LIVRO IV DO DIREITO DE FAMÍLIA
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- Giuliana Marroquim Carreira
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1 DIREITO DE FAMÍLIA
2 LIVRO IV DO DIREITO DE FAMÍLIA O direito de família consiste na área do direito civil que cuida de disciplinar as relações interpessoais nascidas de um vínculo afetivo, que leva pessoas a se agruparem, formando os núcleos chamados de família. Conceito de família: Muito difícil definir, varia ao longo da história de época para época e de sociedade para sociedade. Brasil: família patriarcal (modelo romano) desde a colonização até meados do século XX. Família estrutura predefinida: casamento entre um homem e uma mulher Família patriarcal: sujeição de todos os membros a uma figura masculina central (pater familias). O casamento era base da família patriarcal. A CF/88 trouxe inovações ao reconhecer os núcleos estáveis, bem como o núcleo formado por um deles apenas: Art A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração. 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010)
3 Promulgação de lei que amplie a disciplina jurídica da família a todo e qualquer núcleo formado pela união de pessoas em razão do afeto. Conceito de família: Núcleo formado por pessoas que vivem em comunhão em razão do mútuo afeto. Elementos configuradores da família: a vida comunitária, ou comunhão (conviver) e o afeto (elo que une as pessoas), vínculo conjugal (relação sexual), laço parental (não é apenas o sangue que víncula) Modelos de família previsto pela CF/88: família por casamento, união estável e família monoparental. Enumeração não fechado devido o princípio da dignidade da pessoa humana. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
4 Núcleo conjugal: todo grupamento formado em razão de um vínculo de amor conjugal entre duas pessoas. Modelos de família: 1) Família matrimonial/patriarcal: Grupamento conjugal por excelência. Elemento característico desse tipo de família é o casamento, que é o ato jurídico mais solene de todos (RODRIGUES, 1995) Modelo do controle Ex: Pai + Mãe + filhos 2) Família por união estável entre homem e mulher ou família informal ou família extramatrimonial: União de duas pessoas que optam por não se submeter à ingerencia do Estado em sua convivência por meio do casamento. 3) Família poliafetiva: Núcleo conjugal formado por mais de dois conviventes Ex: 1 homem e 2 mulheres, ou 1 mulher e 2 homens 4) Família mosaico: Núcleos formados por pessoas separadas e divorciadas, seus novos companheiros e s filhos de um ou de ambos. Art,. 41 1º ECA (Lei 8.069/90) Adoção pelo companheiro do pai ou mãe. 5) Família monoparental: Núcleo formado por apenas um dos pais e seu filho (os), seja em razão da morte do outro, ou de separação do casal, divórcio ou simplesmente abandono. 6) Família parental: não há vínculo conjugal. Formas de agrupamento: irmãos com irmãos, irmãos com primos, primos com primos, tios com sobrinhos, avós com netos, amigos, sogros com genro ou nora.
5 7) Família paralela: família formada pela união conjugal de uma pessoa casada ou que vive união estável e uma 3ª pessoa (concubinato adulterino) 8) Família homoafetiva: Formada por pessoas do mesmo sexo, unidas pelo vínculo conjugal. Antes do posicionamento do STF a entidade era reconhecida apenas como sociedade de fato e não como família. Jurisprudências: STF ADPF 132/RJ e ADI 4277/DF; STJ Resp /RS QUINTA-FEIRA, 05 DE MAIO DE 2011 SUPREMO RECONHECE UNIÃO HOMOAFETIVA Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgarem a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, reconheceram a união estável para casais do mesmo sexo. As ações foram ajuizadas na Corte, respectivamente, pela Procuradoria-Geral da República e pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. O julgamento começou na tarde de ontem (4), quando o relator das ações, ministro Ayres Britto, votou no sentido de dar interpretação conforme a Constituição Federal para excluir qualquer significado do artigo do Código Civil que impeça o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. O ministro Ayres Britto argumentou que o artigo 3º, inciso IV, da CF veda qualquer discriminação em virtude de sexo, raça, cor e que, nesse sentido, ninguém pode ser diminuído ou discriminado em função de sua preferência sexual. O sexo das pessoas, salvo disposição contrária, não se presta para desigualação jurídica, observou o ministro, para concluir que qualquer depreciação da união estável homoafetiva colide, portanto, com o inciso IV do artigo 3º da CF (proíbe a discriminação). Os ministros Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e Cezar Peluso, bem como as ministras Cármen Lúcia Antunes Rocha e Ellen Gracie, acompanharam o entendimento do ministro Ayres Britto, pela procedência das ações e com efeito vinculante, no sentido de dar interpretação conforme a Constituição Federal para excluir qualquer significado do artigo do Código Civil que impeça o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar.
