O SESI vai às empresas

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1 ATENDIMENTO O SESI vai às empresas Com o foco na indústria, a entidade leva seus serviços aos locais de trabalho O gerente de Mercado da unidade do SESI em Pelotas (RS), Cláudio Pereira, define de forma precisa os esforços da Instituição para levar até empresários, trabalhadores e comunidades industriais serviços integrados de educação, saúde e lazer. A nossa missão é no chão da fábrica, afirma. Um dos resultados mensuráveis desse trabalho está na área da educação: dos alunos inscritos em 2004 nos cursos de ensino básico e fundamental em todo o País, 40% são estudantes das salas de aula instaladas em locais de trabalho. O compromisso de focar a atuação na indústria, um dos principais pontos do Plano Estratégico do SESI para o período de 2000 a 2004, norteou as ações dos departamentos regionais nos últimos quatro anos. Quanto mais intimamente levamos os nossos programas para o foco da empresa, melhor cumprimos o compromisso, diz Rui Lima do Nascimento, diretor-superintendente do SESI Nacional. Em Minas Gerais, as ações de alguns programas na área da saúde já estão 100% dentro das empresas, segundo levantamento do Departamento Regional mineiro. É o caso, por exemplo, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMO) e 1 FOTO: CAROL REIS 4

2 2 FOTO: SESI/MARANHÃO Capa e 1. Na Bahia, programa SESI Arte na Empresa com o coral da Bahia Sul Celulose leva música para trabalhadores e comunidade; 2. No Maranhão, trabalhadores participam do SESI Ginástica na Empresa; 3. No Rio Grande do Sul, Pereira, gerente da unidade de Pelotas: a missão do SESI está no chão da fábrica das ações educativas na saúde, como palestras sobre prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis. Isso representa menor custo para a empresa com deslocamento de funcionários, menor absenteísmo (ausência do trabalho) e ganho institucional com a visibilidade do benefício, explica o gerente de Saúde, Fernando Coelho Neto. A teoria se confirma na prática. Os programas contribuíram para reduzir de forma significativa os porcentuais de absenteísmo da Soldering, fábrica de implementos agrícolas, que tem 250 empregados, em Betim. Em janeiro, a empresa registrou apenas quatro faltas, segundo a gerente de Recursos Humanos, Júnia Dutra. TENDÊNCIA Já chegamos a ter entre 40% e 50% de faltas no mês, calcula. Os exames médicos e os tratamentos odontológicos são realizados dentro da empresa. Os trabalhadores não só têm melhor desempenho porque não precisam se deslocar, como também trabalham mais tranqüilos por saber que serão socorridos se tiverem problemas de saúde, afirma. O conceito de levar os serviços para dentro das empresas, em especial os da área da saúde, segue uma moderna tendência da medicina, segundo o gerente de Saúde e Segurança do Trabalho do SESI Nacional, Vitor Gomes Pinto. Os atendimentos 3 médicos, lembra o gerente, têm de ser executados onde estão as pessoas. É por isso que estão na periferia, onde se encontram as crianças e as mulheres, clientela principal. Mas, como as mulheres passaram a trabalhar e estão nas empresas, seguindo esse conceito, o SESI está nas fábricas, conclui. Aos poucos os DRs levam também os dentistas para o chão da fábrica por meio de unidades móveis e consultórios. No Frigorífico Extremo Sul, em Capão do Leão (RS), um consultório odontológico montado dentro da fábrica atende cerca de 24 trabalhadores por semana, nos três turnos de trabalho. O atendimento inclui os familiares, destaca o diretor da empresa, José Alfredo Knorr. Seu objetivo é que todos os empregados e familiares concluam o tratamento subsidiado pelo Frigorífico. A qualidade é ótima e tem a vantagem que não temos de sair, não perdemos tempo nem gastamos com transporte, diz Kátia Rejane de Paula Faria, auxiliar do Departamento Pessoal. Ela diz que pode marcar a consulta com uma semana de antecedência e não arca com nenhum custo, absorvido pela indústria. Isso é um estímulo para o trabalhador, que fica muito mais satisfeito com a empresa na qual trabalha, conclui. Também no Rio Grande do Sul, a Lifemed Industrial, fabricante de equipamentos industriais com 200 empregados, instalada em Pelotas, colheu os frutos pelo trabalho social realizado na fábrica. No ano passado, seu diretor-presidente recebeu menção honrosa do Centro das Indústrias de Pelotas. À medida que a empresa contribui para FOTO: SESI/RIO GRANDE DO SUL 5

