UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS PRÓ-REITORIA DE GESTÃO DE PESSOAS Secretaria de Recursos Humanos Curso de Especialização em Gestão Pública ESTUDO SOBRE A VIABILIDADE DA ADOÇÃO DO SOFTWARE LIVRE NO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DA UFSCAR (CCA/UFSCAR) FABRÍCIO VICENTE MASSUIA ARARAS - SP 2011
2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS PRÓ-REITORIA DE GESTÃO DE PESSOAS Secretaria de Recursos Humanos Curso de Especialização em Gestão Pública ESTUDO SOBRE A VIABILIDADE DA ADOÇÃO DO SOFTWARE LIVRE NO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DA UFSCAR (CCA/UFSCAR) FABRÍCIO VICENTE MASSUIA Projeto de Monografia apresentado ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Pública da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) como parte dos requisitos para obtenção do título de especialista em Gestão Pública. Orientador: Prof. Dr. Alexandre Colato ARARAS - SP 2011
3 BANCA EXAMINADORA Prof(a). Dr(a). Nota: Prof(a). Dr(a). Nota:
4 RESUMO Este trabalho aborda o tema da adoção do Software Livre na Administração Pública, que, para gestão da tecnologia da informação, representa uma importante alternativa de adaptação de soluções tecnológicas à realidade dos investimentos escassos e inconstantes no setor público. Foram abordados os principais conceitos referentes ao tema, demonstrando-se vantagens e dificuldades encontradas em um processo de migração de software proprietários para soluções livres. O objetivo do trabalho é estudar a viabilidade da adoção do Software Livre no Centro de Ciências Agrárias da UFSCar (CCA/UFSCar). Para isso, foi realizado um levantamento do atual cenário de utilização de softwares proprietários nas áreas administrativas e de ensino do campus, permitindo avaliar a migração destes para soluções baseadas em Software Livre. Ao final, foi proposto um plano de migração e incentivo às soluções livres, adequadas à realidade do campus. Palavras-chave: gestão da tecnologia da informação. Software Livre. Adoção. Migração. Software Proprietário.
5 AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Mauro Rocha Côrtez pela louvável iniciativa de oferecer o curso de Especialização em Gestão Pública aos servidores da UFSCar. Aos docentes e demais profissionais que contribuíram para realização do curso. Aos colegas de curso pela troca de experiências e colaboração. Ao Prof. Dr. Alexandre Colato por ter aceitado o convite para orientação e, sobretudo, pela paciência e atenção dispensadas durante todo do processo de desenvolvimento desta monografia.
6 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Utilização de Software Livre nas Universidades Federais... 23
7 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Softwares básicos utilizados em salas de aula e laboratórios de informática Tabela 2: Softwares específicos utilizados nos laboratórios de informática Tabela 3: Softwares básicos utilizados na área administrativa Tabela 4: Softwares específicos utilizados na área administrativa Tabela 5: Equivalência entre softwares proprietários e livres... 30
8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO Objetivos gerais Objetivos específicos Justificativa REFERENCIAL TEÓRICO Conceitos de Software Livre e Proprietário Projeto GNU e o Linux Razões para a adoção do Software Livre na Administração Pública Dificuldades no processo de migração PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ANÁLISE DOS RESULTADOS Softwares utilizados na área de ensino Softwares utilizados na área administrativa Análise geral Proposta de atividades de migração para Software Livre CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS... 37
9 9 1 INTRODUÇÃO Desde os primórdios da civilização, a humanidade busca uma maneira de aperfeiçoar e gerir melhor seus recursos, quando nossos ancestrais ainda eram nômades fez-se necessário o desenvolvimento de técnicas agrícolas para que a sociedade conseguisse atingir um patamar sociocultural diferente do que era conhecido até então, saltando da situação de apropriadora do que a natureza provê espontaneamente à posição de organizadora ativa da produção (RIBEIRO, 1978). Durante o final século XIX uma diferente, porém, significativa mudança na maneira com que as pessoas produziam bens de consumo fez uma nova revolução em toda a sociedade moderna, sendo chamada de revolução industrial. Segundo Iannone (1992), a revolução industrial foi caracterizada pelo fim da produção através da manufatura e passou-se para a mecanização ou, mais especificamente, para a maquinofatura. Atualmente vivemos mais uma revolução, na qual o gerir e aperfeiçoar se fazem presentes, porém o que está no ponto central desta revolução não são mais grãos como na revolução agrícola, ou carros e bens de consumo duráveis como na revolução industrial, mas sim a informação, algo que muitos consideram efêmero pelo simples fato de não ser palpável, mas que se demonstra tão, ou mais importante, que qualquer outro bem material. A atual revolução, conhecida como revolução da informação passa, impreterivelmente, pelo uso de programas para computadores, tornando-se imprescindível em qualquer instituição, independentemente da natureza de suas atividades, quer seja pública ou privada, micro ou de grande porte. Dessa forma, a necessidade de aplicativos com a finalidade de auxiliar e até mesmo automatizar os processos corporativos aumentou de forma considerável, gerando uma expressiva demanda comercial destes programas no mercado. Visando suprir esta demanda, diversos fabricantes adotaram a estratégia de desenvolver e proteger o código fonte 1 utilizado no desenvolvimento destes programas como segredo comercial. Tal regime garantia o alinhamento das necessidades do cliente aos objetivos dos fornecedores, principalmente em função 1 O código fonte de um programa é a versão daquele programa produzida diretamente pelo autor, e que descreve o comportamento, ou função do programa. Código fonte é geralmente escrito em uma linguagem de alto nível como C, Java ou Perl. HEXSEL (2002).
