Como funciona o tratamento na clinica?

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1 Como funciona o tratamento na clinica? As sessões são realizadas de uma a três vezes por semana, dependendo de cada caso. Quando o paciente chega a nossa clínica com queixa de dor na região da cabeça, primeiramente o paciente é encaminhado á uma consulta com um neurologista, depois é realizada uma avaliação para detectar a origem dessa dor, se é primária, secundária, crônica, ou decorrente de uma DTM (Disfunção temporomandibular), estresse, má postura, obstrução neuromuscular, obstrução vascular e etc., em seguida é determinado quais técnicas serão realizadas para o tratamento, acupuntura, osteopatia, eletrotermoterapia, conscientização corporal ou fisioterapia manipulativa. Durante cada sessão é monitorado a evolução do tratamento e repassado técnicas para o próprio paciente realizar em casa, e por fim realizamos uma sessão de manutenção quinzenal ou mensal para prevenir reincidivas. Porque algumas cefaléias persistem mesmo com o uso de medicamentos? Existe uma gama de nervos, artérias, veias, vasos sanguíneos e sistema linfático envolvido no complexo cabeça e pescoço. Disfunções articulares, espasmos e hipertonia muscular nessa região pode obstruir a passagem desses condutores, como por exemplo, uma tensão crônica nos músculos suboccipitais causada por estresse ou má postura comprimindo os nervos circunvizinhos ou um desalinhamento das vértebras cervicais comprimindo a artéria vertebral, são alguns das disfunções que causam a cefaléia. Os analgésicos e relaxantes musculares têm ação temporária que melhora a crise por um tempo, porém a raiz do problema pode está em uma disfunção articular ou hiperatividade muscular, só a associação do tratamento medicamentoso com uma ação direta para corrigir esses desalinhamentos pode tratar a causa e não somente o sintoma, como manipulação articular, mobilização muscular, acupuntura, e ainda, um trabalho de conscientização corporal para evitar essa hiperatividade muscular, quer seja durante o trabalho, quer seja ao conduzir seu carro ao voltar para casa.

2 Pode-se afirmar que cefaléia é sintoma tão freqüente na população geral, que raro é o indivíduo que nunca a apresentou. Rasmussen ET AL. 1 estimaram a prevalência das cefaléias ao longo da vida, em 93% dos homens e 99% das mulheres. As cefaléias mais prevalentes na população são a cefaléia tipo tensional, com prevalência ao longo de um ano ao redor de 63% dos homens e 86% das mulheres1 e a migrânea, com prevalência anual ao redor de 6% dos homens e 15% das mulheres 2, As palavras migrânea e enxaqueca são sinônimas e podem ser indistintamente usadas. 3 Uma unidade de emergência, Zukerman ET AL. referiam que 70,7% dos casos de cefaléia tinham etiologia primária, sendo 26,5% migrânea (enxaqueca), 7,8% cefaléia tipo tensovascular e 29% cefaléia do tipo tensional. 4,5 As cefaleias podem ser primárias ou secundárias. As primárias como a enxaqueca, a cefaleia do tipo tensional, a cefaleia em salvas, tem características próprias e a recorrência da dor é a principal manifestação da doença. As cefaleias secundárias são dores de cabeça como sintoma de outras doenças como infecções (sinusites, meningites), traumas, tumores cerebrais, aneurismas, alterações metabólicas e hormonais. É de extrema importância a distinção entre esses dois tipos de cefaleia primária ou secundária, pois enquanto as primeiras interferem na qualidade de vida, por serem crônicas, as segundas podem ter complicações graves e mesmo fatais, na dependência da etiologia da doença causadora da cefaleia 6;7. Alguns critérios são necessários para que uma cefaléia possa ser considerada secundária a alguma moléstia (7): que a moléstia em questão sabidamente seja capaz de causar cefaléia, que a cefaléia tenha surgido em estreita relação temporal com a moléstia ou que haja outra evidência de relação causal, que haja acentuada redução ou remissão da dor em três meses (ou menos para alguns distúrbios) após

