Breve Histórico A Lei do piso Atualização do valor do piso PL 3776/2008

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1 Breve Histórico A Lei do piso A Lei nº /2008 instituiu o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica ativos, inativos e pensionistas. O valor definido pela Lei foi de R$ 950,00 para professores com formação em nível médio e jornada de 40h semanais, sendo proporcional para as demais cargas horárias. A lei previu o pagamento progressivo do valor definido, sendo que em 2009 deveriam ser pagos dois terços (2/3) da diferença entre o valor do piso e o vencimento inicial de carreira praticado nos Entes Federados e a integralização do valor do piso deveria ocorrer a partir de A referência do piso, de acordo com a Lei, era o vencimento inicial da carreira. No entanto, as vantagens pecuniárias, pagas a qualquer título, seriam admitidas no cálculo do piso até 31 de dezembro de Também foi definido pela Lei do Piso o limite máximo de 2/3 da carga horária do professor para trabalho efetivo com os alunos, e que Estados e Municípios teriam prazo até 31 de dezembro de 2009 para elaboração ou adequação dos Planos de Carreira e Remuneração do Magistério. Para cumprimento do valor do piso, foi prevista a complementação da União, nos casos em que os entes não tenham disponibilidade orçamentária para cumprir o valor estipulado. A complementação se dará com recursos dos 10% da complementação da União ao Fundeb. Por fim, a lei previu também a atualização anual do valor do piso, no mês de janeiro, a partir de 2009, com base no crescimento do valor mínimo nacional por aluno/ano do ensino fundamental definido no Fundeb. Atualização do valor do piso PL 3776/2008 Contrário à forma de atualização do piso prevista na Lei nº /2008, o Poder Executivo federal apresentou dia 23/7/2008 o PL nº 3.776/2008, propondo que a forma de atualização do piso fosse feita com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). A utilização do referido índice evita a utilização do porcentual de crescimento do valor mínimo por aluno referente aos anos iniciais do ensino fundamental urbano, que gerou preocupações e dúvidas por parte dos Municípios. Primeiramente, o valor mínimo por aluno do Fundeb constitui-se de estimativas, que podem variar ao longo do ano diante da oscilação da arrecadação, e nem sempre corresponde à apuração do valor efetivamente realizado no exercício. Além disso, o valor efetivo só é publicado em abril, o que inviabiliza o cumprimento da lei, que prevê a atualização a partir do mês de janeiro. No Senado Federal foi apresentado um substitutivo ao PL 3.776/2008, que mudou a data base de atualização do piso para o mês de maio, além de definir que o índice de reajuste do piso a ser utilizado seria calculado a partir do crescimento dos valores efetivos do Fundeb. O PL 3776/2008 ainda não foi transformado em lei, e a proposta segue em análise nas comissões da Câmara dos Deputados, antes de ser votado no Plenário. 1

2 Para a CNM, o projeto substitutivo soluciona as dúvidas em relação ao porcentual a ser utilizado e data de atualização do piso. No entanto, a regra poderá gerar uma elevação contínua da parcela correspondente aos gastos com a remuneração dos profissionais do magistério público nas despesas totais com educação básica, podendo comprometer em médio e longo prazo outras ações de manutenção e desenvolvimento do ensino, a exemplo da manutenção das instalações e equipamentos das escolas, da aquisição de material escolar e dos programas de formação de professores. Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI 4167 Em outubro de 2008 os governadores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e Ceará, ajuizaram a ADI 4167 questionando alguns dispositivos da lei do piso. A justificativa para ação foi, principalmente, o fato de a lei federal transformar o piso salarial em vencimento básico e de diminuir a jornada de trabalho dos professores dentro das salas de aula, extrapolando a idéia inicial de fixação do piso salarial da carreira, conforme determina a Emenda Constitucional nº 53/2007. No julgamento liminar da ADI 4167, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, temporariamente, o parágrafo que determinava o cumprimento de, no máximo, dois terços da carga horária do professor em atividades com os alunos. Além disso, deu nova interpretação para o piso salarial até o julgamento final da ação. De acordo com a decisão, o piso passou a ser entendido como a remuneração, composta pelo salário base juntamente com as vantagens. Para a CNM, a liminar do STF foi uma conquista, pois reduziu o impacto financeiro que os Municípios teriam com o pagamento do piso salarial como vencimento e a diminuição do tempo de permanência do professor em sala de aula. Impacto do piso De 2008 a 2010 a CNM realizou 2 pesquisas sobre o impacto do pagamento do piso salarial do magistério público nas finanças municipais decorrente dos efeitos da Lei nº /2008. Em 2008, foram pesquisadas as médias salariais de 512 Municípios. Desse total, verificouse que em 398 Municípios os valores praticados encontravam-se abaixo do estabelecido pela lei. A média dos vencimentos iniciais praticada variou entre R$ 393,02 e R$ 620,83 para os professores com nível médio, e entre R$ 479,65 e R$ 798,85 para professores com nível superior. Considerando essas médias salariais, em 2009, os salários de professores com jornada de 40h e formação em nível médio deveriam saltar de R$ 620,83 para R$ 873,61 e de R$ 798,85 para R$ 1.095,68 para os com formação em nível superior. Com o aumento de 2/3 da diferença entre o salário praticado e o valor do piso, a folha de pagamento saltaria de R$ 5,2 bilhões para R$ 6,8 bilhões, gerando um adicional de R$ 1,6 bilhão. 2

