IMPLANTAÇÃO DE ENERGIA NA RESEX DO RIO OURO PRETO: USOS DE ENERGIA, PERCEPÇÃO AMBIENTAL E DESAFIOS À IMPLEMENTAÇÃO.
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1 IMPLANTAÇÃO DE ENERGIA NA RESEX DO RIO OURO PRETO: USOS DE ENERGIA, PERCEPÇÃO AMBIENTAL E DESAFIOS À IMPLEMENTAÇÃO. Fabiana Bezerra Neves dos Santos Bióloga e pesquisadora do Grupo de Pesquisa Energia Renovável Sustentável Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Porto Velho (RO). Contato: fabianapvh@yahoo.com.br Artur de Souza Moret Doutor em Planejamento Energético e Coordenador do Grupo de Pesquisa Energia Renovável Sustentável e Professor da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) Contato: amoret@unir.br INTRODUÇÃO O desenvolvimento sustentável é um modelo em que há mudanças social, econômica e organizacional para que a exploração dos recursos, as opções de investimento, o processo tecnológico e as reformas institucionais se realizam de maneira coordenada, ampliando as atuais e futuras possibilidades de satisfazer as necessidades e aspirações humanas (PNUD, 1990). O desenvolvimento Sustentável atua por meio de alguns aspectos: atender as necessidades fisiológicas da população, preservar o meio ambiente para as próximas gerações, conscientizar a população para que se trabalhe em conjunto, preservar os recursos naturais, criar programas de conhecimento e conscientização da real situação e de formas para melhorar o meio ambiente. Este desenvolvimento não deve ser visto como uma revolução, ou seja, uma medida brusca que exige rápida adaptação e sim uma medida evolutiva que progride de forma mais lenta afim de integrar o processo ao meio ambiente para que se consiga em parceria desenvolver sem degradar (BRASIL, 2008). Também, compreende-se que a energia é um fator estruturante da sociedade, influenciando os aspectos sociais, econômicos, políticos e ambientais. A cadeia da energia é compreendida como os combustíveis líquidos e gasosos, vapor de processo, as fontes de energia (os domínio, os estudos de prospecção e as relações de domínio e de poder), o transporte, as conversões energéticas, os seus usos e as relações de mercado. Uma parte significativa das atividades na sociedade são resultados e resultantes dessas relações de
2 mercado, econômicas, sociais e ambientais e que não podem estar vinculadas unicamente aos seus benefícios, mesmo porque o volume de recursos gerados por um consumo quase sempre garantido e crescente e as funções cruciais dos motores, máquinas, da iluminação e dos demais conversores de combustíveis e de eletricidade, faz destes setores um dos campos preferenciais da interferência política, desde os níveis locais até aos internacionais. (MORET, 2003). O desenvolvimento econômico tem uma importante base no uso intensivo energético produzindo impactos na sua cadeia. Ou seja, do ponto de vista global e local a energia tem participação significativa, Nas vantagens e nos problemas, tais como: poluição no ar; chuva ácida; efeito estufa e mudanças climáticas; desflorestamento e a desertificação; degradação marinha e costeira; perda de áreas agricultáveis; problemas sociais como o deslocamento decorrentes das barragens; concentração de poder e decisão. A Percepção Ambiental, como procedimento científico, pode ser entendida como as diferentes maneiras sensoriais (percebidas através dos sentidos) que os seres humanos captam, percebem e se sensibilizam pelas realidades, ocorrências, manifestações, fatos, fenômenos, processos ou mecanismos ambientais observados in loco. Neste contexto, através da percepção e interpretação ambiental, podem-se atribuir valores e importâncias diferenciadas para a natureza. Segundo Macedo (2000), conduz a um nível de conscientização ecológica que realça a responsabilidade de conservação da natureza como requisito de manutenção da sobrevivência humana, no qual o respeito à natureza deve ser