3 tratamento efetivo ou remissão espontânea do distúrbio causador. 8;9. A Sociedade Internacional de Cefaleias (IHS, na sigla em inglês) divulga as situações que indicam uma maior possibilidade de uma cefaléia ser secundária. São elas: a) Cefaléia com início após os 50 anos de idade; b) Cefaléia nova, intensa e de início súbito; c) Mudança inexplicável no padrão da cefaléia; d) Cefaléia que acorda o paciente durante a noite; e) Cefaléia refratária ao tratamento (com drogas e doses adequadas); f) Cefaléia relacionada ao esforço físico, tosse ou atividade sexual; g) Cefaléia associada ao câncer; h) Cefaléia de início recente em paciente imunocomprometido (ex: Aids, neoplasia, uso de imunossupressores); i) Cefaléia associada a sinais neurológicos focais (ex: papiledema, rigidez de nuca, paralisia); j) Cefaléia associadas à alteração do estado mental ou da consciência 10. Impacto Sócioeconômico da cefaléia. Segundo a Organização mundial (OMS) a cefaléia está entre as vinte causas mais frequentes de incapacidade. 3% da população têm cefaléia tensional, A migrânea (Enxaqueca) e a cefaléia tensional podem pertencer ao grupo das Cefaléias crônicas diárias (CCD), elas se caracterizam por ocorrer mais de 15 dias ao mês e mais de 180 dias ao ano. A CCD exerce grande impacto na qualidade de vida, com taxas de incapacidades de 74%, perda do trabalho em 11,8%, perda de mais de 40 dias de trabalho ao ano de 40 %, transtornos depressivos entre 17 e 45%, ansiedade 69% e alterações do sono 80%. Cefaléia tensional e enxaqueca têm incidência 23% e 18% respectivamente entre estudantes universitários, em um estudo canadense detectou que 77% dos portadores de CCD têm limitações de suas atividades, 50% interrompem suas atividade e 30% tem de se deitar. Um estudo na Universidade de Ribeirão Preto SP identificou que o sofredor de enxaqueca tem diminuição da produção escolar em 62%, comparado com os que sofriam de cefaléia tensional que tiveram uma diminuição de 24,4% da produção escolar, Houve uma redução de 20% na capacidade de estudar nos alunos portadores de cefaléia crônica diária. São tidos como fatores causadores da enxaqueca a Tiramina, presente nos queijos e a etilamina presente nos chocolates, aspartame, cafeína, sulfitos, nitratos e histamina. Estudo com 577 paciente com enxaqueca mostrou que os alimentos definitivamente associados com o desencadeamento da crise foram o queijo, chocolate, vinho tinto e cerveja 10,11,12. Os efeitos da Cefaléia Crônica diária sobre a vida profissional podem ser resumidos no seguinte esquema: Crises intensas Perda de dias de serviço Diminuição da produtividade Ansiedade Rebaixamento de status econômico Diminuição da renda Limitações das oportunidades de trabalho Comportamento de esquiva Cefaléia Tipo Tensional A Cefaléia do Tipo Tensional (CTT) caracteriza - se por dor cefálica de caráter constritivo, geralmente bilateral, de intensidade leve a moderada, não agravada por atividades físicas de rotina e com duração variável entre 30 minutos e 7 dias 13. Causas da (CTT)

4 A (CTT) é causada por tensão miofascial dos músculos da cabeça e do pescoço. Indivíduos simpáticotônicos ( que apresentam o sistema simpático acentuado), má postura, estresse emocional, traumas, posições mantidas por tempo prolongado como digitar, estudar e realizar trabalhos manuais delicados que exigem concentração, são alguns dos fatores que pode fazer com que o paciente, contraia a musculatura do pescoço de forma inconsciente por muito tempo, aproximando os ombros das orelhas, ou ainda, aperte a mandíbula, contraindo a musculatura da ATM (articulação temporomandibullar). Essa hiperatividade muscular pode causar espasmos, hipertonia e encurtamentos, e por conseguinte, a musculatura do pescoço e cabeça hiperativada comprime nervos, artérias e vasoso sanguíneos que passam no interior ou adjacentes a esse ventre muscular. As compressões estimulam nociceptores causando sensação de dor na região da cabeça e pescoço, Os nociceptores são receptores silenciosos e não captam, respondem ou sentem estímulos normais, somente quando estimulados por uma ameaça em potencial ao organismo humano, eles desencadeiam o reflexo da dor. A cefaléia tensional pode vir associada à enxaqueca e evoluir para síndrome dolorosa miofascial. As tensões geradas na musculatura cabeça e pescoço de forma crônica são transmitidas através da miofáscia para grupos musculares circunvizinhos acarretando dor muscular em toda região das costas, pontos de tensões e dores irradiadas para os braços, caracterizando também um quadro de síndrome dolorosa miofascial. Técnicas de fisioterapia como acupuntura, osteopatia, mobilização neural, fisioterapia manipulativa, conscientização corporal e pilates, são de grande valia para o tratamento da cefaléia, essas equilibram a energia e relaxam a musculatura, desobstruem o caminho dos nervos, artérias e vasos sanguíneos, combatem as hipertonias musculares e melhoram a postura obtendo excelentes resultados para o paciente portador dessa disfunção. Enxaqueca ou migrânea. Etiologia