6 Ações A ADI 4277 foi protocolada na Corte inicialmente como ADPF 178. A ação buscou a declaração de reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. Pediu, também, que os mesmos direitos e deveres dos companheiros nas uniões estáveis fossem estendidos aos companheiros nas uniões entre pessoas do mesmo sexo. Já na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, o governo do Estado do Rio de Janeiro (RJ) alegou que o não reconhecimento da união homoafetiva contraria preceitos fundamentais como igualdade, liberdade (da qual decorre a autonomia da vontade) e o princípio da dignidade da pessoa humana, todos da Constituição Federal. Com esse argumento, pediu que o STF aplicasse o regime jurídico das uniões estáveis, previsto no artigo do Código Civil, às uniões homoafetivas de funcionários públicos civis do Rio de Janeiro. Art É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
7 Princípios informadores do direito de família Princípio da dignidade da pessoa humana Princípio constitucional, que deve inspirar todo o ordenamento Dele decorrem: Princípio da igualdade, Princípio da liberdade, Princípio da intimidade etc. Princípio da pluralidade dos modelos de família Princípio implícito Conteúdo: Sempre que se estiver diante de um núcleo formado pela comunhão de pessoas em razão de um vínculo de afeto, estar-se-á diante de uma família Princípio geral do direito de família, com função ordenadora do casamento Princípio da monogamia Dever de fidelidade recíproca (art , I, CC/02) Proibição de bigamia (art , VI, CC/02) Princípio do melhor interesse do menor A criação e a educação dos filhos devem ser promovidas pelos pais com base no interesse dos filhos.
8 Lei /2006 (Lei Maria da Penha) Art. 5 o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (...) II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; (...)
9 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Lei /2009 (Nova Lei de Adoção) Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. Parágrafo Único - Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.
10 CASAMENTO (arts a e a 1.688) HISTÓRICO Holanda: 1º País a cogitar o casamento civil em Código Napoleão: 1ª grande Lei a dar disciplina ao casamento civil, que até então era matéria do direito canônico. Brasil: Até a proclamação da República: Casamento era religioso e celebrado pela Igreja Católica Após a laicização do Estado: casamento tornou-se civil, ou seja, passou a ser celebrado pelo Estado. Admite-se casamento celebrado em cerimônia religiosa possa ter efeito civil.
11 Conceitos: Casamento A união de duas pessoas, reconhecida e regulamentada pelo Estado, formada com objetivo de constituição de uma família e baseada no vínculo de afeto (TARTUCE E SIMÃO, 2010). O casamento é o vínculo jurídico entre o homem e a mulher, livres, que se unem, segundo as formalidades legais, para obter o auxílio mútuo e espiritual, de modo que haja uma integração fisiopsíquica, e a constituição de uma família (DINIZ, 2010).
12 Conceitos: CASAMENTO O casamento é um ato jurídico negocial, solene, público e complexo, mediante o qual um homem e uma mulher constituem família por livre manifestação de vontade e pelo reconhecimento do Estado (LÔBO, 2008). União formal entre um homem e uma mulher desimpedidos, como vínculo formador e mantenedor de família, constituída mediante negócio jurídico solene e complexo, em conformidade com a ordem jurídica, estabelecendo comunhão plena de vida, além dos efeitos pessoais e patrimoniais entre os cônjuges, com reflexos em outras pessoas (GAMA, 2008)
13 Natureza Jurídica - São 03 as correntes: TEORIA INSTITUCIONALISTA: O casamento seria uma instituição secular. Trata-se da união sagrada do homem e da mulher. É um a instituição que nasce com o pleno, real, geral e irrestrito consentimento dos nubentes para o enlace matrimonial, instituição secular. Por meio da criação deste poderoso instrumento de perpetuação da espécie consolida-se o ser humano por meio da criação de seus descendentes. É fundamental ressaltar que a instituição transcende aos limites dela própria, constituindo as bases de todo o Estado Moderno e Soberano. Principais seguidores: Maria Helena Diniz e Rubens Limongi
14 TEORIA CONTRATUALISTA: O casamento é um contrato de natureza especial e com regras próprias de formação, ou seja, um trato conjunto entre duas pessoas de sexos diferentes, equiparável ao direito obrigacional, em que caberia a cada qual ser polo passivo e/ ou ativo em determinadas situações. É evidente que esta teoria, desprovida da bênção sacrossanta, não poderia vingar no Direito Brasileiro. Fundamento no Código Civil Português Principais seguidores: Silvio Rodrigues
15 TEORIA MISTA OU ECLÉTICA: O casamento é uma instituição quanto ao conteúdo e um contrato quanto à formação. Principais seguidores: Eduardo Leite, Flávio Barros, Roberto Lisboa, Guilherme Calmon, Flávio Tartuce e José Simão. O casamento se constitui num negócio jurídico especial, com regras próprias de constituição e princípios especiais que não existem no campo contratual.
