Turma e Ano: Estado Federal Brasileiro 2016 Matéria / Aula: Estado Federal Brasileiro 05 Professor: Marcelo Tavares Monitor: Laura de Almeida Campos

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1 Turma e Ano: Estado Federal Brasileiro 2016 Matéria / Aula: Estado Federal Brasileiro 05 Professor: Marcelo Tavares Monitor: Laura de Almeida Campos Aula 05 Questões de provocação 1ª. QUESTÃO. Lei n 3438/2000, do Estado do Rio de Janeiro, obriga as distribuidoras de combustíveis a colocar lacres eletrônicos nos postos de venda do produto. Ao editar o referido ato, o Estado não estaria violando o art. 22, I, IV, e XII, da CRFB? - 2ª. QUESTÃO. É constitucional a lei municipal que torna obrigatória a contratação de seguro contra furto e roubo de veículos para estabelecimentos que possuam mais de cinquenta vagas de estacionamento para carros dos clientes? Temos que o estado federal brasileiro é formado pela união, pelos estados federados, pelo distrito federal e pelos municípios. É peculiar que a federação é formada também pelos municípios e distrito federal, o que pode ser visto no art. 18, CRFB. Então vimos também as características integrantes da autonomia, a auto-organização, o autogoverno, auto legislação e a autoadministração. Vimos também a diferença entre autonomia e soberania. O art. 25, CRFB, prevê que os estados se auto organizam a partir de uma constituição estadual, e ela é a concretização do poder constituinte derivado decorrente. No seu poder de auto-organização, o estado não é totalmente livre, e sim limitado pelos princípios da constituição. Esses princípios limítrofes são: - Cláusulas pétreas: limite para o poder constituinte derivado reformar e derivado decorrente - Princípios constitucionais sensíveis: art. 34, VII. - Princípios indicativos: aqueles que a CF expressamente impõe aos estados, por exemplo, o caput do art. 37, CRFB, este artigo impõe diretamente a observância de determinados dispositivos. - Princípios extensíveis: previstos pela CF para a União, mas por interpretação sistemática a partir da aplicação da clausula federativa, serão de observância obrigatória também pelos estados, pela norma de simetria. Exemplo é o art. 61, 1º, CRFB, por extensão haverá vinculação também aos governadores, mesmo não estando expressa, é uma questão de observância obrigatória pela aplicação da clausula federativa da qual decorre interpretação sistemática. Então no poder de auto-organização na redação das constituições estaduais existem quatro ordens de princípios para limitar essa liberdade, ficando no meio termo entre a liberdade e a limitação pelos princípios.

2 Qual poder constituinte derivado é mais limitado: o reformador ou o decorrente? O mais limitado é o decorrente. No que se refere a limitação material, a única ordem de princípios que limita o poder reformador são as cláusulas pétreas. Já para o poder derivado decorrente há as quatro ordens de princípios. Assim concluindo que o poder derivado reformador é menos limitado, e o poder derivado decorrente é mais restrito. O art. 25 confirma que os estados têm a competência residual, ou seja, tudo que aquilo expressamente não reservar a união ou aos municípios. Os parágrafos segundo e terceiro devem ter atenção redobrada, pois são muito cobrados em concursos, como por exemplo se é possível que um estado explore o gás canalizado através de medida provisória, o que vimos que não é possível já que essa concessão deve ser feita por lei. Se uma lei ordinária estadual pode criar região metropolitana, isso não é possível, devem ser criadas obrigatoriamente por lei complementar estadual. O art. 26 prevê quais são os bens dos estados, vejam que estão entre as aguas da União os rios que separam mais de um estado e os rios que fazem fronteira do brasil com outro pais. A constituição define os bens da União, e a partir disso definimos quais os restantes são os bens dos estados. O art. 20 também define diversas ilhas que são domínio da União. Existem também terras devolutas que são bens da União, e as que não são serão bens dos estados. O art. 18, 3º, merece atenção às formalidades necessárias à criação de estados: - Incorporação: se temos um estado A e um B, e se o B deixa de existir e o A passa a incorporá-lo, é essa hipótese. Inicialmente tínhamos dois estados, um deles deixou de existir e seu território foi incorporado ao outro estado. - Subdivisão: inicialmente temos um estado A, e ele passa a ser subdividido, deixando de ser estado A e passando a ser estados B e C, dois outros estados com denominação diferente. - Desmembramento: temos um estado A inicial que perde parte de seu território, passando a existir o estado A e o B com parte do território antigo de A. Para que haja tudo isso, há formalidades a serem observadas, como: (i) lei complementar feita pelo congresso nacional; (ii) a aprovação da população diretamente envolvida através de plebiscito. Vamos imaginar que um determinado estado vai ser desmembrado em outro estado, a questão que se coloca aqui é: qual a população diretamente envolvida? Se o estado A vai perder parte de seu território para constituir um novo estado, o B, qual a população diretamente envolvida? Somente os cidadãos que tem título eleitoral nessas regiões do futuro estado B ou todo mundo do estado A original? A reposta é que todos os cidadãos são considerados a população diretamente envolvida, ou seja, todos os cidadãos do estado A original devem participar da decisão. Organização do estado Poder Executivo O estado da federação é uma entidade federativa tri-orgânica, isso quer dizer que ele tem poder executivo, legislativo e judiciário.