3 Estimativa de custo pelas médias dos Municípios abaixo do piso Nível Médio Nível Superior Jornada Piso Salário Piso Salário (h) Integral Médio Integral Médio Custo anual ,00 620, ,09 798, ,00 470,66 968,50 609, ,00 452,86 801,26 593, ,00 393,02 634,61 479, Total 668,61 482,68 861,68 616, Fonte: Estudos Técnicos/CNM * O impacto foi calculado considerando a atualização do piso a partir 2009, com base num percentual de 5%, referente ao INPC, caso o PL 3776/2008 fosse aprovado na forma do texto inicial. Em 2009, após a Medida Cautelar do STF sobre a Lei do piso, a CNM realizou uma nova pesquisa junto a Municípios, considerando o conceito do piso como remuneração. Do total de Municípios pesquisados, 622 praticavam valores abaixo do estabelecido pela lei. As médias das remunerações variaram entre R$ 428,84 e R$ 738,01 para professores com nível médio e entre R$ 436,30 e R$ 779,76 para professores com nível superior. Dessa forma, para integralização do piso seria necessário um adicional anual de R$ 267,9 milhões. Estimativa de custo adicional pelas médias das remunerações abaixo do piso Nível Médio Nível Superior Jornada Média da Média (h) Piso Integral Piso Integral da Custo adicional anual Remuneração Remuneração ,00 738,01 950,00 779, , ,50 572,82 712,50 617, , ,75 516,08 593,75 538, , ,00 428,84 475,00 436, ,11 Total ,50 Tendo em vista o novo conceito do piso, em 2009 a CNM realizou uma nova análise das informações levantadas em 2008, considerando apenas a diferença a ser paga entre os salários praticados e o valor do piso definido para professores com formação em nível médio. Ou seja, a CNM considerou para efeito do impacto um único piso para os profissionais com formação em nível médio e superior. Tomando como referência as médias salariais informadas em 2008 (pelos 398 Municípios que não cumpriam o valor determinado pela lei), a reanálise revelou um custo adicional na folha de pagamento dos professores que recebem abaixo do piso em torno de R$ 1,0 bilhão. 3

