RELATÓRIO. 2º Encontro do Coletivo Nacional de Aposentados da Fenajufe CONAP

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1 RELATÓRIO 2º Encontro do Coletivo Nacional de Aposentados da Fenajufe CONAP Em decorrência de deliberação da assembléia de 23 de maio último, participamos no dia dois do corrente do 2º Encontro do Coletivo Nacional de Aposentados da Fenajufe Conap, convocado nos termos do seu Regimento Interno. Cumprindo a programação prevista, no turno da manhã ocorreu extenso painel sobre Previdência Complementar no Setor Público, a cargo da Especialista em Controle Externo e Auditora Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União, Luciene Pereira da Silva. Antes do início da exposição alguns presentes não entendiam o porquê desse tema na pauta, pois consideravam que os atuais aposentados estavam a salvo das conseqüências nefastas advindas dessa lei. Aliás, esse foi um dos argumentos divulgados pelo governo para aprovar a Lei nº /2012, instituindo o regime de Previdência Complementar do servidor público, criando um Fundo de Pensão que será estruturado sob a forma de fundação, denominado Funpresp (Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal). Para surpresa dos que se julgavam imunes, Luciene começou dizendo que seriamos atingidos também, conforme será demonstrado adiante. Mas, como esse fundo atende os interesses dos bancos e eles têm um poder político muito grande, fomos derrotados no Congresso Nacional. Agora, as entidades de classe estudam e se preparam para questioná-lo perante o Supremo Tribunal Federal, através do debate técnico, pois considera que há fortes indícios de inconstitucionalidade. No seu entender, o primeiro, dentre vários argumentos citados, é a falta de lei complementar antecedente. Mostrou que em outros países a previdência complementar é na modalidade Benefício Definido (BD), onde o servidor já contribui sabendo quanto vai receber na aposentadoria e há um sistema garantidor. A Alemanha veda planos de Contribuição Definido (CD) e sem qualquer garantia, nos moldes desse recém-instituído. Aqui no Brasil, 77% dos planos criados para o setor privado são de BD. Inexplicavelmente, agora foi criado esse, impondo regras piores para os servidores públicos. Então, como os aposentados serão afetados? Em razão dos efeitos macroeconômicos, pois, através de planilhas e gráficos demonstrou que haverá menos aporte de recursos oriundos da Contribuição Previdenciária para o Regime Próprio, que é o do servidor público, aumentando o aporte da União.

2 Com isso, o tão propalado déficit da presidência aumentará e deverá acontecer nova reforma na previdência para custear seus reflexos. O levantamento por ela feito constata que os números divulgados pelo governo são conflitantes. Outra forma de sermos atingidos é, se um tribunal descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, ultrapassando o limite com pessoal, o que não é difícil, principalmente na Justiça do Trabalho, que tem quadros mais amplos. Isso ocorrendo, a União ficará impedida de fazer operação de crédito e impossibilitada de aprovar planos de carreira, acarretando a possibilidade de redução de aposentadorias para 70% e criação de um fator previdenciário para todos. Enfatizou, ainda, que as mulheres e as categorias que contribuem por menos tempo, como professoras, policiais e deficientes serão as mais afetadas. Isto porque previdência complementar não leva em consideração qualquer circunstancia determinante que beneficie tais categorias. Visa apenas os valores no mercado financeiro. Exemplificando, citou como hipótese magistradas ou servidoras em licença maternidade ou auxílio doença. Deixarão de receber os costumeiros salários, passando a ter direito apenas, até o valor do teto do INSS, atualmente R$3.916,00. Também, o servidor doente terá que trabalhar em casa, se isso for possível para ele. Caso contrário, deverá suportar perda salarial. Após a brilhante exposição, seguiram-se as perguntas dos participantes, dentre elas sobre possíveis ataques contra pensionistas. Ressaltou que, já estão engendrando medidas para reduzir, mais ainda, o percentual das pensões, para que fique abaixo dos atuais 70%, podendo também ser paga apenas por um certo período, além da instituição de um possível fator previdenciário. A seguir, foi sugerida a elaboração de uma cartilha para orientar os servidores ativos sobre todos os riscos futuros. Ela não recomenda que os atuais servidores optem por esse fundo, principalmente os que entraram antes de Indagada sobre as carreiras de estado, como magistratura e procuradores, disse que é preocupante o conflito de interesse. Citou exemplos de outros países, como foi o caso do Chile, onde o governo teve que recuar. Noutra intervenção esclareceu que o governo só aporta a contribuição patronal se o servidor se filiar ao Funpresp. Fazendo ele opção por um banco particular o governo não pagará a sua parte e o servidor ficará desfalcado, porque contará somente com a sua contribuição. A situação colocada era, quem e como seria elaborada essa cartilha, ficando, ao final, a sugestão dessa incumbência a cargo da Fenajufe, além do consenso de que a

