Aula Procedimentos específicos na execução por título extrajudicial entre particulares:

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1 Turma e Ano: Novo Código de Processo Civil Comparado e Comentado (2016) Matéria / Aula: Execução por título extrajudicial de obrigação de pagar entre particulares. Professor: Rodolfo Hartmann 1 Monitor: Cesar Lima Aula Procedimentos específicos na execução por título extrajudicial entre particulares: 1.1 Obrigação de pagar: Nosso tema se inicia a partir do artigo 824, mas precisamente as regras iniciais estão do artigo 827. Neste contexto, se tem o título extrajudicial. É feita a petição inicial, a planilha e se encaminha para o juízo competente. Foi distribuída, se o juiz entender, poderá solicitar a emenda. Se entender que está tudo bem, defere a citação e interrompe a prescrição. Como se dará o procedimento, caso tudo esteja bem com a petição inicial, o juiz profere o cite-se, no mesmo momento em que vai fixar uma verba honorária de dez por cento de caráter provisório, presente no caput no artigo 827. Depois disso, o executado vai ser citado, e tem três dias para pagamento, tendo algum tipo de vantagem. Posteriormente aos três dias, quando for juntado o mandado aos autos, ele ganha mais quinze dias para embargar ou requerer o parcelamento ou moratória legal. Esta é a estrutura com base em uma interpretação puramente literal do Novo CPC. Na aula passada, falamos sobre petição inicial e sobre o cite-se. Como novidade, temos a questão da fixação dos honorários. Por qual motivo os honorários serão fixados no início da execução. Os honorários são fixados neste momento, pois a penhora vai ser realizada abrangendo-os. Não precisará de nova execução para executar os honorários processuais, se fosse o caso. Agora, o novo código determina o percentual, não deixando margem para o subjetivismo do magistrado. Esses honorários são provisórios, pois não sabemos o rumo da execução. O executado é citado e, por exemplo, alega que é parte legítima, apresentando os embargos. O juiz poderia extinguir o processo, por qual motivo o advogado ficaria com os honorários? Ele vai cancelar estes honorários iniciais, fixando uma nova verba, mas em benefício do advogado do executado. Este percentual pode ser ampliado. Podemos ter a execução e são oferecidos embargos à execução. Estes embargos possuem natureza jurídica de processo de conhecimento. Em apenso, há os embargos, podendo ter matéria fática, terá nova sentença e serão devidos novos honorários. O código previu que se o credor promover a execução; são previstos honorários de dez por cento. Se o devedor embargar e perder tem direito a novos honorários, para efeitos de praticidade, esses honorários são fixados na própria execução. O juiz amplia os valores dos honorários, como se vê no artigo 827, 2º: o valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento, quando rejeitados os embargos à execução, podendo a majoração, caso não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedimento executivo, levando-se em conta o trabalho realizado pelo advogado do exequente. Quanto mais esforço, maior será a remuneração. Este dispositivo legal busca seguir esta lógica. 1 Juiz Federal.

