SEGURIDADE E PREVIDÊNCIA NO BRASIL

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1 SEGURIDADE E PREVIDÊNCIA NO BRASIL Subseção DIEESE/CUT-Nacional São Paulo, 02 de agosto de 2014 Sindicato dos Trabalhadores(as) na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo - SINDSEP

2 SISTEMA DE SEGURIDADE SOCIAL SEGURIDADE SOCIAL CONTRIBUTIVO NÃO CONTRIBUTIVO NÃO CONTRIBUTIVO PREVIDÊNCIA Regimes Próprios e Regime Geral de Previdência Social (urbano e rural) ASSISTÊNCIA SOCIAL (Entre outras políticas, BPC para PPD e Idosos de baixa renda) SAÚDE FOLHA DE SALÁRIOS (exclusiva para pagamento de benefícios previdenciários) MOVIMENTO FINANCEIRO LUCRO LÍQUIDO FATURAMENTO FINANCIAMENTO

3 ESTRUTURA DO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO RGPS REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL RPPS REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PREVIDÊNCIA PRIVADA TRABALHADORES DO SETOR PRIVADO E EMPREGO PÚBLICO Obrigatório, nacional, público, subsidios sociais, benefício definido: teto de R$ 4.390,24. Admite Fundo de Previdência Complementar FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS ESTATUTÁRIOS Obrigatório, público, níveis federal, estadual e municipal, beneficio definido. Admite Fundo de Previdência Complementar MILITARES FEDERAIS Obrigatório, público, nível federal, benefício definido = última remuneração Administrado pelo governo federal PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR Optativa, administrada por fundos de pensão abertos ou fechados Fiscalizado pelo MPS (fundos fechados) e pelo MF (fundos abertos) Administrado pelo INSS Administrado pelos respectivos governos REPARTIÇÃO SIMPLES REPARTIÇÃO SIMPLES / CAPITALIZAÇÃO EM ALGUNS ESTADOS E MUNICÍPIOS CAPITALIZAÇÃO

4 SISTEMA PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO Parte do sistema de seguridade social; Composto por: 1. Regime Geral de Previdência Social (RGPS): administrado pelo INSS, trabalhadores privados e autônomos; 2. Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores (RPPS): responsabilidade dos tesouros dos entes (federal, estadual e municipal), servidores públicos; 3. Regime de Previdência Complementar (RPC): regime fechado ou aberto, participação voluntária;

5 SISTEMA PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO: ABRANGÊNCIA (PNAD 2012) 56,6 milhões de contribuintes do RGPS e da previdência pública; 3,5 milhões na esfera estadual e 2,9 milhões para previdência municipal; 3,8 milhões contribuintes de previdência privada; 21 milhões de aposentados e 6,7 milhões de pensionistas; 1,4 milhões de auxílios-doença;

6 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL Art. 194 da CF. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinada a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Art. 195 da CF. A seguridade social será financiada pelos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e pelas seguintes contribuições sociais: Contribuição sobre a Folha de Salários, Cofins, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, Receita de Concursos de Prognóstico, CPMF, PIS/PASEP.

7 REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS)

8 RGPS: ORGENS Lei Eloy Chaves (1923): Caixas de Aposentadorias e Pensões; Década de 1930: criação dos IAP s; 1960: lei orgânica da previdência social; 1966: Instituto Nacional de Previdência Social (INPS); 1977: SINPAS e INAMPS;

9 RGPS: ORGENS 1988: a constituição criou o conceito de Seguridade Social: Previdência (Urbana e Rural), Saúde, Assistência Social e Seguro Desemprego, assim como suas fontes de financiamento; Fontes de financiamento: recursos, da União, Estados, Municípios, DF, além dos recursos provenientes da COFINS e CSLL;

10 RGPS: ABRANGÊNCIA Trabalhadores CLT, autônomos e MEI; Maioria dos beneficiários e dos aposentados; O valor médio dos benefícios foi de R$ 914,28 em O valor médio dos benefícios urbanos foi 59,25% maior que o dos benefícios rurais, respectivamente, R$ 991,34 e R$ 622,50. A espécie de benefício com maior valor médio é a aposentadoria por tempo de contribuição (R$ 1.495,10), seguida da pensão por morte acidentária (R$ 1.358,94) e da aposentadoria por invalidez acidentária (R$ 1.250,88) AEPS 2012;

11 HÁ DÉFICIT NA PREVIDÊNCIA? Previdência fecha 2013 com déficit de R$ 51,2 bilhões Estado de São Paulo, 29/01/2014 Argumentos: 1. Fatores demográficos envelhecimento da população; 2. Benefícios excessivos; 3. Critérios brandos de acesso aos benefícios; 4. Elevação real do salário mínimo; 5. Acúmulo de benefícios previdenciários; 6. Deficiências administrativas.