3 ATENDIMENTO FOTO: SESI/RIO GRANDE DO NORTE 1 6 melhorar a qualidade de vida do trabalhador, melhora sua satisfação, sua relação com o empregador e os resultados na produção também aparecem, diz Fany Bicca, analista de Recursos Humanos. Um dos principais programas desenvolvidos na fábrica é o SESI Ginástica na Empresa. Na área da educação, alguns dados preliminares indicam que quase a metade dos serviços oferecidos no ano passado foi executada dentro das empresas. Em Minas Gerais, 50% dos cursos de ensino básico e fundamental são ministrados nas fábricas, segundo a gerente de Educação, Keyla Mayumi. No âmbito nacional, o número de turmas no interior das fábricas chega a A facilidade de acesso garante a permanência do aluno no curso. Além disso, o ensino no local de trabalho, segundo Mayumi, permite maior flexibilidade de horário e a melhor qualificação da mão-de-obra da empresa. A demanda por salas de aulas nas indústrias cresce cerca de 10% ao ano, segundo a gerente de Educação de Jovens e Adultos do Departamento Nacional, Maria Gorette Góis de Pinho. Esse é o foco e vamos continuar buscando esse objetivo, afirma. NOVIDADE NA GINÁSTICA A tendência é a mesma nas ações de Lazer e Esporte. Desenvolvido para ser executado no local de trabalho, o SESI Ginástica na Empresa é o programa realizado integralmente dentro das empresas em todas as regiões do País. Na Bahia, o programa passou por um desdobramento que deu origem ao SESI Ginástica na Empresa Personalizado. Para atender a demanda de preparação física do pessoal da brigada de incêndio da Refinaria Landulfo Alves, em Mataripe, distante 100 quilômetros de Salvador, o SESI elaborou uma série de exercícios para melhorar o desempenho cardiovascular, elevar a massa muscular e oferecer preparo físico necessário para essa atividade. Esse trabalho é indicado para quem precisa estar preparado para subir e descer escadas, correr e carregar peso, como é o caso do pessoal da brigada, explica a analista de Processos do SESI em Salvador, Tânia Cardoso. Os resultados, avalia, foram excelentes e os profissionais perceberam que

4 a mesma técnica poderia ser utilizada para melhorar o condicionamento físico e de saúde de trabalhadores com tendência a hipertensão, diabetes, obesidades, entre outros tipos de doenças. A idéia foi aplicada na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras (Facem), localizada no Pólo Petroquímico de Camaçari, a 70 quilômetros de Salvador. O trabalho é feito em parceria com a área médica, que faz a avaliação física com base em alguns índices, como o de massa corpórea, relação cintura e quadril e porcentual de gordura. O empregado é encaminhado ao programa pelo médico, diz Tânia. Um ano depois de se submeter aos exercícios de condicionamento físico, o auxiliar de manutenção Ederival Neves Santana obteve, aos 47 anos, o melhor resultado de sua carreira de 27 anos de empresa em um exame médico periódico. Isso é uma vitória, segundo ele, que havia anos lutava contra graves problemas de má circulação sangüínea, hipertensão e dores nas pernas. O caminho para a solução de seus problemas, lembra o trabalhador, começou no programa SESI Ginástica na Empresa. Os 12 minutos diários de exercícios aliviavam as dores e percebi que a ginástica poderia me ajudar, afirma. Depois de uma conversa com o médico, o trabalhador foi encaminhado para o SESI Ginástica