16 Código Civil Português Art o casamento é um contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida, nos termos e disposições deste Código.
17 CASAMENTO Princípios do casamento: Princípio da monogamia: pode ser extraído do art , VI, do CC, uma vez que não podem casar as pessoas casadas; o que constitui um impedimento matrimonial a gerar a nulidade absoluta do casamento (art , II, do CC). Princípio da liberdade de escolha, como exercício da autonomia privada: Salvo os impedimentos matrimoniais, há livre escolha da pessoa do outro cônjuge como manifestação da liberdade individual. (art do CC) Princípio da comunhão plena de vida, regido pela igualdade entre os cônjuges: o casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges (art CC). pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família (art CC).
18 CAPACIDADE PARA O CASAMENTO Incapacidade para o casamento: é geral Impedimentos matrimoniais: atingem determinadas pessoas, em situações específicas. Ou seja, envolvem a legitimação (que é a capacidade especial para celebrar determinado ato ou negócio jurídico).
19 DA CAPACIDADE PARA O CASAMENTO Art O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. **Não há regras específicas quanto a capacidade para o casamento. Assim sendo, são incapazes para casar: - Os menores que ainda não atingiram idade núbil, que é 16 anos. - Os enfermos e doentes mentais sem discernimento para a prática dos atos da vida civil (art. 3º, II, CC) - As pessoas que por causa transitória ou definitiva não puderem exprimir vontade (art.3º, III, CC)
20 DA CAPACIDADE PARA O CASAMENTO Enunciado nº 512 do CJF O art do Código Civil, que exige autorização dos pais ou responsáveis para casamento, enquanto não atingida a maioridade civil, não se aplica ao emancipado. - Divergência entre os pais (art , Parágrafo Único) - Denegação do consentimento por parte dos pais, do tutor ou curador (injusta) art Revogação da autorização pode acontecer até o momento da celebração (art ) - Permissão para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez (art ): Polêmica com duas novas leis, Lei /2005 (revoga o art CC na parte que tratava da extinção da pena criminal) e a Lei /2009 (não é mais possível o casamento do menor com aquele que cometeu o crime art. 217 A CP
21 IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS Sendo o casamento um ato extremamente solene, não basta que os nubentes tenham capacidade para casar, o direito exige que não se encontrem impedidos de casar. IMPEDIMENTOS DIRIMENTES PÚBLICOS (art ): Impedem taxativamente o casamento, e se vier a acontecer será NULO. Configuram matéria de ordem pública.
22 IMPEDIMENTOS Art Não podem casar: I os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II os afins em linha reta; III o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V o adotado com o filho do adotante; VI as pessoas casadas; VII o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. ** Bigamia: crime CP Art Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
23 IMPEDIMENTOS IMPEDIMENTOS DIRIMENTES PRIVADOS: Invalidam relativamente o casamento, ou seja, ensejam a anulabilidade e não sua nulidade. Art É anulável o casamento: I de quem não completou a idade mínima para casar; II do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; III por vício da vontade, nos termos dos arts a (erro e coação); IV do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; V realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; VI por incompetência da autoridade celebrante. Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.
