A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DA GESTÃO AMBIENTAL NO SETOR DE SANEAMENTO BÁSICO
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- Pedro Belmonte Vilanova
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1 1 Universidade Estadual do Ceará - UECE Rosana Maria Costa Fernandes A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DA GESTÃO AMBIENTAL NO SETOR DE SANEAMENTO BÁSICO Fortaleza - Ceará 2004
2 2 Universidade Estadual do Ceará - UECE Rosana Maria Costa Fernandes A DIMENSÃO ESTRATÉGICA DA GESTÃO AMBIENTAL NO SETOR DE SANEAMENTO BÁSICO Dissertação submetida ao Programa de Pós- Graduação do Curso de Mestrado Profissional em Administração de Empresas do Centro de Estudos Sociais Aplicados, da Universidade Estadual do Ceará UECE, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Estratégia e Competitividade Empresarial. Orientadora: Mônica Cavalcanti Sá de Abreu Fortaleza 2004
3 3 Universidade Estadual do Ceará - UECE Curso de Mestrado Profissional em Administração de Empresas Título do Trabalho: A Dimensão Estratégica da Gestão Ambiental no Setor de Saneamento Básico Autora: Rosana Maria Costa Fernandes Defesa em: / / Conceito obtido: Nota obtida: Banca Examinadora Mônica Cavalcanti Sá de Abreu Prof a. Drª. Orientadora Paulo César de Sousa Batista, Prof. Ph.D. Coordenador do Curso Antonio Jeovah de Andrade Meireles, Prof. Dr.
4 A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos. (Declaração Universal dos Direitos da Água, art. 10, ONU, 1992). 4
5 5 Agradecimentos A realização deste trabalho só foi possível graças à colaboração direta ou indireta de várias pessoas. Manifesto minha gratidão de forma particular: À Professora e incentivadora Mônica Cavalcanti Sá de Abreu, que acreditou nesse trabalho desde o primeiro momento, por sua brilhante orientação, carinho e amizade. Aos professores, em especial ao coordenador, Prof. Paulo César, e aos alunos do Mestrado, pela diversidade de informações, amizade e incentivo para a conclusão do curso. A minha amiga de muitas lutas e orientadora da especialização em meio ambiente, Profa. Raquel Rigotto, que sempre me incentivou e me fez compreender com seriedade e bom humor a importância do trabalho acadêmico. Aos meus pais e irmãos Maurício e Márcio por me possibilitarem descobrir o que existe de mais precioso na vida: o amor, a alegria, a liberdade e a vontade de querer lutar por dias melhores. Às minhas irmãs Rozina, Regina, Rosa e Fátima que surpreendem todos por sua coragem e alegria, dando-me forças para finalizar este e muitos outros trabalhos. À minha amiga querida Inácia Girão, pelo incentivo e paciência, especialmente, nos momentos críticos da realização deste trabalho. Agradeço, especialmente, a atenção das companheiras de trabalho, Maria Amélia e Solange Bezerra, que me possibilitaram o acesso a valiosas informações entre ricas discussões sobre o presente estudo. Aos colegas da CAGECE, principalmente, Mozart Brandão e Antonio Girão, que ajudaram enormemente na obtenção de dados importantes para minha pesquisa e nos contatos com as companhias de saneamento de todo o país. Aos meus amigos de sempre, George, Débora, Teca, Charles e Sandra Nascimento, pelos momentos de atenção e amizade no período de realização desta pesquisa, e em especial à amiga Jeane Silva, por seu carinho e sua contribuição poética e científica sobre os mitos que cercam a água. Aos representantes das Companhias Estaduais de Saneamento do país, que colaboraram com suas valiosas informações, viabilizando a realização desta pesquisa. Aos colegas da CAGECE, especialmente, Isaac, Lúcia Quezado, Ângela Márcia, Bruno Celedonio, Niedja, Edênia, Régis e Beatriz (Bia) pela amizade, e, sobretudo, pelo prazer do trabalho coletivo que nos unem na busca de uma sociedade mais justa, alegre e ambientalmente responsável.