3 luta dos aposentados contra a perda ou retirada de direitos deve ser fortalecida porque se trata de uma questão de dignidade. Nessa fase de criação do fundo, que será por ato infra-legal, ressaltou que os sindicatos podem colaborar, tentando falar com os presidentes dos tribunais, especialmente aqueles que correm risco de descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Enfim, além das ações cabíveis que em breve serão ajuizadas, foi recomendado que as entidades promovam seminários sobre o tema para esclarecer os atuais servidores, porque esse foi um projeto desastroso para a categoria. O conteúdo detalhado da exposição será disponibilizado em meio magnético, a fim de que todos tenham acesso. O expediente da tarde começou com os informes dos representantes das onze entidades presentes a respeito do funcionamento dos Núcleos de Aposentados. Destacaremos as iniciativas dos mais atuantes, como é o caso do Rio Grande do Sul, onde atualmente já não há núcleo, mas uma Secretaria de Assuntos de Aposentadoria, dentro da própria diretoria do sindicato. No Rio de Janeiro o núcleo foi alçado a Departamento dentro da estrutura do sindicato. Promove palestras, seminários, cursos diversos, inclusive na área de informática e de outras tecnologias modernas, voltadas para a terceira idade. Em Campinas-SP, o Sindiquinze andou desarticulado, mas após pautar uma reunião mensal, ficou ativo e abraçou, nos últimos anos, a luta pela aprovação da PEC 270,a fim de resgatar a dignidade dos servidores em situação de aposentadoria por invalidez. Em Minas Gerais, o núcleo é bastante coeso e participativo em todas as lutas do Sitraemg. Reune-se uma vez por mês, apresentando habilidades desenvolvidas por integrantes do grupo, no campo das artes, música, canto e dança. Promove palestras, viagens e realiza um Congresso Anual Estadual. Os aposentados são estimulados a participar de todas as lutas da categoria. Em Pernambuco, houve um período de calmaria, mas retomaram as atividades, estimulando a frequência em encontros de aposentados e cursos, obtendo como conseqüência a participação nas mobilizações realizadas pelo sindicato. Outro núcleo que se disse atuante e participativo nas lutas da categoria é o do Distrito Federal. Alagoas, também é outro Estado cujo núcleo andou desmotivado, mas agora estão retomando as atividades. Quanto ao Sinje, ressaltamos que o Núcleo de Aposentados foi criado no ano 2000, ocasião em que a aposentada Ivanise exercia a presidência da entidade. Eu fui eleita presidente do núcleo de aposentados. A partir de