valor incorporado ao conceito de desenvolvimento, sobretudo quando é numa perspectiva das populações locais. A população interage para que não seja destruída a base de desenvolvimento constituído pelo solo, vegetação, rios e ar, num sentido da manutenção da qualidade de vida ligado ao desenvolvimento. Os estudos demonstraram que os Extrativistas que são moradores da área estudada preservam a Biodiversidade local, participam e desenvolvem processos sustentáveis, executam projetos de desenvolvimento em processo de auto-gestão, desenvolvem atividades econômicas com baixa intensividade de terra e praticam a fiscalização das áreas para coibir as invasões, assim contribuem para a preservação dos recursos naturais. METODOLOGIA As etapas da metodologia foram discriminadas por compreensão da comunidade e do seu entorno que se constitui no estudo de caso e das atividades visando o desenvolvimento da comunidade.os procedimentos adotados por cada parte do projeto foram: Plano de Gestão Ambiental, onde pode-se destacar que essa parte foi norteada por três grandes linhas: avaliação geral da área e de seu entorno, campanha de campo com aplicação de questionário e
3 elaboração de proposições que indiquem diretrizes para a feitura de um plano de gestão ambiental da reserva. O objetivo da metodologia aplicada foi identificar e hierarquizar as necessidades da comunidade, definição de estratégias adequadas para a minimização de conflitos e a formulação de propostas para solucionar seus problemas urgentes. Local de Estudo A Reserva extrativista (RESEX) do Rio Ouro Preto, pelas suas características sociais, ambientais e de organização é propícia à implementações de iniciativas voltadas ao Desenvolvimento Sustentável. Essa RESEX foi instituída em 1990 a partir do DECRETO N , de 13 de março de 1990, área aproximada de ha e população estimada em 306 pessoas. (CASTILLO,1997). Há duas associações de Seringueiros, ASROP - Associação de Seringueiros do Rio Ouro Preto e ASAEX - Associação de Seringueiros Agro-Estrativistas do Baixo Rio Ouro Preto. LEVANTAMENTO DE DADOS Coleta dos Dados: O instrumento utilizado para a coleta dos dados foi o questionário com perguntas fechada, adaptada e aprimorado de pesquisas correlatas em geração de energia, sendo observadas as especificidades das características locais. O processo de aplicação dos questionários, e sua dinâmica configuraram-se em duas fases. A primeira foi o aproveitamento das oportunidades de reuniões promovidas pela equipe que viabiliza o desenvolvimento do projeto, onde, após o término das deliberações, dinamizava-se a aplicação dos questionários. Na segunda fase, houve a aplicação do instrumento de pesquisa In Locu, processando-se o deslocamento até as comunidades (Nova Colônia, Nova Esperança, Nossa Senhora do Seringueiro e Ramal do Pompeu), onde entrevistou-se os moradores existentes. Tratamento dos Dados: Os dados coletados foram classificados e ordenados em acordo com o objetivo da pesquisa sendo em seguida tabulados e analisados à luz do relatório do Programa Piloto Para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil: Projeto Reservas Extrativistas (CASTILHO, 1997), observando-se a evolução dos indicadores sócio-econômico em intervalo temporal não inferior a 8 (oito) anos. Caracterização e Aproximação do Objeto de Pesquisa: A aproximação do objeto de estudo, ou seja, das comunidades, permeou-se de diversos fatores condicionantes das dificuldades para a consecução do estudo. O transporte é utilizado de forma multimodal, ou seja, terrestre e fluvial dependendo da localidade pesquisada. Outro ponto determinante foi à