6 6 SUMÁRIO Lista de Siglas e Abreviaturas...8 Lista de Figuras...10 Lista de Tabelas...11 Lista de Quadros e Gráficos...12 Capítulo 1 Introdução Considerações Iniciais Justificativa do Trabalho Objetivos Objetivo Geral Objetivos Específicos Metodologia Utilizada no Estudo Estrutura do Trabalho...28 Capítulo 2 A água no Contexto Mundial A Água Conduzindo a Civilização Os Acidentes Ambientais que Fizeram História A Busca de Soluções para a Crise da Água Considerações Gerais...47 Capítulo 3 Cenário Estratégico do Setor de Saneamento O Saneamento Básico e a Saúde Pública na Busca de Caminhos Sustentáveis A Estratégia Ambiental no Gerenciamento Hídrico e no Saneamento Considerações Gerais...62 Capítulo 4 A Dimensão Ambiental da Estratégia Empresarial A Estratégia Empresarial com Enfoque na Qualidade Ambiental A ISO e os Modelos Estratégicos de Gestão Ambiental Triple Bottom Line Sistema de Gestão e Avaliação de Desempenho Ambiental - SGADA O Modelo de Avaliação da Estratégia Tripla ECP-Triplo O Modelo de Avaliação da Estratégia Ambiental ECP- Ambiental O Instrumento de Coleta de Dados Dados Sobre a Empresa Informações sobre a Estrutura de Mercado A Conduta Ambiental das Empresas A Performance Ambiental das Empresas Perfis de Conduta Ambiental...94
7 A Matriz de Correlação entre a Pressão da Estrutura da Indústria e a Conduta Ambiental Considerações Gerais Capítulo 5 Metodologia Delineamento da Pesquisa A Natureza e a Caracterização da Pesquisa A Trajetória da Pesquisa A Definição e os Critérios para Seleção da Amostra Considerações Gerais Capítulo 6 Resultados da Pesquisa Estrutura da Indústria - O Setor de Saneamento Básico A Conduta Ambiental A Performance Ambiental Avaliação dos Perfis de Conduta Ambiental As Pressões Ambientais da Estrutura da Indústria Impactos Ambientais Legislação Ambiental Partes Interessadas Matriz de Correlação entre a Pressão da Estrutura da Indústria e a Conduta Ambiental Considerações Gerais Capítulo 7 O Estudo das Vantagens Competitivas no Setor de Saneamento Básico A Variável Ambiental como Estratégia Competitiva no Setor de Saneamento A Cagece no Contexto das Vantagens Competitivas Dados sobre a CAGECE As Pressões Ambientais na CAGECE A Conduta Ambiental da CAGECE A Performance Ambiental da CAGECE Capítulo 8 Conclusões Considerações Finais e Recomendações Referências Bibliográficas Anexos Anexo I - Instrumento de Coleta de Dados Pesquisa para Avaliação das Estratégias Ambientais no Setor de Saneamento...197
8 8 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas AINDA - Associação Internacional de Direito de Águas ANA - Agência Nacional de Águas ASSEMAE - Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Social BNH - Banco Nacional de Habitação BSC - Balanced Scorecard CAGECE - Companhia de Água e Esgoto do Ceará CBH - Comitê de Bacias Hidrográficas CENTEC - Instituto Centro de Ensino Tecnológico CMDS - Cúpula Mundial do Desenvolvimento Sustentável CNI - Confederação Nacional da Indústria COGERH - Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos CONASEMS - Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde COSAMA - Companhia de Saneamento do Amazonas DTD - Diretoria de Tecnologia e Desenvolvimento DPC - Diretoria de Planejamento e Controle ECP - Estrutura-Conduta-Performance ECP - Triplo - Modelo de Avaliação da Estratégia Tripla ECP-Ambiental - Modelo de Avaliação da Estratégia Ambiental ETAs - Estações de Tratamento de Água ETEs - Estações de Tratamento de Esgotos ETO - Estação de Tratamento de Odores FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia e Meio Ambiente FCS - Fatores Críticos de Sucesso FUNASA - Fundação Nacional de Saúde GEO-3 - Relatório Panorama Ambiental Global GMARH - Gerência de Meio Ambiente e Recursos Hídricos GEMAM - Gerência de Meio Ambiente IEC - Instituto Evandro Chagas
9 9 IBAMA IBGE ISO OECD OMS ONG ONU PLANASA PMSS PNUD PNUMA PRODETUR PSR SANEMAT SANEPAR SEBRAE SEMACE SGA SGADA SNIS SUS TBL UECE UFC UMA UNESCO - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - International Organization For Standardization - Organisation for Economic Co-Operation and Development - Organização Mundial de Saúde - Organização Não-Governamental - Organização das Nações Unidas - Plano Nacional de Saneamento - Programa de Modernização do Setor de Saneamento - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - Programa de Ação para o Desenvolvimento do Turismo do Nordeste - Pressão-Estado-Resposta - Companhia de Saneamento de Mato Grosso - Companhia de Saneamento do Paraná - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Estado do Ceará - Sistema de Gestão Ambiental - Sistema de Gestão e Avaliação de Desempenho Ambiental - Sistema Nacional de Informações em Saneamento - Sistema Único de Saúde - Triple Bottom Line - Universidade Estadual do Ceará - Universidade Federal do Ceará - Universidade Livre da Mata Atlântica - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