10 da dependência tecnológica que se configurava com a aquisição do produto. A essa forma de distribuição dos programas denominou-se Software 2 Proprietário, ou seja, aquele cuja cópia, redistribuição ou modificação são proibidas pelo seu criador ou distribuidor (HEXSEL, 2002). O modelo de negócio de software proprietário passou a ser adotado por grande parte das empresas de desenvolvimento, geralmente com elevados valores de licença de uso, dificultando e, até mesmo, inviabilizando a aquisição destes não só por organizações privadas, mas em especial pelas instituições públicas e pela população em geral. Tal restrição de recursos para a aquisição destes aplicativos proprietários levou boa parte da sociedade, principalmente dos países em desenvolvimento, a utilizarem cópias ilegais destes produtos, cometendo o crime da pirataria 3 de software. Além da necessidade de aquisição de diversas autorizações de softwares para os computadores, diferentes fatores contribuem para um elevado gasto de recursos como: o gerenciamento das licenças, os requisitos de equipamentos (hardware), a dependência tecnológica de fornecedor único, a falta da padronização dos sistemas, entre outros. Por exemplo, nem sempre que um aplicativo novo é lançado os equipamentos utilizados no cotidiano são capazes de executá-lo de forma adequada, desta forma, para que este aplicativo se torne útil, é necessário o investimento financeiro e de tempo, pois se faz necessário a aquisição e instalação de componentes mais modernos, o que gera um custo muito maior do que a simples licença do aplicativo em questão. A economia relativa aos gastos gerados pela aquisição das licenças e a adequação de equipamentos poderia ser empregada de forma mais eficiente pelas instituições, minimizando, ou mesmo eliminando a dependência explícita de corporações que possuem o monopólio de determinados programas. A implementação do software livre (comumente chamado de SL), que atualmente oferece uma extensa gama de soluções, representa uma excelente 2 Software é um conjunto de instruções lógicas, desenvolvidas em linguagem específica, que permite ao computador realizar as mais variadas tarefas do dia a dia de empresas, profissionais de diversas áreas e usuários em geral. 3 Segundo a ABES Associação Brasileira das Empresas de Software, a pirataria de software é a prática de reproduzir ilegalmente um programa de computador, sem a autorização expressa do titular da obra e, consequentemente, sem a devida licença de uso. 10
11 11 alternativa para a administração pública, principalmente instituições públicas de ensino, uma vez que contribui para a considerável redução dos custos envolvidos com a adoção do software proprietário, é tecnicamente estável e incentiva a difusão do conhecimento e a inovação. No entanto, a tarefa da migração para este tipo de aplicativo não se resume à simples substituição de um aplicativo pelo outro. Apesar de ser equivalente quanto ao funcionamento, a maneira de interagir com o aplicativo para a realização das tarefas diárias não são exatamente iguais ao que maioria dos usuários estão acostumados, o que leva o processo de migração a encontrar barreiras como a cultura fortemente estabelecida pelo uso de programas proprietários e a resistência à mudança por parte dos usuários. A proposta deste trabalho é realizar um estudo sobre a utilização destes aplicativos proprietários nas áreas administrativas e de ensino do Centro de Ciências Agrárias da UFSCar, avaliar a viabilidade da migração destes para softwares livres e sugerir um plano de adoção e incentivo a soluções adequadas à realidade do campus e que estejam em consonância com o que vem sendo feito pelo Governo Federal em diferentes níveis da esfera administrativa. 1.1 Objetivos gerais: O presente estudo tem como objetivo geral encontrar fundamentação para analisar a possibilidade de adoção do Software Livre no Centro de Ciências Agrárias da UFSCar, vislumbrando elaboração de um roteiro para conduzir o processo de migração, visando a padronização e adaptação do parque computacional do campus às diretrizes sugeridas pelo Governo Federal em relação à utilização de SL na Administração Pública.
12 Objetivos específicos: a. Fazer um levantamento dos softwares mais utilizados na área administrativa e na área do ensino; b. Definir as atividades do plano de migração para SL; c. Personalizar a distribuição Ubuntu com aplicativos livres pré-instalados, que oferecem recursos e funções equivalentes aos softwares proprietários utilizados e que possa servir de instrumento de divulgação e incentivo ao uso de SL, bem como ser utilizada como o sistema operacional padronizado a ser adotado em uma possível migração. 1.3 Justificativa O portal do Governo Federal (Software Livre no governo do Brasil) 4, que trata especificamente da questão do SL, lista diversos casos de sucesso de instituições públicas (Banco do Brasil, Exército, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Serpro, etc.) que optaram pela sua adoção em algum nível de sua estrutura computacional. Com o objetivo de mensurar os resultados do direcionamento estratégico em relação à adoção do SL na Administração Pública, o CISL - Comitê Técnico de Implementação do Software Livre - realizou um trabalho de análise quanto à utilização de ferramentas e soluções desenvolvidas e cujo resultado final subsidiará novas ações do Governo. Este trabalho consistiu em um levantamento 5, junto aos órgãos da Administração Pública, com os dados referentes à utilização do SL em segmentos distintos como: Sistemas de Correio Eletrônico, Servidores de Internet, Sistemas de Informação, Estações de Trabalho e Suítes de Escritório. O resultado deste trabalho demonstrou que boa parte das instituições públicas já utiliza o SL de forma significativa, principalmente em sistemas ligados à infraestrutura computacional como nos sistemas de correio eletrônico, servidores de internet e sistemas de informação. 4 Disponível em : < 5 Disponível em : <
13 13 O levantamento deixa claro ainda que, poucas instituições conseguiram implementar de forma expressiva o SL em estações de trabalho e suítes de escritório. Esta dificuldade origina-se geralmente da cultura dos usuários que, pelo fato de trabalharem com softwares proprietários por um longo período de tempo, adquirem uma visão equivocada do que é mais fácil de ser utilizado. Em se tratar de Tecnologia da Informação (conhecida por TI), mais especificamente sobre um certo software proprietário, tais usuários terão problemas ao migrar ao SL, pois diversos fatores impedem uma adoção imediata, como a incompatibilidade entre os tipos de arquivos, impossibilidade de migrar diretamente os dados, necessidade de treinamento ao novo software, etc. (BACIC, 2003). Este mesmo cenário pode ser verificado no Centro de Ciências Agrárias da UFSCar: os sistemas de infraestrutura computacional já contam com um alto grau de utilização de soluções livres, porém, em relação às estações de trabalho e laboratórios de ensino, não há nenhuma ação voltada para a adoção e incentivo do uso do SL. Tal realidade tem gerado diversos problemas em relação à gestão da TI, devido, principalmente à dificuldade de padronização dos sistemas. Ainda, em decorrência do custo restritivo das licenças impostas pelos fabricantes de softwares proprietários, muitas vezes a solução adotada para atender as necessidades administrativas e de ensino é o uso de cópias ilegais de aplicativos. Esta prática, além da clara infração da lei de antipirataria de software, causa mais inconvenientes na utilização por parte dos usuários, sobretudo em relação à segurança e estabilidade dos sistemas. Diante do exposto, o presente estudo torna-se relevante, pois objetiva oferecer um roteiro adequado à realidade do Centro de Ciências Agrárias da UFSCar para que a estratégia de adoção e utilização de softwares esteja alinhada às estratégias de adoção do SL pelo Governo Federal, em especial o incentivo à utilização de soluções livres e o combate à pirataria de software.
