Mural Eletrônico do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul

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1 Mural Eletrônico do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul Publicação: sábado, 11 de outubro de horas Processo Classe: RP Nº Protocolo: RELATOR(A): DES. FEDERAL OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA ESPÉCIE: FAX Representante(s): DANIEL LUIZ BORDIGNON (Adv(s) Edson Luis Kossmann, Guilherme dos Santos Todeschini, Guilherme Rodrigues Carvalho Barcelos, Juliana Brisola, Maritânia Lúcia Dallagnol e Oldemar José Meneghini Bueno) Representado(s): FACEBOOK SERVIÇOS ON LINE DO BRASIL LTDA. Vistos etc. Trata-se de representação, com pedido liminar, proposta por DANIEL LUIZ BORDIGNON, candidato à reeleição ao cargo de Deputado Estadual, contra FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LINE LTDA, com requerimento de supressão de mensagem com conteúdo mentiroso e ofensivo. O representante afirma que a mensagem veiculada traz conteúdo inverídico ao referir que sua candidatura foi impugnada, induzindo o eleitor em erro, além de calúnias, difamações e injúrias em vista de expressões como "bandido" e "A quadrilha do PT", dentre outras assertivas que lança. Junta cópia da página do facebook aos autos e informa o link de acesso. Requer, por fim, seja determinada a supressão imediata da mensagem impugnada (fls. 02/09). O pedido liminar foi deferido (fl. 16). Notificado (fl. 20), o Facebook ofereceu defesa e suscitou a preliminar de ilegitimidade passiva, sob argumento de que as empresas responsáveis pela rede social são a Facebook Inc. e a Facebook Ireland Limited, e que apenas os usuários do site podem ser responsabilizados por infrações à legislação eleitoral. No mérito, afirma que procedeu à remoção tempestiva da mensagem impugnada, não cabendo aplicação de eventual multa (fls ). Foram os autos com vista à Procuradoria Regional Eleitoral, que se manifestou pelo provimento da representação, mantendo-se a liminar deferida (fls ). Decido. Antes de adentrar o mérito, necessário analisar a preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pelo representado. 1. Ilegitimidade passiva O representado sustenta sua ilegitimidade passiva dizendo que a FACEBOOK DO BRASIL não tem qualquer ingerência no site de relacionamentos facebook e aponta como responsáveis as sociedades estrangeiras FACEBOOK INC. e FACEBOOK IRELAND LIMITED. Referida preliminar não comporta acolhida. Conforme contrato social juntado aos autos pela própria demandada (fls ), a empresa FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA foi constituída com o objetivo de viabilizar a operação do sistema empresarial e corporativo em território nacional. Integra, como se extrai do referido contrato social, o grupo econômico dos controladores da rede social em nível mundial, sendo seu representante no Brasil. É pacífica a jurisprudência no sentido da legitimidade da empresa representada para figurar no polo passivo de ações como a presente, pois a empresa Facebook Serviços Online do Brasil Ltda. foi constituída pela Facebook Inc. e Facebook Ireland Ltda. para atuar neste país como sua representante, possuindo controle para retirada de conteúdos indevidos do sítio de relacionamentos. Neste sentido, colaciono precedente do TRE-SP: REPREENTAÇÃO ELEITORAL - PROPAGANDA ELEITORAL ANTECIPADA - INTERNET - ART. 36, "CAPUT" E PARÁGRAFO 3º, DA LEI Nº 9.504/97 - PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA - PERFIL CRIADO EM REDE SOCIAL - FACEBOOK - AUTORIA DESCONHECIDA - NÃO APLICAÇÃO DE MULTA. A EMPRESA FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA FOI CONSTITUÍDA PELA FACEBOOK INC. E FACEBOOK IRELAND LTDA PARA ATUAR NESTE PAÍS COMO SUA REPRESENTANTE, POSSUINDO 1