3 O poder executivo do estado é exercido pelo governador, e este tem mandato de quatro anos admitida uma reeleição. Ele é eleito em um turno ou dois, um turno se na primeira eleição ele obtiver a maioria absoluta dos votos válidos, isto é, desconsiderando os votos nulos e brancos. Se nenhum candidato obtiver a maioria absoluta nessa votação haverá segundo turno. O governador, uma vez eleito, exercera seu mandato em quatro anos, sendo admitida uma reeleição, e se cometer crime de responsabilidade ou crime comum poderá perder o cargo. O governador exerce a chefia do governo do estado em um modelo de sistema de governo presidencialista, significa dizer que ele tem o direito subjetivo de exercer seu mandato com prazo certo e ele não tem sua legitimidade aferida pela assembleia legislativa. O que caracteriza o exercício do governador é a chefia de governo, o mandato de quatro anos, tem legitimidade popular que significa que ele não pode perder o cargo por decisão da assembleia legislativa, só se esta concluir que ele cometeu crime de responsabilidade. Tem legitimidade popular aferida no momento da eleição, entre os momentos de eleição não é importante se o governador perdeu a legitimidade popular ou não para o fim de perda do cargo, e muito menos importante, para este fim, se a assembleia legislativa gosta do governo ou não. Ele tem também responsabilidade política, e escolhe livremente os secretários de estado que ocupam cargo comissionado, esses secretários de estado só poderão ser conduzidos ou retirados do cargo pelo governador, e não pela assembleia legislativa. São essas cinco características. O crime comum, o governador será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, já que ele tem foro de prerrogativa de função, ou seja, é julgado então pelo STJ, e o STF tem precedente concluindo que o governador tem direito, por simetria da constituição, à fase de admissão de culpa na assembleia legislativa. Ou seja, para que haja ação penal no STJ tem que haver admissão de culpa na assembleia legislativa. O STF também já concluiu que o governador pode ser preso preventivamente sem consulta a assembleia legislativa, já que essa analise existe apenas como fase preparatória para a ação penal e não para o inquérito. Então o governador será investigado pela polícia, que depois será distribuído ao relator do STJ, já que a polícia não pode investigar livremente o governador, e sim deve ter autorização do STJ. Durante a fase pré-processual, o STJ pode vir a decretar a prisão do governador, sem a necessidade prévia de consulta à assembleia legislativa. O governador, caso cometa crime de responsabilidade, será julgado politicamente pela assembleia legislativa. A tipificação dos crimes de responsabilidade está na mesma lei que diz dos crimes de responsabilidade para o presidente da república, a Lei 1.079/1950. Então o governador é eleito pelas regras do art. 77, CRFB, se cometer crime comum é julgado pelo STJ, e se cometer crime de responsabilidade é julgado, em princípio, pela assembleia legislativa. Poder Legislativo O poder legislativo estadual é unicameral, e exercido pela assembleia legislativa, diferentemente do que acontece com a União. A assembleia legislativa pode exercer atribuições típicas ou atípicas, sendo que as típicas são: atribuição constituinte decorrente, a legislativa, a deliberativa e a atribuição