12 HÁ DÉFICIT NA PREVIDÊNCIA? Defensores da visão do déficit: visão equivocada, não segue preceitos constitucionais: Contribuições ao INSS dos assalariados, dos empregados domésticos, trabalhadores avulsos, segurado especial e de empresários e autônomos. Benefícios do RGPS Saldo previdenciário negativo

13 VISÃO EQUIVOCADA... A previdência é parte do sistema de seguridade social, não um sistema fechado; Conforme observado anteriormente, há uma diversidade de fontes de financiamento do sistema de seguridade social; Com isso, ao invés de déficit da previdência, o que se verifica é superávit no orçamento da seguridade social;

14 RESULTADO DA SEGURIDADE SOCIAL (EM MIL R$) RECEITAS Contribuição para INSS COFINS CPMF CSLL PIS/PASEP Receita de concursos e prognósticos Receita de órgaõs da seguridade social Contrapartida do Orç. Fiscal p/ EPU TOTAL RECEITAS SEGURIDADE DESPESAS Saúde Previdência Benefícios LOAS e RMV EPU Bolsa família e outras transferências Outras ações da seguridade social MDS MPS Abono e Seguro Desemprego TOTAL DESPESAS SEGURIDADE RESULTADO SEGURIDADE RESULTADO SEGURIDADE-DRU n.d. Fonte: elaboração Subseção DIEESE/CUT-Nacional a partir de dados ANFIP (Anuário da Previdência Social vários anos)

15 Em mil reais RESULTADO DA SEGURIDADE SOCIAL (EM MIL R$) RESULTADO Seguridade Resultado Seguridade com a DRU Fonte: elaboração Subseção DIEESE/CUT-Nacional a partir de dados ANFIP (Anuário da Previdência Social vários anos)

16 PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS

17 CRIAÇÃO Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) Conceito: pro labore facto (os servidores públicos têm direito a aposentadoria como uma extensão do fato de terem trabalhado para o serviço público e não porque contribuíram para tal). Pré-1930: Caixas de aposentadorias; A partir de 1930: Caixas de Serviços Públicos; A partir de 1933: Institutos de Aposentadorias e Pensões; 1938: IPASE; 1977: SINPAS; Constituição de 1988: regime jurídico único;

18 ABRANGÊNCIA 14 estados e 594 municípios (com Certificado de Regularidade Previdenciária CRP); Há 13 estados e municípios sem CRP válido; Em 2013 (MPS): 2,7 milhões de ativos, 1,3 milhões de inativos e 486 mil pensionistas nos regimes estaduais; para os municípios, respectivamente 2,2 milhões, 470 mil e 144 mil;

19 MODIFICAÇÕES RECENTES Constituição Federal: art. 40, 201 e 202; Anterior a 1998: aposentadoria integral (por tempo de contribuição) e proporcional; Emenda Constitucional nº 20/1998; Emenda Constitucional nº 41/2003; Emenda Constitucional nº 47/2005; Emenda Constitucional nº 70/2012; Lei federal nº /2004; Principais alterações: paridade e integralidade;

20 DIFERENÇAS ENTRE O RGPS E O RPPS APÓS 2003 Aposentadoria por Tempo de contribuição (ATC) Regra Permanente RPPS - Idade Mínima = 60/55 anos para Homem/mulher 35 anos TC Homem, 30 anos TC Mulher - Valor do Benefício = 80% maiores salários desde jul/94 sem teto do RGPS RGPS - Sem idade mínima 35 anos TC Homem, 30 anos TC Mulher - Valor do Benefício = 80% dos maiores salários desde jul/94 x Fator previdenciário com teto REAJUSTE a partir do dia 1º de maio de cada ano, mediante lei específica, de iniciativa do Executivo (SEM PARIDADE).

