EconoWeek 31/08/2015. juros e a China prevaleceram na semana.

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1 31/08/2015 EconoWeek DESTAQUE INTERNACIONAL O embate entre indicadores econômicos americanos, na sua maioria acima das expectativas média dos analistas, o Federal Reserve, a necessidade premente de elevação dos juros e a China prevaleceram na semana. Não somente nos EUA, mas também na Alemanha, Reino Unido e Japão a média dos indicadores apresentou um cenário claro de recuperação econômica em andamento. Mas o problema continua. Em todos os casos de atividade econômica em recuperação das economias centrais, havia o elemento de inflação muito baixa, o que contém em muito a demanda por maiores juros no curto prazo. Nos EUA, a necessidade parece endêmica de sair do cenário de alívio quantitativo (QE), pois seu último elemento, os juros baixos em nível e período histórico, transparecem o que parece ser um cenário artificial. Porém, é do mercado de trabalho que o Fed quer tirar a certeza de que pode reduzir a liquidez, pois muitos consideram que o aperto não será forte o suficiente para reverter a recuperação em voga do mercado imobiliário e em outros setores da economia. Já o mercado de trabalho mostra alguns problemas. Houve um achatamento dos salários pós-2008, além da mudança de perfil das vagas. O Fed acredita que o desemprego abaixo dos 5% normalizaria estas distorções e a alta de 3,1% no consumo pessoal visto no PIB mostra o início deste contexto. Agora, mesmo com estes sinais, a China continua a ser o fiel da balança das expectativas do mercado, tendo hoje já piorado o humor dos investidores ao retirar os estímulos ao mercado acionário, assim como movimentou na semana passada. No curto prazo, a volatilidade continua um fato, porém a China pode estar se preparando para uma realidade mais concreta assim como preconizada por Wang Jianlin, o qual acredita que deve-se aceitar não mais um crescimento de 8% ou 7% e sim 7%, 6% ou mesmo 5%.

2 DESTAQUE NACIONAL No Brasil, o cenário de desaceleração parece endêmico e o governo, finalmente, reconheceu a demora em admitir a crise, assim como a tomada das ações necessárias a mitigar seus efeitos. O contexto político continua a permear o temor dos investidores quanto ao futuro da economia e a perspectiva de um possível rebaixamento do país nas agências de classificação de risco já ecoa na economia real. Agora oficialmente em recessão técnica, após um PIB de - 1,9% ao trimestre e -1,2% na comparação de 4 trimestres (dentro das nossas projeções) o Brasil ainda sofre com o pior déficit primário em quase 20 anos (-R$10,6 bi), além do governo ser o único elemento a mostrar elevação de gastos no PIB. Talvez o único alívio deste cenário continua a ser a inflação, a qual já responde à atividade econômica contraída, ao desemprego em alta e aos juros proibitivos. O contexto já dá sinais de que a inflação tende a convergir ao menos ao topo da meta determinada pelo CMN e pode reduzir a necessidade de elevação dos juros nesta semana pelo Comitê de Política Monetária (COPOM). O problema agora é a reação dos investidores e das agências de classificação de risco ao orçamento apresentado com déficit primário de 0,5% do PIB em 2016, com crescimento de 0,2% do PIB. Ou seja, pode ser que nenhum dos dois se cumpra, pois se o PIB sequer atingir esta meta, o déficit deverá ser remanejado para pior, assim como ocorreu recentemente. De qualquer maneira, a situação brasileira continua muito aquém do considerado ideal e muito além de uma solução rápida.

3 CÂMBIO A China elevou novamente a tensão global e atingiu diretamente a cotação do dólar, o qual rompeu a principal resistência técnica aos R$ 3,55, muito também devido à valorização global da divisa norte americana em consequência de indicadores positivos da economia dos EUA. Todavia, a semana já começa com o forte rompimento do último objetivo que citávamos nas últimas semanas, o que pode transformar o antigo teto de R$ 3,60 em piso. Deste modo, atualizamos a premissa indicada nas semanas anteriores, de que o ritmo atual do dólar poderia levar a divisa aos R$ 3,60, com a resistência agora centrada aos R$ 3,65, seguido dos R$ 3,68. Real/Dólar JUROS Com o arrefecimento de parte das pressões inflacionárias e indicadores de atividade econômica em contração, as curvas de juros fecharam durante a semana e por enquanto, voltaram a apontar para uma manutenção dos juros nos níveis atuais. Apesar de algumas inflações pontuais em alta, a tendência de menor pressão de preços parece se confirmar e a perspectiva se fixa em juros estáveis por um período relativamente longo, devido à grande série de indicadores macroeconômicos abaixo das expectativas médias dos

4 analistas, apontando para um cenário recessivo em 2015 e possivelmente em Juros Janeiro 16 BOLSA DE VALORES Na linha contrária da maioria dos ativos, a bolsa de valores entregou uma semana bastante positiva aos investidores, com alta semanal de 3,14%, muito puxada pela melhora significativa do preço internacional do petróleo e em resposta aos indicadores econômicos positivos no exterior. A não ser pela segunda-feira, o mercado passou o restante da semana alheio aos dados da economia brasileira que mostraram um cenário de atividade econômica muito negativo, o qual tenderia a afetar as empresas listadas no Ibovespa. Com mais uma notícia da China, o mercado já devolve parte dos ganhos no começo da semana e a única certeza continua a ser a volatilidade, sempre presente nos últimos dias. Ibovespa

5 COMENTÁRIO A pretensa correção que deveria ocorrer, principalmente no mercado acionário deu lugar a renovação do otimismo com dados mais positivos de economias centrais, como EUA, Alemanha e Reino Unido. É neste contexto que possibilidade de alta de juros por parte do banco central americano se mantém confusa na reunião de Jackson Hole esta semana, a qual já discute se a inflação deve ser a meta a ser atingida pelas políticas monetárias ou se outros fatores porém preponderar, assim como os EUA o fazem agora ao mirar o emprego. Deste modo, os resultados dos principais indicadores de mercado de trabalho nos EUA, o ADP Employment e o Payroll esta semana terão foco redobrado em seus resultados, ambos com projeções de mais um mês de melhora. Localmente, a balança comercial deve demonstrar que finalmente o câmbio já dá alguns sinais positivos ao comércio exterior, seja por redução da atividade econômica, reduzindo as importações ou pela maior demanda por produtos locais, atingindo as exportações. No mais, mantemos a projeção de manutenção da Selic na quarta-feira em 14,25%, muito devido aos indicadores de inflação, os quais devem continuar no ritmo de redução gradual, mesmo que ainda os número de 2015 sejam espetacularmente altos e com dados de atividade econômica contraída, como a produção industrial na quarta-feira, onde projetamos uma queda de 0,3% em julho. Hoje os indicadores de PMI a serem divulgados na China determinarão parte da volatilidade do mercado, assim como novas ações do governo chinês de estímulo ou regulação de mercado.

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