2 Será determinada, neste momento, a citação do executado. Vamos imaginar que em um primeiro momento não foi possível encontrar o réu no endereço citado na petição inicial. Pode-se pensar que se não foi citado, poderá ser pedida a citação por edital, mas ainda não. O cliente deve ser observado, ele já está pagando custas e honorários, a citação por edital gerará ainda mais custas. Por conta disso, nas hipóteses de citação negativa, ao invés de publicar um edital desde logo, será melhor utilizar o arresto executivo. Não se trata de arresto cautelar que é mencionado no artigo 301. Existe outra figura, que é uma pré-penhora, com alguns ajustes em relação ao código anterior, agora, no artigo 830. Este arresto se dá quando o réu não foi citado. Pode pedir o arresto ao juiz, tirou uma certidão no RGI, solicitando o arresto deste bem. Por exemplo, pode solicitar o arresto online, que não se confunde com a penhora online. A grande diferença é que o arresto é antes da citação, a penhora é quando já houve a citação. Usa-se o arresto para evitar os altos custos da publicação do edital. Nem sempre este edital trará vantagens. O devedor pode não ter aparecido e a prescrição não foi interrompida pela edital, mas sim pelo cite-se. Pode ser arresto de bens ou arresto online, de acordo com a jurisprudência do STJ, que precisa ser fundamentado com base no artigo 830, 835, I e 854. Se o arresto for positivo, sejam bens móveis ou dinheiro, falará com o cliente. Mas para o processo continuar, é preciso publicar o edital de citação, demandando mais custos. Quando publica o edital, serve para citar o executado e converter o arresto em penhora. Se for positivo o arresto, provavelmente, o cliente receberá os valores. Contudo, se o arresto for negativo, seja hora de falar com o cliente de que a pessoa sumiu e não possui patrimônio em seu nome. As opções seriam desistir do litígio ou gastar mais com a publicação do edital em relação a uma situação que apresenta como bastante incerto o recebimento. Trata-se de uma obrigação de meio, o exercício da advocacia. Vamos imaginar que o réu foi citado. Como modalidades de citação, temos a citação pessoal e a citação ficta (via postal, oficial de justiça, meio eletrônico, escrivão, por edital e hora certa Súmula 196 do STJ). No modelo anterior, não era possível citação postal em execução, salvo em procedimentos especiais. A lei de execução fiscal previa a citação fiscal, como lei específica. Essa restrição não foi mantida, o artigo 247 do Novo CPC não veda mais esta citação postal em execução. No modelo anterior, era necessário aguardar a juntada do mandado aos autos. Ao juntar, se tinha três dias para pagar. Como estímulo, a verba honorária era reduzida para cinco por cento (artigo 827, 1º). Depois disso, se não fizesse em três dias, saia o mandado de penhora e avaliação. O devedor teria mais doze dias para oferecer embargos ou pedir parcelamento. Na Câmara dos Deputados, alegou-se que os prazos não eram da juntada, mas do próprio ato realizado. Serão três dias contados da citação, como se vê no artigo 829: o executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contados da citação. No modelo anterior era contado a partir da juntada. Como fica o prazo para embargar ou requerer o parcelamento? É preciso consultar o artigo 915: os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado, conforme o caso, na forma do art Ao invés de ajudar, a situação ficou mais confusa. O réu é citado para pagar em três dias da citação. Depois disso, quando juntar o mandado, mais quinze dias para embargar ou parcelar. Quando você tem a citação, são contados três dias da citação, quando juntar o mandado serão mais quinze dias para parcelar ou embargar. A polêmica em relação aos prazos se manterá, acerca dos dias úteis, que seriam só para atos processuais. Polemiza-se acerca do prazo de três dias, se seria prazo de direito

3 material ou de direito processual. Na dúvida, melhor se basear em dias corridos, por ser menor o prazo, para não correr risco de perder a causa. O parcelamento está no artigo 916. Os críticos do código anterior reclamavam da falta de sistematização. Porém, o novo código também apresenta pontos com este problema. O parcelamento é um direito do executado, mas deve obedecer aos parâmetros da lei. O executado é citado, a partir da juntada do mandado, ele tem quinze dias para pedir o parcelamento. Esse parcelamento possui bases rígidas, ou seja, trinta por cento a vista e o restante em seis parcelas com juros de um por cento ao mês. Ele está renunciando ao direito de embargar, assumindo uma postura de assumir a dívida. Este requerimento independe de anuência do credor. Pediu-se o parcelamento e o pedido foi aceito, a execução ficará suspensa e será necessário aguardar se será cumprido. Caso seja cumprido, o juiz vai extinguir a execução. Caso tenha sido deferido o parcelamento, o devedor interrompeu o pagamento, o resultado será que execução vai voltar a tramitar pelo saldo em aberto, acrescido de multa de dez por cento. O devedor já confessou a dívida e não poderá embargar. Se oferecer, eles serão rejeitados de plano, como se vê no artigo 918, III; serão embargos protelatórios. Dão margem para punição pecuniária, do parágrafo único do artigo 918: considera-se conduta atentatória à dignidade da justiça o oferecimento de embargos manifestamente protelatórios. O artigo 916, 7º prevê que não se aplica ao cumprimento de sentença. 2- Embargos à execução: Os embargos à execução são oferecidos pelo Novo CPC, independentemente da penhora, como se vê no caput do artigo 914: o executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá se opor à execução por meio de embargos. Este mesmo artigo possui outra regra interessante no 1º: os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. Se a execução por título extrajudicial estiver na 1ª Vara Cível, eles serão distribuídos para esta vara e nela processados. Existe uma exceção acerca da carta precatória. Diz o 2º do artigo 914: na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado. É preciso ter cuidado que o julgamento dos embargos e o seu processamento poderá se dar em juízo distinto do que tramita a execução por título extrajudicial. Em regra, os mandados ficam em apenso, distribuídos por dependência. Não se pode se esquecer de instruir os embargos com as peças processuais relevantes se o processo for físico. Esta conjuntura possui uma razão de ser: se os embargos ficam em apenso. Os embargos são julgados; a parte derrotada vai usar apelação. Será necessário desapensar, o processo físico vai para o segundo grau, será difícil o desembargador entender o que está se passando. Esses embargos, de acordo com o artigo 915, são apresentados em quinze dias úteis. O 3º diz: em relação ao prazo para oferecimento dos embargos à execução, não se aplica o disposto no art Ou seja, no caso de litisconsórcio com diferentes procuradores, não há prazo em dobro, para todos os litisconsórcios. Impugnação pode ter prazo em dobro neste caso citado, mas embargos à execução não permite.