21 DIFERENÇAS ENTRE O RGPS E O RPPS APÓS 2003 RPPS RGPS - 10 anos de serviço Público 15 anos de contribuição 180 meses Carência Mínima para Regras de Reajuste Dos Benefícios - 5 anos no cargo em que se der aposentadoria Permitido a contagem recíproca observado a carência de 10 anos no serviço público Regra de transição paridade e Preservação do valor real (INPC) Regra permanente preservação Do valor real (INPC) Permitido contagem recíproca sem Carência Preservação do valor real do Benefício (INPC) Poderá haver teto igual ao INSS (R$ 4.390,24) se criada PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

22 DIFERENÇAS ENTRE O RGPS E O RPPS APÓS 2003 RPPS Contribuintes Pessoas Físicas Alíquotas Base de Incidência Na União - 11% Servidor Público de Cargo Efetivo Remuneração Total do Servidor (Art. 40 da Constitiução Federal) Nos Estados e Municípios - mínimo 11% Remuneração Total do Servidor RGPS Contribuintes Pessoas Físicas Alíquotas Base de Incidência Empregado, Trabalhador Avulso 7,65%, 8,65%, 9% e 11% Salário até o teto de contribuição* e Empregado Doméstico conforme faixa de salário Contribuinte Individual 20% ou 11% Rendimento até o teto de contribuição* Facultativo 20% ou 11% Valor delcarado pelo contribuinte até o teto de contribuição* Segurado Especial 2,1% (inclui contribuição ao Comercialização da Produção Rural seguro acidente de trabalho)

23 DIFERENÇAS ENTRE O RGPS E O RPPS APÓS 2003 RPPS Contribuintes Patronais Alíquotas Base de Incidência União, Estados e Munícipios Conforme legislação própria até o limite de duas vezes a alíquota de contribuição do servidor Remuneração Total do Servidor RGPS Contribuintes Patronais Alíquotas Base de Incidência 20% + 1, 2 ou 3 % (SAT) Total da folha salarial sem teto de Empresa Urbana contribuição

24 RESULTDO PREVIDENCIÁRIO Anos Receita Previdenciária (R$ Mil) Despesa Previdenciária (R$ Mil) Resultado Previdenciário (R$ Mil) Capitais Interior Estados Fonte: elaboração Subseção DIEESE/CUT-Nacional a partir de dados do Anuário Estatístico da Previdência Social (MPS)

25 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

26 DEFINIÇÃO E CRIAÇÃO Segundo o Ministério da Previdência Social: A previdência complementar é um benefício opcional, que proporciona ao trabalhador um seguro previdenciário adicional, conforme sua necessidade e vontade. É uma aposentadoria contratada para garantir uma renda extra ao trabalhador ou a seu beneficiário. Os valores dos benefícios são aplicados pela entidade gestora, com base em cálculos atuariais. Surgiu no Brasil a partir de 1977, reforçada pelas leis complementares nº 108 e 109, de 2001 (normatização);

27 ABRANGÊNCIA Em 2013 haviam 321 entidades fechadas de previdência complementar, com mais de 3 mil patrocinadores, a maioria privados; Porém, o patrocinador mais relevante é o governo federal (maiores fundos de pensão são de empresas estatais); 2,4 milhões de participantes, com 540 mil aposentados e 169 mil pensionistas (diretos);

28 DESAFIOS E AMEAÇAS À PREVIDÊNCIA

29 DESAFIOS E AMEAÇAS À PREVIDÊNCIA Considerando o sistema de seguridade social: Imposição da DRU reduz os resultados positivos; Impactos da desoneração nas contas da previdência: R$ 24 bilhões em 2014 (ANFIP); Quais os impactos de uma possível desaceleração da economia em suas fontes de receita; Há um risco político permanente de desmonte do sistema de seguridade social brasileiro;

30 DESAFIOS E AMEAÇAS À PREVIDÊNCIA RGPS: Tentativa de impor déficit transparece ideia de falta de sustentabilidade; Risco de não só ser mantido o fator previdenciário como implementada a idade mínima; Desvincular o salário mínimo do piso previdenciário; Separação entre a previdência urbana e rural; Reajuste dos valores acima do salário mínimo; Desonerações: trocando folha (base estável) por faturamento (base instável); Maior política social do país;

31 DESAFIOS E AMEAÇAS À PREVIDÊNCIA Regimes Próprios: Problema de sustentabilidade dos regimes próprios; Endurecimento do acesso aos benefícios; Questão do financiamento/patrocínio dos regimes próprios e a LRF nos entes federativos; Garantir a contrapartida e alíquotas máximas por parte do município, o piso deve ser o RGPS; Teto; Regime próprio X Previdência complementar; Transparência, governança e participação dos trabalhadores na gestão dos regimes próprios;