4 Estimativa de custo adicional pelas médias salariais abaixo do piso (pesquisa 2008) Jornada Nível Médio Nível Superior Custo adicional anual (h) Piso Integral Média salarial Piso Integral Média salarial ,00 620,83 950,00 798, , ,50 470,66 712,50 609, , ,75 452,86 593,75 593, , ,00 393,02 475,00 479, ,69 Total ,84 Ressalta-se que esse impacto refere-se tão-somente à diferença das médias salariais praticadas para alcançar o valor do piso de R$ 950,00. Isso não representa o real impacto financeiro da folha de pagamento, pois cada Município adota tipos e percentuais de gratificações e adicionais diferentes que incidem sobre o vencimento inicial. Portanto, na prática, o impacto é muito maior devido ao efeito cascata dos planos de carreira. Ao comparar os resultados das duas pesquisas, verifica-se que quando se considera a remuneração como referência do piso, em vez do vencimento, o impacto financeiro para integralização do valor do piso é 73% menor. Isso significa, em termos absolutos, R$ 733 milhões a menos no custo adicional da folha de pagamento dos Municípios que praticam remuneração abaixo do valor do piso. Em 2010 foi realizada uma nova pesquisa, considerando o piso como remuneração, e o valor atualizado de R$ 1.024,67, conforme divulgação do Ministério da Educação. Nos Municípios pesquisados, a média da remuneração variou, nas diferentes jornadas, entre R$ 765,48 e R$ 1.288,26 para professores com nível médio e entre R$ 1.019,61 e R$ 1.778,94 para professores com nível superior. Isso quer dizer que a maioria dos Municípios já pagava em 2010 remunerações acima do valor do piso divulgado pelo MEC. Jornada de trabalho Valor do Piso 2010 (MEC) Média da Remuneração Municípios pesquisados Diferença paga a mais 40h 1.024, ,26 263,59 26% 30h 768, ,46 269,96 35% 25h 640,42 889,57 249,15 39% 20h 512,34 765,48 253,14 49% % Caso o piso fosse o vencimento inicial, considerando a média dos salários praticados pelos Municípios, o impacto seria de R$ 554,7 milhões. Em 2011, tendo em vista a proximidade do julgamento final da ADI 4167 e a pressão feita por sindicatos e deputados da Frente Parlamentar em Defesa do Piso Salarial dos Professores, a CNM realizou uma nova análise do impacto do piso nas finanças municipais, considerando os dados levantados pela pesquisa em 2010, o valor do piso atualizado para 2011 divulgado pelo MEC de R$ 1.187,00, e o conceito do piso como vencimento inicial. A nova análise revelou um impacto de R$ 1,8 bilhão, tendo em vista que a média dos vencimentos iniciais em 2010 variou entre R$ 587,20 e R$ 1.011,39 para professores com formação em nível médio, e entre R$ 731,84 e R$ 1.299,59 para professores com formação em nível superior. Para cálculo do impacto considerou-se a média do percentual de 4

5 vantagens pagas pelos Municípios de 20,95% e a diferenciação entre os vencimentos iniciais dos professores com formação em nível médio e nível superior. Assim, quando considerado como vencimento inicial, o pagamento do piso dos professores gera um grande impacto nas finanças municipais. Jornada Piso 2011 MEC Médias salariais Brasil Pesquisa 2010 Nível médio Médias salariais Piso MEC 2011* Nível superior Médias salariais 20horas 593,51 587,20 739,69 731,84 25horas 741,89 711,59 907,03 869,99 30horas 890,26 856, , ,28 40horas 1.187, , , ,59 * considerando o piso como vencimento inicial e as diferenciações entre nível médio e superior encontradas nos Municípios pesquisados Destaca-se que para cálculo desse impacto considerou-se a média salarial de todos os Municípios pesquisados, tanto os que pagam valores acima do piso como os que estão abaixo do valor definido. Assim, as médias salariais são influenciadas pelos valores dos Municípios que já praticam salários superiores aos pisos de cada jornada de trabalho, e, por sua vez, tendem a subestimar o custo adicional para a implementação do piso. Já considerando a atualização do piso em 2011 com base nos valores efetivos do Fundeb, conforme recomenda a AGU, o novo valor do piso seria de R$ 1.239,27 para a jornada de 40 horas/semanais. E o impacto para cumprimento desse valor subiria para R$ 2,3 bilhões. Além do impacto financeiro sobre as vantagens praticadas, estima-se que para atendimento das horas-aula na proporção de 2/3 de trabalho efetivo em sala de aula e 1/3 para as atividades de planejamento, o impacto tem um acréscimo considerando que seria necessário contratar 180,5 mil professores para assegurar o direito dos alunos de 4 horas diárias de efetivo trabalho de integração em sala de aula. Caso fosse pago o piso anunciado pelo MEC, de R$ 1.187,00, o impacto seria de R$ 3 bilhões. Com a publicação dos valores efetivos do Fundeb e o novo piso de R$ 1.239,27 o impacto passaria para R$ 3,1 bilhões. Ressalta-se que a hora-atividade não tem impacto retroativo, em razão da decisão liminar do STF. Com a liminar, o tempo de permanência dos professores em sala de aula com os alunos não teve diminuição, e o tempo de planejamento não interfere diretamente nos salários dos professores. Assim, somente a partir do julgamento final da ADI 4167 pelo STF é que podem ocorrer impactos para a administração municipal, caso as horas-atividade não sejam julgadas como inconstitucionais, pois será necessária a contratação de novos profissionais. Assim, o impacto total da Lei do Piso Salarial nas finanças municipais, considerando-se o custo adicional dos Municípios para pagar o piso como vencimento inicial, e para contratar novos professores devido à hora-atividade definida, é da ordem de R$ 4,8 bilhões, se for considerado o piso publicado pelo MEC e de R$ 5,4 bilhões se for utilizado o piso pelo crescimento efetivo do Fundeb. 5