10 10 LISTA DE FIGURAS Figura nº 1 - Esquema das interações entre fatores ligados ao desenvolvimento...59 Figura nº 2 - SGA: Avaliação da organização, produtos e processos...71 Figura nº 3 - Modelo de SGA NBR ISO Figura nº 4 - Triple Bottom Line As sete revoluções fundamentais no mundo dos negócios (Adaptado de Elkington, 1998)...73 Figura nº 5 - As quatro perspectivas do BSC. (KAPLAN & NORTON, 1997, p:72)...77 Figura nº 6 - As perspectivas do SGADA. (Campos, 2001, p:144)...82 Figura nº 7 - Fluxograma de Fases e Etapas do Modelo SGADA...83 Figura nº 8 - Modelo Proposto de Avaliação da Estratégia Tripla ECP-Triplo...85 Figura nº 9 - Modelo Proposto de Avaliação da Estratégia Ambiental - ECP Ambiental (Abreu, 2001: 80) Figura nº 10 - Matriz de correlação entre a pressão da estrutura da indústria e a conduta ambiental (Abreu, 2001)...103
11 11 LISTA DE TABELAS Tabela nº 1 - Evolução da Cobertura dos Serviços de Água e Esgotos no Brasil (%)...51 Tabela nº 2 - Distribuição Regional dos Déficits em Saneamento Básico...54 Tabela nº 3 - Percentual de questionários respondidos em função dos solicitados Tabela Análise da Conduta Ambiental na Função Gerencial Administração Geral Tabela Análise da Conduta Ambiental na Função Gerencial Administração Geral Tabela Análise da Conduta Ambiental na Função Gerencial Administração Jurídica.129 Tabela Análise da Conduta Ambiental na Função Gerencial Administrativa Financeira Tabela 6.5 Análise da Conduta Ambiental na Função Gerencial Produção e Manutenção Tabela Analise da Conduta Ambiental na Função Gerencial Administração de Recursos Humanos Tabela Análise da Conduta Ambiental na Função Gerencial Pesquisa Desenvolvimento Tabela Análise da Conduta Ambiental na Função Gerencial Pesquisa e Desenvolvimento Tabela Análise da Conduta Ambiental na Função Gerencial Marketing e Vendas Tabela Análise da Conduta Ambiental na Função Gerencial Marketing e Vendas Tabela Análise da Conduta Ambiental na Função Gerencial Distribuição Tabela Distribuição de Freqüência para a Definição de Indicadores de Performance Ambiental Tabela Distribuição de Freqüência dos Indicadores de Performance Ambiental Tabela Analise da Conduta Ambiental na Função Gerencial Compras Tabela Distribuição de Freqüência Relativa aos Impactos Ambientais Tabela Sanções Administrativas Ambientais Impostas às Empresas Pesquisadas..158 Tabela Distribuição de Freqüência sobre a Atuação dos Órgãos Ambientais Tabela Partes Interessadas que Influenciam na Estratégia Ambiental da Empresa.162 Tabela Distribuição de Freqüência para as Vantagens Competitivas Identificadas pelas Empresas Tabela Distribuição de Freqüência Favorável a Implantação de um Sistema de Gestão Ambiental e Dificuldades na sua Implantação Tabela 6.21 Distribuição de Freqüência Contrária a Adoção de um Sistema de Gestão Ambiental...174
12 12 LISTA DE QUADROS E GRÁFICOS Quadro nº 1 - Principais fóruns mundiais sobre a proteção e gestão dos recursos hídricos...40 Quadro nº 2 - Coeficiente de Internações Hospitalares de Crianças Decorrentes de Doenças Infecto-parasitárias, por hab., na Rede do SUS Brasil...50 Quadro nº 3 - Acesso aos Serviços de Saneamento pelos 40% da População Mais Pobre e 10% da População Mais Rica do Brasil...52 Quadro nº 4 - Definições aplicáveis à Norma ISO Quadro nº 5 - Princípios da NBR ISO Quadro nº 6 - Elementos do framework do modelo ECP-Ambiental (Abreu, 2001:68)...87 Quadro nº 7 - Matriz de características de Conduta Ambiental das Empresas (Abreu,2001:170) Quadro nº 8 - Pressões ambientais da estrutura da indústria (Fonte: Abreu, 2001) Quadro nº 9 - Relação das Empresas de Saneamento de Abrangência Regional/Estadual - Fonte: SNIS, Quadro nº 10 - Relação das Empresas de Saneamento Pesquisadas/Amostra Quadro nº 11 Matriz de correlação gerada pelo ECP-Ambiental Gráfico nº 1 Distribuição da Conduta Ambiental por Região...155