4 2001, quando assumi a presidência do Sinje, as ações referentes aos aposentados, passaram a ser conduzidas, coincidentemente, pela própria direção do sindicato, com a participação de outros aposentados, que sempre compuseram a direção da entidade. Essa atuação ofuscava a existência do núcleo e realçava a do sindicato. Isso acontecia em razão da confiança e do comodismo da maioria que, não se preocupava em fazer o núcleo se destacar com ações próprias, porque a diretoria cuidava dos problemas que surgiam. Agora, que não há mais aposentados na direção, sentiu-se a necessidade de fazer o núcleo assumir seu papel. Para tanto, um grupo de aposentadas, preocupadas com o trato de seus interesses, organizou algumas sugestões para explicitar suas pretensões, visando estabelecer objetivos e nortear suas atividades. Entregou-as ao atual presidente, acompanhada de cópia da ata de criação do núcleo, a fim de serem analisadas, aprovadas e propiciadas as condições de implementação. Para surpresa de todos, a diretoria, em reunião de , agindo na contramão da realidade existente em outras entidades congêneres, ao invés de, apoiar a iniciativa ou submetê-las à consideração da assembléia, rejeitou a pretensão, impossibilitando o funcionamento do núcleo, fato que representa um desrespeito à decisão de assembléia que ratificou a criação do referido núcleo, há mais de dez anos. Depois desses informes a direção da Fenajufe explicou que a realização de alguns coletivos ficou prejudicada em função das mobilizações e greves pelo reajuste salarial, mas reconhece que é necessário desenvolver uma política nessa área, inclusive para os servidores ativos que estão próximos da aposentadoria. Embora o evento não tivesse caráter deliberativo, foram encaminhadas várias sugestões para análise da diretoria executiva. Na sequência, proferiu palestra o Assessor Parlamentar da Fenajufe, Antonio Augusto de Queiroz, sobre os principais projetos de interesse dos aposentados, que se acham em andamento. Iniciou falando sobre o 6613/09 (PCS), por ser o projeto de maior expectativa de toda a categoria. Na visão dele esse projeto deverá ser aprovado em 2012, ainda que sofra alteração de conteúdo ou parcelamento. Isto porque o atual Presidente do STF é mais zeloso que seu antecessor e já se reuniu com a Presidenta Dilma e a Equipe Econômica do Governo, embora o teor das tratativas não sejam divulgadas. Lembrou que algumas circunstancias dão esse indicativo: a despesa frente a receita está caindo. Com a aprovação da Previdência Complementar cai a despesa para o

5 Governo. Então, o argumento de elevação de despesa não deverá prevalecer, ensejando a possibilidade de reajuste salarial, embora saibamos que não está descartável a alegativa de crise internacional. A seguir, falou sobre as PECs 36/2008 e 441/2005, que tratam da paridade nas pensões, as quais passam por alguns entraves, necessitando de forte mobilização da categoria para aprovação. Outra PEC analisada foi a de nº 555/2006, que isenta da contribuição previdenciária os proventos de aposentadoria dos servidores públicos e pensões. Encontra-se em Plenário, aguardando inclusão na Ordem do Dia para votação em dois turnos. Representa um anseio dos aposentados e pensionistas. Corrigirá uma injustiça cometida no curso da Reforma da Previdência, contra os aposentados e pensionistas do Regime Próprio, posto que não há essa contribuição para os do Regime Geral. Portanto, não há motivo que justifique penalizar só esse grupo que atualmente contribui, já que os futuros aposentados receberão valores do Regime Geral, os quais, hoje já são isentos. Atualmente, já se vislumbram condições de aprovação com os precedentes da PEC 270 e da Previdência Complementar, recentemente aprovadas. Outro aspecto a considerar é a paridade, que no Executivo vem sendo quebrada para algumas carreiras. Sugeriu que intensificássemos a pressão junto aos parlamentares, para que formulem requerimento de inclusão em pauta, providência que foi determinante para aprovação da PEC 270, ao atingir aproximadamente quatrocentos pedidos. Salientou que, a versão original da Reforma da Previdência não taxava aposentados. Foi uma imposição dos Governadores e Prefeitos ao Governo Federal. Atualmente, existe uma extensa lista de projetos, sendo impossível discorrer sobre cada um deles em breve espaço de tempo. Referida lista foi distribuída aos presentes e estará disponível no endereço : Por último, a Fenajufe organizou um passeio pelos principais pontos da cidade, disponibilizando transporte para os que desejassem participar. Eliete Maia