BRINCADEIRAS E CANTIGAS DE RODA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
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- João Caetano Caiado
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1 BRINCADEIRAS E CANTIGAS DE RODA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Por PACHECO, Jones e SILVA, Jocéli Salete Pacheco 1 A proposta deste trabalho teve como meta resgatar por meio das cantigas de roda as brincadeiras de criança, substituídas no momento emergente pelos jogos eletrônicos (computador, vídeo-game, entre outros). Os avanços tecnológicos que vivenciamos são de suma importância, mas surgem também os problemas acarretados por esses avanços, que limitam muito as crianças, pois perdem um pouco, ou muito da infância que seria utilizada brincando, subindo em árvores, pulando e, em vez disso, estas, apenas se permitem ficar o dia todo em frente à televisão, ou a um computador. Para o desenvolvimento da proposta realizamos uma oficina, com alunos da pré-escola de um Centro de Educação Infantil pertencente à rede municipal de ensino do município de São Miguel do Oeste, SC. Os participantes da oficina foram crianças de quatro a seis anos de idade, num total de noventa crianças. A proposta buscou compreender elementos que possibilitassem a divulgação do melhor tempo que temos na vida, onde valorizamos muito a amizade, o companheirismo e não olhamos para o ter de cada pessoa, mas sim para o ser. E as cantigas e brincadeiras de roda servem de instrumento, mais que isso, é a possibilidade de melhoria no desenvolvimento psicomotor dos alunos. Neste sentido, a ideia desta pesquisa ultrapassa o limite do conhecimento e a prática das cantigas e brincadeiras, serve como argumento entre aluno/professor, pois, por meio do lúdico as crianças sentem mais confiança no professor que media o conhecimento de forma prazerosa, haja vista que muitas brincadeiras e cantigas visam trabalhar as mais diversas formas de aprendizado, permitindo mais liberdade para um diálogo. 1 Acadêmicos do curso de Licenciatura em Artes Cênicas. Trabalho de pesquisa realizado no componente curricular estágio curricular em artes cênicas III, orientado pelas professoras Ms. Marilei Teresinha Dal Vesco e Esp. Marli Ferreira Wandscheer.
2 Cantigas de roda, cirandas ou brincadeiras de roda são brincadeiras infantis, onde tipicamente as crianças formam uma roda de mãos dadas e cantam melodias folclóricas, podendo executar ou não coreografias acerca da letra da música. É uma grande expressão folclórica e, acredita-se que pode ter origem em músicas modificadas de um autor popular ou nascido anonimamente na população. Baseados nos escritos de Martins (2003) As cantigas de roda são poesias e poemas cantados em que a linguagem verbal (o texto), a música (o som), a coreografia (o movimento) e o jogo cênico (a representação) se fundem numa única atividade lúdica Introduzidas nas escolas do Brasil pelos povos colonizadores, principalmente pelos povos portugueses, todas as cantigas de roda foram modificadas e adaptadas pelas crianças para cada contexto brasileiro. Para Rodrigues (1992, p.30): A razão de tanto entusiasmo pela canção pode ser encontrada no ritmo das sílabas repetidas ou no grito final. Mas a observação do comportamento infantil sugere atenção ao significado da letra, ou seja, o que representa para a criança cantar ações que já fez ou que sabe não ser correto fazer. Por isso, simbolizar em versos e melodias o que lhe inquieta, é uma forma de dar um novo sentido às suas experiências. A forma que permite às crianças liberdade levando em consideração as experiências que trazem como vivencias, possibilitando que busquemos compreender e superar os bloqueios, limitações e conquistar o tão sonhado viver bem. Percebemos em nossas argumentações a importância da linguagem no desenvolvimento cognitivo infantil. Assim como Vigotsky (1994), Piaget (1978) realçava também o papel da linguagem falada. Para ele a oralidade possibilita, além do intercâmbio verbal, anuncia o início da socialização da ação e tem caráter instrumental, na medida em que facilita o rápido desenvolvimento conceitual. As funções cognitivas e comunicativas da linguagem tornam-se, então, a base de uma forma nova e superior de atividade nas crianças. Nesse trabalho, a palavra passou a ter um fator excepcional que dá forma à atividade mental, aperfeiçoando o reflexo da realidade e criando novas formas de atenção, de memória, de imaginação, de pensamento e de ação. A relação entre a linguagem e ação é dinâmica no decorrer do desenvolvimento das crianças. Esse fato é presenciado nas atividades lúdicas infantis.
