Minhas confreiras, meus confrades, minhas senhoras e meus senhores.

Transcrição

1 DISCURSO PROFERIDO PELO MÉDICO VETERINÁRIO JOSÉ CARLOS DE ANDRADE MOURA, POR OCASIÃO DA POSSE DOS NOVOS MEMBROS TITULARES DA ACADEMIA BRASILEIRA DE MEDICINA VETERINÁRIA. Rio de Janeiro, 31 de julho de 2015 Ilustríssimo Senhor Professor Milton Thiago de Mello Presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária, na pessoa de quem, cumprimento as demais autoridades presentes. Minhas confreiras, meus confrades, minhas senhoras e meus senhores. Sinto-me duplamente honrado e orgulhoso, primeiro por fazer parte deste seleto sodalício de profissionais que compõe a Academia Brasileira de Medicina Veterinária e segundo por ter sido designado para ser o orador nesta sessão solene representando os novos acadêmicos. Missão esta de grande responsabilidade, pelo fato dos representados serem profissionais expoentes da Medicina Veterinária nacional e internacional. Estamos aqui já empossados e sobre os nossos ombros esta capa, que nós acadêmicos chamamos de Capelo. Esta palavra tem origem no latim antigo e significa: o diminutivo de capa com touca. No Século VII, foi usado pelos frades em forma de capuz (capa e touca) e simbolizava a disciplina dos sentidos e do pensamento do sacerdote. A partir do ano 1200, teve uso generalizado por ambos os sexos, em todas as classes sociais. Tinha a função de cobrir a cabeça e ombro, assim como proteger do frio. Mais tarde utilizada pelos bispos em forma de Murça ou Mozeta (capa com comprimento à altura do cotovelo e fechada na frente com botões), assim como a Peregrineta, só que aberta na frente e fechada à altura do pescoço semelhante a esta nossa.

2 A partir do Século XVI, as universidades da Península Ibérica - principalmente a de Salamanca e Coimbra, adotaram em suas solenidades acadêmicas de conclusão de curso a Murça e o Capelo Doutoral respectivamente, como insígnias da ciência. Assim como as cores das capas que foram estabelecidas de acordo com a área do conhecimento. Minhas senhoras e meus senhores; meus representados Confrades, estamos aqui com a responsabilidade sobre os nossos ombros o Capelo da Medicina Veterinária brasileira. Que este, de forma alguma seja apenas um adorno científico, mas verdadeiro símbolo de contribuição social. Nossa missão é única perante a sociedade, haja vista, que nos últimos anos, ela tem sofrido ações destrutivas em virtude da falta de uma política educacional responsável, da generalização de uma cultura populista e da banalização das instituições sociais. Estes fatores mancomunados têm gerado um quadro gravíssimo de anomia social. Cabe-nos combater o populismo e a banalidade em todos os níveis e principalmente, preservar a Medicina Veterinária, no que se refere ao seu passado, presente e futuro, mormente através dos legados deixados pelos 40 patronos da Academia Brasileira de Medicina Veterinária e em especial para nós recém-empossados, os exemplos de nossos respectivos patronos: Dr. Albino José Belloto Cadeira Nº 01 PATRONO: Prof. Américo de Souza Braga O Prof. Américo nasceu em 1889 na cidade de Santarém Pará. Médico Veterinário pela Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária (Niterói RJ) em Trabalhou no Ministério da Agricultura e iniciou no magistério em 1934 na Cadeira de Clínica Médica, chegando a Professor Catedrático de Microbiologia e Imunologia da Escola Nacional de Veterinária no Rio de Janeiro. Mestre de palavra fácil e grande saber; polarizava a atenção de todos.

3 O destino lhe reservara um papel muito importante: foi um dos criadores da Escola Fluminense de Medicina Veterinária. Publicou o famoso tratado de quatro volumes sobre Imunologia, onde escreveu: esta obra é de especial utilidade, não só para o médico veterinário, se não também para o médico, o biólogo, o legislador, o economista e o homem de governo. Dr. José Ferreira Nunes Cadeira Nº 03 PATRONO: Prof. Cristovam Colombo de Souza O Mestre Cristovam Colombo nasceu em Manaus em Médico Veterinário pela Escola de Veterinária do Exército em Médico Pediatra pela Universidade do Paraná em Integrou a Força Expedicionária Brasileira na II Grande Guerra Mundial. Chegou ao posto de General do Exército em Implantou e dirigiu por 13 anos o Hospital Veterinário do Exército, um respeitável centro de estudos médicos e cirúrgicos. A fama dos seus conhecimentos o conduziu às salas de aula da Universidade Federal Fluminense e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Após a sua passagem para a reserva do Exército, mudou-se para Recife (PE) e dedicou-se à Universidade Federal Rural de Pernambuco, onde reformulou os procedimentos do Hospital-Escola e criou a famosa Clínica de Bovinos de Garanhuns (PE). Como médico desenvolveu um trabalho social inigualável. O mais notável era o seu profundo sentimento de amor ao próximo, a sua capacidade de reunir pessoas e transmitir-lhes confiança.

