IX Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí. IX Jornada Científica

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1 INCIDÊNCIA DE Colletotrichum lindemuthianum EM SEMENTES DE FEIJÃO COMUM DO GRUPO CARIOCA (Phaseolus vulgaris) PROCEDENTES DE AGRICULTORES DA REGIÃO DE BAMBUÍ-MG. Daniel Viana 1 ; Josiane Isolina Mesquita da Silva 1 ; Luciano Carvalho 1 ; Sylmara Silva 1; Joel Brito 2 ; 1 Estudante de Agronomia. Instituto Federal Minas Gerais (IFMG) campus Bambuí. Rod. Bambuí/Medeiros km 5. CEP: Bambuí-MG. 2 Professor Orientador IFMG. RESUMO: O feijão comum (Phaseolus vulgaris) está sujeito a incidência de diversas doenças, grande parte delas transmitidas a partir de sementes, sendo a Antracnose do feijoeiro, cujo agente etiológico é o fungo Colletotrichum lindemutianum, uma das principais que acometem a cultura. Diante disto, o objetivo deste trabalho foi determinar a taxa de incidência do fungo Colletotrichum lindemuthianum em sementes de feijão, oriundas de produtores rurais da região de Bambuí-MG. Primeiramente foram feitas visitas em seis propriedades rurais de médio porte, produtoras de feijão comum do tipo carioca, onde foram coletadas 1 amostra de sementes para cada propriedade, totalizando 6 amostras. Para tal, foram coletadas cinco amostras simples de feijão para cada uma das 6 fazendas, que foram misturadas obtendo as amostras médias, contendo, cada uma delas, cerca de 1.100g de sementes. Para a detecção da ocorrência de Colletotrichum lindemuthianum, utilizouse o método do rolo de papel, no qual as sementes são esterilizada e dispostas entre folhas de papel germitest, embebidas em água destilada. A partir das análises fitossanitárias, foram constatados os seguintes níveis de infecção em cada lote: 37,5; 13,75; 22,5; 36,0; 9,5 e 16,0%. Todos os lotes de sementes oriundas de produtores da região de Bambuí - MG apresentaram alta incidência de Colletotrichum lindemuthianum, o que pode ocasionar um grande incremento aos custos de produção e queda no rendimento da cultura. Existe, no cultivo do feijoeiro, grande dificuldade em produzir sementes sadias, pois o clima ameno e seco das principais regiões produtoras de grãos favorece o desenvolvimento do patógeno. Palavras chave: Produtor rural. Antracnose. Cotilédone. INTRODUÇÃO O feijão constitui alimento tradicional muito consumido pelos brasileiros, sendo considerado por muitos, a base da dieta, fornecendo nutrientes essenciais ao ser humano (MESQUITA, 2007). Segundo Menezes et al (1981), a cultura do feijoeiro está sujeita à incidência de diversas fitomoléstias, em grande parte, transmitidas por sementes, que na sua maioria apresentam baixa qualidade fitossanitária. A semente é o principal meio de disseminação da maior parte das doenças do feijoeiro e, portanto, o uso de sementes livres de patógeno reduz o custo de produção e aumenta a produtividade da lavoura (MACHADO, 1988). De acordo com Viana (2016), por meio da análise sanitária de sementes, pode-se evitar que um novo patógeno seja introduzido na área a ser cultivada. De acordo com Bianchini et al. (1997), a

2 antracnose do feijoeiro é causada pelo fungo Colletotrichum lindemuthianum, pertencente à subdivisão Deuteromycotina, cuja fase perfeita corresponde ao ascomiceto Glomerella cingulata f. sp. phaseoli. A antracnose, é uma das doenças mais destrutivas que afetam a cultura do feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) em regiões tropicais e subtropicais da América Latina e África Central e Oriental (Pastor-Corrales, 1985). Estudos de Pria (2003) constataram que a temperatura ótima para o desenvolvimento da doença é de 17ºC e que, em temperaturas abaixo de 6ºC, ou acima de 33ºC, não foram observados sintomas da doença. O fungo sobrevive em restos de cultura, mas sementes contaminadas constituem sua via de sobrevivência e disseminação mais importante, sendo que, respingos de chuva, o homem e insetos também disseminam o patógeno (BIANCHINI et. al., 1997). Segundo Viana (2016), como se trata de espécie de ciclo cultural muito curto, a lavoura de feijão deve ser constantemente monitorada após seu plantio, para que qualquer tratamento fitossanitário, possa ser realizado da melhor forma possível e com a necessária rapidez. O objetivo do presente trabalho foi determinar a taxa de incidência do fungo Colletotrichum lindemuthianum em sementes de feijão, oriundas de produtores rurais da região de Bambuí-MG. MATERIAL E MÉTODOS Em outubro de 2015 as coletas das amostras de sementes, foram realizadas, sendo, cinco amostras simples de feijão para cada uma das 6 fazendas, que foram misturadas obtendo as amostras médias, contendo, cada uma delas, cerca de 1.100g de sementes. Foi realizada análise patológica de cada amostragem obtida, utilizando-se de 400 sementes de cada amostra média, separadas em 8 parcelas, ou sub amostras, de 50 sementes cada. Procedeu-se a desinfestação superficial das sementes, utilizando solução 1% de hipoclorito de sódio, por 3 minutos. Em seguida, 50 sementes foram distribuídas uniformemente sobre duas folhas de papel germitest (44,0 34,0 cm) e sob uma folha de cobertura, todas umedecidas com água destilada. As folhas foram enroladas e acondicionadas em sacos de polietileno perfurados. Na sequência, os rolos ensacados foram colocados, na posição vertical, em Câmara de Incubação (BOD), com atmosfera próxima à saturação, no escuro, a 20 ± 2ºC, pelo período de 7 dias. Posteriormente, ao final da incubação, após a remoção do tegumento das sementes, procedeu-se o exame dos cotilédones a olho nu, sendo feita a contagem das sementes que apresentaram sintomas de contaminação e as sadias, buscando detectar a ocorrência de lesões