3 Além da experiência lúdica com o fenômeno linguístico, as cantigas de roda podem oferecer para a criança, por meio dos seus textos poéticos, um manancial de ensinamentos condensados. Evidencia Kishimoto (1997. p ): Enquanto manifestação livre e espontânea da cultura popular, a brincadeira tradicional tem a função de perpetuar a cultura infantil, desenvolver formas de convivência social e permitir o prazer de brincar. Percebe-se que as interações sociais, por meio de brincadeiras tradicionais ocupam um lugar de destaque no desenvolvimento infantil. Percebe-se então a força da tradição oral. Em cada contexto o universo da criança dispõe de um banco de imagens, consideradas expressivas dando um significado para o seu mundo infantil. Essa tradição oral de expressão poética que a criança vivencia ludicamente desde a mais tenra idade no contexto familiar, deve ser cultivada na escola. Magalhães (1987, p. 40) nos alerta para a necessidade da criança ter experiências com linguagem poética. Este trabalho teve início com uma apresentação realizada pelos alunos e também por nós, como forma de quebrar o gelo no relacionamento entre pessoas que não se conhecem ou que poucas vezes tenham se encontrado no dia a dia. Passada esta apresentação, começamos efetivamente a trabalhar para entender as possibilidades de trabalho através, primeiramente, da confecção de material sonoro, onde todos aproveitaram o momento para sentar ao lado do colega formando um grande circulo, possibilitando desde o início a proposta de aproximação entre as crianças. Aproveitamos este momento de proximidade para realizar um trabalho de concentração, onde todos deitam no chão, fecham os olhos e passam a prestar muita atenção nos sons que acontecem ao seu redor, e por meio deste trabalho, caem por terra vários comentários que dizem que a criança não consegue se concentrar, pois apenas pensa em brincar, porque a sua entrega é total, quando se consegue canalizar todo o seu potencial. O trabalho com ritmos possibilitou um envolvimento rápido e eficaz com o material confeccionado e com o material trazido de casa pelos alunos, proporcionando uma compreensão direta, pois os mesmos tiveram a satisfação de organizar o material e deixar o instrumento pronto. Partindo da confecção do material e utilizando canções antigas como: atirei o pau no gato, escravos de Jó e dona aranha, as crianças demonstraram especial interesse na compreensão da maneira que estas canções poderiam auxiliar no desenvolvimento cognitivo das crianças.
