CONCEITO CONTO POPULAR LITERATURA INFANTIL UNIVERSAL GÊNERO LÍRICO GÊNERO DRAMÁTICO GÊNERO NARRATIVO AULA 01: LITERATURA INFANTIL E GÊNEROS LITERÁRIOS
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- Thiago de Sintra de Santarém
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1 LITERATURA INFANTIL UNIVERSAL AULA 01: LITERATURA INFANTIL E GÊNEROS LITERÁRIOS TÓPICO 02: GÊNEROS LITERÁRIOS CONCEITO Segundo Victor Manuel de Aguiar e Silva em Teoria da Literatura, os gêneros literários podem ser considerados categorias que regulam particulares classes de textos. A formação dessas categorias se dá por meio da relação de dois tópicos importantes: a forma de expressão e a forma de conteúdo. Forma de expressão seria a manifestação estrutural do texto, ou seja, a escrita em versos ou em prosa da obra literária; a forma de conteúdo, por sua vez, abordaria a mensagem na qual o texto está pautado, a saber, o sentimento, a narração ou a representação. Assim sendo, atualmente, os gêneros literários se mantêm classificados da seguinte forma: GÊNERO LÍRICO O gênero lírico trabalha com as emoções por meio de manifestação poética. Antigamente, os textos eram feitos para serem cantados, acompanhados por um instrumento musical chamado de lira, daí o nome gênero lírico. Essa estrutura foi utilizada até o séc. XV. A partir desse período, a instrumentalização foi abandonada e os recursos estilísticos (rima, métrica, figuras de linguagem) passaram a ser utilizados para que a musicalidade do texto continuasse ocorrendo mesmo depois do abandono da lira. Talvez, um dos tipos de poesias mais utilizados seja o soneto, entretanto outros tipos de textos poéticos também são usados com frequência. GÊNERO DRAMÁTICO O gênero dramático se fundamenta na representação (manifestação teatral), sendo subdividido em diversas categorias: tragédia, comédia, tragicomédia, drama, etc. GÊNERO NARRATIVO Caracterizado pela narração, o gênero narrativo elabora um fingimento de realidade no texto ficcional. Ele abarca, dependendo da tendência trabalhada, o mundo do possível, o faz de conta. Hoje, o gênero narrativo é subdividido em duas manifestações literárias: 1.1 Epopeia. 1.2 Ficção e seus desdobramentos: romance, conto, novela, fábula, mito, lenda, crônica, conto maravilhoso, etc. Vejamos a análise de algumas categorias pertencentes à ficção: CONTO POPULAR O conto popular é considerado a forma mais universal de transmissão da cultura de um povo. Ele documenta usos, costumes, fórmulas jurídicas, folclore, etc., podendo se manifestar por meio de histórias populares.
2 As caracterizações essenciais do conto popular podem ser listadas da seguinte maneira: Uso da transmissão oral caracterizada pelo tom de espontaneidade. Anonimato do autor, pois que sua criação é coletiva. Distância no tempo. Abarca uma moral natural, trabalhando relações entre forte e fraco, rico e pobre, bem e mal, etc. Normalmente, apresenta suspense que acaba provocando riso. No Brasil, os contos populares têm raízes rurais e remontam aos famosos causos. De forma geral, outras manifestações do conto popular seriam: os contos de fada, as fábulas. FÁBULA A fábula é considerada uma narrativa curta, possuidora de uma estrutura mínima de enredo e de uma moral implícita ou explícita. Massaud Moisés a caracteriza afirmando que, no geral, [ela] é protagonizada por animais irracionais, cujo comportamento, preservando as características próprias, deixa transparecer uma alusão, via de regra satírica ou pedagógica, aos seres humanos (MOISÉS, 1999: 226). Na Antiguidade Clássica, a fábula foi cultivada por Esopo e Fedro; na Idade Média era um gênero extremamente apreciado, mas foi na Modernidade, com La Fontaine (entre ) que as fábulas entraram na moda. Até o século XVIII, as fábulas foram escritas em verso; logo depois, a prosa passou a ser o veículo de expressão adotado por esse tipo de gênero. Sempre envolvida por um universo metafórico (Ex: formiga = trabalho, leão = força, raposa = astúcia, lobo = poder despótico, etc.), a fábula representava, para Aristóteles, a imitação de ações, a composição dos atos, consequentemente, a propagação de uma ideologia. LENDA Etimologicamente, lenda vem do latim legenda, que significa o que se deve ler. Inicialmente, na Idade Média, a lenda era utilizada para relatar a vida dos santos e mártires da Igreja Católica. A primeira coletânea publicada nesse sentido denominava-se Legenda sanctorum. Assim, a utilização primeira do gênero já pressupunha, desde o início, uma imitação as hagiografias deviam ser lidas para que as virtudes dos heróis religiosos fossem imitadas. A lenda pode ser encarada também como um fato historicamente não comprovado, como as histórias do Rei Artur e os Cavaleiros da Távola