14 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO Sendo o objetivo deste trabalho abordar a viabilidade da adoção do Software Livre no Centro de Ciências Agrárias (CCA/UFSCar), faz-se necessário que os conceitos relacionados ao tema sejam definidos de forma clara. 2.1 Conceitos de Software Livre e Proprietário Motivado pelo descontentamento em relação às restrições de utilização impostas por fabricantes de softwares, o conceito de Software Livre foi inicialmente idealizado por Richard Stallman que, em 1984, resolve fundar a Free Software Foundation (Fundação de Software Livre) com o objetivo de instituir uma nova filosofia de produção de software, denominada Software Livre. Segundo a Free Software Foundation (FSF), um Software Livre se refere essencialmente a quatro tipos de liberdades: A liberdade para executar o programa, para qualquer propósito; A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo às suas necessidades; A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo; A liberdade de aperfeiçoar o programa e liberar os seus aperfeiçoamentos para o público, de modo que toda a comunidade se beneficie. O acesso ao código fonte é pré-requisito para isto. Outra definição mais clara e abrangente sobre o conceito de Software Livre pôde ser feita por [HEXSEL (2002)]: Software Livre (free software) é o software disponível com a permissão para qualquer um usá-lo, copiá-lo e distribuí-lo, seja na sua forma original ou com modificações, seja gratuitamente ou com custo. Em especial, a possibilidade de modificações implica em que o código-fonte esteja disponível. Se um programa é livre, potencialmente ele pode ser incluído em um sistema operacional também livre. É importante não confundir software livre com software grátis, porque a liberdade associada ao software livre de copiar, modificar e redistribuir, independe da gratuidade. Verifica-se que os princípios básicos do SL resgatam o aspecto da colaboração entre os indivíduos envolvidos no desenvolvimento de softwares,
15 15 característica das décadas de 50 e 60 em que os computadores (hardware) representavam o principal papel em qualquer sistema, enquanto os aplicativos eram distribuídos livremente: O conceito do Software Livre é antigo. Quando os primeiros computadores chegaram às universidades, eram ferramentas de pesquisa. O software era distribuído livremente, e os programadores eram pagos pela função de programar, não pelos seus programas. Somente mais tarde, quando os computadores alcançaram o mundo dos negócios, os programadores passaram a se sustentar restringindo direitos ao seu software e cobrando taxas por cópia. A ideia (filosofia) do Software Livre foi popularizada por Richard Stallman desde 1984, quando ele fundou a Free Software Fundation e o projeto GNU. (PERENS, 1999) Com o passar dos anos, como o software se tornou muito mais relevante que o hardware, os fabricantes passaram a comercializar licenças de utilização destes aplicativos, restringindo a (re)distribuição e sobretudo o acesso ao código fonte. O Software Proprietário, ao contrário do Software Livre, é aquele cuja cópia, redistribuição ou modificação são, em alguma medida, restritos pelo criador ou distribuidor. Para sua utilização é necessário a autorização ou pagamento. (HEXSEL, 2002). Tais restrições encontram-se regulamentadas nas licenças de uso. Em relação às formas de distribuição, os dois tipos de software podem ser tanto comerciais quanto gratuitos. Embora seja comum associar Software Livre a software gratuito e Proprietário a software comercial, existem aplicativos livres que são distribuídos comercialmente (geralmente associados à disponibilização de recursos adicionais ou contratos de suporte) assim como aplicativos proprietários que são distribuídos gratuitamente. 2.2 Projeto GNU e o Linux Em 1983, quando ainda exercia a função de pesquisador do Laboratório de Inteligência Artificial do MIT (Massachusets Institute of Technology), Richard Stallman deu início ao projeto GNU. O nome GNU é um acrônimo recursivo de GNU IS NOT UNIX, que explica o objetivo central do projeto que seria desenvolver um sistema operacional, juntamente com uma série de utilitários e aplicativos oriundos da filosofia Software Livre, que fosse capaz de desempenhar o mesmo
16 papel de um sistema Unix 6 e ainda prover compatibilidade com o sistema. O Projeto GNU dá origem a Free Software Foundation (FSF) que, com o crescimento da comunicação em rede, passa a reunir vários adeptos da ideia do desenvolvimento de um sistema operacional livre. Através de mensagens transmitidas via rede, cada integrante contribuía com uma parte de linhas de código, programas e utilitários. No início da década de 1990 vários componentes do sistema operacional já haviam sido criados, com exceção do núcleo (kernel 7 ) do sistema. Esta lacuna do Projeto GNU foi preenchida através do trabalho de Linus Torvalds, que havia desenvolvido um núcleo para o sistema operacional, batizado de Linux. Em 1991, Torvalds disponibilizou o código-fonte do Linux na Internet e solicitou a colaboração de outras pessoas para que estes desenvolvessem as partes que ainda restavam. Em menos de dois anos o Linux já tinha se tornado um sistema razoavelmente estável. Os esforços da FSF e da comunidade Linux foram conjugados e o sistema GNU/Linux passou a ser distribuído e constantemente desenvolvido e aperfeiçoado. (HEXSEL, 2002). Todos os softwares GNU são protegidos por uma licença própria a General Public License (GPL 8 ), que utiliza a legislação da propriedade intelectual de forma reversa para garantir que ninguém possa restringir a liberdade do software. Assim, a adição ou combinação de qualquer software proprietário a software coberto pela licença