5 Enxaqueca é uma doença multifatorial. Fatores genéticos, ambientais (stress, poluição, barulho, mudanças climáticas, odores), dietéticos (glutamato monossódico (Ajinomoto), nitratos (presente em salsichas, salames), aspartame, cafeína (café, chá, Coca-Cola), álcool (vinho tinto) e jejum; hormonais (ovulação, menstruação, pílula anticoncepcional) e irregularidade dos padrões de sono são implicados como mecanismos causadores da enxaqueca. As cefaleias são frequentemente hereditárias e mais comuns em mulheres. É aconselhável procurar um médico neurologista para obter um diagnóstico correto. Causas A enxaqueca é uma doença multifatorial, várias são as causas conhecidas pela medicina. A soma de fatores genéticos, ambientais (cigarro, poluição, variação climática, odores de perfumes e produtos químicos), hormonais, comportamentais (alto grau de exigência, oscilação do humor, irritabilidade, ansiedade, depressão), sono (dormir muito, dormir pouco) compõem os aspectos mais importantes. Existem mitos como a enxaqueca ser causada por problemas do fígado, que não são cientificamente comprovados Características da enxaqueca A Sociedade Internacional de Cefaleias edita desde a década de 1980 uma classificação de dores de cabeça, que atualmente chega a cerca de 150 formas. A enxaqueca é uma das mais frequentes. Embora cada pessoa perceba a enxaqueca de uma maneira diferente,esse tipo de cefaleia é caracterizado por dor pulsátil, usualmente em um dos lados da cabeça. Os pacientes podem apresentar também náusea ou vômitos e sensibilidade à luz e ao som, que podem causar incapacidade para realização de atividades cotidianas. A maior parte dos pacientes apresentam crises de enxaqueca sem "aura", que são distúrbios visuais como flashes de luz, pontos escuros na visão ou linhas em ziguezague. Os ataques/crises de enxaqueca variam de pessoa para pessoa, com duração de 4 a 72 horas. Alguns enxaquecosos apresentam manifestações que precedem a crise propriamente dita em várias horas ou até por período superior a 24 horas e podem funcionar como uma espécie de "aviso". Estas manifestações incluem: distúrbios do humor (irritabilidade, ansiedade, euforia, depressão), distúrbios do sono (sonolência, insônia), distúrbio intelectivos (embotamento mental, diminuição da concentração) e distúrbios gastrointestinais 15. Tipos de enxaqueca Pode-se dividir basicamente a enxaqueca em suas formas ditas com aura e sem aura. A aura seria um fenômeno neurológico específico, como a ocorrência de escotomas, alterações visuais, que em geral precedem em minutos o aparecimento da dor. Nem sempre esse tipo de alteração ocorre - daí a ocorrência da chamada enxaqueca sem aura, por sinal mais comum. Tais alterações ocorreriam por distúrbios elétricos negativos ao nível do córtex cerebral, em especial na região occipital, responsável pela visão.

6 Bibliografia 1. Rasmussen BK, Jansen R, Olesen J. A population-based analysis of the diagnostic criteria of the International Headache Society. Cephalalgia. 2. Rasmussen BK. Epidemiology of headache. Cephalalgia 1995;15: Sociedade Internacional de Cefaleias. Subcomitê de Classificação das Cefaleias. Classificação internacional das cefaleias: revista e ampliada. 2nd ed. São Paulo: Alaúde; Zukerman E, Lima JGC, Hannuch SNM. Unidade de atendimento de agudos com cefaléia (UAAC): uma experiência nova em nosso meio. Rev Ass Med Bras 1989;35: BIGAL, M. E.; BIGAL, J. O. M.; BORDINI, C. A.; SPECIALLI, J. G. Avaliação da utilização do placebo nas crises agudas de migrânea sem áurea, migrânea com áurea e cefaléia do tipo tensional episódica. Arquivos de Neuro- psiquiatria, 2001; 59(3-A). 6. Headache Classification Committee of the International Headache Society. Classification of headache disorders, cranial neuralgias and facial pain". Cephalalgia, Vol.8 (Suppl. 7), pp "Headache Classification Committee of the International Headache Society. Classification of headache disorders, cranial neuralgias and facial pain". Cephalalgia, Vol.248 (Suppl. 1), pp Lance, J.W. "Miscellaneus headache unassociated with a structural lesion". In: Olesen, J.; Tfelt- Hansen, P.; Welch, K.M.A. (Eds.). The Headaches. New York, Raven Press Ltd., pp

7 9. Sociedade Brasileira de Cefaleia. "Recomendações para o tratamento da crise enxaquecosa: consenso da Sociedade Brasileira de Cefaleia". Arq. Neuro-Psiquiatr., Vol.58, no.2a, pp José G.. Cefaleias. Cienc. Cult. [online]. 2011, vol.63, n.2, pp ISSN Disponível em: Vasconcellos, D. Camargo Impacto da cefaléia tensional e migrânea na vida de estudantes universitários e fatores associados, Falavigna A, Teles AR, Velho MC, Vedana VM, Silva RC, Mazzocchin T, Basso M, Braga GL. Prevalence and impact of headache in undergraduate students in southern Brazil. Arq Neuropsiquiatr 2010; 68: SUBCOMITÊ DE CLASSIFICAÇÃO DAS CEFALÉIAS DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE CEFALÉIA. Classificação Internacional das Cefaléias. 2º edição. ICHDII. Tradução da Sociedade Brasileira de Cefaléia com autorização da Sociedade Internacional de Cefaléia. São Paulo: Farma, 2004: SANVITO, W. L. & MONZILLO, P.H.. Cefaléias primárias: aspectos clínicos e terapêuticos. Revista do Hospital das Clínicas e da Faculdade de medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - Brasil, Ribeirão Preto, v. 30, n. 4, p , dez, 1997.