na Empresa Personalizado. Passei a fazer exercícios contínuos e orientados, o que é muito diferente da simples caminhada na rua que fazia anteriormente. A eficiência do programa na Facem conta com uma outra iniciativa do SESI: a presença de um especialista da instituição na empresa, todos os dias da semana, para acompanhar o trabalho realizado com cada um dos trabalhadores. Aqui estou in loco prescrevendo as atividades, diz o professor de educação física do SESI-BA, Sergio de Jesus Araújo. Sua presença na empresa, ele explica, facilita a intervenção para melhorar a saúde dos empregados. É o SESI prestando serviço direto ao seu consumidor, que é o trabalhador, e a empresa. Estar na fábrica é conhecer melhor o cliente, segundo Antônio Eduardo Muzzi, gerente de Lazer e Esportes, do Regional mineiro. O atendimento de qualidade dentro da companhia, segundo ele, resulta em outro serviço pelo aumento da confiança do cliente com o SESI. Esse relacionamento proporciona maior fidelidade com o SESI e os contratos são renovados por mais tempo, informa. ATRAÇÃO DE LAZER No Pará, onde metade das ações do SESI está no interior das companhias e metade nos Centros de Atendimento ao Trabalhador (CATs), segundo estimativas do gerente de Lazer, Eder Palheta, o Almoço Musical, uma atração da área do Lazer, anima os trabalhadores e ajuda a divulgar outros serviços da instituição. 3 Levamos os músicos para a fábrica e nos intervalos das canções falamos sobre a importância dos programas de prevenção de acidentes de trabalho e do aumento do nível de escolaridade, entre outros temas, explica Palheta. Quem tiver interesse pode aproveitar a ocasião também para se inscrever nos cursos de educação. É fundamental 2 1. No Rio Grande do Norte, trabalhadores têm aula em dependência da empresa; 2. Em Santa Catarina, SESI Alimentação é responsável por refeições de qualidade no refeitório da fábrica; 3. No Ceará, Teatro de Bonecos transforma aula sobre normas de segurança em momentos de lazer FOTO: SESI/CEARÁ 7 FOTO: SESI/SANTA CATARINA

5 ATENDIMENTO FOTO: SESI/RORAIMA FOTO: SESI/ALAGOAS que não só o empresário, como também o trabalhador, entendam o SESI como um parceiro nos trabalhos, diz Palheta. Com essa estratégia, o DR paraense conquistou parceiros como a Socôco Agroindústria do Amazonas. A parceria se estende pelas diversas áreas. A Socôco mantém uma telessala para cursos de ensino básico e fundamental com a supervisão de profissionais do SESI. No ano passado, 35 trabalhadores concluíram o segundo grau. Os colaboradores interessados em estudar este ano já começaram 1 a fazer suas matrículas, segundo o gerente-administrativo Elias Moreira Sousa. As necessidades sociais da empresa estão sendo preenchidas e isso é fundamental para a satisfação do empregado. O objetivo é que esse trabalho se reflita de maneira positiva em nossa produção, conclui Sousa. TEATRO NA FÁBRICA Iniciativas de lazer no Nordeste também entram nas companhias levando importantes mensagens para os trabalhadores. Um exemplo de sucesso é o Teatro de Bonecos do Ceará. Mensagens sobre prevenção de acidentes de trabalho e de doenças crônicas, além da preservação do meio ambiente, entre outras, são passadas por bonecos de fantoches aos industriários, com apresentações feitas no próprio local de trabalho. Programas como o SESI Ginástica na Empresa, além de atividades esportivas, apresentações teatrais e culturais de forma geral levam para dentro das indústrias conceitos inovadores sobre nutrição, atividade física, comportamento preventivo, relacionamento social e controle do estresse. Os efeitos positivos 2 desse trabalho foram constatados numa pesquisa realizada pelo DR de Santa Catarina. O levantamento mostra que as iniciativas esportivas e de lazer elevaram em 14% o número de trabalhadores que realizam atividades físicas no período de lazer. O importante é que esses novos conceitos estão sendo assimilados