3 Redonda, ou ainda Carlos Magno e os Dozes Pares de França. Nesses casos, a verdade [dos fatos] se perde no correr do tempo, de molde a substituir apenas a versão folclórica dos acontecimentos (MOISÉS, 1999: 305). Outra conotação assumida por esse tipo de narrativa é a de história que apresenta uma explicação, um exemplo é o caso das lendas indígenas. De uma forma geral, as lendas procuram transmitir a sabedoria de uma comunidade na interpretação de determinados fenômenos, daí sua aproximação com os mitos. MITO O mito pode ser conceituado como narrativa simbólica referente aos deuses. Assim sendo, nele está inserida uma concepção religiosa que tenta explicar a origem das coisas, tal como acontece na explicação da formação da humanidade por meio do mito de Pandora. De origem popular e aceitação coletiva, os mitos representam metáforas que servem como paradigmas para o comportamento humano. Assim, em Eros e Psique tem-se a busca do amor; em Dionísio, a busca da libertação; em Narciso, a análise do amor próprio; em Ártemis, a simbologia da força e da determinação; em Palas Atena, a representação da inteligência, etc. As características básicas do mito podem ser listadas da seguinte maneira: Autor não identificado. Tempo indeterminado (tudo acontece a muito tempo atrás). Materializa-se, principalmente, sob a forma literária. É dinâmico, desenvolve-se e atualiza-se. Seus personagens não envelhecem, representam valores eternos. CRÔNICA Etimologicamente, crônica vem do grego kronos, que significa tempo. Assim, ela implica no conceito de registro de acontecimento num tempo e num espaço determinados (MOISÉS, 1999: 123). Para Massaud Moisés, a crônica é reproduzida por poetas e ficcionistas que, embora possam apoiar-se em fatos acontecidos, transformam a realidade do dia a dia pela força criadora da fantasia (MOISÉS, 1999: 123). Dentre os autores/as que cultivam esse gênero tem-se: Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis, Rubem Braga, Fernando Sabino, entre tantos outros/as. Narrativa curta, a crônica prima pela recriação da realidade.
4 No início da era cristã, a crônica era tida como uma listagem de acontecimentos arrumados conforme a sequência linear do tempo (registro de eventos). Depois, na Idade Média, Fernão Lopes começou a executá-la como forma de relatar fatos históricos. No Renascimento, o termo crônica começou a ser substituído por história. É só no século XIX que o caráter literário passa a ser incorporado nesse gênero literário. Nessa época, as crônicas eram publicadas nos folhetins (jornais). Hoje, enquanto ficção moderna, a crônica é publicada em jornais ou revista e muitas vezes reunida em volume, concentra-se num acontecimento diário que tenha chamado à atenção do escritor (MOISÉS, 1999:133). EXERCITANDO Analise os gêneros discursivos ficcionais estudados neste tópico (conto popular, fábula, lenda, mito, crônica) para a realização desta atividade. Agora, procure uma obra infanto-juvenil que represente uma das tipologias textuais acima elencadas, estabelecendo características que justifiquem sua inserção nessa classificação. REFERÊNCIAS BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. São Paulo: Associação Palas Athenas, ELIADE, Mircea. Mitos, sonhos e mistérios. Lisboa: Edições 70, s/d. JABOUILE, Victor. Do mythos ao mito: uma introdução à problemática da mitologia. Lisboa: Edição Cosmos, MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix, PERRAULT, Charles. Contos de Perrault. Belo Horizonte: Itatiaia, PROPP, Vladimir. As raízes históricas do conto maravilhoso. São Paulo: Martins Fontes, Morfologia do conto maravilhoso. Rio de Janeiro: Forense Universitária, SILVA, Victor Manuel de Aguiar e. Teoria da literatura. Coimbra: Livraria Almedina, TAVARES, Jorge Campos. Deuses, mitos e lendas. Porto: Lello & Irmão Editores, 1992.
5 WARNER, Marina. Da fera à loira: sobre contos de fadas e seus narradores. São Paulo: Companhia das Letras, FONTES DAS IMAGENS Responsável: Profª Edilene Ribeiro Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
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