4 influência do fator climático (chuva) que em determinada época propicia a saída dos moradores, pois inviabiliza a produção agrícola, promovendo o deslocamento para a zona urbana, o que influi no processo de amostragem. Universo Pesquisado e Amostragem: O universo de estudo constitui-se da Associação dos Seringueiros Extrativistas do Baixo Rio Ouro Preto ASAEX, composta por 60 associados, distribuídos em 4 (quatro) localidades, sendo: Nossa Senhora do Seringueiro, Ramal do Pompeu, Nova Esperança, e Nova Colônia, sendo, a amostra composta por 50%, ou seja, 30 Associados, ressaltando-se a representatividade em abordagens tanto quantitativa como qualitativa, observando o deslocamento em época de chuvas, conforme, caracterização e aproximação do objeto de pesquisa já descrito. ANÁLISE DOS RESULTADOS Dados prospectados A lenha é uma das fontes de energia utilizadas pela comunidade para a cocção de alimentos e para torrar farinha e é retirada de forma aleatória, muitas das vezes se armazena debaixo de alguma proteção que impede o contato com a chuva. Eles não têm idéia de quanto se gasta por mês. Retira-se do próprio terreno de forma catada ou cortada, quando é cortada utiliza-se a ferramenta (machado) ou moto serra. Não se utiliza gás de cozinha por dois motivos, a compra é feita somente na cidade de Guajará-Mirim e falta de disponibilidade financeira. A pilha é utilizada para lanterna e rádio, gasta em média cada família oito (08) a trinta e seis (36) pilhas (unidade) do tamanho grande. Essas pilhas são compradas na própria sede do município. O óleo diesel também é utilizado pelos agricultores para iluminação de lamparina. Têm um gasto mensal de 2 a 5 litros por mês. A gasolina é utilizada no moto serra, motor rabeta (transporte fluvial), gastam em média 10 a 50 litros por mês, tendo uma variação de custo por família litros, o querosene não apresentou um consumo considerável, apenas uma família entrevistada afirmou que usava para iluminação de lamparina e para acender fogo. Na fonte disponível da energia a vela apresentou também um percentual baixo de consumo, no questionário aplicado apenas nove moradores responderam que usa a iluminação através de vela, gastando de um maço a cinco por mês.
5 DADOS ANALISADOS Tipos de energia utilizado na RESEx Tipo de energia lenha Pilha Óleo Diesel Porcentagem 70 dos moradores Vela Gasolina Querosene CONCLUSÃO As diversas fontes de energia utilizada na RESEX são lenha, óleo diesel, vela, pilhas ou seja isto mostra que os moradores não estão utilizando fontes de energias renováveis a dificuldade é que os usos energéticos são pouco relacionados com a vida ou a percepção sobre a Resex, ou seja, não relação do consumo energético com a área de preservação que eles vivem. Com a implantação do projeto pode - se detectar alguns problemas entre eles falta de tradição em relação aos seringueiros com a agricultura necessitando assim de um acompanhamento intensivo para determinadas atividades agrícolas, sobretudo para as espécies que eles não conhecem e a intervenções anteriores com ações de cunho paternalista, embora bem intencionada, interferiram na disposição de participação mais ativa dos moradores. BIBLIOGRAFIA ALEGRETTI, M.H. Reservas Extrativistas: Parâmetros para uma política de desenvolvimento sustentável na Amazônia. In: ANDERSON,A; ALEGRETTI,M.H.; M, A; SCHWARTZMAN, S.; MENEZES, M.; MATTOSOS,R.; FLEISCHFRESSER,V.; FELIPPE,D.; WAWZYNIAK,V.; ARNT,R. O destino da floresta; reservas extrativista e desenvolvimento sustentável na Amazônia (edição). Instituto de Estudos Amazônicos e Ambientais. Fundação Konrad Adenauer. Rio de janeiro,1994. BRASIL. Gabriela Cabral. Desenvolvimento Sustentavel: Desenvolver sem agredir o meio ambiente. Disponível em: < Acesso em: 20 out CASTILLO, E. A. Proposta de plano de desenvolvimento da Reserva Extrativista do Rio Ouro Preto. PPG7, Brasília, set MACEDO, R.L.G. Percepção e conscientização ambientais. Lavras: UFLA/FAEP, MORET, A de S. Uma outra Amazônia é possível: energia e desenvolvimento com o homem e para o homem. GAWARA, D. (Org.). Ed. Universidade de Kassel, Alemanha
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