24 IMPEDIMENTOS IMPEDIENTES (causas suspensivas, art CC): São circunstancias que se alegadas por algum dos legitimados adiam a realização do casamento até que se tome certas providências ou decorra um certo prazo, sob pena de IMPOSIÇÃO DO REGIME DA SEPARAÇÃO DE BENS, embora o casamento seja válido (casamento não é nulo, nem anulado). Das causas suspensivas Art Não devem casar: I o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
25 HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO Habilitação: procedimento precedente à sua celebração para verificar se os nubentes se encontram ou não impedidos de casar, por esta razão é cheio de detalhes e solenidades. Habilitação (4 etapas): Apresentação de documentos, proclamas, registro e extração de certificado. Art A habilitação será feita perante o oficial do Registro Civil e, após a audiência do Ministério Público, será homologada pelo juiz. Art A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº , de 2009) Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz. (Incluído pela Lei nº , de 2009) que decidirá sem recurso (Lei 6.015/73, art. 67 2º) Revogado - Não estarão sujeitas ao pagamento de selos, emolumentos e custas cartorárias, para fins de habilitação para o casamento, as pessoas que se declararem pobres (PÚ, art )
26 HABILITAÇÃO a) Apresentação de documentos Para obter a habilitação ambos os nubentes devem assinar um requerimento e instruí-lo com os documentos constantes no art CC: Art O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos: I - certidão de nascimento ou documento equivalente; II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra; III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar; IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos; (conhecida como memorial) V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio. - Mandatário deve ter poderes especiais para tanto
27 HABILITAÇÃO Art É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens. Apresentados os documentos, deve o oficial do registro esclarecer os nubentes sobre os diversos impedimentos. Apesar de a lei mencionar apenas os fatos que podem ocasionar a invalidade, os impedimentos dirimentes, deve-se ressaltar: Impedimentos dirimentes públicos nulidade Impedimentos dirimentes privados - anulabilidade
28 HABILITAÇÃO b) Proclamas (edital): Art Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se houver. Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação. - Esse edital deverá ser afixado durante 15 dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes (diferentes distritos de RC publicação tanto em um quanto no outro)
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30 EXEMPLOS DE PROCLAMAS
31 HABILITAÇÃO Objetivo dos proclamas é dar publicidade à intenção dos nubentes de casar, abrindo a possibilidade de que possam ser arguidos impedimentos, principalmente os dirimentes públicos. Art Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas. - Não se admite arguição anônima.
32 HABILITAÇÃO Art O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu. Parágrafo único. Podem os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
33 HABILITAÇÃO c) Registro: Após a análise dos documentos apresentados e extraído os proclamas, bem como ouvido o Ministério Público e findo o prazo de 15 dias de afixação do edital, o oficial procederá ao registro do edital para serem perpetuados e para que os interessados possam obter certidão. - Se os nubentes residirem em distritos do RC diversos a habilitação correrá em apenas um deles, à eleição dos requerentes. O edital e o registro deverá ser em ambos.
34 HABILITAÇÃO d) Extração de certificado: Art Cumpridas as formalidades dos arts e e verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação. Art A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado. -Encerradas as etapas anteriores, o oficial extrairá o certificado de habilitação. -Após o prazo de 90 dias os nubentes deverão se submeter a nova habilitação.
35 NOIVADO/ESPONSAIS/PROMESSA RECÍPROCA DE CASAMENTO FUTURO a) Não é casamento b) Não é união estável c) Pode ser rompido antes do casamento Princípio da total esponeidade de vontade O noivado não vincula os promitentes, sendo lícito o exercício de direito de RETIRADA DA PROMESSA A QUALQUER TEMPO. RESPONSABILIDADE CIVIL PELO ROMPRIMENTO DE NOIVADO a)só existe obrigação de reparar se o rompimento foi imotivado, ou seja, aquele que não decorre de um comportamento culposo do NUBENTE ABANDONADO. b) Danos indenizáveis: b.1) Danos materiais relativos aos aprestos ou preparativos b.2) Danos morais
36 NOIVADO/ESPONSAIS/PROMESSA RECÍPROCA DE CASAMENTO FUTURO O CC/16 já não trazia e o CC/02 também não traz, mas a referida ausência, todavia, não significa em absoluto que as esponsais não gerem nenhuma responsabilidade atualmente, vez que o artigo 186 do Código Civil de 2002 determina que aquele "que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Complementando o artigo anterior, fixa o artigo 927 do mesmo texto legal que aquele "que, por ato ilícito (artigos 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Nos tribunais o tema nunca foi tão pacífico, mas há julgados deferindo indenizações em casos tais, como se infere da seguinte ementa emanada do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (EIAC /2): O namoro prolongado, o noivado oficial, a aquisição das alianças e a construção da casa, por si sós, levam à segura dedução de que se tratava de relacionamento sério, de atos preparatórios de futuros cônjuges, dispensando uma promessa formal de casamento. O rompimento injustificado da promessa de casamento enseja indenização por dano moral, consistente na penosa sensação da ofensa, da humilhação perante terceiros, na dor sofrida, enfim, nos efeitos puramente psíquicos e sensoriais experimentados pela vítima da lesão. A ruptura do noivado acarreta indenização por danos materiais, provado que a mulher contribuiu para a construção de uma casa. Não há lugar para indenização pelo enxoval confeccionado pela noiva se ele continua em seu poder, sem lhe causar desfalque patrimonial, uma vez que a reparação se condiciona à constatação de efetivo proveito de uma parte em detrimento da outra.
