente entre o transportador/consignatários que tiveram carga a bordo; c) Que no caso de avaria simples, as despesas oriundas do estrago/dano, são suportadas apenas por quem sofreu ou dano, ou seja, ou somente o transportador ou somente o consignatário 1.AVARIA SIMPLES OU PARTICULAR De fato, nos deparamos com maior habitualidade com a avaria comum, identificada naqueles casos de contêineres amassados, embalagens quebradas, e outros eventos de iguais características. Nestes casos, geralmente o consignatário aciona sua seguradora, ocorrem vistorias, indenização ou não pela seguradora e demais expedientes necessários. Caso o consignatário não possua cobertura de seguro, geralmente acaba arcando com o prejuízo ou acionando procura invocar seu direito de reparação por vias judiciais acionando as partes que lhes pareceram causadoras da avaria, seja o transportador internacional, o terminal, o transportador rodoviário ou mesmo o exportador.
3 2.AVARIA GROSSA OU COMUNS (GENERAL AVERAGE) O tema (avaria grossa), já não faz parte do nosso cotidiano, ao menos (e ainda bem, não com a mesma habitualidade das avarias simples) por tanto, quando da sua ocorrência sempre gera dúvidas aos operadores e consignatários. Para compreender corretamente a avaria grossa, invocamos a doutrina, onde: AVARIA GROSSA - Há um ato de avaria grossa quando, e somente quando, qualquer sacrifício ou despesa extraordinários são intencionalmente e razoavelmente efetuados ou incorridos para a segurança comum (Navio, carga e tripulantes), com o propósito de preservar de perigo a propriedade envolvida, em uma aventura marítima comum (Vieira, Guilherme Bergmann Borges Transportes Internacionais de Cargas 2ª Edição São Paulo, Aduaneiras, 2002 Ou seja, aqui notamos que pode ser declarada avaria grossa quando a ação intencional visa proteger 03 instituições: - Navio - Carga - Tripulantes. Vamos aos exemplos: A-NAVIO ENCALHADO Se o navio encalhar e sofrer danos no seu casco, pelo que vimos até então, não poderia ser declarada avaria grossa. Por que? Porque a ação reparadora visará atender apenas há um interesse, qual seja, o do navio. B-NAVIO & EMINÊNCIA DE NAUFRÁGIO Agora, se um navio, encontra-se navegando e se depara com uma forte tempestade, onde para que se evite o naufrágio da embarcação seja necessário lançar alguns ou diversos contêineres ao mar, aqui se encontraria os preceitos para se declarar a avaria grossa. Por que? Porque a ação intencional, visa atender as três instituições (navio/carga/tripulantes). 3.DECLARAÇÃO DE AVARIA GROSSA Na ocorrência de um furtuito, que remeta danos e perdas, os armadores acionam os peritos reguladores, para apurar os fatos, e de acordo com suas análises, declarar ou não avaria grossa.
4 Tais peritos/árbitros reguladores são profissionais formados por cooperativas de armadores internacionais. Em caracterizando a avaria grossa, estes reguladores fazem o cálculo do dano, incluindo todas as despesas para reintegração plena do dano apurado, com o objetivo de ratear tais valores entre os consignatários embarcados. 4.COBRANÇA E PAGAMENTO DA COTA-PARTE SOBRE AVARIA GROSSA Em declarado avaria grossa, como vimos, os reguladores demonstram para os armadores os valores a serem rateados. Os armadores por sua vez, comunicam os consignatários e enviam a estes, documentos (BOND e AVERAGE GUARANTEE) bem como as devidas instrução para cargas seguradas e cargas não seguradas. Os consignatários devem apresentar tais documentos preenchidos por eles e por sua seguradora, nos casos de cargas seguradas. Nestes casos é a seguradora que irá responder pela parcela de contribuição da avaria grossa. Para os consignatários que não possuam cobertura de seguro, além da documentação solicitada pelo armador, devem apresentar depósito-garantia relativa a parcela contributiva referente a avaria grossa. Vale-se lembrar que o valor calculado e rateado, levará em conta o valor declarado na fatura comercial, onde o fator de contribuição será aplicado. Ou seja, o importar de uma máquina de USD ,00 após aplicação do fator de rateio, deverá contribuir com USD XXXX,XX. Já o importador, por exemplo, de canetas, cuja fatura comercial apresentada, declara o valor de USD 3.000,00 deverá contribuir com USD XX,XX 5.DIREITO DE RETENÇÃO Artigo 7º do DL 116/67 Art. 7º Ao armador é facultado o direito de determinar a retenção da mercadoria nos armazéns, até ver liquidado o frete devido ou o pagamento da contribuição por avaria grossa declarada. Ou seja, ainda que o importador liquide o valor do frete, mas não efetue o pagamento da contribuição por avaria grossa declarada, poderá ter sua carga retida pelo armador, que possui amparo legal para tal. A retenção se dá, operacionalmente falando através do bloqueando a CE, conforme prevê o parágrafo único, do Artigo 40 da IN RFB 800/07, onde: Parágrafo único. O sistema informará ao depositário, no momento da entrega, a retenção determinada pelo armador. Na expectativa de ter lançado luz sobre alguns aspectos e características sobre avaria grossa.
5 LEGISLAÇÃO APLICADA: DL 116/67 DL 556/1850 Código Comercial Brasileiro IN RFB 800/07 FONTES ELETRÔNICAS: DOUTRINA: Vieira, Guilherme Bergmann Borges Transportes Internacionais de Cargas 2ª Edição São Paulo, Aduaneiras, 2002
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