13 13 RESUMO FERNANDES, Rosana Maria Costa. A Dimensão Estratégica da Gestão Ambiental no Setor de Saneamento Básico. Fortaleza, p. Dissertação de Mestrado Profissional em Administração de Empresas, Centro de Estudos Sociais Aplicados, UECE, Este trabalho apresenta uma avaliação da dimensão estratégica da gestão ambiental em quinze empresas de saneamento básico no Brasil de abrangência regional, no qual utiliza-se como referência o modelo ECP-Ambiental (Estrutura-Conduta-Peformance). Este modelo tem como princípio básico que a performance ambiental de uma empresa é o reflexo dos seus padrões de conduta ambiental, que por sua vez, dependem da estrutura de mercado em que está inserida. O trabalho relaciona os indicadores de pressão, conduta e de performance do modelo ECP-Ambiental, com aqueles praticados no setor estudado. O estudo revela como as empresas, inclusive a CAGECE (empresa de saneamento básico do Estado do Ceará), percebem as vantagens competitivas decorrentes da inserção da variável ambiental. Os resultados demonstraram a ocorrência de comportamentos semelhantes que foram agrupados em perfis de conduta ambiental para cada função gerencial denominados de conduta fraca, intermediária e forte. Constata-se, que nas regiões Norte concentram-se a maioria das empresas que adotam uma conduta ambiental fraca e na região Centro-Oeste a conduta variando entre fraca e intermediária. No Nordeste existe uma gama de empresas com condutas fracas, intermediárias e fortes. Nas regiões Sul e Sudeste concentram-se empresas de saneamento com uma conduta ambiental forte e intermediária. Os resultados também foram agrupados em uma matriz de posicionamento ambiental que relaciona a conduta ambiental com as pressões da estrutura da indústria. A conclusão deste estudo indica que a maioria das empresas de saneamento adota um posicionamento indiferente, o que significa que as pressões ambientais são baixas e a conduta adotada é fraca. Este trabalho sugere que as empresas estaduais de saneamento do País necessitam implementar e fortalecer seus programas de gestão ambiental, com reflexos positivos sobre o meio ambiente e à saúde da população, e comprova a utilização do modelo ECP- Ambiental como uma ferramenta consistente e prática para desenvolver e integrar estratégias empresariais em um ambiente de mercado globalizado e competitivo. Palavras-chave: gestão ambiental, performance ambiental, indicadores ambientais, estratégia, saneamento básico
14 14 ABSTRACT FERNANDES, Rosana Maria Costa. A Dimensão Estratégica da Gestão Ambiental no Setor de Saneamento Básico. Fortaleza, p. Dissertação de Mestrado Profissional em Administração de Empresas, Centro de Estudos Sociais Aplicados, UECE, The work presents an strategic environmental management evaluation of fifteen Brazilian regional sewer companies using Environmental SCP (Structure-Conduct- Performance) Model. This model begins with the assumption that the environmental performance of a company is the result of its competitive practice or environmental conduct standards, depending on the structure of the market. This work relates structure, conduct and performance environmental SCP model indicators with the ones practiced by sewer industry. The results show how companies, including CAGECE (sewer company of Ceara- Brazil), realize environmental strategic competitive advantages. The sewer companies analysed in the document are arranged in a environemntal matrix that relates management functions with a set of environmental conduct indictors, developed to reflect the quality of th environmental management of a company, along with its business sytem. In the matrix, environamental conduct is classified as weak, medium or strong. In the North of the country are concentrated most of weak environmental conduct companies. At the Central region there are companies posioned weak and medium environmental conduct. At the Northeast there are all sort of companies with weak, médium and strong conduct. Most of strong and medium environmental conduct companies are concentrated at South and Southeast. The results are also arranged in an environmental position matrix that relates a set of environmental conduct indicators with the environmental industry structure pressures. The conclusion of this study showed that many companies behave indiferent and this happens because there is a low level pressure structure on them and their environemntal conduct is weak. This work suggest that sewer companies in order to improve the environmental aspects and health conditions of the population must reinforce their environmental management system and the use of Environmental SCP model is a consistent and pratice tool to develop and evaluate integrated business strategies in an ever-demanding global competitive market place. Key words: Environmental Management, Environmental Indicators and Environmental Performance, Strategy, Sewer