37 CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO Art Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art Obtido o certificado de habilitação os nubentes deverão pedir por meio de petição à autoridade competente para celebrar o casamento que designe dia, hora e lugar. -Pela CF/88 essa autoridade competente: Juiz de paz (art. 98, II CF/88) -*Muitas unidade da federação ainda não regulamentaram a justiça de paz, p.ex. São Paulo que quem celebra o casamento é o juiz de casamento que é indicado pelo Secretário de Justiça e não é remunerada (TARTUCE, p. 1081, 2013)
38 CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO Art A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular. 1 o Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato. 2 o Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever.
39 CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO Art Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
40 CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO Em que momento se realiza o casamento? 1) Quando os nubentes dizem sim 2) Quando o celebrante os considera casados Ex. noivo muito emocionado enfarta e morre depois do sim e antes do celebrante declará-los casados. Correntes: Caio Mário e Elpídio Donizetti após o sim (corrente clássica) Washington de Barros após declaração da autoridade Maria Berenice depende de ambos requisitos Legislador de Dependerá de ambos Art O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. DECLARAR CONSTITUIR Declarar Afirmar algo que é Constituir Transformar algo que não era algo que passa a ser - O Celebrante Declarará efetuado o casamento tem efeito meramente confirmatório e não constitutivo, e o casamento se constitui com a declaração de vontade dos nubentes.
41 CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO O celebrante deve imediatamente suspender a celebração do casamento quando algum dos nubentes dizer que não, recusar a afirmação de sua vontade de casar, ou declarar que esta não é livre e espontânea (coação, arrependimento). Art A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes: I - recusar a solene afirmação da sua vontade; II - declarar que esta não é livre e espontânea; III - manifestar-se arrependido. Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia. Para ser realizado o casamento deve ser marcada nova data.
42 CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO Logo depois do casamento do casamento será lavrado o respectivo assento no livro de registro. Art Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro, serão exarados: I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos cônjuges; II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual dos pais; III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento anterior; IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento; V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro; VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas; VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obrigatoriamente estabelecido. Art O instrumento da autorização para casar transcrever-se-á integralmente na escritura antenupcial.
43 PROVAS DO CASAMENTO Art O casamento celebrado no Brasil provase pela certidão do registro. Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de prova. - Ocorre que o registro não é necessário para que o casamento se efetue. Logo, pode haver casamentoestado ainda que, por alguma razão, o registro não tenha sido lavrado, ou se tenha perdido.
44 PROVAS DO CASAMENTO POSSE DO ESTADO DE CASADOS (PEC): pode ser que não haja certidão do registro, e que os cônjuges não possam manifestar sua vontade, por qualquer causa, ou mesmo que tenham falecido. Requisitos são 3: nomen, tractatus e fama (usar o nome do marido, cônjuges deveriam se tratar como marido e mulher, e deveriam ser socialmente considerados casados a sociedade não deveria vê-los como concubinos). - União estável e posse do estado de casados= só diferem do nome que não revelaria o casamento aparente por não impor mais a mulher a obrigatoriedade do nome. Art O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole comum, salvo mediante certidão do Registro Civil que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o casamento impugnado. Não se pode contestar o casamento de que não há prova, de pessoas que vivem ou viveram em situação de aparente casamento, PEC, em prejuízo de filhos comuns, salvo se houver certidão de registro de outro casamento de um dos cônjuges.
45 PROVAS DO CASAMENTO Art Quando a prova da celebração legal do casamento resultar de processo judicial (sentença declaratória), o registro da sentença no livro do Registro Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento. Art Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados. Princípio do in dubio pro matrimonio: Existindo dúvida entre provas favoráveis e contrárias à existência do casamento, demonstrando a PEC, deve o juiz decidir a favor do casamento. Se os conviventes alegam serem casados, mas não provam o casamento, e sim a vida em comunhão (tractatus e fama) união estável - poderia o juiz, na sentença, constituir o casamento, na impossibilidade de declará-los.