4 Dr. Luciano José Costa Figueiredo Cadeira Nº 12 PATRONO: Prof. Adolfo Martins Penha O Doutor Penha nasceu no Rio de Janeiro em Médico Veterinário pela Escola de Veterinária de Pouso Alegre (MG) em Fez Curso de Microbiologia e Zoologia Médica no Instituto Oswaldo Cruz, onde desenvolveu uma sólida amizade com dois ilustres médicos: Genésio Pacheco e Arthur Neiva. Os três foram peças importantes na fundação do Instituto Biológico de São Paulo. Nesse Instituto, o Dr. Penha conduziu projetos de relevância para a Defesa Sanitária Animal e Vegetal. Foi também um dos grandes colaboradores da criação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Em uma determinada entrevista o Dr. Penha disse: De uma coisa tenho a consciência tranquila. Tudo que ouvi, o pouco que sei e tudo que aprendi, procurei transmitir aos outros. O seu trabalho foi reconhecido através dos títulos de Doutor Honoris causa pela Universidade de Campinas e o de Servidor Emérito do Estado de São Paulo. Era um indivíduo de excepcional cultura científica e humanista; simples, afável e sempre disposto a ajudar os colegas mais novos. Dr. José Carlos de Andrade Moura Cadeira Nª 36 PATRONO: Prof. Ernesto Antônio Matera Nasceu em São Paulo em Médico Veterinário pela Escola de Medicina Veterinária de São Paulo em Iniciou suas atividades profissionais como Assistente na cadeira de Patologia e Clínicas Cirúrgica e Obstétrica da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP) em Obteve o título de Livre-Docente em 1948 e de Professor Catedrático em Após estudos nos Estados Unidos e no Canadá, desenvolveu e

5 implantou na Universidade de São Paulo (USP) importantes conceitos e bases para os períodos pré, trans e pós-operatórios em cirurgias de pequenos animais. Atuava também em cirurgia de grandes animais, tendo contribuído com importantes trabalhos científicos nesta área. Em 1965 criou os primeiros cursos de Pós-Graduação na Faculdade de Medicina Veterinária da USP (um na área de Reprodução Animal e outro em Patologia Bovina), o que permitiu a vários docentes da casa a realização da pós-graduação. O Prof. Matera teve uma marcante atuação na Sociedade Paulista de Medicina Veterinária e na criação do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo, destacando-se na normatização do ensino e do exercício profissional no Brasil. Foi um dos criadores e primeiro presidente do então Colégio Brasileiro de Cirurgiões Veterinários em O Professor Ernesto Antônio Matera é Patrono da cadeira nº 5 da Academia Paulista de Medicina Veterinária, ocupada pelo nosso Confrade o Prof. Eduardo Harry Birgel. Dr. Rômulo Cerqueira Leite Cadeira Nº 40 PATRONO: Prof. Jadyr Vogel O Prof. Jadyr o mestre eclético nasceu no Rio de Janeiro em Médico Veterinário pela Escola Nacional de Veterinária em Médico pela Escola de Medicina e Cirurgia em Foi professor em diferentes áreas do conhecimento. Lecionou nas seguintes instituições: Escola de Medicina e Cirurgia; Faculdade Fluminense de Medicina; Escola de Enfermagem do Estado do Rio de Janeiro; Escola Nacional de Veterinária; Instituto de Nutrição da Universidade do Brasil; Fundação Educacional Campo-grandense e na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Foi adepto fervoroso da pesquisa científica desde os primeiros anos da prática docente. Participou de 27 entidades de classe, sendo 12 como fundador, entre estas a nossa Academia Brasileira de Medicina Veterinária em 1983; da qual foi

6 presidente desde a sua fundação até 2013, quando renunciou ao mandato e indicou o seu vice-presidente, o Prof. Milton Thiago de Mello, para sucedê-lo. Na ocasião, o Prof. Jadyr foi aclamado como Presidente Honorário da Academia Brasileira de Medicina Veterinária. Segundo o Prof. Milton Thiago de Mello, ele era uma pessoa digníssima, um príncipe, uma grande pessoa humana. Afirmação esta que nós ratificamos. Minhas senhoras, meus senhores, esses são os exemplos dos nossos Patronos. Que nós utilizemos seus legados, no intuito também de servirmos de exemplo para os jovens de hoje e as gerações futuras que se dedicarão à nossa profissão, contribuindo assim para o desenvolvimento da Medicina Veterinária. Segundo Santo Ambrósio de Milão, a ingratidão é tão monstruosa e triste que o próprio Jesus chamou a atenção dos ingratos, dos leprosos que foram curados e não souberam agradecer. Então, não há dever mais urgente do que agradecer. Agradecimento inicial a Deus, pelas nossas vidas; Aos nossos pais, que entenderam a importante missão divina de gerar, criar e educar. Assim como, nossos irmãos e irmãs pelo carinho e compartilhamento do amor fraterno. Aos nossos cuidadores, sejam humanos ou espirituais. Aos nossos professores, mestres e orientadores que nos guiaram pelo caminho do conhecimento e, naturalmente, pela ajuda na elaboração dos nossos currículos, através dos quais nos tornamos membros da Academia Brasileira de Medicina Veterinária. Agradecemos de forma muito especial às nossas esposas, filhas, filhos, netas e netos, que representam a base de tudo; fonte da inspiração e da energia de nossas vidas. Nosso agradecimento, ao brilhante confrade Dr. René Dubois, pelas generosas palavras expressas na saudação dos novos acadêmicos.

7 Agradecemos às Confreiras Wilma de Albuquerque Franco, Clotilde de Lourdes Branco Germiniani, ao Confrade Eduardo Harry Birgel e ao Professor Sílvio Camerino Paes Barreto pela ajuda nas biografias dos Patronos dos novos Acadêmicos. Por esta carinhosa sessão solene de posse, agradecemos à Academia Brasileira de Medicina Veterinária e à Sociedade Nacional de Agricultura, na pessoa do seu presidente - Membro Honorário da nossa Academia - Dr. Antônio Mello Alvarenga Neto. De coração, agradecemos a todos aqui presentes, responsáveis pelo colorido insólito desta solenidade; uma verdadeira demonstração de estima e consideração com a Medicina Veterinária brasileira. Pela atenção de todos, muito obrigado.