2 CONTROLE PARA RETIRADA DE CONTEÚDOS INDEVIDOS DO SÍTIO DE RELACIONAMENTOS. AFASTADA A ALEGADA ILEGITIMIDADE PASSIVA DA EMPRESA REPRESENTADA. MATERIALIDADE DA CONDUTA DEFINIDA, CONTUDO, SEM IDENTIFICAÇÃO DA AUTORIA. O REPRESENTANTE DEIXOU DE PROVIDENCIAR A QUEBRA DO SIGILO DA AUTORIA DO PERFIL CRIADO NO FACEBOOK. INDEVIDA A MULTA PREVISTA NO ART. 36, DA LEI N /97. DETERMINAÇÃO, DE OFÍCIO, PARA A REMOÇÃO DO CONTEÚDO ORA ATACADO DA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES. REPRESENTAÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE, COM DETERMINAÇÃO DE RETIRADA IMEDIATA DO CONTEÚDO IMPUGNADO À EMPRESA REPRESENTADA, OFICIANDO-SE LOGO APÓS A PUBLICAÇÃO DO V. ACÓRDÃO. (TRE-SP - REP: SP, Relator: DIVA PRESTES MARCONDES MALERBI, Data de Julgamento: 01/08/2013, Data de Publicação: DJESP - Diário da Justiça Eletrônico do TRE-SP, Data 08/08/2013) (grifei) Segundo o STJ, Se empresa brasileira aufere diversos benefícios quando se apresenta ao mercado de forma tão semelhante à sua controladora americana, deve também, responder pelos riscos de tal conduta (STJ-REsp.: /RN, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJe: 09/02/2009). Aliás, tal alegação não se coaduna com a comprovação de cumprimento da decisão que determinou a retirada da propaganda eleitoral irregular. Desta forma, afasto a alegação de ilegitimidade passiva ad causam. 2. Mérito Como já ressalvado na decisão de concessão da medida liminar, o conteúdo veiculado se afigura ofensivo, convindo reproduzir a manifestação exarada naquela oportunidade: Após a leitura da íntegra da manifestação do representante, bem como a análise das páginas do facebook, no material juntado aos autos, entendo que deve ser dado provimento ao pleito liminar. À primeira vista, o conteúdo veiculado se mostra ofensivo. A mensagem traz o seguinte texto: BORDIGNON...TU ÉS UM PATIFE...Vamos te responder nas urnas...mais uma vez! Hoje as ruas de Gravataí estão perigosas...a quadrilha do PT... queles que impugnamos e arrancamos da prefeitura... Liderados pelo bandido comum... O eterno impugnado DANIEL PORDIGNON... Sentindo a derrota... Estão agredindo e atacando militantes de outros partidos... Essa gentalha que afundou Gravataí não merece o seu voto!!! Por esses aspectos, entendo que os comentários foram além da crítica permitida no embate eleitoral. Nesse sentido é a jurisprudência do TSE: Recurso especial. Direito de resposta. Expressão injuriosa. 1. É assente nesta Casa de Justiça que as balizas impostas à propaganda eleitoral objetivam preservar a verdade dos fatos e assegurar a igualdade entre os contendores, sem prejuízo do exercício da liberdade de expressão. 2. As críticas - mesmo que veementes - fazem parte do jogo eleitoral, não ensejando, por si só, o direito de resposta, desde que não ultrapassem os limites do questionamento político e não descambem nem para o insulto pessoal nem para a increpação de conduta penalmente coibida. Além, claro, da proibição de se veicular fatos sabidamente inverídicos. 3. Propaganda eleitoral que transborda os limites do questionamento político ou administrativo e descamba para o insulto pessoal. [...]" NE: Utilização da expressão "políticos corruptos".(tse. Ac. de no REspe n , rel. Min. Carlos Ayres Britto.) Ademais, o fumus boni iuris e o periculum in mora estão presentes, uma vez que a não retirada do material das páginas do facebook pode gerar desequilíbrio no pleito. Diante do exposto, defiro o pedido de medida liminar e determino a notificação de FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA (rua Leopoldo Couto Magalhães Júnior, 700, 5º andar, Bairro Itaim Bibi, São Paulo, SP) para que: a) efetue a imediata retirada da imagem de texto veiculada mediante o link b) comprove o cumprimento da determinação acima referidas no prazo de 48h e, querendo, apresente defesa no mesmo prazo, nos termos da legislação eleitoral. Cumpra-se. Resta clara a infringência ao art. 57-D, 3, da Lei n /97, regulamentado pelo art. 22, caput, da Resolução TSE n /2014, que dispõe: Art. 57-D. É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato durante a campanha eleitoral, por meio da rede mundial de computadores - internet, assegurado o direito de resposta, nos termos das alíneas a, b e c do inciso IV do 2