6 Impacto do piso por UF Valores com o Piso nacional de acordo com o MEC UF Impacto do vencimento inicial Impacto da regra de 1/3 de horas-atividade Total AC AL AM AP BA CE DF - - ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ - - RN RO RR RS SC SE SP TO BR Valores de acordo com o Piso pelo crescimento efetivo do Fundeb UF Impacto do vencimento inicial Impacto da regra de 1/3 de horas-atividade Total AC AL AM AP BA CE DF

7 UF Impacto do vencimento inicial Impacto da regra de 1/3 de horas-atividade Total ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO BR Ressalta-se ainda que por região o maior impacto é no Nordeste, conforme observa-se nas tabelas abaixo. Valores por região de acordo com o Piso do MEC Região Impacto do vencimento inicial Impacto da regra de 1/3 de horasatividade Total Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Total Valores por região de acordo com o crescimento efetivo do Fundeb Região Impacto do vencimento inicial Impacto da regra de 1/3 de horas-atividade Total Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste

8 Sul Total As pesquisas realizadas ao longo de 3 anos mostram o esforço dos Municípios para assegurar o cumprimento do piso salarial, estabelecido na lei federal. Apesar do impacto financeiro desde o início da vigência da Lei ter diminuído, permanece a preocupação com o impacto nas finanças municipais em virtude do percentual das vantagens encontrar-se subestimado na última pesquisa pelo fato de não conseguirmos precisar quantos professores efetivamente recebem as muitas gratificações existentes nos planos de carreira Além disso, não foram considerados nas pesquisas os percentuais praticados referentes às promoções de classe existentes na carreira. Assim, a medida cautelar do STF, foi decisiva para que o impacto financeiro nos gastos com pessoal do magistério não prejudicasse as finanças públicas. Por este motivo, o entendimento manifestado pelo STF na decisão final causa grande impacto nos municípios brasileiros. Além disso, com a possibilidade dos ministros determinarem o pagamento retroativo das diferenças do vencimento inicial, o planejamento orçamentário municipal será ainda mais prejudicado. Preocupações da CNM em relação ao Piso Salarial A CNM sempre reconheceu a necessidade de melhorar a remuneração dos professores, no entanto, a entidade ressalta que também é preciso assegurar os investimentos em outras áreas da educação, como o transporte escolar, material didático, reforma e construção de escolas, dentre outras ações. Além disso, os gestores também devem preservar o equilíbrio das contas públicas e respeitar as exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). De acordo com os dados do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (SIOPE), em 2008, Municípios aplicaram em média 72,4% do Fundeb no pagamento da folha dos profissionais da educação. Em 2009, a média de investimento dos Municípios que aplicaram acima dos 60% definidos em lei, foi de 73,3%. Assim, os dados do SIOPE demonstram que os Municípios têm se esforçado para melhorar a remuneração dos professores. Estado Percentual de aplicação do FUNDEB na remuneração dos profissionais do magistério (mínimo de 60%) Acre 70,3% 68,0% Alagoas 64,9% 66,8% Amazonas 65,6% 66,2% Amapá 67,4% 67,0% Bahia 66,6% 67,8% Ceará 65,3% 67,2% Espírito Santo 69,5% 82,1% Goiás 76,5% 81,2% Maranhão 67,3% 68,5% Minas Gerais 71,1% 71,8% 8

