EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CUIDANDO DO FUTURO 1

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1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CUIDANDO DO FUTURO 1 Oliveira, Talitha Tomazetti Ribeiro de Oliveira 2 ; Strazulas, Lara 3 ; Pereira, Tassia Farencena 4 ; Fruet, Zuleide 5 ; Kruger, Adriele da Rosa 6 ; Kaufmann, Angélica Inês 7 ; Geremia, Arivane 8 ; Figueiredo, Lauro César 9. 1 Trabalho de Ensino _ Universidade Federal de Santa Maria 2 Curso de Geografia Licenciatura (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 3 Curso de Geografia Licenciatura (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 4 Curso de Geografia Licenciatura (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 5 Curso de Geografia Licenciatura (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 6 Curso de Geografia Licenciatura (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 7 Curso de Geografia Licenciatura (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 8 Curso de Geografia Licenciatura (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 9 Professor Doutor do Departamento Geografia Licenciatura Plena (UFSM) talithatomazetti@hotmail.com, larageo@gmail.com, tassiafarencena@hotmail.com, adrielekruger@gmail.com, zuleidefruet1992@hotmail.com, kaufmann.angelica@gmail.com, vane.geo.ufsm@gmail.com, laurocfigueiredo@hotmail.com. Resumo Estamos vivenciando um momento difícil com relação ao nosso planeta, fenômenos climáticos com consequências graves para a sociedade tem ocorrido frequentemente. Perante esta situação, devemos tomar certas decisões com relação à preservação da Terra. Partindo da idéia de conscientização ecológica, desenvolvemos um projeto com educandos da Escola Cícero Barreto, objetivando desperta-los para a importância de preservar as condições de vida. Sendo assim, utilizamos o método aplicativo, trabalhando com a questão do lixo, tendo em vista o melhor aproveitamento destes materiais que ainda possuem importância econômica e ambiental. A aplicação do projeto proporcionou mudanças significativas nos hábitos dos educandos referentes ao cuidado com o meio ambiente, tanto em casa como na escola. O que indiretamente incentivou a criação de trabalhos por outros educadores sobre a questão da reciclagem, do consumo e preservação do meio ambiente. Ele rendeu a construção de um blog de ensino conjuntamente com os discentes. Palavras-chave: Lixo, Educação Ambiental, Consciência Ecológica. 1. Introdução A humanidade está vivendo um dos momentos mais críticos de sua história. A elevação da temperatura média do Planeta causada pelo Aquecimento Global tem causado cada vez mais fenômenos climáticos de proporções alarmantes. Chegamos a

2 uma encruzilhada e nesta, nos cabe decidir para que lado seguir: ou decidimos preservar as condições de vida sobre a Terra ou optamos em continuar destruindo o pouco que ainda resta. Como educadores de Geografia, decidimos preservar as condições que existem, por isso entendemos a necessidade de tratar desse tema, o lixo na sala de aula. E por isto que devemos elaborar com urgência planos e projetos destinados a preservar as condições de vida sobre a Terra e resgatar os passivos ambientais, na tentativa de reequilibrar as condições climáticas no Planeta. Ao fazer uma breve análise das condições que é tratado o lixo pelas pessoas, notamos uma incrível necessidade de fazer algo, principalmente dentro da sala de aula, com educandos que estão iniciando a formação da sua consciência ambiental. E nesse contexto que se encaixa a nossa proposta, de utilizar o lixo de uma forma diferenciada, utilizando-o da melhor maneira possível. Assim, entendemos a necessidade de trabalhar conceitos, e de mostrar como o lixo descartado de maneira errada pode trazer problemas para a vida das pessoas, seja nas proximidades de suas casas, na escola, na comunidade. Acreditamos que através do envolvimento da comunidade e com soluções locais, é possível transformarmos a utilização do lixo, como forma de reduzir os impactos que esses causam ao serem utilizados de maneira inadequada. Estender esta proposta aos demais educandos, educadores e funcionários da Escola, transformando a unidade escolar em referência para a comunidade. E de levar a mensagem à comunidade através das famílias destes educandos e que se tornarão multiplicadores de nossa mensagem. 2. Desenvolvimento O desenvolvimento sustentável, a coleta seletiva do lixo e a reciclagem de materiais já utilizados, surgem como possíveis estratégias de garantir a sustentabilidade do planeta. Informar e orientar são requisitos básicos para que haja sustentabilidade. Sendo assim, não há como esquecer o papel da escola e do educador. A compreensão dos aspectos científicos, tecnológicos e sociais relacionados ao lixo é de extrema importância, pois possibilita ao cidadão a reflexão crítica sobre seu papel como co-responsável pela geração e solução de problemas ambientais (MACHADO, 2001). Dia 16 de setembro iniciou-se o trabalho de Educação Ambiental na Escola Básica Estadual Cícero Barreto com educandos do 8º ano (7ª série). Foi proposto trabalhar com a importância que se faz ter o cuidado com o lixo que é produzido por nós diariamente.

