XXII WORKSHOP SENSIBILIZAÇÃO SOBRE A PROMOÇÃO DE POLITÍCAS INTERGERACIONAIS
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- Vitória Malheiro Jardim
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1 XXII WORKSHOP SENSIBILIZAÇÃO SOBRE A PROMOÇÃO DE POLITÍCAS INTERGERACIONAIS LISBOA, 21 DE JUNHO DE 2012 Em nome da PROSALIS - Projecto de Saúde em Lisboa, queremos dar as boas vindas a todos os participantes deste nosso XXII Workshop. Queremos ainda saudar a Mesa da Sessão de Abertura, agradecer terem aceite o nosso convite, bem como a todos os oradores o que muito nos honrou. Por outro lado, queremos mais uma vez manifestar o nosso mais profundo reconhecimento à FLAD - Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento, pala cedência do auditório bem como por todo o apoio logístico, permitindo-nos assim levar esta acção a bom termo. Um agradecimento muito especial ao CIS-IUL, Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE-IUL, Instituto Universitário de Lisboa por todo o apoio na realização deste evento. Apenas umas breves palavras para explicar como surgiu o tema hoje em debate, e que pretende dar o nosso contributo para o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade Entre Gerações. Enquanto Associação de Familia com Fins de Saúde e de Acção Social e na qualidade de membro de diferentes grupos, parcerias, conselhos consultivos e comités ao nível nacional e internacional, a PROSALIS não podia ficar indiferente à promoção do diálogo social, da partilha de experiências, com vista à promoção da criação de bases sustentáveis para a promoção de políticas adequadas às novas necessidades, numa sociedade em constante mutação. 1
2 A Divisão da População das Nações Unidas tem tentado sistematicamente chamar a atenção da comunidade internacional para a questão do envelhecimento da população, referindo que o mesmo não tem precedentes nem paralelo na história da Humanidade. O aumento da percentagem das pessoas de idade é acompanhado de descida na percentagem de jovens. Prevê-se que em 2050, pela primeira vez na história, o aumento de idosos no mundo ultrapassará o número de jovens. Do ponto de vista demográfico a população dá um cunho específico à configuração de uma sociedade, conforme esta seja mais jovem ou mais idosa, crescente ou decrescente, predominantemente rural ou urbana, mais rica ou mais pobre sendo que todas as questões relativas, aos seus múltiplos aspectos, tanto actuais como futuros, são fundamentais para a compreensão de um país, constituindo a base para o planeamento económico, político, social e cultural. Segundo dados da EUROSTAT- 28/July/ Population change in 2010, em Portugal neste ano registaram-se nascimentos e mortes, com um saldo negativo de 4.5. Foram identificados 8 países entre os 35 analisados com saldos naturais negativos entre os quais Portugal. (European demography-eu27 population million at 1 January 2011). É do conhecimento geral que o efeito cumulativo da diminuição da natalidade e da mortalidade se tem traduzido em Portugal, num progressivo envelhecimento da população. Todos nós somos confrontados diariamente, nos meios de comunicação social com situações que nos marcam profundamente e às quais não podemos ficar indiferentes de violência, de solidão, de idosos a tomarem conta de idosos, de abandono em hospitais dos idosos. Beauvoir (1990) refere que o destino dos idosos, depende do destino da sociedade, principalmente no que se refere aos seus valores e princípios. Gostaria ainda de dar ênfase que um grande contributo para esta tomada de decisão prende-se com um convite formulado para integrar um grupo 2
3 de trabalho intitulado Advocacy para políticas intergeracionais, que a Prof. Marta Gonçalves irá mais tarde apresentar e que muito agradecemos pelo estímulo positivo que nos trouxe. Passo agora a introduzir os temas que vamos abordar: As enormes transformações sociais que hoje em dia vivenciamos contribuem para a redefinição de papéis familiares, nomeadamente uma maior esperança de vida, uma baixa taxa de natalidade, o desemprego, o adiamento da constituição da sua própria família, tendo implícito, muitas vezes, uma maior permanência em casa dos pais com o inerente suporte financeiro dos mesmos, entre muitas outras situações emergentes. A solidariedade intergeracional, ou seja, a solidariedade entre as gerações futuras e presentes no sentido de se perseverar o meio ambiente, actuando de forma sustentável a fim de que as próximas gerações possam continuar a usufruir dos nossos recursos naturais, reveste-se da maior importância. Hoje em dia, existem igualmente vários projectos que promovem a solidariedade entre gerações com o objectivo de que os jovens sejam mais conscientes do valor e do peso de uma participação activa em benefício da comunidade em prol da inclusão social dos mais idosos. Por outro lado um dos melhores serviços a prestar aos familiares mais jovens é ajudá-los nas rotinas diárias respeitantes aos filhos pequenos. Para além da situação da crise actual, com a consequente redução dos ordenados, os casais jovens sentem-se perdidos quando não encontram uma mão familiar que os alivie de alguma carga de trabalho como levar e trazer os filhos à escola, cuidar dos mais pequenos, para além de outras ajudas, dependendo tudo das circunstâncias concretas. (AESE, Prof. Viassa Monteiro Dez. 2011) Por outro lado o acesso a cuidados paliativos de todos os doentes com doenças crónicas, sem resposta terapêutica e com prognóstico de vida limitado, deve constituir uma realidade pelo sofrimento associado que 3