15 15 Capítulo 1 Introdução 1.1 Considerações Iniciais O tema meio ambiente gera interesse, em si mesmo, por sua relação direta com todos os seres vivos do planeta, seja numa dimensão local ou global. A ampliação da consciência ambiental, ou a compreensão dos fenômenos contemporâneos associados às questões do meio ambiente têm sido apontados como referência fundamental de um novo paradigma, ainda que emergente, orientador de uma nova visão de mundo. Por outro lado, a consideração dessa dimensão nas ações dos governos, das sociedades, das empresas ou dos indivíduos tem trazido uma série de elementos, processos e práticas carregados de contradições. Segundo Bacelar (1997), a degradação ambiental, em âmbito mundial, tem produzido nos debates a necessidade urgente de mudanças no modelo de desenvolvimento vigente que gira em torno de uma racionalidade econômica desigual, sob uma falsa noção de progresso, que não respeita a vida e geram riscos cada vez maiores ao planeta. As tendências observadas no processo de globalização e de reestruturação produtiva a nível mundial apontam para um aprofundamento da divisão internacional dos riscos, deixando aos países em desenvolvimento as atividades mais consumidoras de recursos naturais, mais poluentes, mais perigosas e insalubres. Países de economias mais desenvolvidas, com elevados níveis de consumo e desperdício, adotam estratégias de mercado ligadas à maximização do capital investido e do lucro esperado, em detrimento de qualquer outro aspecto, gerando impactos negativos crescentes sobre o meio ambiente. Os desafios giram em torno da busca de novos valores, de uma nova ética que aponte para uma nova racionalidade para se produzir e consumir, sem desrespeitar as condições e limites impostos pela natureza e sem gerar riscos ecológicos. Segundo a Organização das Nações Unidas ONU, a alternativa de futuro possível privilegia o consenso, o
16 16 entendimento entre as nações na construção conjunta de políticas de sustentabilidade econômica e ambiental. Diante deste quadro onde são gerados impactos negativos, sobretudo, nos países em desenvolvimento, é reconhecida a gravidade, a extensão e a urgência assumidas hoje pelos problemas sócio-ambientais, e particularmente, de degradação crescente dos recursos hídricos. O crescimento intenso e desordenado nas áreas urbanas, com seus problemas de saneamento básico, coleta e tratamento do lixo, poluição, exclusão social, entre outros, que comprometem a qualidade de vida em diferentes contextos e segmentos sociais. O grande desafio que hoje se coloca é como construir um novo modelo de desenvolvimento que seja socialmente justo e ecologicamente responsável. De acordo com o sociólogo Henrique Rattner (1995), o conceito de Desenvolvimento Sustentável possui as mais variadas interpretações, de forma a ser necessária uma qualificação contextualizada acerca de suas diferentes implicações: sócioeconômicas, geográficas, históricas, políticas, culturais e ambientais. De fato, a questão ambiental coloca-se como uma área que requer cada vez mais ações de atenção em suas diferentes dimensões: físicas, biológicas, demográficas, econômicas, culturais e políticas. O autor considera ainda, que os problemas relacionados ao meio ambiente exigem uma abordagem interdisciplinar, ao mesmo tempo em que requerem o esforço e a participação de todos os atores sociais envolvidos. Pelo exposto, pode-se deduzir que o modelo atual não garante em longo prazo a manutenção do patamar de desenvolvimento dos países já industrializados. O caminho a ser percorrido é a busca do desenvolvimento sustentável, que passa necessariamente pela implementação de diversas ações propostas na Agenda 21 (2000). Contudo, a mudança de paradigma envolve novas estratégias e enfoques sócio-econômicos que deverão ser elaborados de forma adequada, onde o desafio agora é o de passar do conceito ao operacional, isto é, traduzir o desenvolvimento sustentável em ação. A nova questão passa a ser como gerenciar a questão ambiental no contexto do desenvolvimento sustentável?