46 MODALIDADES DE CASAMENTO - ATO A lei reconhece 07 modalidades de casamento-ato: o civil, o religioso, o por procuração, o consular, o nuncupativo, o putativo e o estrangeiro. Mª Berenice inclui o 08: o casamento homoafetivo, pensamento cristalizado pelo STJ, no julgado Resp /RS, em que se decidiu pela legalidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
47 PROVAS DO CASAMENTO PROVA DIRETA: em regra o casamento celebrado no Brasil é provado pela certidão de registro (art CC); casamento de brasileiro celebrado no estrangeiro deverá ser registrado em 180 dias PROVA DIRETAS COMPLEMENTARES OU SUPLETÓRIAS: justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer oura espécie de prova (art , PÚ, CC) Ex. RG, Passaporte, certidão dos proclamas. PROVA INDIRETA: Fundada na posse de estado de casados, na demonstração efetiva da situação de casados
48 CASAMENTO CIVIL É modalidade principal de casamento ato, como se depreende do conteúdo do art. 226, 1º da CF/88: Art A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração. Art O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.
49 CASAMENTO CIVIL Em suma, o registro tem efeitos retroativos (ex tunc) até a celebração do ato e para tanto deverá ser registrado no devido cartório. Art O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil. 1 o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação. 2 o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art (prazo de 90 dias) 3 o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil. O que difere o casamento civil do religioso é a celebração, segue todo um rito especial, vez além de não ser celebrado pela autoridade pública (em geral, o juiz de paz), mas sim pela autoridade religiosa respectiva (padre, pastor, etc.)
50 CASAMENTO EM CASO DE MOLÉTIA GRAVE A autoridade deverá celebrar o casamento onde se encontrar o enfermo, se houver urgência na celebração o que poderá ocorrer à noite, e para o que se exige a presença de 2 testemunhas alfabetizadas. Art No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. 1 o A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato. 2 o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado.
51 CASAMENTO NUNCUPATIVO O casamento nuncupativo trata-se de um remédio excepcional àqueles casos de extrema urgência, em que um dos nubentes, face ao seu estado demasiadamente grave, não possui tempo suficiente para se submeter às formalidades preliminares ordinariamente exigidas, nem tampouco para aguardar o comparecimento da autoridade celebrante. Arnaldo Rizzardo "a urgência pode ser tão grave que o casamento deverá realizar-se subitamente, ou de imediato, sem qualquer possibilidade de encenar a solenidade com a presença de juiz e oficial do registro civil ". Com efeito, a celebração dar-se-á pessoalmente pelos contraentes, na presença de 6 testemunhas, que com eles não tenham parentesco em linha reta, ou na colateral, em 2 grau. Esta restrição se justifica pelas próprias características do casamento nuncupativo, em procurar evitar fraudes e o favorecimento de "oportunistas" e "aventureiros". a admissão do casamento in extremis é uma velharia admitida por um sistema que se inspira num excessivo, senão injustificável, zelo pelo interesse individual... constitui porta aberta à fraude e à simulação.(rodrigues, 2009, p.65)
52 Art Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida (casamento nuncupativo) não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. Art Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de: I - que foram convocadas por parte do enfermo; II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher. 1 o Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze dias. 2 o Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário às partes. 3 o Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos. 4 o O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração. 5 o Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro. Os nubentes deverão manifestar, de algum modo, perante estas testemunhas, sua livre e espontânea vontade em contrair matrimônio. No entanto, convém lembrar que, se porventura for possível o comparecimento de um juiz de paz ou do oficial do cartório, o casamento não perderá sua natureza de nuncupativo ou in extremis, posto que assim já restou caracterizado, tão somente pela dispensabilidade das formalidades exigidas nos artigos 1.525, e CC. O ato se torna anulável (art , V), desde que não sobrevenha coabitação entre os cônjuges.