4 Vamos imaginar que os embargos são oferecidos e, ao serem oferecidos, o juiz pode perceber se é caso de rejeição liminar, que não foram alterados com o Novo CPC. Somente foram acrescidas, no artigo 918, que se lê: o juiz rejeitará liminarmente os embargos: I - quando intempestivos; pedido; II - nos casos de indeferimento da petição inicial e de improcedência liminar do III - manifestamente protelatórios. Em alguns casos, a decisão será terminativa ou de mérito. Para impugnar sentença, será cabível o recurso de apelação, não terá efeito suspensivo. A execução continuará em andamento, como se lê no artigo 1.012, 1º, III: extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado. Neste âmbito, a apelação só possui efeito devolutivo. Por outro lado, o credor pode oferecer os embargos. Provavelmente, serão oferecidos antes da realização da penhora. Pode ser realizada em momento anterior. O executado foi citado, tendo três dias para efetuas o pagamento. Não fazendo o pagamento nestes três dias, a partir do quarto dia a penhora poderá ser realizada. Nem sempre este processo poderá ser tão rápido. Se a penhora foi viciado e avaliação estiver errada? O que será apresentado, se os embargos já foram apresentados? No caso específico da penhora, com os embargos já realizados, consta no artigo 917, 1º, o seguinte: a incorreção da penhora ou da avaliação poderá ser impugnada por simples petição, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da ciência do ato. Portanto, juntou o mandado, quinze dias para embargar, depois de dois meses, a penhora foi realizada, o devedor terá quinze dias para apresentar a peça, apresentando vício na penhora, por ser bem de família, por exemplo. Não é um prazo fatal, preclusivo, pode ser matéria de ordem pública. O oferecimento dos embargos não suspende a execução. O oficial de justiça vai tentar realizar a penhora do bem. Desde 2006, a penhora não é requisito para a admissibilidade dos embargos. A penhora passou a ser um dos requisitos para que os embargos tenham efeitos suspensivos. Se na execução foi feita a penhora, surge para o credor a possibilidade de pedir a expropriação do bem, levar a leilão, antes do julgamento dos embargos. Como o credor já pode expropriar o bem surge para o devedor o risco de dano, que vai até o juiz, na forma do artigo 919, 1º, pedindo o efeito suspensivo. Esses embargos possuem um procedimento pontual, mencionado no artigo 920: recebidos os embargos: I - o exequente será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias; II - a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido ou designará audiência; III - encerrada a instrução, o juiz proferirá sentença. Se o embargante devedor perder, o recurso cabível é de apelação, que não tem efeitos suspensivos em tais casos. Os autos serão desapensados da execução. Nesta apelação, enquanto o tribunal vai processar a apelação, a execução voltar a ocorrer e os bens poderão ser expropriados. A execução definitiva não vira provisória, como se observa na Súmula 319 do STJ, mesmo na pendência da apelação dos embargos, a execução não se transforma em provisória, seguirá de forma definitiva.

5 O devedor pode, na forma do artigo 1.012, 2º e 3º, pedir ao relator que dê o efeito suspensivo. Trata-se de uma petição que não será tão simples, precisará explicar para o relator o que está acontecendo. Não pode correr o risco de o credor continuar executando, precisará da suspensão da execução.