17 17 O Brasil, com uma economia de base agrária transformou-se em quatro décadas, em uma sociedade altamente industrializada e urbanizada. Esse processo produziu efeitos diversos sobre o meio ambiente natural com impactos sobre os ecossistemas com a exploração dos recursos naturais para a industrialização e a implantação de infra-estrutura para atender a intensa migração de populações e a nova dinâmica das atividades econômicas produzindo graves pressões sobre o meio ambiente. De acordo com o relatório - GEO Brasil, 2002 referente às áreas urbanas e industriais, as cidades brasileiras apontam para um conjunto de problemas ambientais urbanos comuns, que pressionam a base dos recursos naturais. Entre as principais questões citadas que afetam o desenvolvimento sustentável das cidades brasileiras destacam-se as relacionadas ao acesso a terra, ao uso e ocupação do solo, ao saneamento ambiental e ao transporte urbano que prejudicam seriamente o desenvolvimento das atividades econômicas em nosso País. Esse modelo de industrialização adotado pelo Brasil até o final dos anos 70, mostrou-se desequilibrado espacial e socialmente e apesar de ter incorporado padrões tecnológicos avançados para a base nacional, não se fez acompanhar de uma política de proteção ambiental baseada em princípios de sustentabilidade. Somado a isso, o país sofreu grandes transformações na sua estrutura produtiva com os impactos gerados pela transnacionalização da produção mundial e a abertura de mercados nos anos 90. A privatização das empresas de saneamento foi uma ameaça constante nesse período de mudanças. Assim, à luz de várias motivações, as organizações empresariais no âmbito dos países ou globalmente, estão passando a adotar novas formas de gestão, considerando a variável ambiental. Pesquisa realizada pelo BNDES, CNI, SEBRAE (1998), nos mostra algumas modificações no comportamento das empresas do setor industrial no Brasil quanto à gestão ambiental na década de 90. Segundo os resultados desta pesquisa (BNDES, CNI, SEBRAE, 1998), as empresas no final dos anos 90, passam a incorporar práticas de gestão ambiental não apenas
18 18 como atividades de controle ambiental motivadas por ações regulatórias do Estado, e sim, como atividades de gestão e que estão ligadas à estratégia da empresa. As empresas, na busca de sua própria sustentabilidade no mercado, passam a adotar novas estratégias, reciclando materiais e usando tecnologias limpas, melhorando a utilização dos recursos e a eficiência no processo de produção, que atendem melhor aos critérios de desenvolvimento sustentável. Percebe-se dessa maneira que o tratamento da gestão ambiental transformou-se na década de 90, indicando que existe uma outra forma das empresas do setor industrial, de conduzir a questão ambiental, que se traduz em uma oportunidade estratégica, geralmente ligada às áreas de marketing, da economia de recursos e da competitividade, como nas observações colocadas por Porter e Van der Linde (1995). Neste contexto, as prestadoras de serviços de água e esgoto no País, apesar de ainda permanecerem desarticuladas, buscam novas formas de gestão ambiental, que atendam não só às pressões dos usuários, da sociedade civil organizada, dos órgãos governamentais e das instituições financeiras, mas, começam a direcionar rapidamente suas ações e investimentos para a área ambiental como uma oportunidade estratégica. As ações dessas prestadoras vem sendo pautadas, principalmente, através da melhoria da qualidade da água e dos efluentes tratados, do desenvolvimento de políticas ambientais e programas de educação ambiental e da adoção de certificação ambiental em suas unidades de tratamento. Quanto aos investimentos, observa-se que embora ainda limitados, vem sendo desenvolvidos nessas empresas vários projetos de reuso de águas residuárias e de controle de perdas de água, programas de eficiência energética e aplicação de novas tecnologias de tratamento que, juntos, promovem a melhoria ambiental, gerando novas oportunidades competitivas e econômicas para as empresas de saneamento do país.