pelos trabalhadores e levados para suas casas e comunidades, diz Luiz Carlos Marcolino, gerente de Lazer do Departamento Nacional. Contribuir para que as empresas cumpram sua responsabilidade social também é um dos objetivos dos programas e da presença do SESI nas fábricas, lembra o diretor-superintendente do Departamento Nacional. Dessa forma, muitas de nossas ações atingem as comunidades, ressalta Rui Lima do Nascimento. Na Paraíba, a Empresa de Correios e Telégrafos oferece em parceria com o SESI atendimento médico a empregados e seus dependentes. Desse total, trabalham na região metropolitana de João Pessoa e utilizam os serviços há dois anos. Outros 400 são empregados da companhia em Campina Grande e recebem o benefício desde janeiro último. Esse investimento em saúde preventiva resultou em uma redução de cerca de 20% dos gastos da companhia nessa área, segundo estimativas do gerente Regional dos Correios, Ricardo Aurélio Araújo. Um projeto que prevê a instalação de salas de aula no interior das fábricas ganhou no Rio de Janeiro o nome de Classe Anexa. Nos últimos três anos, já ofereceu ensino médio e fundamental a 40 mil alunos de empresas de diversos portes, incluindo grandes como Votorantim, Souza Cruz, General Electric e Infraero, entre outras. Essa é uma solução que integra traba- 8

6 3 FOTO: SESI/GOIÁS 1. Em Roraima, empregado da Eletronorte é atendido na empresa pelo programa SESI Anti-Stress; 2. Em Alagoas, na Usina Triunfo, grupo de alunos alfabetizados no local de trabalho pelo programa SESI Educação do Trabalhador; 3. Em Goiás, o programa SESI Teatro na Empresa leva para dentro da fábrica orientação sobre os malefícios das drogas e prevenção de acidentes no trabalho lho e educação e permite maior flexibilidade no atendimento, diz o superintendente do Departamento Regional do Rio de Janeiro, Fernando Guimarães. PLANO ESTRATÉGICO A idéia da iniciativa, segundo Guimarães, é contribuir para elevar o nível de escolaridade nas companhias. As empresas entraram num processo de modernização e os trabalhadores tinham de acompanhá-las, afirma. No ano passado, 67 empresas fluminenses foram atendidas e 3,9 mil trabalhadores beneficiados pelo Classe Anexa. Uma das empresas é a Alfa Rio Química, fabricante de produtos químicos, com 52 empregados. O objetivo inicial, explica o diretor Richard Kessedjian, era elevar o nível escolar dos alunos para conquistar certificações, como ISO 9000 e fazer com que a qualificação e a especialização da mão-de-obra acompanhassem a melhora de qualidade de seus produtos. Tínhamos profissionais muito antigos que não tinham sequer o ensino fundamental completo, afirma. A empresa montou então uma sala de aula e contratou profissionais do SESI para ensinar seus alunos. A meta foi alcançada e o trabalho se estendeu aos familiares dos empregados. Hoje, temos uma sala com 22 alunos e é muito bom ver, no final da tarde, senhoras de 60 anos chegando para assistir aula, diz o diretor. O projeto Classe Anexa mudou a vida de Geraldo Araújo de Lima, 44 anos, 13 dos quais trabalhando como vigilante na Alfa Rio. Depois que aprendi a ler e escrever, sou outro homem, leio livros, jornais e entendo tudo o que a professora escreve na sala de aula, comemora. No trabalho, a vida melhorou também: Agora sou eu quem preenche o livro de ocorrências que temos na portaria, completa. Ao cumprir o compromisso assumido no Plano Estratégico para o período entre 2000 e 2004, de focar seus objetivos na indústria e levar seus serviços aos locais de trabalho, o SESI, segundo o diretor-superintendente do DN, colaborou para tornar as empresas mais competitivas e produtivas. O resultado disso está também na melhoria da qualidade de seus produtos, afirma Rui Lima do Nascimento. A partir do próximo mês, o Plano Estratégico do SESI será revisado, mas o foco nas empresas será mantido, adianta o diretor-superintendente do SESI Nacional. 9