GPL resulta em um produto forçosamente GPL. Daí dizer-se que há contaminação do novo software pela licença GPL. (GUTIERREZ E ALEXANDRE, 2004) Cabe ressaltar que o sistema operacional (SO) é o principal programa de um computador. Além de desempenhar a função administrativa de gerenciar e monitorar os componentes de hardware e software, o SO também é responsável por simplificar o acesso dos usuários e aplicativos aos recursos oferecidos pelo computador. Sem o SO, tarefas simples como edição de textos ou acesso à Internet seriam praticamente impossíveis. Os sistemas operacionais mais conhecidos 6 O ambiente de desenvolvimento do Projeto GNU era Unix porque este era o sistema tecnicamente mais avançado, estava disponível para várias plataformas, era distribuído mais livremente que os outros sistemas, sendo por essas razões o mais popular na academia e em setores da indústria de computação [HEXSEL (2002)] 7 O Kernel é o componente mais complexo de um sistema operacional, responsável pela integração entre as camadas de hardware e software, gerenciando os recursos do sistema (por exemplo, memória RAM) de modo que os aplicativos possam fazer uso destes recursos. 8 Disponível em: < 16
17 17 atualmente são: Microsoft Windows, Unix, GNU/Linux, OS X (Apple). Neste trabalho será utilizada a expressão GNU/Linux quando nos referirmos ao conjunto formado pelo kernel e programas do sistema operacional GNU, e Linux quando estivermos falando apenas do kernel do sistema. Em contrapartida, segundo Tibet (2001), as distribuições Linux, são maneiras diferentes de agrupar vários aplicativos e utilitários sobre o sistema operacional GNU/Linux de maneira que mais facilmente possam ser utilizados pelo usuário final. Utilizaremos a expressão distribuições Linux, e não distribuições GNU/Linux, pelo fato de esta ser a denominação que geralmente é associada à maioria das distribuições. 2.3 Razões para a adoção do Software Livre na Administração Pública Considerando que as instituições públicas não possuem caráter competitivo, a análise sobre os benefícios que podem ser obtidos com a adoção do SL deve ser feita sob o prisma da efetividade da gestão pública, essencialmente pautados por três princípios constitucionais: impessoalidade, razoabilidade e eficiência. Sobre este aspecto, o Guia Livre (2005) ressalta: A adoção do Software Livre por parte da Administração Pública é amparada principalmente pelos princípios de Impessoalidade, Eficiência e Razoabilidade, visando à melhoria na qualidade dos serviços prestados e à promoção do desenvolvimento tecnológico e social. A questão do Software Livre está contextualizada em amplo cenário integrado, composto por ações de desenvolvimento tecnológico, inserção adequada do País na chamada Sociedade da Informação, promoção da cidadania, inclusão digital e racionalização de recursos. No contexto da Administração Pública, Gutierrez e Alexandre (2004) destacam que devido aos orçamentos limitados, o Software Livre significa uma solução de baixo custo, com expressiva economia nos gastos com licenças. Além disso, a grande flexibilidade de uso e cópia proporcionada pelo software livre torna-o extremamente atraente em um ambiente de compras controladas como é o setor público.
18 Ainda de acordo com os autores, são vantagens obtidas por empresas privadas com a utilização do SL, as quais são aplicáveis às instituições públicas: 18 - Melhor preço para os serviços associados à distribuição do produto, pois o acesso ao código-fonte por várias empresas concorrentes acaba tendo um efeito regulador sobre os preços desses serviços; - Garantia de continuidade do produto, pois não há o risco de a empresa proprietária do software, por qualquer razão, retirar-se do mercado; - Independência de fornecedor único, uma vez que, por ser aberto e livre, várias empresas podem distribuir o software e realizar os serviços de modificação necessários; - Melhor aproveitamento do hardware existente, por não existirem pressões para atualização de versões, inexoravelmente associadas a limitações ao suporte disponível para versões antigas; no caso do Software Livre, pelo fato de o código-fonte ser de acesso livre, sempre haverá uma empresa disposta a efetuar os serviços de manutenção e suporte; - Elevada qualidade do software, verificada nos casos em que existe um grande número de colaboradores e empresas envolvidos com o projeto; - Maior facilidade de configuração e adaptação às necessidades da empresa frente aos pacotes proprietários, que são desenvolvidos visando a um uso padrão e incorporam um grande número de funções sofisticadas, das quais cada usuário individual usará apenas uma pequena parcela, variável entre os grupos de usuários; - Maior segurança do produto de software, pelo fato de o seu código-fonte ser aberto e examinado por um grande número de pessoas, é praticamente nula a possibilidade de existência de brechas que permitam acesso não autorizado. Ainda sobre a questão da segurança citada no item acima, podemos destacar a baixa vulnerabilidade à infecção por vírus como outra importante vantagem relacionada ao sistema operacional GNU/Linux. Esta característica se deve principalmente ao fato de este ser um sistema fortemente baseado em permissões de acesso, o que dificulta a execução e propagação de vírus. A redução de custos operacionais propiciada pelo uso do SL também é citada por Hexsel (2002): Os benefícios econômicos são muito maiores e mais importantes que a simples economia com o licenciamento de software. A robustez e confiabilidade do software livre provocam reduções significativas em custos operacionais. A disponibilidade do código fonte permite que os sistemas sejam adaptados às condições e necessidades dos usuários.