19 Justificativa do Trabalho Segundo Capra (1999:387): O restabelecimento do equilíbrio e da flexibilidade em nossas economias, tecnologias e instituições sociais só será possível se for acompanhado por uma profunda mudança de valores. Portanto, a interferência do homem no processo ambiental, se estabelecida de forma equilibrada em sua relação, permite o crescimento da consciência ecológica da sociedade e impõe a busca de resultados que privilegiem uma competitividade responsável e um modelo alternativo de sustentabilidade solidária, sem causar grandes impactos aos nossos recursos naturais, ao meio ambiente e à sociedade. A crescente escassez da água em diversas regiões do planeta a transformou num produto estratégico e alvo da cobiça de poderosas nações e grandes conglomerados transnacionais. O PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente está prevendo que dois terços da população mundial poderá estar vivendo em condições de escassez de água até o ano de 2025 e hoje, cerca de 40% da produção mundial de alimentos dependem de irrigação. O Brasil, dono da maior reserva de água doce do planeta, cerca de 12%, possui uma posição estratégica no cenário mundial e vem na última década sofrendo fortes pressões de grupos internacionais que ameaçam apropriar-se dos serviços públicos de água e esgotamento sanitário. (Fonte: Revista eletrônica Ambiente Brasil: < [05/03/2003]. A crise no setor vem desde a falência do Plano Nacional de Saneamento Básico PLANASA e da extinção do Banco Nacional de Habitação BNH, em meados dos anos 80, quando o saneamento passou por um processo de profundo vazio institucional. O setor vive atualmente, desde o final do PLANASA, uma crise na sua estrutura de financiamento, que tem dificultado enormemente o acesso dos operadores, sobretudo públicos, a recursos para expansão e aprimoramento dos serviços.
20 20 Os serviços de água e esgoto são os mais essenciais dos serviços públicos, pelo absoluto condicionamento da saúde pública onde a maioria das internações hospitalares infantis são evitáveis por ações de saneamento, assim como do bem-estar social, preservação ambiental e desenvolvimento econômico. Esses serviços envolvem também o controle das fontes de água potável, assumindo dessa forma uma importância estratégica no cenário global. As companhias estaduais e municipais que prestam serviços de água e esgoto são entidades da administração indireta pertencentes, na maioria das vezes, à esfera de governo que detém a titularidade dos serviços ou pelo menos parte desta. O saneamento básico, considerado monopólio natural, pelo seu caráter social e essencial e por suas interfaces com a saúde, habitação, desenvolvimento urbano, meio ambiente e recursos hídricos, é público por natureza, portanto, a entrega ao capital privado do setor fere a finalidade do Estado e pode representar um obstáculo à universalização do atendimento às populações carentes. Segundo Ray (1999), no novo paradigma, a função da empresa não fica mais limitada à satisfação dos acionistas através de uma gestão de políticas fechadas. Ela apresenta uma abordagem externa que leva em conta todos os depositários (empregados, consumidores, fornecedores, comunidade e meio ambiente, como também, é claro, os próprios acionistas). Ainda o mesmo autor salienta que o novo paradigma empresarial promove o desenvolvimento pessoal dos envolvidos e proporciona serviços correspondentes à comunidade através da responsabilidade social e ambiental da empresa. Historicamente, o setor industrial, de maneira geral, tem sido o maior consumidor e poluidor dos recursos naturais. Para Maimon (1994:73):... o impacto do setor industrial na deterioração ambiental é significativo, ainda que tenha sido reduzido nos últimos 20 anos. Na visão de Abreu (2001:2):
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