9 Estado Percentual de aplicação do FUNDEB na remuneração dos profissionais do magistério (mínimo de 60%) Mato Grosso do Sul 72,0% 75,8% Mato Grosso 71,9% 79,7% Pará 67,9% 68,2% Paraíba 69,1% 69,9% Pernambuco 67,8% 66,7% Piauí 67,7% 68,4% Paraná 79,6% 80,0% Rio de Janeiro 83,7% 76,2% Rio Grande do Norte 70,9% 73,2% Rondônia 67,2% 67,4% Roraima 62,8% 64,2% Rio Grande do Sul 82,6% 80,9% Santa Catarina 81,3% 82,7% Sergipe 66,9% 69,3% São Paulo 71,6% 72,8% Tocantins 67,9% 68,9% Brasil 72,4% 73,3% Além disso, considerando o montante de recursos recebidos à conta do Fundeb pelos Municípios em 2008 e 2009, e as médias dos percentuais destinados ao pagamento da folha do magistério, o total de recursos para a remuneração dos profissionais da educação passou de R$ 24,2 bilhões em 2008 para R$ 27,7 bilhões em 2009, um crescimento real de R$ 3,5 bilhões. Em relação à ajuda federal para pagamento do piso prevista pela Lei, destaca-se que os recursos da União só se destinam a Municípios de 9 estados (AL, AM, BA, CE, MA, PA, PB, PE, PI) deixando os demais 17 estados sem nenhuma garantia de ajuda financeira. Além disso, a assistência depende do atendimento de critérios estabelecidos pelo MEC, a distribuição dos recursos não será feita de maneira automática. Em 2008 e 2009 não houve previsão de recursos para a ajuda da União para complementação ao piso nos Municípios. Em 2010, os R$ 762 milhões destinados ao apoio federal para pagamento dos professores não foram distribuídos, e para 2011 estão previstos R$ 866 milhões para a complementação da União ao piso do magistério. Os critérios de distribuição dos recursos este ano foram regulamentados no início de março pelo MEC, no entanto, ainda não se tem conhecimento de como será distribuído o montante do ano passado. Ressalta-se que a pequena quantidade de ofícios enviados ao MEC no ano passado não pode servir de parâmetro para a afirmação de que os Municípios não precisam dos recursos, pois as administrações municipais aguardaram por todo o ano de 2010 a definição de critérios do MEC para solicitar a ajuda financeira. Destaca-se também que, de acordo com o levantamento da CNM sobre o impacto do piso em 2011 com o julgamento final da ADI e alteração do entendimento do STF em relação à decisão liminar, o cumprimento da lei pelos Municípios dos 9 Estados que podem solicitar a complementação ao piso irá gerar um custo adicional de R$ 2,4 bilhões, considerando o 9

10 piso publicado pelo MEC e a implantação de 1/3 de horas-atividades para os professores, e de R$ 2,8 bilhões, considerando o piso atualizado com os valores efetivos do Fundeb. Ou seja, os recursos disponibilizados pela União para complementação ao pagamento do piso estão bem aquém do investimento que deveria ser feito por esses Municípios. Custo adicional para implementação do piso nos Municípios que recebem a complementação do Fundeb Valores com o Piso publicado pelo MEC UF Custo para implementação do piso como vencimento inicial e das horas-atividade AM ,66 AL ,41 BA ,25 CE ,28 MA ,37 PA ,43 PB ,48 PE ,24 PI ,85 Total ,96 Valores com o Piso com o crescimento efetivo do Fundeb UF Custo para implementação do piso como vencimento inicial e das horas-atividade AM ,05 AL ,47 BA ,08 CE ,44 MA ,10 PA ,72 PB ,18 PE ,19 PI ,08 Total ,31 Sem a efetiva participação da União, em 2008 e 2009 os Municípios envidaram esforços para assegurar o cumprimento da Lei do piso, o que acarretou no aumento do comprometimento de recursos com a manutenção e desenvolvimento do ensino. Em 2008, dos Municípios que preencheram o Siope, aplicaram acima do porcentual determinado constitucionalmente, e a média de investimentos em MDE foi de 28,2%. Em 2009, a quantidade de Municípios que aplicaram acima do determinado passou para 5.358, e a média aumentou para 29,1%. 10

11 Estado Percentual de aplicação das receitas de impostos e transferências vinculadas à educação em MDE (mínimo de 25% para estados, DF e municípios) Acre 27,4% 27,6% Alagoas 27,4% 27,5% Amazonas 27,4% 27,3% Amapá 29,0% 29,4% Bahia 28,4% 29,2% Ceará 27,6% 28,7% Espírito Santo 28,0% 29,5% Goiás 29,5% 30,4% Maranhão 28,0% 29,0% Minas Gerais 27,5% 28,7% Mato Grosso do Sul 30,2% 30,4% Mato Grosso 29,2% 30,7% Pará 27,7% 28,6% Paraíba 29,1% 29,9% Pernambuco 27,5% 28,6% Piauí 29,4% 29,9% Paraná 27,8% 28,9% Rio de Janeiro 29,0% 28,9% Rio Grande do Norte 28,3% 29,7% Rondônia 28,8% 29,1% Roraima 27,7% 29,1% Rio Grande do Sul 27,8% 29,0% Santa Catarina 28,9% 29,2% Sergipe 27,1% 29,0% São Paulo 28,1% 28,7% Tocantins 29,0% 29,9% Brasil 28,2% 29,1% Paulo Ziulkoski Presidente da Confederação Nacional de Municípios - CNM Março/