19 19 Freitas e Teles (2002) abordam a questão social para destacar outra vantagem da utilização do software livre, principalmente em instituições de ensino. Segundo os autores, o SL pode ser responsável por uma maior disseminação do uso da tecnologia da informação na educação, já que as ferramentas livres possuem grandes vantagens relacionadas à flexibilidade e o custo de sua implantação e utilização. Com o objetivo de estimular a obtenção destas vantagens por parte do Estado, o Planejamento Estratégico 2010 do Comitê Técnico de Implementação de Software Livre CISL, desenvolvido com a participação de representantes de diversas instituições públicas do Governo Federal, define as seguintes diretrizes em relação à utilização do SL na Administração Pública: 1. Promover a utilização e desenvolvimento de Software Livre no Governo Federal; 2. Adotar soluções baseadas em Software Livre e padrões abertos, garantindo acessibilidade aos usuários e assegurando o direito de acesso aos serviços públicos federais, independente da plataforma adotada pelo cidadão; 3. Garantir a auditabilidade plena e a segurança dos sistemas, respeitando as necessidades específicas de sigilo e segurança do Governo Federal; 4. Adotar hardwares e soluções de TIC compatíveis com as plataformas livres; 5. Conter o crescimento e promover a migração de sistemas legados no âmbito do Governo Federal; 6. Promover capacitação/formação contínua do quadro de pessoal da administração pública federal para utilização de Software Livre; 7. Otimizar o investimento público de TIC do Governo Federal reinvestindo o valor economizado em licenças de uso; 8. Fortalecer e compartilhar as ações de Software Livre estimulando o desenvolvimento colaborativo de software, redes de colaboração e incentivando condições de mudança de cultura organizacional; 9. Fortalecer a adoção de modelos de negócios em TIC, baseados em Software Livre e que utilizem prioritariamente padrões abertos; 10. Utilizar Software Livre como base dos programas de inclusão digital; 11. Incentivar e fomentar, nas instituições de ensino e pesquisa, a adoção, desenvolvimento e pesquisa de sistemas baseados em Software Livre; 12. Adotar licenciamento para os softwares desenvolvidos pelo Governo Federal com licenças compatíveis com Software Livre; 13. Ampliar a divulgação de Softwares Livres; 14. Popularizar o uso de Software Livre na sociedade. (CISL, 2009).
20 20 Baseados nestas premissas pode-se observar a forte participação e empenho do Governo Federal na adoção do SL, como sendo uma alternativa viável, de baixo custo e alto desempenho para ser aplicada em diferentes setores. Por fim, o Guia Livre (2005) destaca como vantagem o fato de que o gestor pode aproveitar o momento da migração para criar um Plano de Migração que valorize o diagnóstico do ambiente computacional proporcionando, assim, a oportunidade de agregar novos valores, corrigir falhas antigas, padronizar o ambiente e implantar tecnologias inovadoras. 2.4 Dificuldades no processo de migração Apesar das vantagens de ordens estratégicas, financeiras e técnicas que foram citadas no item anterior, o processo de migração de um sistema computacional de uma instituição baseado em Software Proprietário para Software Livre é, em geral, uma tarefa complexa que envolve custos indiretos e barreiras que devem ser considerados de modo que a própria necessidade da migração seja validada. Tais dificuldades possuem relevância ainda maior quando o processo de mudança envolve e altera diretamente a rotina dos profissionais que fazem uso dos sistemas em seu ambiente de trabalho. Diante deste cenário, os agentes da mudança devem estar atentos tanto em relação aos aspectos técnicos quanto aos fatores humanos associados à mudança organizacional. Segundo Gutierrez e Alexandre (2004), além dos custos de licença e dos serviços de consultoria, instalação e suporte, o processo de migração deve computar também: - necessidades de hardware, aquisição e serviços; - necessidade e disponibilidade de aplicativos; - equipe técnica; - custos invisíveis, que normalmente ocorrem uma única vez, associados a quedas de produtividade por necessidade de treinamento e desenvolvimento
21 de hábitos, adaptação do legado e possível instabilidade dos novos sistemas. 21 Sobre os custos invisíveis pode-se dizer que, no processo de migração, grande parte das dificuldades de execução são gerados pela resistência a mudanças de paradigma por parte dos usuários que se acostumaram a utilizar softwares proprietários em suas atividades profissionais. A inércia cultural existente, favorável a ferramentas proprietárias, é grande e desvia o foco do potencial das ferramentas livres e de sua implementação. (SOFTEX,2005b) Em relação às barreiras encontradas na implantação do SL em um ambiente organizacional, Chrispiniano (2005) afirma que a grande dificuldade encontrada na migração para o Software Livre é segundo Mazzariol e Djalma Valois, coordenadores da implementação de Software Livre no Governo Federal mudar os hábitos dos funcionários, acostumados a usar determinados programas. Muitas vezes, soma-se a isso uma resistência em aprender a utilizar softwares novos. A fim de que as fontes de resistência geradas pela cultura organizacional sejam minimizadas, Almond (2006) destaca a importância da comunicação no processo de migração: Como a migração de estações de trabalho afeta usuários de uma maneira muito direta, considerar fatores humanos na estratégia de gestão de transição é extremamente importante. Pode-se esperar que uma mudança radical na interface das estações de trabalho que os usuários estão acostumados pode causar diferentes tipos de reações: desde a aceitação entusiástica até a rejeição definitiva. Portanto é importante manter os usuários informados de forma clara e compreensível. Um plano de comunicação é fundamental. (ALMOND, 2006) Antes mesmo de iniciar o treinamento dos usuários em soluções livres, é essencial que os motivos da migração sejam explicados de modo que haja sensibilização e maior colaboração dos envolvidos em relação ao processo. De acordo com o Guia Livre (2005), em geral, toda migração que desconhece a importância de sensibilizar as pessoas envolvidas leva muito mais tempo ou simplesmente não é bem sucedida. Explicar os motivos da migração, afirmar suas vantagens, demonstrar sua importância é indispensável, principalmente para transformar os grupos diretamente atingidos em principais aliados no processo.
22 22 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para ponderar a hipótese sobre a viabilidade da adoção do Software Livre no Centro de Ciências Agrárias da UFSCar (CCA/UFSCar), inicialmente foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a adoção e migração do SL na administração pública, buscando-se um entendimento mais claro dos principais conceitos relacionados com o objeto da pesquisa. Em 2010 foi publicado um levantamento com dados sobre o andamento da utilização de ferramentas e soluções livres nos órgãos do Governo Federal. Os dados foram obtidos por meio de questionário que foi enviado para 310 órgãos da Administração Pública Federal, dentre os quais 128 responderam a pesquisa. O questionário tinha o objetivo de avaliar a utilização do SL em cinco segmentos: Correio Eletrônico, Servidores de Internet, Sistemas da Informação, Estação de Trabalho e Suítes de Escritório. Com os dados obtidos foi possível verificar o estágio de adoção do SL em cada segmento de cada órgão. A metodologia utilizada relacionava uma determinada cor ao estágio atual de adoção do SL, conforme listado a seguir: Verde: Uso majoritário de Software Livre Amarelo: Algum uso de Software Livre Laranja: Iniciando o uso de Software Livre Vermelho: Uso exclusivo de Software Proprietário Branco: Não informaram ou forneceram dados insuficientes para avaliação Como o presente trabalho tem como foco a utilização do SL no contexto de uma Universidade Federal, foram selecionados apenas os resultados referentes às universidades que participaram do levantamento, conforme ilustrado na Figura 1.