3 Primeiramente foi conversado brevemente com os educandos sobre a questão "Lixo", explicando a importância de reciclar, reutilizar, reduzir. Mostrando que o trabalho requer atenção no início da produção do lixo, ou seja, desde quando é retirada a matéria prima até o consumo, para então o descarte desses produtos consumidos e transformados em resíduos sólidos. Foi explicado a diferença entre Lixão e Aterro Controlado e Aterro Sanitário. Os males que a falta de cuidado com o lixo pode vir a causar para as pessoas e o meio ambiente. Após a conversa foi proposto que os educandos durante 3 (três) semanas juntassem todo o "lixo" que eles produzissem tanto na escola, quanto em casa. Assim após estas 3 (três) semanas trabalhamos em cima deste material juntado por eles. Para que fosse justo, foi avisado que também seria coletado pelos educadores (Adriele Krüger, Lara Hartz, Talitha Tomazzeti e Tassia Farencena) o "lixo" por 3 (três) semanas, para assim, poder trabalhar junto com os educandos. Na sexta-feira dia 30 de setembro, o trabalho se deu em cima de um documentário sobre o lixo, "Os caminhos do Lixo da geração à prevenção" do Programa de Educação Ambiental Compartilhado. Um documentário curto, de aproximadamente 15 minutos. Simples e bem didático. Após o vídeo, foi solicitado que os educandos escrevessem em uma folha de cadernos sobre o que viram no documentário, o que acharam importante, o que os marcaram. Em seguida foi proposto uma brincadeira. Depois de terem prestado atenção no vídeo e terem exposto suas idéias, fizemos uma brincadeira com base em algumas palavras do documentário. Dividimos a turma entre meninos e meninas e fizemos a brincadeira da "forca". Esta brincadeira serviu para estimular o raciocínio dos educandos trazendo o conhecimento adquirido no documentário e trabalhado nos textos para a brincadeira. Dia 21 de outubro foi trabalhado com o "lixo" que os alunos juntaram por 3 (três) semanas. A maior parte do lixo era material reciclável que eles mesmo produziram, como papel de caderno, canetas que não usam mais, papel de bala entre outros. A turma foi dividida em 5 grupos de 5 à 6 alunos, cada grupo juntou e analisou o que trouxe, separando em sacolas plásticas os mesmos tipos de materiais. Após fazerem isso, foram jogar fora nas respectivas lixeiras. O que não sabiam analisar e catalogar o tipo de material do "lixo" pedi que deixassem separados e colocassem em uma sacola, para depois jogar em outro lixo geral. Quando levaram o "lixo" nas respectivas lixeiras ficaram impressionados pois não haviam terminado de colocar fora, as lixeiras estavam totalmente cheias e não