53 JURISPRUDÊNCIAS Conforme leciona o Professor Silvio Rodrigues, o casamento nuncupativo é uma velharia do Código, isso foi facilmente notado nas pesquisas realizadas na maioria dos Tribunais de Justiça do país, dos quais conseguimos extrair poucas decisões acerca da matéria em estudo, conforme a seguir transcritos: EMENTA: CASAMENTO NUNCÜPATIVO - PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO - INDEFERIMENTO REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS ART E DO CC URGÊNCIA NÃO CONSTATADA AUSÊNCIA DE TODAS AS TESTEMUNHAS NO ATO ASSINATURAS NÃO COINCIDENTES DE DUAS TESTEMUNHAS DECLARAÇÕES POSTERIORES FORA DO PRAZO RECURSO IMPROVIDO. (Apelação nº , Relator Silvio Marques Neto, São Vicente, 8ª Câmara de Direito Privado, DJ 05/11/2008) EMENTA: CASAMENTO NUNCUPATIVO - PRESENÇA DOS REQUISITOS LEGAIS PREVISTOS PARA A VALIDADE DO ATO - CELEBRAÇÃO EFETIVA DO CASAMENTO IN EXTREMIS - DECLARAÇÃO ESPONTÂNEA DO DESEJO DE SE RECEBEREM POR MARIDO E MULHER - DETERMINAÇÃO DE EFETIVAÇÃO DO REGISTRO PREVISTO NO ARTIGO 76, 5, DA LEI 6.015/73 - RECURSO PROVIDO. (Apelação nº , Relator Paulo Fernando Campos Salles, 7ª Câmara de Direito Privado, DJ 17/09/1999) EMENTA: APELAÇÃO CIVIL. PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO DE REGISTRO DE CASAMENTO. MOLÉSTIA GRAVE DE UM DOS NUBENTES. ART. 1539, CCB. A URGÊNCIA DO ATO DISPENSA OS ATOS PREPARATÓRIOS DA HABILITAÇÃO E PROCLAMAS. RECURSO PROVIDO. (Apelação Cível Nº , Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Raupp Ruschel, Julgado em 11/01/2006) EMENTA: CASAMENTO NUNCUPATIVO. HOMOLOGACAO. JULGAMENTO SOBRESTADO. CASAMENTO NUNCUPATIVO. OPORTUNIDADE QUE ERA DE SER CONCEDIDA A CONTRAENTE PARA COMPROVAR O FALECIMENTO DE SEU ANTERIOR ESPOSO. RECURSO PROVIDO EM PARTE. (Apelação Cível Nº 16474, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Bonorino Buttelli, Julgado em 24/06/1971) EMENTA: CASAMENTO NUNCUPATIVO. NULIDADE. CASAMENTO NUNCUPATIVO. NULIDADE E CAUSA DE ANULACAO, ALEGADAS, EM PROCESSO A PARTE, PELO IRMAO DO " DE CUJUS". ADMISSIBILIDADE. IMPROCEDENCIA, POREM, DAS ALEGACOES FORMULADAS. SENTENCA CONFIRMADA. (Apelação Cível Nº 2095, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Bonorino Buttelli, Julgado em 10/10/1968) NUNCUPATIVO=EM VIVA VOZ= IN EXTREMIS VITAE
54 CASAMENTO POR PROCURAÇÃO O casamento por procuração não consiste em uma modalidade de casamento-ato. Trata-se na realidade, de um casamento civil peculiar, em razão dos nubentes, ou apenas 1, encontrarem-se na cerimônia representados por mandatário. Art O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais. 1 o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos. 2 o O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo. 3 o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias. 4 o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato. O ato se torna anulável (art.1.550,v), desde que não sobrevenha coabitação entre os cônjuges.
55 CASAMENTO RELIGIOSO (Arts e CC/02) São duas as regras de casamento religioso com efeitos civis, conforme previsão constitucional art º da CF/88: O casamento religioso tem efeito civil nos termos da lei Religioso deve ser entendido como qualquer religião, uma vez que o Estado brasileiro é laico e pluralista. O Tribunal de Justiça da Bahia concluiu pela viabilidade do casamento espírita, como sendo religioso. Pelo princípio da monogamia será nulo o registro do casamento civil do religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil (art º)
56 CASAMENTO RELIGIOSO Art O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração. Art O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil. 1 o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação. 2 o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil.
57 CASAMENTO CONSULAR Pessoas de nacionalidade brasileira que residem no exterior podem casar-se de acordo com o direito brasileiro, consulado pátrio, perante o cônsul ou a autoridade competente. Art O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta (regresso) de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1 o Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir.
58 CASAMENTO PUTATIVO Putativo = aparente Casamento putativo, consequentemente é o casamento que não o é, conquanto pareça ser. A aparência de casamento se deve ao fato de ser celebrado, e o não ser advém de um casamento ter sido anulado ou declarado nulo. Art Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. 1 o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão. 2 o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.