23 23 Figura 1: Utilização de SL nas Universidades Federais Fonte: < Ao analisar os resultados acima verifica-se que, apesar da expressiva utilização do Software Livre na infraestrutura computacional das universidades, ainda há pouco avanço no que se refere ao uso em estações de trabalho e suítes de escritório. A dificuldade da consolidação do SL nestes segmentos específicos pode ser explicada pelo Guia Livre (2005): O uso do Software Livre geralmente será uma experiência completamente nova para a maioria dos usuários e até mesmo para a equipe técnica. Consequentemente o medo natural do desconhecido e a tendência em manter os sistemas existentes poderão fazer com que as pessoas resistam à migração. (GUIA LIVRE, 2005) À luz do resultado anterior, foi efetuado um levantamento dos softwares utilizados no CCA/ UFSCar, com o objetivo de analisar a utilização dos mesmos em duas áreas distintas: apoio administrativo e ensino. Por fim, a partir do diagnóstico obtido na fase anterior, foi possível definir uma proposta de atividades de migração para software livre.
24 24 Este estudo foi conduzido através das seguintes fases: Fase 1: fundamentação teórica onde foram estudados os principais conceitos sobre a adoção e migração de SL na Administração Pública. Fase 2: levantamento do cenário atual da utilização de softwares no campus e análise dos resultados a luz do referencial teórico. Fase 3: definição de proposta de atividades de migração para software livre.
25 25 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS Conforme citado anteriormente neste trabalho, o Centro de Ciências Agrárias da UFSCar já faz uso de soluções livres na infraestrutura computacional, que atualmente abrange serviços como: servidor de páginas de internet, servidor de e- mail, servidor DNS e firewall. Todavia, até o presente momento, não houve nenhuma ação voltada a priorizar e incentivar a implantação do SL nas áreas relacionadas diretamente ao ensino e às atividades administrativas. Para que o objetivo deste trabalho fosse alcançado, foi realizado um levantamento dos softwares mais utilizados em dois segmentos do parque computacional: ensino (laboratórios de informática e salas de aula) e administrativo (secretarias, coordenações de cursos e demais funções de apoio à área de ensino). Esta segmentação fez-se necessária devido à diferença de uso e demanda de software para cada área. Deste modo, foi possível analisar, de forma distinta, a viabilidade da adoção do SL considerando as especificidades de cada segmento. 4.1 Softwares utilizados na área de ensino Atualmente o CCA possui um total de 80 microcomputadores destinados às atividades de ensino, distribuídos em 2 laboratórios de informática equipados com um total de 65 microcomputadores e 15 salas de aula, cada uma equipada com um microcomputador conectado a um projetor multimídia. Em relação aos softwares, os microcomputadores das salas de aula possuem uma configuração mais simples devido a sua função de apoio às aulas ministradas pelos docentes, principalmente para apresentação de slides, vídeos e acesso à internet. Portanto, as principais necessidades de software para as salas de aula são: sistema operacional, pacote de escritório, navegador de internet, tocador de vídeo e antivírus. Os laboratórios de informática, por sua vez, demandam maior quantidade e variedade de aplicativos para suprir as necessidades dos alunos e das atividades de
26 26 ensino. Além dos softwares básicos, comuns aos microcomputadores das salas de aula, há uma série de aplicativos instalados que são considerados de uso específico. Como este estudo não contempla a verificação das notas fiscais dos softwares instalados, optou-se por fazer uma estimativa dos custos das licenças baseada em valores obtidos no varejo. Cabe ressaltar que grande parte dos fabricantes e fornecedores de software que seguem o modelo de distribuição comercial oferece contratos de licenciamento por volume de microcomputadores (muito utilizado em compras de grandes quantidades), que visam reduzir os valores unitários das licenças comparados com os encontrados no varejo. Em contrapartida, estes contratos devem ser renovados obedecendo à periodicidade (geralmente de dois a três anos) definida por cada fornecedor, o que a médio e longo prazo acarreta um aumento deste custo. A seguir será apresentado o resultado do levantamento dos softwares utilizados na área de ensino, juntamente com os respectivos tipos de licença de uso e estimativa de custos: Função do software Nome do software Licença de uso / Distribuição Preço Unitário Qtd. Total Sistema Operacional Microsoft Windows Proprietária / Comercial R$ 395,00 80 R$ ,00 Pacote de Escritório Microsoft Office Proprietária / Comercial R$ 450,00 80 R$ ,00 Tocador de Vídeo SM Player Software Livre / Gratuita R$ 0,00 80 R$ 0,00 Antivírus AVAST Antivírus Proprietária / Comercial R$ 63,50 80 R$ 5.080,00 Navegador de internet Internet Explorer Proprietária / Gratuita R$ 0,00 80 R$ 0,00 Navegador de internet Mozilla Firefox Software Livre / Gratuita R$ 0,00 80 R$ 0,00 Leitor de PDF Adobe Acrobat Reader Proprietária / Gratuita R$ 0,00 80 R$ 0,00 Total >>> R$ ,00 Valores obtidos pelo site de comparação de preços em 05/09/2011 Tabela 1 : Softwares básicos utilizados em salas de aula e laboratórios de informática