4 coube mais nada. Pedi que se encaminhassem para o pátio interno e colocassem nas outras lixeiras. Após esta atividade, voltamos para a sala, e foi passado um questionário Histórico-Geográfico para que fosse feito um levantamento histórico sobre o lixo da época em que os pais deles eram crianças até hoje. Algumas questões atuais sobre o lixo também foram propostas, para assim fazerem a construção do conhecimento. No dia 28/10/11 fizemos um trabalho bem lúdico, e simples. Com todo o conhecimento adquirido na pesquisa histórica geográfica e com o projeto, foi solicitado que os educandos montassem cartazes, e trouxessem para expor seus conhecimentos na amostra pedagógica que ocorreria dia 25/11/11 a qual fomos convidadas a participar e expor o projeto. Assim começaram a criar seus cartazes. Todos a executaram com muita alegria, dedicação, entusiasmo. Os educandos dividiram-se em 5 grupos para a confecção dos cartazes, utilizaram de vários materiais diferentes, até o próprio lixo foi para os cartazes indicando o tempo de decomposição de cada material e o respectivo material. Apenas um grupo não terminou por completo o cartaz, porém ainda fizeram uma entrevista com algumas pessoas, e após concluída colocaram no cartaz que confeccionaram. Dia 11/11/11 foi o último encontro antes do dia 25/11/11. No dia 11, foi proposta uma confraternização, onde cada um trouxe algo (previamente combinado), incluindo a participação da professora de geografia Gladis e a professora de história Lucinara e a Vice-diretora Marilise também esteve presente rapidamente. Realmente foi muito bom, todos participaram com alegria. Em 25/11/11 foi o dia da amostra pedagógica, foi surpreendente ver a produção dos educandos com tanta criatividade, cada trabalho maravilhoso. Os cartazes estavam expostos colados em paredes; em algumas carteiras brevemente organizadas, os educandos fizeram uma exposição de objetos confeccionados com materiais reciclados. Para Cunha e Caixeta Filho (2002), muitas vezes, o lixo é tratado com a mesma indiferença da época das cavernas, quando não era verdadeiramente um problema, seja pela menor quantidade gerada, seja pela maior facilidade da natureza em reciclá-lo. Entretanto, em tempos mais recentes, a quantidade de lixo gerada no mundo tem sido grande e seu mau gerenciamento, além de provocar gastos financeiros significativos, pode provocar graves danos ao meio ambiente e comprometer a saúde e o bem-estar da população. Por esse motivo, o interesse em estudar resíduos sólidos tem se mostrado crescente. A palavra lixo é derivada do termo latim lix que significa cinza. Os Resíduos Sólidos Urbanos RSU podem ser

5 utilizados como uma importante fonte de renda, incentivando assim a economia, tanto em stricto sensus à lato sensus. Dentro desse contexto surge o termo educação ambiental que segundo o autor Ab Saber (1996, p. 47), é o conhecimento da estrutura, da composição e da funcionalidade da natureza, das interferências que o homem produziu sobre esta estrutura, esta composição e esta funcionalidade. Isto leva fomentar o pensamento crítico, reflexivo face às condutas da sociedade atual. Bem como para GUIMARÃES (2000, p. 31) que define a Educação Ambiental no sentido de que esta aponta para as transformações da sociedade em direção a novos paradigmas de justiça social e qualidade ambiental. Nesse sentido, a educação ambiental adquire um significado estratégico na condução de transição para a sociedade sustentável. A escola representa o local onde deve existir a formação de cidadãos conscientes, esse local apresenta-se como ponto crucial para um despertar da consciência crítica relacionada ao meio ambiente. Sendo assim torna-se necessário que o ensino seja executado de maneira que na formação do individuo haja abordagem de questões sociais do cotidiano de cada sujeito. Segundo MORIN, (2000, p.39) comenta que A educação deve favorecer a aptidão natural da mente em formular e resolver problemas essenciais e, de forma correlata, estimular o uso total da inteligência geral. Este uso total pede o livre exercício da curiosidade, a faculdade mais expandida e a mais viva durante a infância e a adolescência, que com freqüência a instrução extingue e que, ao contrário, se trata de estimular ou, caso esteja adormecida, de despertar. A intenção é de que através do ensino para/com os educandos haja o reconhecimento dos problemas ambientais, a análise e a busca por alternativas para solucioná-los. É necessário que o indivíduo aprenda que faz parte do planeta e está contido nele. Como nos menciona Morin precisamos aprender a ser, viver, dividir e comunicar como humanos que compõem o planeta Terra, não mais somente pertencer a uma cultura, mas também ser terrenos. Devemos nos dedicar não apenas a dominar, mas sim a condicionar, melhorar, compreender. Temos que construir em nós a consciência ecológica que segundo Morin (2000, pág.76), nada mais é que:

6 [...] a consciência de habitar, com todos os seres mortais, a esfera viva (biosfera): reconhecer nossa união consubstancial com a biosfera conduz ao abandono do sonho prometéico do domínio do universo para nutrir a aspiração de convivibilidade sobre a Terra. Para que sejam alcançadas tais ideais é preciso dar subsídios capazes de facilitar a construção nos educandos de uma consciência autocrítica das questões referentes ao meio ambiente, no qual eles estão inseridos, para que os mesmos possam desenvolver uma visão global do tema, discutindo formas de proteção e preservação dos recursos naturais, bem como desenvolver práticas participativas de responsabilidade ambiental. 3. Metodologia Foi proposto para os alunos da sétima série que durante três semanas juntassem o lixo pessoal (seco) e depois apresentassem para os outros colegas; Após a análise da quantidade de lixo produzido individualmente, juntaram todo estes resíduos sólidos em recipientes separados (lixeiras recicláveis) podendo assim separar o papel, as latas e os materiais plásticos. Uma análise sobre a quantidade do conteúdo coletivo foi feita; Como um trabalho paralelo, foi proposto que os educandos, usando da criatividade mostrassem como elas vêem a questão do lixo em sua comunidade, cidade, estado, país, mundo, e o que eles acreditam que poderia ser feito para que pudesse ser resolvido e/ou amenizado os problemas que isso causa. Após a produção deste material em sala de aula, foi proposto uma exposição do mesmo para o restante da escola e da comunidade em que vivem. 4. Resultados e Discussões A proposta de uma conscientização sobre a questão do destino indevido dos resíduos sólidos pode ser alcançada, os educandos mostraram-se muito receptivos à uma possível mudança de hábito tanto em casa quanto na escola. Não apenas reciclando o lixo, como também prestando atenção no consumo. Verificando os tipos de embalagem que estão comprando, se não haverá um mesmo produto de outra marca que traz uma embalagem com menos pacotes e embrulhos. A evolução do comportamento do homem para com o consumo e o descarte do lixo. Essas questões todas foram possíveis de trabalhar e receber um bom retorno em compreensão, assimilação com pequenos debates que o corriam espontaneamente durante as aulas.

7 As perguntas foram muitas, porém logo após a atenção dos educandos para receber a resposta sempre era presente. Tudo que foi mencionado anteriormente, pode ser observado através do comportamento dos educandos, pois realizaram pesquisas a respeito do assunto sem que tivéssemos solicitado a eles, a mais interessante foi a respeito da evolução das embalagens. Na amostra de trabalhos que foi realizada na escola, apresentaram brinquedos e objetos decorativos que eles confeccionam a partir de materiais recicláveis, demonstrando assim a possibilidade e importância de reciclar o lixo por eles mesmos produzido. A partir de discussões em sala de aula, nos falaram da mudança de suas atitudes na rua e em casa tentando também conscientizar seus familiares, a uma transformação de hábitos que eles estavam aprendendo na escola participando de um projeto com idéias sustentáveis. O que nos deixou muito contente também, foi quando a educadora deles que nos auxilio na aplicação do projeto, mencionou o entusiasmo dos educandos em estar participando de nossas atividades e da vontade dos mesmos em repassar para o restante dos educandos da escola o que eles haviam aprendido, a fim de promover uma mudança de hábitos a respeito do uso e descarte do lixo em todas as pessoas que frequentavam a escola. 5. Considerações Finais A mudança de pensar foi significativa, algumas conclusões sobre como está o contexto de reciclagem e separação do lixo orgânico do seco logo foram traçadas. Houveram alguns educandos que informaram que já separavam o lixo seco em casa, outros passaram a separar enquanto participavam do projeto Cuidando do Futuro e afirmaram que iriam continuar separando. A aplicação do projeto na Escola Estadual Cícero Barreto foi um projeto que indiretamente acabou incentivando outros trabalhos por outros professores sobre a questão da reciclagem, do consumo e preservação do meio ambiente, que assim como os educandos da turma 71, outros educandos também prepararam amostras para expor no dia 25/11/11, mostrando para todos a preocupação que eles carregam sobre o cuidado com o futuro. O projeto rendeu uma idéia que foi posta em prática desde o início do mesmo, a criação de um blog de ensino. Para que possam ser postadas diversas informações sobre o assunto educação e geografia e todas as temáticas que possam ser trabalhadas de modo a colaborar com o ensino de outros educandos e auxílio de idéias para outros educadores.

8 6. Referêncial Teórico AB'SÁBER, A. N. Amazônia: do discurso à práxis. São Paulo: EDUSP, GUIMARÃES, M.. A Dimensão Ambiental na Educação. Campinas, São Paulo: Papirus, Coleção Magistério: Formação e trabalho pedagógico MORIN,Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho, 2 ed. São Paulo : Cortez ; Brasília, DF : UNESCO, MACHADO, M.I.A. Proposta de Programa de Coleta Seletiva de Lixo Domiciliar na Área Urbana do Município de Frei Paulo. SE Monografia apresentada ao curso de Gestão e Recursos Hídricos. Especialização. Universidade Federal de Sergipe. 46p, 2001.