SELETIVIDADE DE HERBICIDAS APLICADOS EM PRÉ-EMERGÊNCIA NA MAMONEIRA

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1 SELETIVIDADE DE HERBICIDAS APLICADOS EM PRÉ-EMERGÊNCIA NA MAMONEIRA Carlos Juliano Brant Albuquerque 1 ; Renata da Silva Brant 2 ; Gilson Ribeiro da Rocha 3, Renata Rodrigues Jardim 3 1EPAMIG, carlosjuliano@epamig.br; 2 UNIMONTES, renataplantasmedicinais.@yahoo.com.br; 3Graduando da UNIMONTES RESUMO - Objetivou-se com a realização deste trabalho avaliar os efeitos de diferentes tratamentos com herbicidas de pré-emergência, na emergência de plântulas e desenvolvimento inicial das mudas de mamoneira. Foram utilizadas sementes da cultivar nordestina. Foram semeadas quatro sementes em vasos plásticos com cinco quilos de substrato representativo do local. Regaram-se os vasos com água diariamente. Os herbicidas foram aplicados em pré-emergência com pulverizador costal gastando-se 250 l ha -1 de calda. Os tratamentos adotados foram os diferentes ingredientes ativos diclosulam, flumetsulam, 2,4D, imazapir, imazapic e trifluralin na maior dosagem recomendada pelas respectivas empresas produtoras de herbicidas para controle das invasoras. Em pré-emergência, os ingredientes ativos diclosulan e trifluralin não afetaram a altura da parte aérea das plantas, diâmetro de coleto, matéria seca, crescimento em altura e crescimento em diâmetro das plantas. Palavras-chave: Ricinus communis, oleaginosa, mamona, herbicida INTRODUÇÃO A mamona (Ricinus communis L.) é uma planta originária da Etiópia, na África, porém amplamente disseminada nas Américas, onde ocorre em estado asselvajado ou silvestre na maioria dos países do continente. A produtividade da mamoneira,é diretamente influenciada, entre outros fatores, pela presença de plantas daninhas, as quais, além de dificultarem a colheita, fazem com que o rendimento industrial decresça,em função da interferência que exercem sobre o desenvolvimento da cultura. Dentre os métodos que podem ser empregados para o controle de plantas daninhas, o controle químico, por apresentar resultados de forma rápida, vem sendo empregado em maior escala. No entanto, alguns critérios devem ser observados quando da sua utilização, tais como a escolha do produto a ser usado, a necessidade de mão-de-obra especializada para realizar a operação de aplicação e, ainda, os risco de contaminação do ambiente (GELMINI, 1988). O aumento pela demanda da mamona gerado pela implementação do programa de biodiesel do governo federal tende a fomentar áreas para seu cultivo, entretanto, há um desconhecimento da seletividade de herbicidas que pode dificultar sua expansão em áreas extensas. Visando nortear o procedimento de registro de ingredientes ativos em pré-emergência para cultura da mamona, objetivou-se com a realização deste trabalho avaliar o efeito de diferentes

2 tratamentos com herbicidas de pré-emergência, na emergência de plântulas e desenvolvimento inicial das mudas de mamoneira. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais/EPAMIG, em Nova Porteirinha, MG, definida geograficamente pelas coordenadas de de latitude Sul e de longitude Oeste e altitude 516 m. A temperatura média anual na região é de 31 o C e a pluviosidade se distribui principalmente de novembro a janeiro com valores médios anuais de 800 mm. Foram utilizadas sementes da cultivar nordestina. Semearam-se quatro sementes em vasos plásticos com cinco quilos de substrato representativo do local. Regaram-se os vasos com água diariamente. Os herbicidas foram aplicados em pré-emergência com pulverizador costal gastando-se 250 l ha -1 de calda. Os tratamentos adotados foram os diferentes ingredientes ativos na maior dosagem recomendada pelas respectivas empresas produtoras de herbicidas para controle das invasoras conforme é exposto na Tabela 1. Aos vinte dias após aplicação dos herbicidas, foram determinados os danos em relação à testemunha sem herbicida (1 correspondeu à ausência de sintomas visíveis e 4 à morte das plantas de mamona). Aos quarenta e cinco dias após aplicação avaliou-se altura da parte aérea das plantas (coleto ao ápice), diâmetro do coleto (largura do caule a dois centímetros do solo) e crescimento em altura e diâmetro (diferença entre medição aos 45 dias e 20 dias após aplicação dos herbicidas). Posteriormente foi retirada a parte aérea das plantas e acondicionadas em sacos de papel, sendo conduzidas à secagem em estufa com circulação de ar (65 ± 3 o C) até atingir peso constante, para obtenção da massa seca da parte aérea. O experimento foi realizado em delineamento de blocos casualizados, com sete tratamentos e cinco repetições. Cada tratamento foi representado por um vaso dentro do bloco. Os dados foram submetidos a analise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knot a 5% de probabilidade. As análises de variância foram realizadas com o auxílio do programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos indicaram que as plântulas de mamona responderam de forma diferente aos ingredientes ativos. A análise de variância para todas as características avaliadas são apresentadas na Tabela 2.