27 27 Função do software Nome do software Licença de uso / Distribuição Preço Unitário Qtd. Total CAD AutoCAD Proprietária / Comercial R$ 8.750,00 65 R$ ,00 Vizualizador de cromatogramas Chromas Lite Proprietária / Gratuita R$ 0,00 65 R$ 0,00 Editor gráfico Corel Draw Proprietária / Comercial R$ 600,00 65 R$ ,00 Programação Dev C++ Proprietária / Gratuita R$ 0,00 65 R$ 0,00 Estatística Instat Proprietária / Comercial R$ 79,00 65 R$ 5.135,00 Matemática Graphmatica Proprietária / Comercial R$ 7,00 65 R$ 455,00 Programação Eclipse Software Livre / Gratuita R$ 0,00 65 R$ 0,00 Modelagem 3D Google Sketch Up Proprietária / Gratuita R$ 0,00 65 R$ 0,00 Estatística Statistica Proprietária / Comercial R$ 2.640,00 65 R$ ,00 Programação Scratch Software Livre / Gratuita R$ 0,00 65 R$ 0,00 Estat R Project Software Livre / Gratuita R$ 0,00 65 R$ 0,00 Matemática Winplot Proprietária / Gratuita R$ 0,00 65 R$ 0,00 Matemática Geogebra Software Livre / Gratuita R$ 0,00 65 R$ 0,00 Matemática SciDavis Software Livre / Gratuita R$ 0,00 65 R$ 0,00 Total >>> R$ ,00 Tabela 2 : Softwares específicos utilizados nos laboratórios de informática Ao analisarmos o levantamento, é possível observar dois principais problemas em relação ao uso de aplicativos proprietários comerciais: Custo elevado das licenças: devido ao grande número de microcomputadores de propriedade da universidade, os valores das licenças tornam-se proibitivos se considerarmos um ambiente que convive com orçamentos escassos como é a administração pública. Considerando apenas o valor total dos softwares básicos, seria possível, por exemplo, adquirir aproximadamente 40 microcomputadores, ou ainda investir em treinamento de usuários e equipe técnica. Gerenciamento das licenças: para evitar que a instituição desrespeite os contratos acordados com os fabricantes dos softwares, a equipe técnica deve administrar de forma precisa as licenças de uso dos softwares. Devido a diversidade e quantidade de aplicativos de fornecedores distintos, este gerenciamento torna-se uma tarefa complexa, demandando tempo de trabalho que seria melhor empregado em prestação de serviços que atendam às demandas do campus. Verifica-se também que os softwares livres que já estão sendo utilizados foram selecionados, pela equipe de Tecnologia da Informação ou por sugestão de professores, considerando características técnicas que suprem as necessidades de
28 28 sua utilização. Outro ponto que merece destaque é o fato de todos os microcomputadores dos laboratórios de informática possuírem configuração dual-boot, o que permite a instalação de dois sistemas operacionais em cada máquina. No caso dos laboratórios, além do Microsoft Windows, foi instalada a distribuição Ubuntu (sistema operacional GNU/Linux) para que fosse possível executar com melhor desempenho um conjunto de programas para montagem e visualização de fragmentos de DNA chamado Phred/Phrap/Consed (software proprietário que possui licença gratuita para uso acadêmico). Apesar do SO livre estar disponível por meio de um menu de escolha, acessível logo após os microcomputadores serem ligados, o Microsoft Windows é o sistema inicializado por padrão em todas as máquinas, sendo o mais utilizado pelos alunos principalmente devido a sua familiaridade com o uso do sistema e demais aplicativos. 4.2 Softwares utilizados na área administrativa A área de apoio administrativo do CCA conta com um total de 41 microcomputadores utilizados por servidores técnico-administrativos e demais funcionários que atendem as demandas da área de ensino, pesquisa e extensão do campus. Quanto aos softwares mais utilizados nestes equipamentos, assim como o que foi observado nos microcomputadores da área de ensino, podemos identificar um conjunto de softwares considerados básicos instalados em todas as máquinas. Estes aplicativos são os que, seguramente, suprem a grande maioria das necessidades do dia a dia de trabalho. Verifica-se também a utilização de aplicativos específicos para determinadas tarefas, porém em menor quantidade quando comparado aos utilizados nos laboratórios de informática.
29 29 Função do software Nome do software Licença de uso / Distribuição Preço Unitário Qtd. Total Sistema Operacional Microsoft Windows Proprietária / Comercial R$ 395,00 41 R$ ,00 Pacote de Escritório Microsoft Office Proprietária / Comercial R$ 450,00 41 R$ ,00 Tocador de Vídeo WIndows media player Proprietária / Gratuita R$ 0,00 41 R$ 0,00 Antivírus AVAST Antivírus Proprietária / Comercial R$ 63,50 41 R$ 2.603,50 Navegador de internet Internet Explorer Proprietária / Gratuita R$ 0,00 41 R$ 0,00 Navegador de internet Mozilla Firefox Software Livre / Gratuita R$ 0,00 41 R$ 0,00 Cliente de Outlook Proprietária / Gratuita R$ 0,00 41 R$ 0,00 Gravador de CD/DVD Nero Proprietária / Gratuita R$ 0,00 41 R$ 0,00 Leitor de PDF Adobe Acrobat Reader Proprietária / Gratuita R$ 0,00 41 R$ 0,00 Comunicador instantâneo MSN / Skype Proprietária / Gratuita R$ 0,00 32 R$ 0,00 Total >>> R$ ,50 Valores obtidos pelo site de comparação de preços < em 05 set 2011 Tabela 3 : Softwares básicos utilizados na área administrativa Função do software Nome do software Licença de uso / Distribuição Preço Unitário Qtd. Total CAD AutoCAD Proprietária / Comercial R$ 8.750,00 4 R$ ,00 Editor gráfico Corel Draw Proprietária / Comercial R$ 600,00 6 R$ 3.600,00 Estatística Statistica Proprietária / Comercial R$ 2.640,00 3 R$ 7.920,00 Total >>> R$ ,00 Tabela 4 : Softwares específicos utilizados na área administrativa Além dos problemas relacionados ao custo e administração das licenças de uso de software, acrescenta-se, ainda, a falta de padronização das versões dos aplicativos instalados, principalmente sistemas operacionais e aplicativos de escritório, o que dificulta o gerenciamento e o suporte destes sistemas por parte da equipe de TI. 4.3 Análise geral O levantamento dos softwares mais utilizados no CCA permitiu identificar a real demanda de cada área do campus. Em ambas as áreas observam-se que grande parte dos usuários limita-se a usar pacotes de escritório (editor de texto, planilhas e apresentação de slides), clientes de e navegadores de internet. A substituição deste conjunto de programas por equivalentes em SL é considerada mais simples em virtude da interface de uso muito semelhante aos softwares proprietários.