4 fiscalizadora. As atividades atípicas são: administração e julgamento, exemplo é que a assembleia legislativa poder vir a julgar o governador por crime de responsabilidade, e a atividade de administração é que a própria assembleia nomeia e dá posse aos seus servidores, exerce também o poder disciplinar sobre estes. A atividade típica constituinte decorrente é que cabe à assembleia legislativa, seguindo o modelo federal do art. 60, editar a constituição do estado, e editar também emendas à constituição do estado, as duas devem ser aprovadas duas vezes por maioria super qualificada de 3/5. Exerce também a atividade legislativa, de edição de leis ordinárias e leis complementares estaduais, também a atividade deliberativa através da aprovação de resoluções, e exerce também a atividade fiscalizadora, que deverá ser feita através da fiscalização das contas do estado apoiada no tribunal de contas do estado, que é integrado por sete conselheiros escolhidos por simetria ao tribunal de contas da união. Os conselheiros do tribunal do estado terão as mesmas prerrogativas que o desembargador, por exemplo um conselheiro do tribunal de contas do estado será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça. A assembleia legislativa é integrada por deputados estaduais, estes têm as mesmas prerrogativas e sistemas de perda de cargos que são previstos para os deputados federais. Os deputados estaduais têm a prerrogativa de não serem incorporados às forças armadas, a não ser por autorização da maioria absoluta dos membros da casa, tem imunidade a prestar depoimento sobre fatos que tenham tomado conhecimento no exercício do mandato, também imunidade material chamada inviolabilidade pelo uso da palavra, voto e opinião, em qualquer local do território nacional. Então os deputados estaduais, da mesma forma que os deputados federais e senadores, que são invioláveis por suas palavras, de acordo com a jurisprudência do STF, se um parlamentar usa a palavra num ambiente interno da casa legislativa, essa imunidade é absoluta no sentido de que ele não pode ser criminalizado civil ou penalmente, ele poderá vir a responder por quebra de decoro parlamentar, como pode ser responsabilizado sob aspecto disciplinar e não no aspecto criminal e de responsabilidade civil. Todas as imunidades e prerrogativas previstas para os parlamentares no art.53, também são previstas para os deputados estaduais no art. 27, CRFB. Estes deputados estaduais são em número do triplo de representação dos deputados federais, para o estado da federação, uma vez atingido o número de 12 deputados federais, para cada um a mais haverá um deputado estadual. No que se refere ao subsidio, este não pode ultrapassar 75% do dos deputados federais. O art. 27, CRFB, é que traz essas disposições. Poder Judiciário O poder judiciário dos estados é organizado no tribunal de justiça e juízes de direito. O Tribunal de Justiça terá auto-organização, caberá autonomia financeira e orçamentaria, ou seja, o TJ que encaminhará para o governo do estado a consolidação da proposta do seu orçamento, e uma vez aprovado o orçamento pela lei orçamentária na assembleia legislativa e sancionada pelo governador, essas verbas devem ser entregues para administração pelo próprio Tribunal de Justiça, isto é,

5 observadas as previsões da lei orçamentária cabe ao tribunal de justiça dispor sobre o fluxo de pagamento de suas obrigações. Os desembargadores do tribunal de justiça têm foro por prerrogativa de função, então serão julgados pelo Superior Tribunal de Justiça, e os juízes de direito em caso de cometimento de crime serão julgados pelo próprio tribunal de justiça, inclusive com exclusão do júri, vamos imaginar que um juiz de direito tenha cometido um crime doloso contra a vida, este não será julgado pelo tribunal do júri, mas sim pelo tribunal de justiça, porque a constituição prevê dessa forma. A lei de organização judiciária do estado, fixando a competências das comarcas, é de iniciativa do tribunal de justiça também, iniciativa privativa. No art. 125, CRFB, está prevista a organização do poder judiciário. Existe a possibilidade de instituição de representação de inconstitucionalidade estadual, todos os estados têm, a chamada ADI estadual. A constituição prevê que os estados possam instituir tribunal de justiça militar estadual, para julgar em segundo grau militares da polícia militar, e no caso de estados que tem corpo de bombeiros como outra organização, os bombeiros militares. Desde que o efetivo dessas forças, somados, seja de mais de 20 mil pessoas, o Rio de Janeiro por exemplo tem esse efetivo maior, mas não criou o tribunal de justiça militar, tem a auditoria militar que é integrada por juiz de direito e pelo conselho formado por oficiais da polícia militar e pelo corpo de bombeiros, como órgão colegiado. No Rio Grande do Sul, por exemplo, existe o tribunal de justiça militar. No que se refere à justiça militar estadual, se for cometido crime doloso contra a vida de civil: a competência é do júri, segundo o 4º. Crimes cometidos contra civil, concussão por exemplo, e ações judiciais de punição disciplinar, é julgado pelo juiz de direito da auditoria militar, esse julgamento é monocrático do juiz de direito, e prevê que os outros crimes militares sejam julgados pelos conselhos de justiça de forma colegiada. Essas disposições do art. 125 são muito importantes em matéria de concursos públicos. O Ministério Público Estadual é organizado da seguinte forma: existe uma lei de normas gerais, a Lei 8.625, e existe uma lei orgânica que deve ser uma lei complementar. Essa lei de normas gerais é de iniciativa do presidente da república, e a lei complementar estadual orgânica é da atribuição concorrente do governador e do procurador geral de justiça, os dois tem iniciativa para propor a lei complementar orgânica do ministério público estadual, observadas as regras gerais da lei ordinária