PAISAGEM URBANA A IDENTIDADE CULTURAL E SOCIAL LAPEANA, ATRAVÉS DO PATRIMÔNIO EDIFICADO DA CIDADE DA LAPA
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- Rodrigo Tavares Rios
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1 PAISAGEM URBANA A IDENTIDADE CULTURAL E SOCIAL LAPEANA, ATRAVÉS DO PATRIMÔNIO EDIFICADO DA CIDADE DA LAPA Karin Comerlatto da Rosa kcomerlattodarosa@yahoo.com.br Resumo: A história da Lapa está presente na paisagem urbana, às edificações tombadas pelo IPHAN remetem muitos cidadãos a percorrerem a formação política e social da cidade. Conceitos como patrimônio, identidade cultural, identidade social e memória foram ferramentas para compreender como os moradores se identificam com a história da cidade, e de que maneira é possível conservar a identidade local. Palavras chave: memória; local; global; patrimônio cultural. Introdução Ao trabalhar com espaço urbano, além das edificações, pessoas também pertencem a este conjunto. Compreender pontos que formam essa rede é se deparar com um leque de conceitos, é entrar num mundo de memórias individuas que se cruzam e se apresentam na memória coletiva. Segundo Thompson (1992, p.45) a história oral é uma história construída em torno de pessoas. Ela lança a vida para dentro da própria história e isso alarga seu campo de ação. (...) Traz a história para dentro da comunidade e extrai a história de dentro da comunidade. Desta maneira este trabalho buscou através da fala dos moradores da cidade da Lapa, compreender a formação patrimonial material e de que forma ela contribui para a memória individual e coletiva, e como este patrimônio edificado, que compõe o centro histórico da cidade, ajuda na formação da identidade social.
2 Neste caso em específico buscou-se compreender a partir de determinados conceitos - patrimônio, cultura, memória, identidade cultural e identidade social -, como os moradores da cidade da Lapa se identificam com a história da cidade, e de que maneira é possível conservar a identidade local. A história da Lapa está presente na paisagem urbana, e às edificações tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) remetem muitos cidadãos a percorrerem a formação política e social da cidade, a qual recebeu figuras políticas e religiosas presentes na história do estado. O Cerco da Lapa comemorado até hoje pelos lapeanos, é motivo de orgulho, pois foi um momento importante para o insucesso dos maragatos e sucesso da República. Esses momentos fizeram parte do cotidiano dos moradores e a história foi sendo contada e construída através da memória individual e coletiva, que deu a estas pessoas uma identidade local. Esse patrimônio imaterial une-se ao belo patrimônio material urbano, característico de um tempo que jamais voltará. Desenvolvimento Para Warnier (2000, p.97) o patrimônio cultural, em forma de museus, de monumentos, de locais históricos, de paisagens é, evidentemente, uma dimensão de identidade, mas também pode ser um potencial turístico importante. A cidade da Lapa soube aproveitar seu potencial turístico e hoje se destaca no setor. Casos como o da Lapa dão a sensação de garantia de que a homogeneização cultural, a que teme Hall (2006, p.77), e definida por ele como grito angustiado daqueles que estão convencidos de que a globalização ameaça solapar as identidades e a unidade das culturas nacionais ainda não atingiu níveis devastadores. Stuart Hall aborda a identidade a partir da globalização e as influências que as pessoas podem sofrer diante de um sistema econômico e de como estas mudanças ocorrem conforme os ambientes que o individuo frequenta, que seriam as identidades partilhadas. Stuart Hall (2006, p.69) atribui a compreensão espaço-tempo a aceleração dos processos globais, pois segundo ele
3 o mundo é menor e as distâncias mais curtas. Refletindo na construção identitária, Hall (2006, p.70) considera que: O impacto da globalização sobre a identidade é que o tempo e o espaço são também as coordenadas básicas de todos os sistemas de representação, segundo o autor, diferentes épocas culturais têm diferentes formas de combinar essas coordenadas espaço-tempo. Se para Hall (2006, p.71) a identidade está profundamente envolvida no processo de representação e todas as identidades estão localizadas no espaço e no tempo simbólico, para Harvey 1 ocorre à destruição do espaço e do tempo, em que, segundo Hall (2006, p.72-73) os lugares permanecem fixos; é nele que temos raízes. Entretanto o espaço pode ser cruzado num piscar de olhos. Esse afrouxamento de identidades que são construídas ao longo da história de uma cultura possibilita que o indivíduo, segundo Cuche (2002, p.177), Se localize em um sistema social e seja localizado socialmente, essa identidade cultural que para alguns é recebida como herança preexistente ao individuo 2, para outros está ligada a socialização do indivíduo no interior de seu grupo cultural 3 e ainda em uma terceira abordagem. A terceira abordagem segundo Cuche (2002, p.179) consideram a identidade cultural como um vínculo baseado em uma genealogia comum, esta identidade para se manter viva depende de um sistema, o educacional. Segundo Warnier (2000, p.97), para conservar sua identidade, os grupos e as nações devem manter, cultivar, renovar seu patrimônio. A transmissão cultural está estreitamente ligada à educação. Para que se desenvolva esse método de conservação de identidade pela educação, é necessário que exista um envolvimento do Estado, preocupado em manter viva a identidade coletiva de uma comunidade e responsável por todo um conjunto cultural e patrimonial. Para Jean-Pierre Warnier (2000, p.108) a responsabilidade em definir uma política cultural é do Estado, cabe a ele arbitrar 1 Apud. HALL, 2006, p Primeira abordagem. 3 Segunda abordagem.