30 30 Foram apontados os problemas gerados pelo uso de soluções proprietárias como a questão relacionada ao licenciamento oneroso dos softwares proprietários comerciais e a complexidade do gerenciamento destas licenças. Ambas as áreas também convivem com outros transtornos, como contaminação de vírus e mal funcionamento de programas desatualizados. Baseado neste estudo foi possível estabelecer uma relação entre os softwares proprietários e aplicativos equivalentes em software livre, capazes de desempenhar as mesmas funções. Os aplicativos proprietários distribuídos gratuitamente, apesar de não possuírem custo de aquisição de licenças, geralmente são incompatíveis com o sistema operacional livre GNU/Linux. Desta forma, também para estes aplicativos, faz-se necessário encontrar um substituto. Esta equivalência de aplicativos é demonstrada a seguir: Função básica do software Software Proprietário Software Livre Sistema Operacional Microsoft Windows GNU / Linux Pacote de Escritório Microsoft Office Libre Office Tocador de Vídeo Windows Media Player SM Player Antivírus AVAST Antivírus - Navegador de internet Internet Explorer Mozilla Firefox, Chromium Leitor de PDF Adobe Acrobat Reader evince Cliente de Outlook Evolution, Mozilla Thunderbird Gravador de CD/DVD Nero Brasero, K3b Comunicador instantâneo MSN / Skype Pidgin, Empathy, Skype para Linux CAD AutoCAD FreeCAD, Draft Sight, BRL-CAD Editor de gráfico Corel Draw Inkscape, GIMP Programação Dev C++ Code Blocks Estatística Instat SOFA Statistics, R Project Modelagem 3D Google Sketch Up Blender Estatística Statistica SOFA Statistics, R Project Matemática Winplot Kalgebra, QtiPlot Matemática Graphmatica Kalgebra, SciDavis Vizualizador de cromatogramas Chromas Lite - Tabela 5: Equivalência entre softwares proprietários e livres obtida em pesquisa no site < em 07 set 2011 Verifica-se que praticamente todos os softwares proprietários que são usados no campus possuem um substituto em SL. A exceção ficou por conta do Chromas Lite que, atualmente, não há um substituto para as funções que realiza. No entanto,
31 31 nos casos como este e diversos outros aplicativos proprietários gratuitos, se um aplicativo substituto não suprir as necessidades, existe a possibilidade de sua instalação utilizando um programa chamado WINE, que permite executar programas desenvolvidos especificamente para Windows em plataforma GNU/Linux. Cabe citar que, com implantação do GNU/Linux como sistema operacional em estações de trabalho, a instalação de software antivírus pode ser dispensada. Constatou-se, ainda, que os computadores dos laboratórios de informática e salas de aula possuem alguns fatores facilitadores em um processo de migração para soluções livres: a atual utilização de vários softwares livres para atividade de ensino, a grande padronização do hardware em virtude de aquisições efetuadas em lotes de equipamentos e o fato de uma distribuição GNU/Linux, no caso o Ubuntu, se encontrar instalada nos computadores dos laboratórios de informática. Dessa forma, apesar da pouca utilização do Ubuntu atualmente, já foi possível comprovar, na prática, a compatibilidade com os equipamentos atuais. Todas estas características fazem com que a área de ensino ofereça um menor grau de resistência à migração. Por fim, é possível afirmar que as principais necessidades de utilização de aplicativos no CCA, que atualmente são supridas por soluções proprietárias, podem ser substituídas por Software Livre. 4.4 Proposta de atividades de migração para Software Livre Apesar dos benefícios do SL para a instituição e da viabilidade técnica verificada, a migração dos sistemas utilizados em estações de trabalho representa um grande processo de mudança e deve ser efetuada de forma que o impacto causado por esta mudança seja minimizado e a produtividade atual garantida. A partir do diagnóstico do cenário atual de utilização de softwares no CCA, foi possível elaborar uma proposta de atividades de migração para software livre adaptada à realidade do campus. As experiências e sugestões disponibilizadas nos materiais Guia Livre (2005) e o IBM Client Migration Cookbook Version 2 (2006), também foram utilizadas para balizar a elaboração da proposta, dividida em etapas
32 32 listadas a seguir: Estudo de viabilidade: o levantamento da utilização de softwares realizado neste trabalho é uma fase relevante de um estudo de viabilidade, pois permitiu identificar, de maneira geral, os problemas associados ao uso de soluções proprietárias como custo e gerenciamento de licenças de software e apontar soluções como a substituição de aplicativos livres que desempenham a mesma função a um custo próximo a zero. Porém, para que o processo de migração alcance os resultados esperados, é necessário um estudo mais aprofundado, como, por exemplo, testes de compatibilidade técnica e funcional entre os aplicativos que se pretende substituir e testes de compatibilidade de hardware. Este estudo detalhado pode identificar determinados aplicativos proprietários que, eventualmente, não possuam soluções com performances equivalentes no Software Livre. Nesses casos específicos, dependendo da criticidade de tais programas, em um primeiro momento, pode-se optar por manter soluções proprietárias, até que sejam encontradas soluções livres equivalentes que atendam estas necessidades. Apoio da alta administração: como o processo de migração implica alterar a rotina de trabalho da instituição, é fundamental que a alta administração conheça os benefícios, potencialidades e as barreiras da adoção do SL e demonstre claro apoio ao projeto. Se o projeto não estiver alinhado à política estratégica da organização, sua implementação torna-se impossível. Sugere-se a criação de um grupo de trabalho, composto por representantes da direção, dos professores e dos funcionários, que assuma a responsabilidade da definição e acompanhamento das ações voltadas a migração para SL. Capacitação da equipe técnica: o investimento na capacitação da equipe de Tecnologia da Informação é um ponto crucial do processo de migração. Os profissionais envolvidos com questões técnicas da migração devem ser capazes de contornar os problemas que venham a surgir durante o processo e oferecer suporte adequado para os usuários após a migração ter sido realizada.
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