3 necróticas circulares, deprimidas, de coloração pardo-escura, denotando assim, a presença do referido patógeno. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir dos resultados das análises laboratoriais das sementes oriundas de cada fazenda, foi realizado um levantamento sobre os índices de sementes sadias, contaminadas e porcentagem de contaminação de cada amostra (Figura 1). Figura 1: Análise fitossanitária de sementes, constando número de sementes contaminadas por Colletotrichum lindemuthianum. Os resultados obtidos das amostras mostram níveis de inóculo de C. lindemuthianum variando de 9,5 a 37,5%. Diante destes resultados, podemos observar uma alta porcentagem de contaminação, sendo que o menor resultado obtido foi de 9,5%, muito acima de níveis de tolerância estudados por outros autores. De acordo com estudos relacionando níveis de inóculo de C. lindemuthianum com a severidade da doença em campo, Talamini (2003) observou que as menores taxas de progresso da doença foram observadas nos níveis de inóculo de 0 a 0,5% e as maiores taxas de progresso da doença foram observadas nos níveis de 0,5 a 4,0%, comprometendo a produção. Estudos conduzidos por Rava et al (2006), com referência à safra de 2002 (Figura 2), buscaram analisar, especificamente, o agente etiológico da antracnose do feijoeiro, Colletotrichum lindemuthianum, objetivando avaliar a interferência na viabilidade de produção de sementes de feijão, em diferentes condições de clima. O experimento foi instalado na Fazenda Barreira da Cruz, no município de Lagoa da Confusão, TO, utilizando a irrigação por subirrigação, e o outro, na Embrapa Arroz e Feijão, no município de Santo Antônio de Goiás, GO, com irrigação por aspersão convencional.

4 Figura 2: Efeito do local de produção, da sanidade, do tratamento de sementes e das pulverizações foliares com fungicidas, na porcentagem de plantas com sintomas de antracnose e de sementes contaminadas com Colletotrichum lindemuthianum, obtidas na colheita. Com referência aos resultados apresentados (Figura 2), observa-se influência decisiva do clima, onde as sementes foram produzidas, tanto com relação à ocorrência de sintomas de antracnose nas plantas, quanto com a obtenção de sementes contaminadas. Assim sendo, torna-se possível inferir que fatores climáticos como, baixa umidade relativa do ar, ausência de chuvas intermitentes e temperatura média alta, constituem prováveis condições predisponentes à produção de sementes sadias (RAVA et al, 2006). CONSIDERAÇÕES FINAIS Todos os lotes de sementes oriundas de produtores da região de Bambuí - MG apresentaram alta incidência de Colletotrichum lindemuthianum, o que pode ocasionar um grande incremento aos custos de produção e queda no rendimento da cultura. Existe, no cultivo do feijoeiro, grande dificuldade em produzir sementes sadias, pois o ameno e seco das principais regiões produtoras de grãos favorece o desenvolvimento do patógeno. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIANCHINI, A; KIMATI, H.; AMORIM, L; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L. E. A. Doenças do feijoeiro. Manual de Fitopatologia, v. 2, 1997, p BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Manual de Análise Sanitária de Sementes. Brasília: MAPA/ACS, p.

5 MACHADO, J. C. Patologia de sementes: fundamentos e aplicações. Brasília: MEC/ESAL, 1988, 106p. MENEZES, J. R.; MOHAN, S. K.; BIANCHINI, A.; SOUZA, G. L. Qualidade sanitária de sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.) no Estado do Paraná. Fitopatologia Brasileira. 1981, 6: MESQUITA, F. R. Linhagens de feijão (Phaseolus vulgaris L.): Composição química e digestibilidade protéica. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.31, n.4, p , jul./ago PASTOR-CORRALES, M. Enfermedades del frijol causadas por hongos. In: LÓPEZ, M.; FERNÁNDEZ, F.; SCHOONHOVEN, A.(Ed.). FRIJOL: Investigación y Producción. Cali: Centro Internacional de Agricultura Tropical, p PRIA, D. M. Quantificação de componentes monocíclicos da antracnose do feijoeiro. Fitopatologia Brasileira, 28(4), p , jun ago, RAVA, C., AIDAR, H., COSTA, J. G. C., KLUTHCOUSKI, J. Sementes infectadas: sustentabilidade das lavouras questionadas. Informações agronômicas n 115 Setembro/ TALAMINI, V. Progresso espacial e temporal da antracnose a partir de diferentes níveis de inóculo inicial em sementes de feijoeiro p. Tese (Doutorado em Fitopatologia) Universidade Federal de Lavras, Lavras, VIANA, Daniel Igor Faria. INCIDÊNCIA DE Colletotrichum lindemuthianum EM SEMENTES DE FEIJÃO COMUM DO GRUPO CARIOCA (PHASEOLUS VULGARIS) PROCEDENTES DE AGRICULTORES DA REGIÃO DE BAMBUÍ-MG f. TCC (Graduação) - Curso de Agronomia, Ciências Agrárias, Instituto Federal de Educação Ciencia e Tecnologia - Campus Bambuí, Bambuí-mg, 2016.