3 Com exceção do ingrediente ativo trifluralim todos os produtos diferiram da testemunha com alterações significativas na morfologia e/ou coloração das folhas da mamoneira aos vinte dias após aplicação. Neste período o diclosulam provocou pequena clorose nas folhas; o flumetsulan gerou clorose nas folhas, diminuição no diâmetro e altura das plantas, diminuição no tamanho das folhas e brotação apical; o 2,4D provocou inchaço no caule e pequena clorose nas folhas; o imazapir e imazapic deixaram as plantas pequenas e cloróticas. Aos vinte dias após aplicação em pré-emergência não foram verificadas morte das plântulas por nenhum ingrediente ativo. Em trabalho com diversas concentrações do ingrediente ativo 2,4D em pós emergência, verificou-se que as plantas que receberam doses de 160 ppm morreram em poucos dias após a aplicação, já nas menores doses, as plantas permaneciam vivas (SEVERINO et al., 2004). Sendo o 2,4D comumente translocado via floema agindo como co-fator de auxinas, sugere-se que o mesmo teve dificuldades de atingir o sitio de ação quando aplicado em pré-emergência na mamona justificando a não incidência de plantas mortas neste tratamento. Considerando todas características avaliadas aos quarenta e cinco dias após aplicação, o ingrediente ativo trifluralin apresentou seletividade para a cultura da mamona. Esse resultado já era esperado pois o trifluralin é o único ingrediente ativo legalmente registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para a cultura da mamoneira (Euphorbiaceae) (SISTEMAS DE AGROTÓXICOS FITOSSANITÁRIOS, 2008). Aos quarenta e cinco dias após aplicação dos produtos observou-se a morte de todas plantas com o tratamento imazapir. Isto caracteriza a grande susceptibilidade da mamona com esse produto. Esse resultado pode ser extrapolado para as demais características onde o uso desse ingrediente ativo prejudicou o crescimento e acumulo de matéria seca das plantas tendo um decréscimo com valores nulos e/ou negativos devido a senescência dos tecidos (Tabela 3). Interessante salientar que o ingrediente ativo diclosulan apesar de apresentar clorose aos vinte dias após aplicação, com quarenta e cinco dias as plantas apresentaram altura e diâmetro semelhante a testemunha (Tabela 3). O imazapic reduziu os valores das principais características avaliadas. Neste caso foi verificada morte apical da planta e redução da altura e diâmetro com o passar do tempo. Valores com redução de 0,9cm do crescimento em altura e 0,9 mm do crescimento em diâmetro foram observadas aos quarenta e cinco dias após aplicação (Tabela 3).

4 CONCLUSÃO Em pré-emergência, os ingredientes ativos diclosulan e trifluralim não afetaram a altura da parte aérea das plantas, diâmetro de coleto, matéria seca, crescimento em altura e crescimento em diâmetro REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, D. F. Sisvar - sistema de análise de variância para dados balanceados. Lavras: UFLA, p. GELMINI, G. A. Herbicidas: indicações básicas. Campinas: Fundação Cargill, p. SEVERINO, L. V.; SILVA, M. I. L.; BELTRÃO, N. E. de M.; CARDOSO, G. D. Sintomas do herbicida 2,4-D em plântulas de mamoneira. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004, Campina Grande. Energia e Sustentabilidade. Campina Grande: Embrapa Algodão, CD-ROM. SISTEMAS DE AGROTÓXICOS FITOSSANITÁRIOS. AGROFIT. Disponível em: < Acesso em: 14 fev SOCIEDADE BRASILEIRA DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS. SBCPD. Procedimentos para instalação, avaliação e análise de experimentos com herbicidas. Londrina, p.1-8, Tabela 1. Produtos comerciais, ingredientes ativos, época de ação e dose utilizada. Produto comercial Ingrediente ativo Época de ação Empresa Dose Spider Diclosulam Pré Dow AgroSciences 42g/ha Scorpion Flumetsulam Pré Dow AgroSciences 875 ml/ha DMA 2,4D Pré-Pós Dow AgroSciences 3,5 l/ha Contain Imazapir Pré-Pós BASF 1,5 Kg/ha Plateu Imazapic Pré-Pós BASF 0,175 Kg/ha Trifluralina Trifluralin Pré Nortox 2,4 l/ha Testemunha Água

5 Tabela 2. Resumo das análises de variância para danos (DA), altura de planta (AP), diâmetro de planta (DP), matéria seca (MS) e crescimento em altura (CA) e crescimento em diâmetro (CD) de mamona cultivada com ausência e aplicação dos ingredientes ativos em pré-emergência. Fontes de DA AP DP MS CA CP GL Variação QM F QM F QM F QM F QM F QM F Blocos 4 0,0 5,7 1,5 5,9 4,9 0,8 Herbicidas 6 2,0 ** 370,7 ** 29,2 ** 119, ** 226,2 ** 21,9 ** 6 Erro 24 0,1 9,1 1,0 3,5 6,4 1,3 Total 34 CV (%) 19,5 23,3 21,3 18,7 48,9 75,82 ** - Significativo a 1% de probabilidade. Tabela 3. Danos (DA), altura de planta (AP), diâmetro de planta (DP), matéria seca (MS), crescimento em altura (CA) e crescimento em diâmetro (CD) de mamona cultivada com ausência e aplicação dos ingredientes ativos em pré-emergência. Tratamentos DA (%) AP (cm) DP (mm) MS (g) CA (cm) CD (mm) 20 DAA 1 45 DAA 2 Diclosulam 2,4 c 17,0 d 6,3 d 11,9 d 10,3 c 3,4 c Flumetsulam 2,0 b 9,3 c 4,6 c 10,6 c 2,4 b 1,9 c 2,4D 2,0 b 17,0 e 5,7 d 12,7 d 8,0 c 1,9 c Imazapir 2,2 b 0,0 a 0,0 a 0,0 a -5,8 a -5,8 a Imazapic 2,8 c 4,2 b 3,2 b 8,0 b -0,9 b -0,9 b Trifluralim 1,2 a 20,4 f 6,5 d 13,4 d 10,2 c 2,7 c Testemunha 1,0 a 22,9 f 6,7 d 14,1 d 12,0 c 2,6 c Médias com a mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. 1 Vinte dias após aplicação dos ingredientes ativos. 2 Quarenta e cinco dias após aplicação dos ingredientes ativos.