4 O DESENVOLVIMENTO E PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS Para a realização desta oficina, foi necessária a utilização de alguns equipamentos como: caixa de som, violão, notebook, tinta, pincéis, fita, que facilitaram a aplicação de todas as atividades. Um dos momentos mais fascinantes de toda a oficina foi quando propusemos à turma da tarde que ficássemos em silêncio, com os olhos fechados, tentando desvendar os mais variados sons que viessem do ambiente interno e externo. Aos poucos cada um foi se deitando, baixando a cabeça e quando menos imaginávamos o silêncio se fez absoluto, foi mágico, lindo, perfeito, um momento inesquecível. A participação dos alunos é fantástica no instante que se consegue mexer com a imaginação e aguçar a curiosidade. Outro momento de grandes surpresas e testes foi quando produzimos os instrumentos musicais a partir de sucata, pois, a descoberta é sempre motivo de prazer e felicidade, embora descobrir também significa lidar com o novo, e, eles tendo disponíveis: latinhas de refrigerantes somadas às mais variadas possibilidades de produzir som, como: grãos de feijão, britas, arroz. Este momento, também é um teste muito grande para os professores aprendizes conhecer os seus limites, e de forma simples, organizar isso tudo sem ficar gritando ou permitindo a bagunça. Foi uma experiência muito valiosa para provocar nossos instintos, para sairmos de situações novas, inesperadas e, assim fizemos, conseguimos contornar o trabalho com o auxilio dos professores de cada turma, que em momento algum saíram de perto, tanto avaliando o nosso trabalho, bem como analisando o comportamento dos alunos. [...] a educação através da arte não é apenas brincar com arte, muito menos formar artistas, mas formar o homem livre, crítico, analítico e essencialmente culto. (CARTAXO, Carlos, p. 15) A maior satisfação de qualquer professor deve ser perceber que os alunos estão aprendendo e ao mesmo tempo divertindo-se com todo o momento mágico que acontece no decorrer da execução de um trabalho programado com carinho e muita dedicação. Esse sonhar com o aluno participando, executando as atividades quando acontece em sua plenitude faz com que o resultado seja satisfatório e prazeroso. CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização desta atividade na escola nos trouxe muita satisfação no momento da sua aplicação, percebe-se o que as crianças sentem quando estão quebrando as barreiras e
5 vencendo os medos ao participar das atividades, fazendo-as sentirem-se iguais em relação aos seus amigos, não observando a marca de roupa, a cor da pele, fazendo com que todos possam estar desenvolvendo, mesmo que inconscientemente, uma igualdade ente os pares. Percebeu-se também, que a parte teórica mostra-se mais fácil e linda quando você não necessita estar presente na aplicação dos exercícios para as crianças, e que no momento da execução prática as coisas ficam um pouco mais difíceis, pois você necessita estar atento ao desenvolvimento que os exercícios possibilitarão a cada participante das atividades. Foi um momento ímpar no sentido de ver no olhar de cada criança a felicidade de estar participando de um momento diferenciado na escola através do resgate de brincadeiras que nós, quando crianças, brincávamos e agora sentimos muita necessidade de mostrar e entender os espaços que existem para a realização de momentos diferenciados, sem a utilização da comunicação eletrônica que deixa o contato entre as pessoas muito frio e distante. Este resgate do contato entre as pessoas mostra-se extremamente necessário para o crescimento e entendimento da palavra SER HUMANO, pois faz com que as pessoas não tenham vergonha de se aproximar umas das outras e a relação de sentimentos desenvolvem-se com a praticidade do respeito e amor entre os seres. A dinâmica de organização e condução das atividades faz com que os professores consigam fazer com que os alunos acabem participando, se envolvendo, e não deixa espaço para questionamentos, isso porque, o tempo todo, o mesmo vai se sentir parte do todo. O importante na continuação das atividades é desenvolver brincadeiras que animem os alunos, como a brincadeira da dança da cadeira, mas, com um diferencial: o aluno que vai caindo fora acaba ganhando uma pintura como recompensa pela participação, o que não o deixa triste, muito pelo contrário, deixa-o muito feliz. E esta pode ser uma forma de agradecer a cada um pela receptividade, atenção, carinho e deixando claro que se encerra uma oficina com harmonia e deixando amigos e saudade para que ocorra a continuidade do trabalho. REFERÊNCIAS KISHIMOTO, Tizuco Morchida (org). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 2. ed. São Paulo: Cortez, MARTINS, Maria Aldenôra das Neves Silva. Brincadeira Infantil. Do imaginário ao real aspectos cognitivos e sociais Dissertação (Mestrado) Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.
6 PIAGET, Jean. A Formação do símbolo na criança. Imitação, jogo, sonho, imagem e representação. Trad. Álvaro Cabral. 3. ed. Rio de Janeiro; Editora Guanabara, VIGOTSKY, Lev Semyonovich; LURIA, Alexandre Romanovich; LEONTIEV, Alexis. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Trad. Maria da Penha Villa Lobos. 4. ed. Rio de Janeiro, 1988; CARTAXO, Carlos. O ensino das artes cênicas, na escola fundamental e média João Pessoa: 2001.
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