59 CASAMENTO ESTRANGEIRO CASAMENTO ESTRANGEIRO ESTRANGEIRO CASAMENTO DE Casamento de estrangeiro= é o casamento do não nacional no Brasil, o qual se submete às mesmas regras aplicáveis aos nacionais, pelo que não constitui modalidade peculiar de casamento-ato Casamento estrangeiro= é o casamento tanto de brasileiros quanto de estrangeiros, realizado em outro país, segundo a legislação do lugar, que vêm a residir no Brasil.
60 CASAMENTO ESTRANGEIRO Segundo o art. 7º da LICC, é aplicável às pessoas o direito de família do País em que se encontrem domiciliadas. Art. 7 o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. A exceção a regra reside no art CC, que admite que o brasileiro que se encontra no exterior se case no consulado do Brasil seguindo a legislação brasileira. Art O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1 o Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir.
61 CASAMENTO ESTRANGEIRO Para que esse casamento produza efeitos no Brasil, exigese a certidão do ato devidamente autenticada pelo agente consular brasileiro e traduzida para o português por tradutor público, seja levado a registro no cartório competente, conforme Lei 6.015/73, art. 32 Art. 32. Os assentos de nascimento, óbito e de casamento de brasileiros em país estrangeiro serão considerados autênticos, nos termos da lei do lugar em que forem feitos, legalizadas as certidões pelos cônsules ou quando por estes tomados, nos termos do regulamento consular.
62 CASAMENTO ESTRANGEIRO POLÊMICA: Casamentos poligâmicos Os casamentos poligâmicos são válidos no país em que foram celebrados, mas o Brasil não reconhece, devido a cultura brasileira ser monogâmico. Porém, a CF/88 no art. 3º, IV proíbe qualquer forma de discriminação: Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: (...) IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Negar aos estrangeiros poligâmicos que vêm residir no Brasil o estado civil de casados conforme a cultura deles que diverge da brasileira é uma forma de discriminação, configurando assim ato inconstitucional.
63 DA INVALIDADE DO CASAMENTO O CC/02 traz apenas as hipóteses do casamento nulo (art CC) e do casamento anulável (art CC) Para os civilista existe uma 3º hipótese de invalidade de casamento: do casamento inexistente 1) Do casamento inexistente 1.1) Casamento entre pessoas do mesmo sexo O STJ por maioria de votos (4 a 1), concluiu pela viabilidade jurídica do casamento entre pessoas do mesmo sexo (Resp /RS) Registro civil das pessoas naturais. Recurso interposto contra sentença que indeferiu a habilitação para o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Orientação emanada em caráter definitivo pelo STF (ADI 4277), seguida pelo STJ (Resp /RS). Impossibilidade de a via administrativa alterar a tendência sacramentada na via jurisdicional. Recurso provido 1.2) Ausência de vontade: A vontade é elemento mínimo e essencial do ato, sem a vontade o ato seria inexistente. Ex: coação física, pressão emocional, pessoa sedada, hipnotizada, debilidade emocional, etc. (TJRJ, Acórdão 4091/1995, 6ª Câmara Cível, Rel. Des. Pedro Ligiero, j )
64 DA INVALIDADE DO CASAMENTO 1) Casamento inexistente 1.3) Casamento celebrado por autoridade totalmente incompetente (incompetência ratione materiae) É considerado inexistente o casamento celebrado por autoridade totalmente incompetente, p. ex. juiz de direito ( quando juiz de paz ou juiz de casamento for a autoridade competente), promotor, delegado de polícia, fazendeiro ou coronel (CC/16) Como o casamento é inexistente não traz qualquer regulamentação para ação correspondente. o ato inexistente é um nada para o direito Todavia será necessária ação específica para afastar os efeitos deste ato que não existe quando houver aquisição de bens.
65 DA INVALIDADE DO CASAMENTO DO CASAMENTO NULO O art do CC consagra as hipóteses de nulidade absoluta do casamento: Art É nulo o casamento contraído: I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil; II - por infringência de impedimento. I) Casamento contraído por enfermo mental sem necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil Enfermidade = doença mental, logo utiliza-se subsidiariamente o art. 3º, II, CC Art. 3 o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: (...) II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; (...) Deve-se apenas ressalvar que não se exige o processo de interdição prévio para o casamento ser considerado nulo. Enunciado nº 332 CJF/STJ, deu interpretação restritiva ao dispositivo, não admitindo a nulidade absoluta do casamento das pessoas descritas no art. 3º, III, CC: A hipótese de nulidade prevista no inciso I do art do CC se restringe ao casamento realizado por enfermo mental absolutamente incapaz nos termos do art. 3º, II, CC
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