4 entre os interesses setoriais aplicados na gestão do patrimônio e das indústrias culturais. Buscamos neste trabalho pesquisar como o cidadão lapeano se identifica com o centro histórico da cidade e de que forma a preservação do patrimônio contribui para as atividades desenvolvidas pelo e para o setor turístico local. Trabalhamos conceitos como memória, identidade, espacialidade, patrimônio e cultura. Buscamos através de depoimentos orais e análise bibliográfica compreender o discurso que os edifícios antigos têm diante da sociedade, já que eles estão carregados de simbologia, memória, etc. É fundamental compreender o processo de tombamento do centro histórico da cidade da Lapa numa perspectiva não só jurídica, mas também humana, para ter uma dimensão do que este patrimônio representa hoje para a população que vivenciou todo o processo de tombamento. Conclusões O conjunto de edificações que dá origem ao patrimônio urbano da cidade carregado de uma simbologia própria traz consigo a história de uma população que ao longo do tempo construiu esta cidade. Para conservar esse patrimônio imaterial que une-se ao belo patrimônio material urbano e para manter viva a história dessa comunidade é necessário que se desenvolvam cada vez mais políticas educacionais voltadas a valorização da memória social. Percebemos assim a necessidade de um compromisso por parte do poder público em manter nosso patrimônio cultural presente na vida da sociedade. Warnier (2000, p.98) aponta a educação como caminho para a preservação patrimonial, pois segundo o autor o ensino sob todas as suas formas, é um meio de socialização de jovens, de acesso à palavra pelo domínio da linguagem e da aprendizagem dos saberes. Pois, segundo Monastirsky (2009, p.331) o patrimônio cultural, torna-se incorporado à sociedade quando associada a ele a memória social e fixada através de elementos que possuem significado para a vida coletiva.
5 Referências ARENDT, H. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, CAMARGO, H. L. Patrimônio Histórico e Cultural. São Paulo: Aleph, CHAGAS, Mário. (orgs.). Memória e patrimônio: ensaios contemporâneos. Rio de Janeiro: DP&A, CHAVES, N. (Org.). Visões de Ponta Grossa. Ponta Grossa: UEPG, CHOAY, F. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Unesp, CUCHE, D. A noção de cultura nas ciências sociais. 2 a ed. Bauru: Edusc, FAUSTO, B. Memória e História. São Paulo: Graal, HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. 11ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, HARVEY, D. Condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, LEMOS, C. O que é Patrimônio Histórico. São Paulo: Brasiliense, LEPETIT, B. Por uma nova história urbana. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, LOZANO, J. Analise do discurso: Por uma semiótica da interação textual. São Paulo: Littera Mundi, MEIHY, J. Manual de História Oral. São Paulo: Loyola, MONASTIRSKY, L. B. Espaço urbano: memória social e patrimônio cultural. Revista Terra Plural. Ponta Grossa, v.3, n.2, p , jul./dez NORA, P. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Les lieux de mémoire, (pp.28 42), Tradução de: Yara Aun Khoury, PAES, M. T. D. & OLIVEIRA, M. R. S. (Orgs.) Geografia Turismo e Patrimônio Cultural. São Paulo: Annablume, PELEGRINI, S. C. A.; NAGABE, F. & PINHEIRO, A. P. Turismo e Patrimônio em tempos de globalização. Campo Mourão: FECILCAM, ROCHA, A. A dialética entre o Global e o local: um olhar sobre o turismo e o patrimônio cultural. Revista Terra Plural. Ponta Grossa, v.2, n.1, p , jan./jun
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