4 acarreta, sendo que a oferta de cuidados paliativos tem associadas vantagens claras para os doentes e seus familiares. O envelhecimento é, sem dúvida, um processo biológico que pode acarretar consequências sociais e psicológicas. Com o aumento da expectativa de vida, várias gerações viverão simultaneamente, tornandose necessário mudar o conceito da nossa sociedade sobre o idoso. Muitas pessoas pensam que a velhice constitui-se como uma fase de perdas e declínios, tendo uma imagem negativa sobre essa fase da vida. Actualmente, o processo de envelhecimento é visto como um processo multidimensional, no sentido em que envolve tanto mudanças positivas como negativas. O modo como cada individuo percepciona a sua experiência de envelhecimento é influenciado pelas suas experiências de vida, contexto social e ainda pelas suas características pessoais. Carstensen (1991,1992) propôs o conceito de selectividade sócio-emocional, considerando que com o aumento da idade, o idoso toma percepção do seu tempo limitado restante de vida, o que o leva a distribuir os seus recursos pelas necessidades e objectivos a que atribui maior importância passando a preferir uma interacção interpessoal com sujeitos próximos a fim de maximizar o afecto positivo. As teorias do envelhecimento bem sucedido enfatizam o controlo pessoal e o reorganizar do Self. Rowe e Kahn (1999) Alegam que a manutenção de relações próximas e manter-se activo em tarefas que sejam significativas torna-se importante para o bem-estar no decorrer da vida, promovendo a saúde, constituindo condições que predizem a longevidade. Segundo Brandstadter e Greve, o envelhecimento bem sucedido ocorre quando as pessoas se empenham na busca de objectivos flexíveis e adaptam as suas capacidades de acordo com as mudanças que ocorrem devido à idade. É de todo necessário preparar esta nova fase da vida da pessoa reformada, preparando planos para depois da retirada, tentando encontrar tipos de trabalhos e de ocupações de entre as possíveis 4
5 oportunidades que se surgem à volta. Um profissional activo até à idade legal da reforma não fica descartável ou obsoleto logo no dia seguinte. As suas aptidões, a experiência e, sobretudo, a sua prudência, podem ser úteis em novas responsabilidades menos absorvente, mas eventualmente de maior alcance (AESE, Prof. Viassa Monteiro, Dez As alterações sócio-demográficas, têm contribuído para a mudança da imagem dos avós idosos sentados numa cadeira, para a dos avós ainda no activo. No entanto em Portugal o estigma é ainda muito grande apesar de ter havido uma evolução positiva. O idoso é um ser integral que tem de ser o protagonista da sua própria vida. Alguém que conheço e muito estimo costuma dizer a seguinte frase: os idosos têm juventude acumulada. Faço minhas as suas palavras. As diferentes expressões de violência contra os idosos constitui outra das nossas preocupações, sobretudo se considerarmos que frequentemente não têm possibilidade de se queixarem porque se encontram desprotegidos e isolados. O seu isolamento deverá ser combatido e, vivido, sempre que possível de forma activa permitindo continuarem a sentir-se úteis à sociedade e não um fardo, com políticas que lhes permitam viverem num ambiente que melhore as suas capacidades, promova a sua independência e lhes proporcione apoio e cuidados adequados à medida que envelhecem, optimizando a sua saúde, a sua participação e a sua segurança, no sentido de se aumentar a sua qualidade de vida durante o envelhecimento. A importância da família na vida do idoso começa desde a sua infância e adolescência, onde existe a protecção o carinho e a educação. Continua ao longo da vida, nos bons e nos maus momentos, com todo o seu apoio, o seu equilíbrio afectivo, contribuindo igualmente para a sua formação, para a percepção dos valores e para o seu desenvolvimento físico e social. É neste habitat familiar que o ser humano cresce e se desenvolve e de onde sai para constituir a sua própria família. É dentro da família a pessoa é vista como ela é, independentemente do seu poder económico, político 5
6 ou social, ela é única sem máscaras e fará sempre parte da família (Leme, Leg & Silva, PSCP, o Idoso e a Familia, 2002). O idoso deve ser visto como o membro principal da família pois ele representa a história daquela família. Fernando Pessoa escreveu: Fiz de mim o que não soube. E o que podia fazer de mim não o fiz. O dominó que vesti estava errado. Conheceramme logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi no espelho, já tinha envelhecido. Torna-se necessário que não se vista o dominó errado, avaliando os resultados das leis existentes, no sentido de se perceber quais as mudanças necessárias a efectuar, para se alcançar uma verdadeira cultura em prol da melhoria do bem-estar e da qualidade de vida, através da promoção de políticas intergeracionais adequadas, enquanto participantes no processo de reconstrução de uma sociedade mais justa, humana e solidária. Que a sociedade portuguesa, apesar de todos os constrangimentos que atravessa a vários níveis, seja um bom exemplo a replicar. Obrigada e bem hajam! Maria Helena Paes 6
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