3 3o do art. 58 e do 58-A, e por outros meios de comunicação interpessoal mediante mensagem eletrônica. [...] 3o Sem prejuízo das sanções civis e criminais aplicáveis ao responsável, a Justiça Eleitoral poderá determinar, por solicitação do ofendido, a retirada de publicações que contenham agressões ou ataques a candidatos em sítios da internet, inclusive redes sociais. Como se observa, as palavras proferidas em desfavor do representante constituem ofensas que desbordam da contenda eleitoral, fator que levou à concessão da liminar para suprimir a postagem realizada, providência tomada pelo Facebook dentro do prazo estabelecido, conforme verificado na fl. 33 da manifestação ofertada. À vista dessas considerações, em razão de a pretensão contida na inicial restar satisfeita com a remoção dos ataques proferidos, é de ser confirmada a liminar concedida, não havendo incidência de sanção pecuniária ao provedor. Diante do exposto, julgo procedente a representação, confirmando a liminar concedida, não havendo aplicação de multa ao Facebook. Publique-se e intimem-se. Em 09 de outubro de Des. Federal Otávio Roberto Pamplona, Juiz Auxiliar. Processo Classe: RP Nº Protocolo: RELATOR(A): DRA. LUSMARY FATIMA TURELLY DA SILVA ESPÉCIE: REPRESENTAÇÃO Representante(s): COLIGAÇÃO O NOVO CAMINHO PARA O RIO GRANDE (PMDB / PSD / PPS / PSB / PHS / PT DO B / PSL / PSDC) (Adv(s) Milton Cava Corrêa e Paulo Renato Gomes Moraes) Representado(s): COLIGAÇÃO ESPERANÇA QUE UNE O RIO GRANDE (PP / PRB / PSDB / SD) (Adv(s) André Luiz Siviero, Gustavo Bohrer Paim, Jivago Rocha Lemes, Miguel Tedesco Wedy e Ricardo Hermany) Relatório. Trata-se de representação por propaganda eleitoral irregular, com pedido liminar, ajuizada pela COLIGAÇÃO O NOVO CAMINHO CAMINHO PARA O RIO GRANDE (PMDB, PSD, PPS, PSB, PHS, PT do B, PSL, PSDC) contra COLIGAÇÃO ESPERANÇA QUE UNE O RIO GRANDE (PP, PRB, PSDB, SD), em razão da utilização de crachás que supostamente estariam em desacordo com o disposto no parágrafo único do art. 123 da Resolução TSE n /2013, e com o art. 39-A, 3º, da Lei n /97. O pedido liminar que buscava a remoção imediata dos crachás foi indeferido, haja vista a prova trazida aos autos não ter sido exitosa em demonstrar qualquer irregularidade (fl. 10). Em defesa, o representado aponta, em preliminar, a perda de objeto da representação. No mérito, sustenta que a prova é imprestável para sustentar juízo condenatório e que os crachás utilizados pelos fiscais da coligação foram produzidos dentro dos estritos parâmetros estabelecidos pela legislação de regência. Requer a extinção do feito sem resolução do mérito ou, alternativamente, a improcedência da ação (fls. 15-7). O parecer ministerial é pelo reconhecimento da perda de objeto da representação (fls ). Decisão. Trata-se de ação que visava unicamente a remoção de crachás supostamente irregulares, usados por fiscais da coligação representada. A liminar foi indeferida por não ter sido vislumbrada afronta à legislação de regência, entendendo-se que, em casos como o presente, tem-se que compete à Justiça Eleitoral atuar, seja através do Presidente de Mesa da Seção Eleitoral, seja através do Juiz Eleitoral, no exercício legítimo do poder de polícia da Zona Eleitoral, para fazer cessar qualquer irregularidade, conforme disposto no art. 124 da Resolução TSE n /13. Na defesa, a Coligação Esperança que une o Rio Grande afirma que os crachás utilizados pelos seus fiscais estavam dentro dos estritos parâmetros estabelecidos pela legislação de regência, não havendo elementos nos autos que 3

4 contrariem esta alegação. Além disso, observa-se que a infração apontada não tem previsão de penalidade na legislação, e que a demanda buscava o recolhimento dos crachás e sua comunicação às zonas eleitorais, o que foi indeferido. O pedido de remessa dos autos ao Ministério Público também foi atendido, sobrevindo a promoção pela perda do objeto da ação. De fato, com o transcurso do pleito eleitoral, impõe-se reconhecer a perda superveniente do objeto do presente processo em face da ausência do binômio necessidade e utilidade, visto inexistir qualquer resultado útil a ser obtido com a representação. DIANTE DO EXPOSTO, acolho a preliminar de perda de objeto e julgo extinto o feito, sem resolução do mérito, com fundamento no art. 267, VI, do CPC. Publique-se. Em 10 de outubro de Dra. Lusmary Fátima Turelly da Silva, Juíza Auxiliar do TRE/RS. Processo Classe: RP Nº Protocolo: RELATOR(A): DES. FEDERAL OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA ESPÉCIE: PETIÇÃO Representante(s): DANIEL LUIZ BORDIGNON (Adv(s) Edson Luis Kossmann, Guilherme dos Santos Todeschini, Guilherme Rodrigues Carvalho Barcelos, Juliana Brisola, Maritânia Lúcia Dallagnol e Oldemar José Meneghini Bueno) Representado(s): FACEBOOK SERVIÇOS ON LINE DO BRASIL LTDA. (Adv(s) Celso de Faria Monteiro, Daniela Pereira, Janaína Castro Félix, Natália Teixeira Mendes, Priscila Andrade, Tammy Parasin Pereira e Wagner Lucio Batista) Vistos, etc. FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA opõe embargos declaratórios com pedido de efeitos infringentes (fls ) em face de decisão que julgou procedente representação por propaganda irregular veiculada nas páginas pessoais da rede social facebook, Gravataí da Transparência e Paulinho Showza, condenando-o ao pagamento de multa no valor de R$ ,00 (trinta mil reais). Argumenta a embargante que a decisão padece de omissão, uma vez que deixou de apreciar a tese defensiva de cumprimento da medida liminar, a qual afasta a incidência da penalidade de multa, aplicada com fundamento nos arts. 57-D, 2º, e 57-F da Lei n /97, este último regulamentado pelo art. 24 da Resolução TSE n /14. Decido. O recurso é tempestivo, motivo pelo qual dele conheço. No mérito, assiste razão à embargante. Analisando a defesa apresentada nas fls , verifico que, efetivamente, houve o cumprimento da liminar. Conforme informaram os embargantes em sua defesa, "diante da indicação clara e precisa das URLs objeto desta lide, os Operadores do site Facebook verificaram que a URL (Gravataí da Transparência) foi removida pelo usuário responsável e, no tocante a URL fbid= (Paulinho Showza) providenciaram a remoção que lhe foi ordenada por este E. Tribunal". Juntou, ainda, as imagens das telas de ambas as URL's, em que demonstradas a indisponibilidade dos conteúdos impugnados, comprovando que as páginas impugnadas não podem mais ser acessadas. Assim, tendo cessado a veiculação da propaganda irregular no FACEBOOK, no prazo estipulado pela Justiça Eleitoral, torna-se inviável a aplicação da multa prevista no art. 57-D, 2º, da Lei n /97. No entanto, reitero à representada FACEBOOK que deve fazer a correta distinção entre os conceitos de controle preventivo e de ordem judicial. O primeiro, por certo pode implicar censura prévia, podendo ser feito por qualquer pessoa, enquanto que o segundo só pode advir de autoridade competente, no caso, o magistrado. 4

5 DIANTE DO EXPOSTO, conheço e acolho os embargos de declaração, atribuindo-lhes efeitos infringentes, para o fim de afastar a condenação da embargante ao pagamento de multa, que havia sido fixada no valor de R$ ,00. Publique-se. Intimem-se. Em 10 de outubro de Desembargador Federal Otávio Roberto Pamplona, Juiz Auxiliar. 5